IMPOSTOS EM SÃO PAULO

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Duas Professoras e dois diálogos sobre pedagogia da experiência

TEXTO ENCAMINHADO PELA PROFESSORA SHEILA CECCON ATIBAIA -SP
Odila,retribuindo seus votos de feliz natal, fiquei pensando em um texto e lembrei do Maurício Tapajós. Anexei pra você.Aproveito para enviar também um texto que distribuí por aqui, disseminando as palavras da Marina Silva sobre a tragédia de SC e a urgência de atitudes ambientalmente responsáveis
sheilaceccon@yahoo.com.br

Enchentes em Santa Catarina: A natureza, numa pedagogia sinistra, parece exemplificar o que significam esses fenômenos extremos que, em várias regiões do planeta, tenderão a provocar perí­odos de seca muito mais severos e outros com precipitações intensas.As imagens da tragédia vivida pelas famílias de Santa Catarina têm provocado inúmeras ações de solidariedade e comprometido os governos federal e estadual com a reconstrução do que é possível reconstruir. Infelizmente, as perdas mais profundas não podem ser reparadas, as ausências ficarão para sempre. Vinha esboçando um texto que procurava lançar luz à urgência dos compromissos ambientais que devemos assumir após uma lição tão dura como esta, quando encontrei um artigo sobre o assunto produzido pela ex-ministra Marina Silva. A sensibilidade e a firmeza com que ela trata da questão são invejáveis. Decidi então reproduzi-lo, divulgá-lo, ampliar sua voz. Como diz o texto, transcrito a seguir, “cada vez mais, não é só uma questão de errar, corrigir o erro e aprender com ele. Agora a palavra de ordem é prevenir o erro, para que não se repitam os olhares perdidos, os rostos esvaziados, o choro inconsolável, a desesperança e as mortes que vimos nesses últimos dias em Santa Catarina”.

A dor que nunca passa
Marina Silva
De Brasí­lia (DF)
Nos anos 1970, quando abriam a BR-364 no Acre, ela cortou ao meio o seringal onde eu morava com minha famí­lia. À derrubada da mata seguiu-se uma epidemia violenta e incontrolável de sarampo e malária. Era gente doente ou morrendo em quase todas as casas. Perdi um primo e meu tio Pedro Ney, que foi uma das pessoas mais importantes da minha infância. Morreu minha irmã de quase dois anos e, quinze dias depois, outra irmã, de seis meses. Seis meses depois, morreu minha mãe. Tudo era avassalador, assustador. Uma dor enorme, extrema, que nunca passou. Para sair disso, tivemos que reconstruir, praticamente, o sentido inteiro do mundo. Aceitar o inaceitável, mas carregá-lo para sempre dentro de si. Ir em frente, enfrentar a dureza do cotidiano, sobreviver, cuidar dos outros. Viver, enfim, e dar muito valor à vida e às pessoas.
Em 1985, numa das maiores enchentes do rio Acre em Rio Branco, eu morava no bairro Cidade Nova, na periferia da cidade, numa pequena casa de onde tivemos que sair à s pressas, levando o que foi possível numa canoa. O resto foi levado pelas águas, inclusive o único retrato que tí­nhamos de minha mãe.
Penso agora nisso tudo e acho que consigo entender o que sentem os catarinenses, mas ainda estou longe de alcançar o significado estarrecedor de uma perda tão total e instantânea como a que sofreram. Na escuridão, o morro descendo, destruindo tudo, a busca desesperada pelos filhos, a importância. E, depois, descobrir-se são em meio ao caos: acabou a casa, foram-se as pessoas amadas, o lugar no mundo. Não há mais nada, só a vida fí­sica e a força do espírito.Meus filhos andam pela casa com todo vigor, com toda a beleza da juventude, e sequer consigo imaginar o que seria, de uma hora para outra, vê-los engolidos pela terra, debaixo de toneladas de escombros ou mutilados para o resto da vida. É algo terrível demais até no plano da imaginação. Fere a própria alma tão fundo que chega a ser impossível entender plenamente a profunda tristeza de quem enfrenta essa realidade.Na Londres de 1624, os sinos da catedral de São Paulo tocavam quase ininterruptamente anunciando as milhares de mortes causadas pela peste. Atingido por grave enfermidade (que chegou a ser confundida com a peste) John Donne escreveu então um de seus textos mais conhecidos, a Meditação XVII: "Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, assim como se fosse uma parte de teus amigos ou mesmo tua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti."
Hoje, no mundo, os sinos dobram por todos nós e para nos acordar. Grandes desastres podem virar acontecimentos corriqueiros. Não se pode afirmar peremptoriamente que a tragédia de Santa Catarina deriva, em linha direta, das mudanças climáticas identificadas no relatório do IPCC, o Painel Internacional de Mudanças Climáticas da ONU. Mas em tudo se assemelha às previsões de possí­veis impactos da mudanças no clima do sul do Brasil, até o final do século 21.A natureza, numa pedagogia sinistra, parece exemplificar o que significam esses fenômenos extremos que, em várias regiões do planeta, tenderão a provocar perí­odos de seca muito mais severos e outros com precipitações intensas.As ações de mitigação necessárias e as adaptações para enfrentar esses efeitos e reduzir nossa vulnerabilidade diante deles ainda são precárias e estão atrasadas. Os paí­ses ricos, detentores de recursos, conhecimento e tecnologia, já avançam em medidas para se proteger. As piores conseqüências deverão recair sobre os paí­ses pobres e os em desenvolvimento. A urgência é auto-explicável. Não é um cientista quem o diz e nem um livro. É a natureza, cujos avisos e alertas têm sido insanamente ignorados.O Brasil, que ontem lançou o seu Plano Nacional de Mudanças Climáticas, não tem como deixar de fazer a sua parte, mesmo sem os meios disponí­veis nos paí­ses ricos. O acontecido em Santa Catarina é um sintoma e deve ser seguido de um esforço de grandes proporções, de início imediato, para tentar evitar que se repita.É preciso que cada um de nós, autoridades públicas, empresas e cidadãos, pensemos nos mortos, nas famílias inteiras soterradas, nas vidas destroçadas debaixo do barro, antes de sermos tolerantes com ocupação em encostas, com destruição de matas ciliares, com o adensamento de áreas de risco, com mudanças de conveniência nas legislações. Não há mais espaço para empurrar os problemas ambientais com a barriga, como tentam fazer alguns, e deixar para "o próximo" o ônus de medidas ditas antipáticas. A omissão que ceifa vidas humanas tem que acabar, mesmo à custa de incompreensões.
Nos tempos atuais, há mais um componente na agenda ética: não se deixar corromper diante das pressões para ignorar a proteção ambiental e as medidas de precaução exigidas pela intensificação dos fenômenos naturais.
Quem detêm algum tipo de representação pública deve se convencer de que é preciso mudar profunda, rápida e estruturalmente os usos e costumes, de modo a preparar o Paí­s para um futuro de sérios desafios ambientais. Cada vez mais, não é só uma questão de errar, corrigir o erro e aprender com ele. Agora a palavra de ordem é prevenir o erro, para que não se repitam os olhares perdidos, os rostos esvaziados, o choro inconsolável, a desesperança e as mortes que vimos nesses últimos dias em Santa Catarina.

Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente.
Fale com Marina Silva: http://br.f501.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=%20marina.silva08@terra.com.brhttp://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3367445-EI11691,00.html

domingo, 14 de dezembro de 2008

Bilhete de Natal-Carlos Brandão

Campinas, 14 de dezembro de 2008,
A toda a Gente Amiga de perto e de longe,
"Quando abri os olhos não cri. Tudo que é belo, é absurdo.
Deus estável! " João Guimarães Rosa

Hoje é um sábado e andam por perto o Natal e o Ano Novo. Venho de alguns dias no Norte de Minas. Chove em Montes Claros, no “sertão seco”, território dos seres de João Guimarães Rosa. Chove nas beiras do rio de São Francisco. E é chegando de “lá” e indo para a Rosa dos Ventos, agora no Sul de Minas, que escrevo a vocês este longo e confidente “cartão de boas festas”.
A alegria da casa cheia. Pois Luciana, Juan, Iara (quatro anos) e Pablo (ano e meio) saíram de Paris, onde viveram três anos, e a caminho de Santiago do Chile (e não de Compostela, como eu), onde irão viver agora, passam conosco alguns dias. Que eles sejam muitos! Sinal dos tempos que vivemos: Iara, nos seus quatro anos, vai viver em seu terceiro país. Minha vida continua como era e como não sei até quando será. Continuo no mundo da universidade, um pouco ainda na UNICAMP, um pouco na Federal de Uberlândia e um tanto mais bem mais ao norte, na Universidade Estadual de Montes Claros. Entre a UFU e a UNIMONTES, seguimos trabalhando projetos de pesquisa ao longo do rio de São Francisco. Vivo a imensa alegria de ver chegar ao final minha carreira de professor (pretendo parar de vez em 2010 e ir para a rosa dos Ventos para escrever poemas, conviver com amigos e pássaros e terminar os livros que nunca acabei! Conseguirei?) envolvido em grupos de pesquisa junto às mesmas comunidades populares de camponeses, pescadores, artistas do povo, negros com quem desde anos atrás misturei a minha vida carioca e errante de antropólogo. Entre 2009 e 2010 deveremos concluir dois projetos de pesquisa e de fundamentos para ações sociais e militantes: o “Tempos e Espaços”, e o “Opará” - o nome que os povos indígenas davam ao rio São Francisco, antes de os brancos chegarem por ali e mudarem à força o destino do rio, dos índios e da vida. Nossa equipe espalhada por aí concluiu o curso de redes solidárias em educação e ação social,agora em Poços de Caldas, depois da experiência fecunda de Pirapora. Existe uma possibilidade de que ele continue em São Carlos e em Betim. E algumas pessoas da “velha equipe”, somadas a outras que o lado bom dos acasos do destino aproximou de nós, preparam artesanalmente a proposta de um curso de graduação em educação popular comunitária. Como podemos e sabemos, tentamos criar e esparramar por aí afora algo que faça frente à vertiginosa mercantilização do saber, da vida e das pessoas. Nesta mesma direção, este foi também um ano de um fecundo trabalho junto ao Instituto Paulo Freire. Seguimos
junt@s!Bem longe do Norte de Minas, a Rosa dos Ventos – casa de acolhida aumenta alguns espaços, entre casas e campo, para receber “gente querida de perto e de longe”. E no Carnaval de 2009 ela completará os seus 14 anos de acolhida, encontros, reencontros e longas noites de estrelas e de música. Espero estar por lá tanto no Ano Novo quanto no carnaval. Desde 1997 anuncio a todo mundo que “ano que vem vou viver na Rosa dos Ventos”. As pessoas amigas sorriem e repetem, ano após ano: “você disse a mesma coisa ano passado!”. Disse mesmo. Mas espero que esta promessa sempre adiada se cumpra em 2010. Criamos um volante da Rosa dos Ventos que, algumas pessoas já viram ao vivo e a cores (uma só) e outras receberam por e-mail. Vou enviar a mais pessoas amigas. Fechamos o ano com uma grande alegria criativa. Entre as mãos de Lucimar, Poly e outras pessoas, e entre as vozes, violas e violões de Dércio Marques, Josino Medina e Daniela Lassálvia, conseguimos completar o cd CANTAÇÃO DOS NOMES. São cantos e falas ao redor de poemas de meu velho livro: Os nomes – escritos sobre o outro. Entre algumas músicas entro eu, lendo os meus poemas com a velha e conhecida voz entre “sapo boi” e “taquara rachada”. Humildemente devo dizer que pelo menos para este ano não conheço melhor “presente de Natal” do que este disco. Em nome da RARA ROSA temos também um “anúncio” do disco que tratarei de enviar. Depois do O jardim de todos e do Cantação dos Nomes, aguardem para o fim de 2009 o cd de Furundum! que Josino Medina e as crianças e jovens do Vale do Jequitinhonha estão preparando, com a sábia calma mineira. Outras alegrias editoriais completaram este ano. A saída de Os deuses do povo – um estudo sobre a religião popular, pela Editora da Universidade Federal de Uberlândia (um alentado livro de 498 páginas, com minha “tese de doutorado” agora em versão completa). E também a publicação do Minha casa, o mundo pela editora Santuário-Idéias e Letras. Entre ano passado e este ano escrevi para crianças de 6 a 106 anos, o Abecedário dos bichos que existem e não existem. Crianças e jovens de Pirapora encarregaram-se (sábia e criativamente) dos desenhos, numa ação artística coordenada por Juliana e Natália. Saiu pela Autores Associados e é um outro trabalho a muitas mãos que recomendo fervorosamente.Em 2009 devem sair outros livros. Alguns logo no começo do ano, outros ao longo dele. “No Rancho Fundo” – tempos e espaços no mundo rural sairá de novo pela EDUFU, e com ele volto aos mundos camponeses e sertanejos, que para mim são os melhores que há. A Clara cor da noite escura – escritos sobre negros de Minas e Goiás, também da EDUFU em parceria com a Católica de Goiás, reunirá antigos e mais novos estudos de campo sobre a vida, o saber e a arte de pessoas e povos negros, junto a quem sigo aprendendo, às vezes mais do que nos complicados livros das ciências. Também pela Editora Santuário deverá sair o Prece e folia, festa e romaria, um outro livro em que reuni antigos e novos estudos sobre a religião popular. E uma das alegrias maiores será ver nas ruas de Santiago de Compostela (e de outros lugares, espero) o meu livro de poemas em prosa sobre gentes, aldeias e caminhos da Galícia. Ele se chamará A trilha da estrela e deverá sair em galego, poeticamente traduzido por Luciano Peña Andrade, pela Editora Touxosoltos. Não por acaso passo diante da banca de jornais de meu bairro em Campinas, e encontro a edição de 17 de dezembro de 2008 (mas que saiu antes) da revista Isto É. Não costumo comprá-la e nem outras semelhantes. Mas comprei este número por causa da capa e do tema da capa. “Energia verde” anuncia a sua manchete. Uma esperança que nos motiva a muitas e muitos de nós bem de perto, creio. Mas é a foto da capa que me chamou demais a atenção. Pois ela é uma montagem futurista -, imaginem - do “final do Leblon”. Aquele lugar onde a praia termina no que em meu tempo era o “posto 11”. A foto ilustra um mar manso e em ondas, onde na verdade vive um mar bravo e ondulado, pelo menos hoje. Aquele lugar do Rio de janeiro onde, se você seguir pela esquerda, deságua na Avenida Niemeyer (por onde eu caminhei vezes sem conta). E se seguir pela direita ao longo do “Canal do Leblon” irá sair no “Baixo Gávea”, onde moram minha mãe (91 anos) e minhas irmãs. Ora, o destaque da capa futurista é a imagem das duas montanhas dos “Dois Irmãos do Leblon”. Lá está o “Irmão Menor”, com um enorme e feio prédio do futuro, encravado da base ao topo. Outro entre os dois quase chega ao cume do “Irmão Maior”. E a foto prossegue com a floresta (agora rala) que pelo seu outro lado ia até o quintal da casa da Rua Cedro 262, onde vivi por 16 anos. E bem de frente lá está a face frontal do “Irmão Maior”, com o “Paredão Badden Powell”. Uma escalada de 4º grau superior (no meu tempo) que em 1960 (isto mesmo, há 42 anos) eu conquistei junto com uma equipe de companheiros do “Clube Excursionista Rio de janeiro”. Alguns deles bem melhores escaladores do que eu. Trago estas imagens de minha vida - reinventadas como se numa cena de futuro (espero que verde como na foto) - para lembrar as ameaças e também as esperanças que ao mesmo tempo pesam sobre nós e nos desafiam a continuar a pensar, viver e fazer o que vários e vários de nós não desistimos de prosseguir, pelo menos desde os primeiros anos da década dos anos 60.Falamos agora de uma imensa crise econômica e financeira. E ela ganha todas as manchetes, porque agora ameaça bancos e bancas, milionários, empresas e empresários. Como se não a vivêssemos há muitos anos, apenas afetando a vida e o destino da imensa maioria das pessoas daqui e de longe, que nunca puderam “investir na bolsa”, porque quase sempre mal tinham no bolso o suficiente para trazer para a casa o pão de todo o dia, que na prece cristã aprendemos a crer que nunca nos faltaria.
Buscávamos caminhos há muitos anos atrás. Alguns dos nossos se foram, antes e durante este ano em que “descomemoramos” o AI-5 e os piores momentos da Ditadura que levou parte nossa gente ao sofrimento, ao exílio e mesmo à morte. Tanta coisa mudou aqui por perto e por toda a parte. Seguimos ainda, os que ficamos, vivendo das mesmas e de outras novas utopias e esperanças. Algumas difíceis respostas ainda esperam nossas perguntas. Alguns novos saberes e sentidos que realimentem os que trazemos conosco e entre nós, vida afora. Algumas ações para quem ainda acredita que “um novo mundo é possível”, como bradamos há anos nas ruas de Porto Alegre e esperamos estar repetindo, ao lado de muitas e muitas outras vozes, nas ruas de Belém no janeiro de 2009, durante o Fórum Social Mundial.Seguimos acreditando com as mesmas e outras pessoas companheiras de vida, de destino e de luta, que se não fomos nós os que fizeram o mundo desta globalizada política econômica que desmorona aos nossos olhos, podemos ser parte e partilha daqueles e daquelas que, desde os mais diferentes horizontes, acreditam que passo a passo saberemos transformá-la. Gente por aí que ainda crê em caminhos que entrecruzam a sócio-economia solidária com a simplicidade voluntária. E as entretecem com as incontáveis (bastante mais do que imaginamos) experiências esparramadas por todo o mundo em que vivemos. Um mundo que, das plantas e bichos a nós próprios, espera mais do que uma simples “energia verde”, que na reportagem da Isto É aparece com ênfase no seu lado de inovação tecnológica. Grupos, equipes e comunidades de pessoas ainda portadoras de uma múltipla outra energia, não apenas verde e fruto de tecnologias sustentáveis. Uma energia e uma sinergia de idéias e de ações solidárias e amorosamente cooperativas, em nome de uma nova política local, nacional e mundial (no velho sentido humano de “cuidado da pólis”), de uma outra economia (no também velho sentido de “cuidado da casa”), de uma outra lógica do pensar, de uma outra estética do criar e do viver. É isto o que me leva a seguir... “apesar de tudo” (ou justamente “por causa de “tudo”) , seguindo os passos de pessoas companheiras de vida. Gente que vai Teilhard de Chardin (não o esquecer, entre tantos modernos, nunca!), a Paulo Freire. E deles a Marilena Chauí, a Leonardo Boff, a Pedro Casáldaliga (não equeçam de adquirir e usar a Agenda Latonoamericana 2009), a Tomás Baldoino, a Frei Betto, a Moacir Gadotti, A Alda Borges, a Marcos Arruda, que neste 2009 estará publicando o terceiro volume de sua imperdível trilogia, com o livro: Educação para uma economia do amor – a formação do ser humano integral: educação da práxis e economia solidária. Agora é tempo. Minhas alunas e meus alunos comentam que falo muito e que minhas aulas vão até bem além do tempo previsto. Escrevo muito também. Sou amigo de longas cartas, neste tempo de mensagens internéticas breves e quase cifradas. Tenhamos tod@s um Natal com símbolos e gestos de amor e paz. E que 2009 (ainda dentro da Década da Educação para as Culturas de Paz, proclamada em 2001 pela UNESCO... você se lembra?) venha com as suas crises e esperanças. E que ele nos encontre como sempre e como agora: um pouco mais velhos, um pouco mais cansadas, mas de pé, junt@s e prontos a seguir em frente.E já que na primeira página começamos com João Guimarães Rosa, dos sertões do Norte de Minas, saibamos concluir este “bilhete de Natal” também com ele.Serras que vão saindo, para destapar outras serras. Tem que de todas as coisas, vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas. Estejamos junt@s! Um abraço com amigo.
Carlos Rodrigues Brandão

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Longa de Fernando Meirelles
"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA" conta a história de uma inédita epidemia de cegueira, inexplicável, que se abate sobre uma cidade não identificada. Tal "cegueira branca" - assim chamada, pois as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa - manifesta-se primeiramente em um homem no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a meros seres lutando por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. À medida que os afetados pela epidemia são colocados em quarentena e os serviços do Estado começam a falhar, a trama segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afetada pela doença.O foco do filme, no entanto, não é desvendar a causa da doença ou sua cura, mas mostrar o desmoronar completo da sociedade que, perde tudo aquilo que considera civilizado. Ao mesmo tempo em que vemos o colapso da civilização, um grupo de internos tenta reencontrar a humanidade perdida. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história torna-se não só um registro da sobrevivência física das multidões cegas, mas, também, dos seus mundos emocionais e da dignidade que tentam manter. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Apelo público para uma discussão mais aprofundada sobre o Código Ambiental Catarinense

Prezados Amigos:No Diário Catarinense do dia 29/11 foi publicado um artigo (vide anexo) que discute a relação entre a catástrofe que se abateu sobre Santa Catarina e a questionada proposta de Código Ambiental de SC elaborada pelo executivo catarinense.
Esta proposta, encaminhada a toque de caixa pela Assembléia Legislativa, e com votação prevista ainda para este ano, permite ainda mais a ocupação de áreas vulneráveis (encostas, margens, nascentes, restingas, mangues) em nosso estado e atende a interesses de grupos econômicos e políticos, apoiados na justa preocupação de pequenos agricultores que dispõe de pequenas extensões de terra para plantio. Nas audiências públicas, encerradas na semana passada. foi feito um grande clamor por parte de técnicos, pesquisadores e ambientalistas, que se esta lei for aprovada, apesar do nome Código Ambiental, aumentará ainda mais o quadro de degradação e vulnerabilidade socioambiental. Apesar disto a Assembléia manteve a agenda de tramitação deste questionado projeto.Por meio deste apelo público, estamos pleiteando que a Assembléia Legislativa reveja o calendário de votação deste projeto de lei, e promova uma discussão mais ampla sobre o conteúdo e consequências desta lei para que garanta menos sofrimento para Santa Catarina e redução de vulnerabilidade das nossas cidades frente aos desastres naturais. Se você é a favor desse pleito, assine o abaixo-assinado virtual , para uma discussão mais aprofundada do projeto de lei do Código Ambiental Catarinense e o repasse para suas listas. A lista de assinaturas será entregue na Assembléia Legislativa. http://www.comiteitajai.org.br/abaixoassinado/
(Artigo Publicado no Diário Catarinense em 29/11/08)
Criação do código ambiental catarinense: uma reflexão sobre as enchentes e os deslizamentos As imagens de morros caindo, de desespero e morte, de casas, animais e automóveis sendo tragados por lama e água, vivenciadas por centenas de milhares de pessoas no Vale do Itajaí e Litoral Norte Catarinense nos últimos dias, são distintas, e muito mais graves, das experiências de enchentes que temos na memória, de 1983 e 1984. Por que tudo aconteceu de forma tão diferente e tão trágica? Será que a culpa foi só da chuva, como citam as manchetes? Nossa intenção não é apontar culpados, mas mencionar alguns fatos para reflexão, para tentar encaminhar soluções mais sábias e duradouras, e evitar mais e maiores problemas futuros. Houve muita chuva sim. No médio vale do Itajaí ocorreu mais que o dobro da quantidade de chuva que causou a enchente de agosto de 1984. Aquela enchente foi causada por 200 mm de chuva em todo o Vale do Itajaí. Agora, em dois dias foram registrados 500 mm de precipitação, ou seja, 500 litros por metro quadrado, mas somente no Médio Vale e no Litoral. A quantidade de chuva de fato impressiona. Segundo especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a floresta amazônica é a principal fonte de precipitações de grande parte do continente e tudo o que acontecer com ela modificará de maneira decisiva o clima no Sul e no norte da América do Sul. Assim, as inundações de Santa Catarina e a seca na Argentina seriam atribuídas à fumaça dos incêndios florestais, que altera drasticamente o mecanismo de aproveitamento do vapor d ’ água da floresta amazônica. Outros especialistas discordam dessa hipótese e afirmam que houve um sistema atmosférico perfeitamente possível no Litoral Catarinense. Existe uma periodicidade de anos mais secos e anos mais úmidos, com intervalo de 7 a 10 anos, e entramos no período mais úmido no ano passado. Esse mecanismo faz parte da dinâmica natural do clima. De qualquer forma, outros eventos climáticos como esse são esperados e vão acontecer. Mas o Vale do Itajaí sabe lidar com enchentes melhor do que qualquer outra região do país. Claro que muito pode ser melhorado no gerenciamento das cheias, à medida que as prefeituras criarem estruturas de defesa civil cada vez mais capacitadas e à medida que os sistemas de monitoramento e informação forem sendo aperfeiçoados. De todos os desastres naturais, as enchentes são os mais previsíveis, e por isso mais fáceis de lidar. Os deslizamentos e as enxurradas não. Esses são praticamente imprevisíveis, e é aí que reside o real problema dessa catástrofe. É preciso compreender que chuvas intensas são parte do clima subtropical em que vivemos. E é por causa desse clima que surgiu a mata atlântica. Ela não é apenas decoração das paisagens catarinenses, tanto como as matas ciliares não existem apenas para enfeitar as margens de rios. A cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morros, das margens de rios e córregos existe para proteger o solo da erosão provocada por chuvas, permite a alimentação dos lençóis d ’ água e a manutenção de nascentes e rios, e evita que a água da chuva provoque inundações rápidas (enxurradas) . A construção de habitações e estradas sem respeitar a distância de segurança dos cursos d’água acaba se voltando contra essas construções como um bumerangue, levando consigo outras infra-estruturas, como foi o caso do gasoduto. Esse é um dos componentes da tragédia. Já os deslizamentos, ou movimentos de massa, são fenômenos da dinâmica natural da Terra. A chuva em excesso acaba com as propriedades que dão resistência aos solos e mantos de alteração para permanecerem nas encostas. O grande problema de ocupar encostas é fazer cortes e morar embaixo ou acima deles. Há certas encostas que não podem ser ocupadas por moradias, principalmente as do vale do Itajaí, onde o manto de intemperismo, pouco resistente, se apresenta muito profundo e com vários planos de possíveis rupturas (deslizamento) , além da grande inclinação das encostas. E é aí que começa a explicação de outra parte da tragédia que estamos vivendo. A ocupação dos solos nas cidades não tem sido feita levando em conta que estão assentadas sobre uma rocha antiga, degradada pelas intempéries, e cuja capacidade de suporte é baixa. Através dos cortes aumenta a instabilidade. As fortes chuvas acabaram com a resistência e assim o material deslizou. A ocupação do solo é ordenada por leis municipais, os planos diretores urbanos. Esses planos diretores definem como as cidades crescem, que áreas vão ocupar e como se dá essa ocupação. Por falta de conhecimento ecológico dos poderes executivo, judiciário e legislativo (ou por não levá-lo em consideração), o código florestal tem sido desrespeitado pelos planos diretores em praticamente todo o Vale do Itajaí, e também no litoral catarinense, sob a alegação de que o município é soberano para decidir, ou supondo que a mata é um enfeite desnecessário. Da mesma forma, as encostas têm sido ocupadas, cortadas e recortadas, à revelia das leis da Natureza. Trata-se de uma falta de compreensão que está alicerçada na idéia, ousada e insensata, de que os terrenos devem ser remodelados para atender aos nossos projetos, em vez de adequarmos nossos projetos aos terrenos reais e sua dinâmica natural nos quais irão se assentar. A postura não é diferente nas áreas rurais, onde a fiscalização ambiental não tem sido eficiente no controle de desmatamentos e cultivos nas áreas rurais, como mostram as denúncias freqüentes veiculadas nas redes que conectam ambientalistas e gestores ambientais de toda região. A irresponsabilidade se estende, portanto, para toda a sociedade. Deslizamentos, erosão pela chuva e ação dos rios apresentam fatores condicionantes diferentes, mas todos fazem parte da dinâmica natural. A morfologia natural do terreno é uma conquista da natureza, que vai lapidando e moldando a paisagem na busca de um equilíbrio dinâmico. Erode aqui, deposita ali e assim vai conquistando, ao longo de milhões de anos, uma estabilidade dinâmica. O que se deve fazer é conhecer sua forma de ação e procurar os cenários da paisagem onde sua atuação seja menos intensa ou não ocorra. As alterações desse modelado pelo homem foram as principais causas dos movimentos de massa que ocorreram em toda a região. Portanto, precisamos evoluir muito na forma de gestão urbana e rural e encontrar mecanismos e instrumentos que permitam a convivência entre cidade, rios e encostas. Por isso tudo, essa catástrofe é um apelo à inteligência e à sabedoria dos novos ou reeleitos gestores municipais e ao governo estadual, que têm o desafio de conduzir seus municípios e toda Santa Catarina a uma crescente robustez aos fenômenos climáticos adversos. Não adianta reconstruir o que foi destruído, sem considerar o equívoco do paradigma que está por trás desse modelo de ocupação. É necessário pensar soluções sustentáveis. O desafio é reduzir a vulnerabilidade. Uma estranha coincidência é que a tragédia catarinense ocorreu na semana em que a Assembléia Legislativa concluiu as audiências públicas sobre o Código Ambiental, uma lei que é o resultado da pressão de fazendeiros, fábricas de celulose, empreiteiros e outros interesses, apoiados na justa preocupação de pequenos agricultores que dispõe de pequenas extensões de terra para plantio. Entre outras propostas altamente criticadas por renomados conhecedores do direito constitucional e ambiental, a drástica redução das áreas de preservação permanente ao longo de rios, a desconsideraçã o de áreas declivosas, topos de morro e nascentes, além da eliminação dos campos de altitude (reconhecidas paisagens de recarga de aqüíferos) das áreas protegidas, são dispositivos que aumentam a chance de ocorrência e agravam os efeitos de catástrofes como a que estamos vivendo. Alega o deputado Moacir Sopelsa que a lei ambiental precisa se ajustar à estrutura fundiária catarinense, como se essa estrutura fundiária não fosse, ela mesma, um produto de opções anteriores, que negligenciaram a sua base de sustentação. Sugerimos que os deputados visitem Luiz Alves, Pomerode, Blumenau, Brusque, só para citar alguns municípios, para aprender que a estrutura fundiária e a urbana é que precisam se ajustar à Natureza. Dela as leis são irrevogáveis e a tentativa de revogá-las ou ignorá-las custam muitas vidas e dinheiro público e privado. É hora de ter pressa em atender os milhares de flagelados. Não é hora de ter pressa em aprovar uma lei que torna o território catarinense ainda mais vulnerável para catástrofes naturais.
Prof. Dr. Antonio Fernando S. Guerra (UNIVALI)
Prof. Dra. Beate Frank (FURB, Projeto Piava)
Prof. Dra. Edna Lindaura Luiz (UNESC)
Prof. Dr. Gilberto Valente Canali (Ex-presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos)
Prof. Dr. Hector Leis (UFSC)
João Guilherme Wegner da Cunha (CREA/CONSEMA)
Prof. Dr. Juarês Aumond (FURB)
Prof. Dr. Julio Cezar Refosco (FURB)
Prof. Dr. Lino Fernando Bragança Peres (UFSC)
Prof. Dra. Lúcia Sevegnani (FURB)
Prof. Dr. Luciano Florit (FURB)
Prof. Dr. Luiz Fernando P. Sales (UNIVALI)
Prof. Dr. Luiz Fernando Scheibe (UFSC)
Prof. Dr. Marcus Polette (UNIVALI)
Prof. Dra. Noemia Bohn (FURB)
Núcleo de Estudos em Serviço Social e Organização Popular - NESSOP (UFSC)
Prof. Dra. Sandra Momm Schult (FURB)
Equipe do Projeto Piava (Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí).
Blumenau, 28 de novembro de 2008
Se você também quer uma discussão mais aprofundada sobre o projeto de lei que pretende criar ainda este ano o Código Ambiental Catarinense e deseja que os parlamentares saibam disso, acesse o site

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Santa Catarina 2008


Diante da tragédia em Sta Catarina, milhares de pessoas no Brasil estão se solidarizando com todas as formas de cooperação.Este Blog solidariza-se com os atingidos pelas inundações.Saques e roubos às residencias deixadas pelas famílias,nos deixam mais indignados.Odila Fonseca

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AMAZONIA

Carlos A Nobre, Gilvan Sampaio e Luis Salazar
As influências do homem no equilíbrio natural do planeta atingiram magnitude sem precedentes. As mudanças climáticas antropogênicas estão associadas às atividades humanas com o aumento da emissão de gases de efeito estufa, de queimadas, com o desmatamento, a formação de ilhas urbanas de calor, etc. A Amazônia desempenha um papel importante no ciclo de carbono planetário, e pode ser considerada como uma região de grande risco do ponto de vista das influências das mudanças climáticas. Segundo Salati (2001), o atual equilíbrio dinâmico da atmosfera amazônica está sujeito a forças de transformação que levam às variações climáticas e podem ser estudadas sob três diferentes aspectos:
1. Variações climáticas na região podem ser devidas às variações climáticas globais, decorrentes de causas naturais. Essas mudanças estão relacionadas com variação da intensidade solar, variações da inclinação do eixo de rotação da Terra, variações da excentricidade da órbita terrestre, variações das atividades vulcânicas e variações da composição química da atmosfera, entre outras. Existem registros bem documentados sobre as oscilações climáticas na Amazônia ocorridas durante as glaciações e também de variações mais recentes da temperatura local. Os efeitos do El Niño, que é um fenômeno natural, podem estar incluídos dentro dessa categoria. O tempo de resposta às forças modificadoras pode ser em um período anual, de décadas e milênios. Não há muita coisa que a sociedade possa fazer contra essas tendências a não ser se preparar para minimizar seus efeitos quando houver possibilidade de previsões científicas, como é o caso específico das variações climáticas decorrentes do El Niño e La Niña.
2. Mudanças climáticas de origem antrópicas, decorrentes de alterações do uso da terra dentro da própria região amazônica. Tais alterações estão ligadas diretamente ao desmatamento de sistemas florestais para transformação em sistemas agrícolas e/ou pastagem, o que implica em transferência de carbono (na forma de dióxido de carbono) da biosfera para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, o qual por sua vez acaba atuando sobre a região amazônica. Evidências de estudos observacionais e estudos de modelagem (como por exemplo: Nobre et al., 1991; Betts et al., 1997, 2000; Chase et al., 2000; Zhao et al., 2001) demonstraram que mudanças na cobertura superficial podem ter um impacto significativo no clima regional e global. Evidências de trabalhos paleoclimáticos e de modelagem indicam que essas mudanças na vegetação, em alguns casos, podem ser equivalentes àquelas devidas ao aumento do CO2 na atmosfera (Pitman and Zhao, 2000).
3. Variações climáticas decorrentes das mudanças climáticas globais provocadas por ações antrópicas. Se as tendências de crescimento das emissões se mantiverem, os modelos climáticos indicam que poderá ocorrer aquecimento até acima de 6ºC em algumas regiões do globo até o final do século XXI. É provável que a temperatura média global durante o século XXI aumente entre 2,0ºC a 4,5ºC, com uma melhor estimativa de cerca de 3,0ºC, e é muito improvável que seja inferior a 1,5ºC. Valores substancialmente mais altos que 4,5ºC não podem ser desconsiderados, mas a concordância dos modelos com as observações não é tão boa para esses valores (IPCC, 2007). Conclui-se que, mesmo no cenário de baixas emissões de gases do efeito estufa (cenário B1), as projeções dos diversos modelos do IPCC indicam aumento da temperatura, sobretudo no Hemisfério Norte.
Recentemente Ambrizzi et al. (2007), utilizando três modelos regionais que foram integrados numericamente para a América do Sul, a partir de dados iniciais obtidos do modelo climático global do Hadley Centre, concluíram que para o período 2071-2100, em relação ao período 1961-1990, o maior aquecimento ocorrerá na Amazônia com aquecimento entre 4-8ºC para o cenário A2 de emissões de gases de efeito estufa e de 3-5ºC para o cenário B2. Em relação à precipitação, o cenário B2 apresenta diminuição da precipitação no norte e em parte do leste da Amazônia, enquanto que o cenário A2 apresenta diminuição da precipitação no norte, leste e região central da Amazônia.
A partir do Relatório da Quarta Avaliação do IPCC (IPCC 2007), há maior certeza nas projeções dos padrões de aquecimento e de outras características de escala regional, inclusive das mudanças nos padrões do vento, precipitação e alguns aspectos dos eventos extremos e do gelo. A associação entre eventos extremos de tempo e clima observados e as mudanças do clima é recente. As projeções do IPCC (2007) indicam um maior número de dias quentes e ondas de calor em todas as regiões continentais, principalmente em regiões nas quais a umidade do solo vêm diminuindo. Há ainda projeções de aumento da temperatura mínima diária em todas as regiões continentais, principalmente onde houve retração de neve e de gelo. Além disso, dias com geadas e ondas de frio estão se tornando menos freqüentes.
De acordo com o IPCC (2007), o aquecimento global pode levar a mudanças nos padrões de variabilidade de grande escala oceânica e atmosférica. Por exemplo, as projeções de diversos modelos indicam eventos El Niño-Oscilação Sul (Enso) mais intensos e há evidências observacionais que suportam essa projeção (Boer et al., 2004). O Enso está associado com algumas das mais pronunciadas variabilidades interanuais dos padrões climáticos em muitas partes do mundo.
AQUECIMENTO GLOBAL, VARIABILIDADE NATURAL E EL NIÑO
As análises de diversos modelos climáticos globais indicam que com o aumento da temperatura global, devido ao aumento dos gases do efeito estufa, o clima do Pacífico tenderá a ficar parecido com uma situação de El Niño (Knutson and Manabe, 1995; Mitchell et al., 1995; Meehl and Washington, 1996; Timmermann et al., 1999; Boer et al., 2000). Entretanto, as razões para tal semelhança são variadas, e dependem da representação de processos físicos e parametrizações nos modelos (IPCC, 2007).
Para a Amazônia, estudos como Ropelewski and Halpert (1987, 1989), Marengo (1992, 2004), Uvo et al. (1998), Ronchail et al. (2002) e muitos outros identificaram que anomalias negativas de precipitação no centro, norte e leste da Amazônia são em geral associadas com eventos de El Niño-Oscilação Sul (Enso) e anomalias de TSM no Atlântico tropical. Esses estudos ressaltaram que algumas das maiores secas na Amazônia foram devidas a: 1. a ocorrência de intensos eventos de El Niño; 2. forte aquecimento das águas superficiais do Atlântico tropical norte durante o verão-outubro no Hemisfério Norte; ou 3. ambos (Marengo et al., 2007). A variabilidade das anomalias de TSM no Pacífico tropical é responsável por menos de 40% da variabilidade da precipitação na bacia amazônica (Marengo, 1992; Uvo et al., 1998; Marengo et al., 2007), o que sugere que os efeitos de outras fontes de variabilidade, tais como o gradiente meridional de TSM no Atlântico intertropical (que afeta principalmente a região norte e central da Amazônia), ou processos de superfície e grande freqüência de transientes do Atlântico Sul (importante para o sul da Amazônia) podem ser também importantes na variabilidade inter-anual da precipitação na região (Marengo et al., 2003; Ronchail et al., 2002; Marengo et al., 2007).
MUDANÇAS DOS USOS DA TERRA E CLIMA Com respeito às modificações de temperatura para a Amazônia, segundo Nobre (2001), nota-se que a projeção de aumento de temperatura global segue a mesma tendência de aumento de temperatura à superfície devido ao desmatamento. As várias simulações dos efeitos climáticos da substituição da floresta por pastagens na Amazônia (por exemplo: Dickinson e Henderson-Sellers, 1988; Shukla et al., 1990; Lean e Warrilow, 1989; Nobre et al., 1991; Henderson-Sellers et al., 1993; Manzi e Planton, 1996; Hahmann e Dickinson, 1997; Costa e Foley, 2000; Rocha, 2001; Werth e Avissar, 2002; Voldoire e Royer, 2004; Correia, 2005 e Sampaio et al., 2007) e as observações dos projetos Abracos (Gash et al., 1996; Gash and Nobre, 1997) e LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia) indicam que há um aumento da temperatura entre 0,3ºC e 3ºC, redução da evapotranspiração entre 15% e 30% e os estudos numéricos indicam redução da precipitação entre 5% e 20% devido à mudança de vegetação de floresta para pastagem. Este aumento de temperatura é comparável àquele projetado para o cenário B1, mas bem inferior àquele previsto para o cenário A2 para o final do século XXI. Provavelmente os efeitos de aumento de temperatura induzidos pelas mudanças globais e aqueles advindos dos desmatamentos se somariam, aumentando o risco de incêndios florestais porque o secamento da vegetação na estação seca e sua flamabilidade são maiores com temperaturas mais altas. (Nepstad et al., 1999). Adicionalmente, Schneider et al. (2006) encontraram que o desflorestamento da Amazônia levaria a um aumento da variabilidade do Enso e um aquecimento médio anual no Pacífico equatorial leste. Esse aumento da variabilidade do Enso estaria relacionado com um aumento da temperatura da superfície na região desflorestada que levaria a mudanças no padrão de vento próximo à superfície, que se estenderiam até o Pacífico e Atlântico e afetariam o vento superficial sobre o oceano, com anomalias de oeste no Pacífico leste. Em resumo, para a Amazônia os aumentos projetados de temperatura atuariam como feedback positivo e aumentariam a suscetibilidade dos ecossistemas amazônicos às mudanças climáticas globais devido ao aumento do efeito estufa, e regionais devido ao desmatamento.
MUDANÇAS DOS USOS DA TERRA E HIDROLOGIA O efeito do desmatamento e das mudanças climáticas afeta o ciclo hidrológico em todas as escalas de tempo: em escalas de tempo de dias a meses, levam a mudanças na incidência de inundações; em escalas de tempo sazonais a interanual, mudanças nas características da seca é a principal manifestação hidrológica; e em escalas de anos a décadas, as teleconexões nos padrões de circulação global atmosférica, ocasionadas pela interação oceano-atmosfera, afetam a hidrologia de algumas regiões, especialmente nos trópicos, por diferentes eventos, entre eles o El Niño (Nijssen et al., 2001). A mudança climática representa um risco para o ciclo hidrológico na Amazônia, uma vez que o aumento de temperatura provocará uma maior evaporação e maior transpiração das plantas, o que levará a uma aceleração do ciclo hidrológico (Case, 2006). Se, além disso, a precipitação diminuir durante a estação seca, o impacto das mudanças climáticas no regime hidrológico na Amazônia será ainda mais agravado (Nijssen et al., 2001). A intensa seca ocorrida, no sudoeste da Amazônia em 2005, teve fortes impactos na navegação, agricultura, geração de hidroeletricidade, e afetou de forma direta e indireta a população ribeirinha de grande parte da Amazônia (Marengo et al., 2006).
AQUECIMENTO GLOBAL E AMAZÔNIA
Desde a publicação do Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC e particularmente para o Quarto Relatório (IPCC 2007), há uma compreensão cada vez melhor dos padrões projetados de precipitação. É muito provável que ocorra aumento da quantidade de precipitação nas altas latitudes, enquanto que reduções são prováveis na maior parte das regiões continentais subtropicais (em até cerca de 20% no cenário A1B em 2100), continuando os padrões observados nas tendências recentes. Entretanto, há ainda muita incerteza em relação às possíveis mudanças na precipitação pluviométrica em escala regional. De acordo com Li et al. (2006), os modelos climáticos globais do Intergovernmental Panel on Climate Change Fourth Assessment Report (IPPC AR4) prevêem diferentes padrões da precipitação na Amazônia sob a influência do cenário SRES A1B para a mudança climática global. Cinco de onze modelos estudados prevêem um aumento da precipitação anual, três modelos prevêem um decréscimo na precipitação e os outros três não indicam padrão significativo de mudança da precipitação na Amazônia. Incertezas nos padrões previstos de mudanças na TSM no Pacífico e Atlântico tropicais, representação de nuvens e feedbacks da superfície na Amazônia são as principais fontes das incertezas na previsão de mudanças na precipitação da Amazônia. Por outro lado, as projeções do IPCC (2007) indicam que é muito provável que haja um aumento da intensidade da precipitação em diversas regiões, sobretudo na região tropical. Além disso, há projeções de secas generalizadas em regiões continentais durante o verão.
Na Amazônia, a precipitação é sensível às variações sazonal, interanual e decadal da TSM (Fu et al., 2001; Liebmann and Marengo, 2001; Marengo, 2004). O aquecimento do Pacífico tropical leste durante eventos El Niño suprime a precipitação da estação chuvosa através da modificação da circulação de Walker (leste-oeste) e via os extratrópicos no Hemisfério Norte (Nobre and Shukla, 1996). Variações na precipitação da Amazônia são também conhecidas por estarem relacionadas às TSMs no Atlântico tropical (Liebmann and Marengo, 2001). Um aquecimento do Atlântico tropical norte relativo ao sul leva a uma mudança para o norte e oeste da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e subsidência compensatória sobre a Amazônia (Fu et al., 2001). As TSMs no Atlântico também exercem uma grande influência na precipitação da estação seca (julho-outubro) no oeste da Amazônia pelo atraso no início da Monção da América do Sul (Marengo et al., 2001; Harris et al., 2006).
Eventos extremos, como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazônia, num cenário futuro de aumento de CO2 e diminuição de aerossóis, podem se tornar mais freqüentes. É provável que um aumento na temperatura da superfície do mar no Atlântico norte tropical tenha sido a causa da seca de 2005 na Amazônia, já que havia a ausência de episódio El Niño. Isso implicou numa diminuição da intensidade dos ventos alísios de nordeste e do transporte de umidade do Atlântico tropical em direção a região amazônica. Segundo Marengo et al. (2007) as causas da seca ocorrida na Amazônia em 2005 não estão relacionadas ao El Niño, mas a três possíveis fatores: (1) o Atlântico norte tropical anomalamente mais quente do que o normal, (2) a redução na intensidade do transporte de umidade pelos alísios de nordeste em direção ao sul da Amazônia durante o pico da estação de verão, e (3) a diminuição do movimento vertical sobre esta parte da Amazônia, resultando num reduzido desenvolvimento convectivo e reduzida precipitação. Esses três fatores são dinamicamente consistentes na medida que águas mais quentes no oceano Atlântico tropical norte induziriam movimentos ascendentes atmosféricos sobre essa região, com abaixamento da pressão atmosférica, e movimentos descendentes compensatórios sobre a região da seca no oeste-sudoeste da Amazônia, e conseqüente aumento da pressão atmosférica. Esse padrão de anomalias de pressão reduziria a intensidade dos ventos alísios transportando umidade do oceano para a Amazônia.
VARIABILIDADE CLIMÁTICA E INCÊNDIOS FLORESTAIS
Quando a floresta é sujeita a períodos anomalamente secos, aumenta a probabilidade de ocorrência de queimadas que podem destruir centenas de milhares de hectares de floresta e injetar na atmosfera grandes quantidades de fumaça e aerossóis que poluem o ar em extensas áreas, afetando a população e com potencial de afetar o início da estação chuvosa e a quantidade de chuva na região (Andreae et al. 2004). Considerando os cenários de mudança climática do modelo do HadCM3 para o IPCC/AR4, a duração da estação seca poderia aumentar em até dois meses ou mais na maior parte da Amazônia, o que levaria ao aumento da estação seca dos atuais 3-4 meses para 5-6 meses na Amazônia central e oriental. Esse aumento da estação seca implicaria num aumento do risco da ocorrência de queimadas e mudança na climatologia da chuva o que favoreceria a substituição da floresta por savana (Li et al., 2006). Esses impactos ecológicos afetam a possibilidade de manejo sustentável da floresta na região, o que é uma premissa básica para a economia regional (Brown et al., 2006).
O risco dos impactos das mudanças climáticas na Amazônia aumenta ainda mais quando somamos ao aquecimento global as alterações de vegetação resultantes das mudanças dos usos da terra, notadamente os desmatamentos das florestas tropicais e dos cerrados. Um outro fator importante é o fogo, pois a floresta densa amazônica era praticamente impenetrável ao fogo, mas devido à combinação da fragmentação florestal, desmatamentos e aquecimento em razão dos próprios desmatamentos e devido ao aquecimento global, aliada a prática agrícola predominante que utiliza fogo intensamente, esse quadro está rapidamente mudando e a freqüência de incêndios florestais vem crescendo a cada ano. Com isso, é quase certo que acontecerão rearranjos importantes nos ecossistemas e mesmo redistribuição de biomas. A assombrosa velocidade com que tais alterações estão ocorrendo, em comparação àquelas dos processos naturais em ecossistemas, introduz séria ameaça à mega-diversidade de espécies da flora e da fauna dos ecossistemas, em especial da Amazônia, com o provável resultado de sensível empobrecimento biológico (Nobre et al, 2005).
MUDANÇAS CLIMÁTICAS, BIOMAS E BIODIVERSIDADE
Segundo Nobre (2001), para a Amazônia, se houver redução de precipitações induzidas pelas mudanças climáticas globais, estas se somam às reduções previstas como resposta ao desmatamento (Nobre et al., 1991), aumentando sobremaneira a suscetibilidade dos ecossistemas amazônicos ao fogo e causando a redução das espécies menos tolerantes à seca, podendo até induzir uma "savanização" de partes da Amazônia. Para a América do Sul tropical, tomando-se uma média dessas projeções de aumento de temperatura, constata-se a projeção do aumento da área de savanas e uma diminuição da área de caatinga no semi-árido do Nordeste do Brasil. Salazar et al. (2007) calcularam, utilizando cenários climáticos de 15 modelos climáticos globais do IPCC-AR4, as áreas onde o consenso dos modelos (> 11 modelos) indicam mudanças nos biomas na América do Sul tropical nos cenários A2 e B1 de emissões de gases de efeito estufa. Para o período 2020-2029, 3.1% da floresta tropical seria substituída por savana, e para finais do século (2090-2099) a área que será substituída aumenta para 18% no cenário A2. Esta mudança nos biomas, devido ao aquecimento global, ocorre principalmente no sudeste da Amazônia, região esta que coincide com uma zona que teoricamente apresenta dois estados de equilíbrio vegetação-clima: 1. o primeiro que corresponde ao padrão de vegetação atual com a maior parte da Amazônia recoberta por floresta tropical e 2. um segundo estado de equilíbrio, onde a parte leste da Amazônia é substituída por savanas (Oyama e Nobre, 2003). Isso tem repercussões muito importantes, já que a mudança climática pode ser um dois fatores que poderiam levar o sistema de um estado de equilíbrio para outro no leste da Amazônia. Outros estudos também apontam para redução das áreas de floresta (White et al., 1999; Cramer et al., 2001; Scholze et al., 2006; Cook and Vizy, 2007) ou seu completo colapso (Jones et al., 2003; Cox et al., 2004)
Em Scholze et al. (2006), o risco de perda da floresta em algumas partes da Amazônia é de mais de 40% para os cenários que apresentam uma anomalia de temperatura maior que 3ºC. Por outro lado, se houver tendência ao aumento das precipitações, estes atuariam para contrabalançar a redução das chuvas devido ao desmatamento e o resultado final seria mais favorável à manutenção dos ecossistemas e espécies.
Adicionalmente, alguns estudos têm mostrado que o estômato da planta abre menos com altas concentrações de CO2 (Field et al., 1995), o que reduz diretamente o fluxo de umidade da superfície para a atmosfera (Sellers et al., 1996). Isto pode aumentar a temperatura do ar próximo da superfície pelo aumento da razão entre o fluxo de calor sensível e fluxo de calor latente. Numa região como a Amazônia, onde muito da umidade para a precipitação advém da evaporação à superfície, a redução da abertura estomatal pode também contribuir para um decréscimo na precipitação (Betts et al., 2004).
Se grandes áreas da Amazônia forem substituídas por savana, a aridez poderá aumentar já que a vegetação adaptada ao fogo tem uma menor transpiração. Em Scholze et al. (2006) conclui-se que é provável uma maior freqüência de fogo (risco > 60% para temperatura > 3ºC) em muitas zonas da América do Sul. Em Hutyra et al. (2005) é mostrado que as florestas presentes em áreas com alta freqüência de secas (> 45% de probabilidade de seca) podem mudar para savana, se a aridez aumentar como previsto pelos cenários de mudança climática (Cox et al., 2004; Friedlingstein et al., 2003). Portanto cerca de 600.000 km2 de floresta estarão em potencial risco de desaparecer (> 11% da área total vegetada).
A floresta amazônica contém uma grande parte da biodiversidade do mundo, pois mais de 12% de todas as plantas com flores são encontradas na Amazônia (Gentry, 1982). Sendo assim, ameaças à existência da floresta amazônica indicam sérias ameaças à biodiversidade. Entretanto, existem poucos estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas na distribuição de espécies. Em nível global, Thomas et al. (2004) avaliaram o risco de extinção de espécies para áreas que cobrem cerca de 20% da superfície terrestre, e encontraram que entre 15% e 37% das espécies estariam comprometidas com risco de extinção até o ano de 2050. Em nível regional, as simulações de Miles et al. (2004), baseando-se nos cenários futuros do HADCM2Gsa1 (que assume um aumento anual de 1% na concentração de CO2), mostraram que 43% do conjunto de espécies arbóreas analisadas na Amazônia seriam não-viáveis para o ano de 2095. Para que as espécies afetadas possam atingir novas zonas bioclimáticas, a dispersão e migração deverão ser feitas em centenas de quilômetros (Hare, 2003). Muitos desses experimentos de modelagem não têm considerado as influências não-climáticas como as mudanças do uso da terra, o desmatamento, a disponibilidade de água, as pestes e doenças, queimadas, e todas as outras que possam limitar a migração e dispersão de espécies (Case, 2006). No trabalho de Sala et al. (2000), estudou-se a mudança na biodiversidade para o ano 2100, considerando alguns desses aspectos e identificou-se que, para os biomas tropicais, os principais agentes que afetam a biodiversidade são o uso da terra e as mudanças climáticas.
CONCLUSÃO A Amazônia vem sendo submetida a pressões ambientais de origem antrópica crescentes nas últimas décadas, tanto pressões diretas advindas dos desmatamentos e dos incêndios florestais, como pressões resultantes do aquecimento global. A estabilidade climática, ecológica e ambiental das florestas tropicais amazônicas está ameaçada por essas crescentes perturbações, que, ao que tudo indica, poderão tornar-se ainda maiores no futuro. A ciência ainda não consegue precisar quão próximos estamos de um possível ponto de ruptura do equilíbrio dos ecossistemas e mesmo de grande parte do bioma Amazônico, mas o princípio da precaução nos aconselha a levar em consideração que tal ponto de ruptura pode não estar distante no futuro. Um colapso de partes da floresta tropical trará conseqüências adversas permanentes para o planeta Terra.

Carlos A.Nobre, Gilvan Sampaio, Luis Salazar são pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
NOBRE, Carlos A; SAMPAIO, Gilvan; SALAZAR, Luis. Mudanças climáticas e Amazônia. Cienc. Cult. , São Paulo, v. 59, n. 3, 2007 . Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252007000300012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 Oct 2008.

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Nova GEOPOLÍTICA da FOME


LA NUEVA GEOPOLÍTICA DEL HAMBRE
Por João Pedro Stedile (*)
SAN PABLO, Nov (IPS) En los años 60 unos 80 millones de personas sufrían hambre en el mundo. Estaba en auge el capitalismo industrial y las empresas transnacionales se expandían por todo el planeta para dominar los mercados y explotar la mano de obra barata y los recursos naturales de los países periféricos.
En ese contexto fue lanzada la Revolución Verde, que prometía acabar con el hambre. Su mentor, Norman Borlaug, recibió el Premio Nobel por la Paz en 1970.El verdadero objetivo era introducir una nueva matriz productiva en la agricultura en base al uso intensivo de insumos industriales. La productividad por hectárea aumentó y la producción mundial se cuadruplicó.Pero los hambrientos se decuplicaron, pasaron de 80 a 800 millones.
Hoy en día 70 países dependen de las importaciones para alimentar a sus
pueblos. Esto demuestra que el nuevo modelo de agricultura sirvió para concentrar la producción y el comercio agrícola mundial de alimentos en no más de treinta transnacionales: Bunge, Cargill, ADM, Dreyfuss, Monsanto, Syngenta, Bayer, Basf, Nestlé, etcétera.

Una mala noticia reciente nos dice que según las estimaciones las reservas de petróleo, fuente de energía dominante en el mundo contemporáneo,no durarán más de 30años.Otra evaluación inquietante nos advierte que avanza peligrosamente el calentamiento global.
Ante esta perspectiva se ha formado una alianza diabólica entre las empresas petroleras, automobilísticas y agroindustriales para la producción en gran escala de agrocombustibles (que engañosamente llaman biocombustibles)como el etanol en países con abundancia de tierra, sol,agua y mano de obra barata.
En los últimos cinco años, millones de hectáreas antes dedicadas a la alimentación y controladas por campesinos fueron captadas por grandes empresas y utilizadas para implantar monocultivos de caña, soja,.maíz,palma africana o girasol destinados a producir etanol o aceites vegetales.
Se está repitiendo la manipulación de la Revolución Verde. En este caso,como el precio del etanol está vinculado al precio del petróleo, la tasa medio de lucro de la agricultura sube de nivel y hace subir los precios alimenticios.

Empero, los agrocombustibles no resolverán el dilema de la energía ni el del calentamiento global. Los científicos nos advierten que para sustituir solamente el 20% de todo el petróleo que el mundo consume actualmente tendríamos que utilizar todas las tierras fértiles del planeta.
Ya estábamos viviendo una situación anómala en la producción y en los precios de los alimentos, cuando sobrevino la crisis del capital financiero.
Muchos detentores de voluminosas sumas de capital financiero, sea en forma
de dinero o de capital ficticio (títulos del Tesoro, obligaciones,hipotecas), temerosos de afrontar pérdidas, corrieron a invertir en las bolsas de mercancías a futuro y a comprar bienes naturales -tierra,energía,agua- en los países periféricos. Como consecuencia de esos movimientos de capitales las cotizaciones de los productos agrícolas en todo el mundo ya no están relacionadas con los costos de producción y ni siquiera con los volúmenes de la oferta y la demanda. Ahora oscilan rápidamente al ritmo de las especulaciones bursátiles y del control oligopólico que ejercen las empresas transnacionales.sobre el mercado internacional de alimentos. Es decir, que la humanidad está en manos de un puñado de transnacionales y grandes especuladores.
Resultado: según la FAO los hambrientos aumentaron nuevamente, en solo los dos últimos años,de 800 a 925 millones.Y millones de campesinos en Asia, Latinoamérica y Africa están perdiendo sus tierras y emigrando.
Ante esta nueva situación, la Vía Campesina, que reúne a decenas de
organizaciones de campesinos de todo el mundo, postula una transformación
radical en el sistema de la producción y del comercio de los alimentos.
Defendemos el principio de la soberanía alimentaria: que en cada región y en cada país, los gobiernos apliquen políticas públicas que estimulen y garanticen la producción y el acceso a todos los alimentos necesarios para sus respectivas poblaciones.
No existe región alguna en el mundo que no tenga la capacidad potencial de
producir su propia alimentación. Como explicó en los años cincuenta Josué de Castro,el autor de "Geopolítica del Hambre",el hambre y la falta de alimentos no provienen de una condición geográfica o climática, sinoque son las resultantes de relaciones sociales de producción.
Afirmamos que la humanidad debe considerar a la alimentación como un derecho natural de todo ser humano. Esto implica que los productos agrícolas no deben ser tratados como una mercadería cuya finalidad es el lucro empresarial, y que se debe estimular y fortalecer a los pequeños agricultores,ya que esta es la única política que puede mantener a la población en las zonas rurales. Y desde luego, con la meta de obtener alimentos sanos y seguros,excluimos el
empleo de agrotóxicos.
Hasta ahora, los gobernantes han hecho oídos sordos a nuestros reclamos. Pero, a menos que se adopten cambios radicales, las contradicciones y los problemas sociales se agravarán y tarde o temprano estallarán.
(FIN/COPYRIGHT IPS)
(*) João Pedro Stedile, miembro del Movimiento de Campesinos Sin Tierra
(MST) de Brasil y de Vía Campesina Internacional.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ismar Soares e a educomunicação nas corporações


Por Ademir Veroneze
A distância entre a prática em sala de aula e os meios de comunicação intrigou o jornalista e pesquisador Ismar Soares, professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Foi por conta disso que começou a estudar o conceito de educomunicação.Em entrevista ao Nós da Comunicação, Ismar explica como o método pode auxiliar na criação de culturas inovadoras, até mesmo dentro das empresas, com participação de todos os envolvidos no fluxo da informação.
Confira abaixo os principais trechos da conversa com o professor.
Nós da Comunicação – A educomunicação pode ser aplicada nas empresas?
Ismar Soares – As empresas têm entrado no mundo da educação por meio da educação corporativa – que esteve muito próxima da área de RH –, com cursos de formação continuada ou, às vezes, de formação específica, em função de determinada necessidade de capacitação dos funcionários. Em geral, as empresas optam por um tipo de comunicação tradicional, que é a instrução: o educador é chamado de instrutor e a empresa adota a perspectiva parecida com a estrutura bancária, isto é, a de transferir conhecimentos para que o aluno, no caso, um funcionário, vá se adequando cada vez mais ao perfil que a empresa necessita.
A educomunicação não tem muito a ver com essa perspectiva tradicional porque parte do princípio que o aprendiz é um criador, um inovador, e pode colaborar no processo educativo. Ela não é realizada plenamente devido à existência de hierarquia e expectativa estabelecidas pelas empresas com relação ao comportamento dos funcionários. O que se pode dizer é que há procedimentos que se aproximam do campo educomunicativo. Já é uma prática corrente entre as empresas realizar ou patrocinar algum trabalho educomunicativo nas comunidades. Então, há dois extremos relacionados às empresas. Internamente, existe a comunicação tradicional, ainda que usando instrumentos inovadores. Por outro lado, pode-se encontrar nelas apoio a projetos educomunicativos que atuam com o público externo.
Defendo a hipótese de que as empresas repensem seus processos educativos, e que por meio do uso de instrumentos inovadores, como a internet, também se aproximem das práticas educomunicativas. É uma negociação que pode ser feita na medida em que a empresa esteja aberta para um diálogo cultural, permitindo que os funcionários escolham metodologias de trabalho e tenham espaço para expressões culturais.
Nós da Comunicação – Qual a expectativa que, geralmente, as empresas têm de seus processos de comunicação?
I. S. – As empresas, em geral, têm uma expectativa com relação à comunicação instaurada há muitos anos, desde a criação da área de relações públicas, em que se estabelecem padrões bastante rígidos nas formas de comportamento dos empregados. E, quando se faz uma investigação, são esses os parâmetros que acabam orientando os pesquisadores. Na perspectiva educomunicativa, para saber, por exemplo, o grau de satisfação dos empregados numa empresa, a pesquisa vai por uma direção mais aprofundada, de caráter antropológico. Procura descobrir qual é a cultura do trabalhador, qual a classe social dele, quais costumes sua família tem, qual o tipo de expressão cultural é próprio de sua família e o que consomem com relação à mídia, entre outros fatores. Nesse caso, a educomunicação busca os elementos culturais que compõem aquele ecossistema comunicativo que envolve o funcionário com a empresa. Também investiga a cultura da empresa. Quais tipos de cultura os fundadores da empresa têm? Quais objetivos eles colocam? Daí, tenta identificar o que estaria unindo o grupo chamado capital e o grupo de trabalho. Quais sonhos e desejos? Quais elementos culturais estariam linkando esses dois elementos que compõem a sociedade empresarial? É com base no chamado elemento de mediação cultural estabelecido entre as pessoas que especialistas em gestão da comunicação estariam propondo projetos. O avanço pode ser propiciado com a contribuição para esse universo na área da pesquisa. Mas é necessário um processo de construção para cada empresa, porque não existe receita pronta para todas.
Nós da Comunicação – Quais iniciativas significativas estão sendo realizadas atualmente?
I. S. – Estão sendo realizadas atividades significativas à medida que o setor empresarial está descobrindo a ação de organizações sociais voltadas para o campo da educação pela comunicação. Algumas ONGs, como a Cidade Escola Aprendiz, em São Paulo, e a Cipó, na Bahia, têm o apoio de empresas cujos especialistas e líderes trabalham com o conceito de gestão participativa e, olhando para sociedade, identificam a melhor forma de encarar o problema da educação não-formal. As empresas têm cumprido um papel substancial porque essas organizações não vingariam caso não contassem com o apoio delas. Nesse sentido, também é importante a criação de redes que unem educomunicadores, como a Rebea (Rede Brasileira de Educação Ambiental), a CEP (Comunicação, Educação e Participação) e a GIP (Gerência de Informática Pedagógica) da Fundação para o Desenvolvimento da Educação. A discussão em torno do modo mais adequado de apoiar programas com caráter educomunicativo evolui com muita rapidez no âmbito das empresas.
Nós da Comunicação – Podem ser consideradas iniciativas de educomunicação blogs, rádios e tvs corporativas, em que os empregados aprendem a produzir conhecimento e a transmiti-lo de várias maneiras?
I. S. – Existem dois pontos de vista a respeito dessa questão. O primeiro é deixar o funcionário descontraído para que produza mais. É criado, então, um ambiente mais adequado para que o funcionário se manifeste em termos culturais dentro dos próprios parâmetros preestabelecidos pela empresa. Por outro lado, isso tem sido usado como marketing social. A educomunicação pressupõe, como princípio ético, a possibilidade de os funcionários poderem, até mesmo, identificar problemas na empresa e manifestar suas opiniões com liberdade de expressão. Se as ações que forem realizadas estiverem contemplando essa possibilidade de realização humana, estarão caminhando em direção à educomunicação.
Nós da Comunicação – De que forma a educomunicação pode contribuir para uma cultura inovadora?
I. S. – Essa pergunta sobre comunicação tem de ser precedida de que tipo de comunicação está se falando. Se for sobre a tradicional, trata-se de uma comunicação hierarquizada. Quando se fala de educomunicação, refere-se a uma comunicação com coeficiente ideológico e cultural mais acentuado.
Vivemos hoje na era da informação, da internet, e precisamos rever os métodos que calcam a renovação pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Antes disso, porém, teríamos que repensar as relações sociais, que certamente serão enriquecidas pelo uso dessas tecnologias, ampliando o que chamamos de coeficiente comunicativo. Se a tecnologia melhorar o coeficiente comunicativo do professor, do aluno em sala de aula, do empresário e do trabalhador em uma empresa, está se produzindo uma nova sociedade, com mais plenitude de vida. O que nós não precisamos, hoje, é de reproduzir a atual sociedade com ferramentas novas.
A inovação está no reconhecimento de uma comunidade dialogante, proposta criada nos anos 30 e reforçada por Paulo Freire, que fala da educação popular como participativa. Pensamos também em pessoas como o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que introduziu a internet no meio popular no Brasil. Então, a inovação vem da discussão das relações comunicativas, por exemplo, se é possível para a comunicação empresarial prever o uso ou as práticas educomunicativas. A educomunicação contribui para uma cultura inovadora na medida em que coloca um problema para o sistema educacional, o da relação aluno/professor ou da escola/comunidade. A primeira questão que se impõe é se o aluno é considerado fator de cultura e tem condições de se expressar efetivamente por meio do uso das linguagens oral e tecnológica. Em segundo lugar, vem a consideração da gestão democrática da comunicação na escola.

SAIBA MAIS:
Educomunicação ou comunicação educativa?
Uma diferença de pontos de partida faz com que essas expressões não sejam sinônimas. A comunicação educativa parte do caso em que os meios de comunicação podem dar suporte ao processo educativo, fornecendo conteúdos didáticos, por exemplo, ao ilustrar um tema utilizando um documentário. De forma um pouco mais abrangente, poderia também envolver os procedimentos aplicados em sala de aula que contribuam para a construção da imagem de 'bom professor', ou seja, um professor comunicativo.
Já a educomunicação, concebe a aprendizagem como fenômeno que envolve a interação de uma comunidade composta por aluno, professor, família e mídia. Reconhece um sujeito midiático que, além de receptor de mídia, é também produtor de conhecimento e de informação ao criar seu blog, ao fazer um programa de rádio, ao escrever o próprio jornal e ao elaborar poesia, música e peças de teatro.strong>
A educomunicação é um conceito recente no meio acadêmico. Foi usado, ocasionalmente, nos anos 80 pela Unesco com o objetivo de designar a atividade de educação para uma recepção crítica das mensagens midiáticas. O Núcleo de Comunicação e Educação da USP passou a usá-lo, a partir de 1999, para designar um conjunto de atividades voltadas para a construção de ecossistemas comunicativos abertos, criativos e democráticos em espaços educativos, sejam formais ou não-formais, seja no âmbito das escolas, dos centros culturais ou mesmo das empresas. A educomunicação exige um profissional com sólidos conhecimentos na área de educação, assim como na de gestão de processos comunicacionais

RIO GUANDÚ-MEGA-DEPÓSITO DE LIXO QUÍMICO E INDUSTRIAL EM PARACAMBI 2a parte


Como em Cubatão-SP no Rio de Janeiro repete-se a ameaça
foto do Boletim do Sindicato do Químicos de Campinas e Região - SP

JUSTIÇA CANCELA AUDIÊNCIA PÚBLICA QUE PRETENDIA AUTORIZAR A CONSTRUÇÃO DE MEGA-DEPÓSITO DE LIXO QUÍMICO E INDUSTRIAL EM PARACAMBI QUE COLOCARIA EM RISCO O RIO GUANDU QUE ABASTECE 8 MILHÕES DE PESSOAS NO GRANDE RIO
Hoje à noite (dia 30/10) a Juiza de Paracambi, Dra. Luciana Fiala de Siqueira Carvalho,deferiu favoravelmente 2 Ações Populares Ambientais impetradas pelo ecologista Sérgio Ricardo e pela ONG Quinto Elemento e cancelou a Audiência Pública convocada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, FEEMA e CECA para licenciar a implantação de mega-depósito de lixo químico e industrial de propriedade da empresa Essencis a ser instalado no Município de Paracambi, na bacia hidrográfica do Rio Guandu, colocando em risco e vulnerável o abastecimento de 8 milhões de pessoas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e na Capital (Rio de Janeiro). A Juiza concluiu que o processo de licenciamento ambiental da Essencis não salvaguardava os interesses da sociedade e que houve pouca publicidade na divulgação dos estudos técnicos do projeto, o que limitava a participação da comunidade na audiência. Também avaliou que não houve prévia consulta ao Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Guandu e nem ao Conselho Gestor da APA do Guandu,que são órgãos de gestão colegiada; e que também não foram realizados o estudo de Sinergia previsto na lei estadual No. 3111, que são obrigatórios antes da concessão da licença.Em sua decisão que suspendeu a audiência prevista para hoje, as 19hs, no Cine Imperial de Paracambi, a Juiza afirma ainda que o empreendimento industrial por seu potencial poluidor afetará a saúde e colocará em risco o abastecimento de água para grande parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A liminar obriga ainda o governo do estado e a empresa a realizarem audiências públicas, tantas quantas forem necessárias, nos diversos municípios da bacia drenante do Rio Guandu: Rio, Nova Iguaçu, Seropédica, Paracambi, Queimados, Japeri, Paulo de Frontin, Miguel Pereira, Mendes etc.
A mega-lixeira industrial (aterro), com investimento projetado de R$ 18 milhões,
está projetada em plena área de influência da APA-Área de Proteção Ambiental do RIO GUANDU, e tem capacidade de disposição de 2 milhões de m3 de resíduos, com disposição anual de 10 mil toneladas/ano. Uma multidão de moradores estava presente hoje no cinema da cidade, a maioria se manifestando contra a construção do depósito de lixo perigoso na cidade. Os autores das ações judiciais alegam que é ilegal e inapropriado tecnicamente a instalação numa área de manancial e APA de uma central de tratamento de RESÍDUOS INDUSTRIAIS CLASSE I PERIGOSOS, compreendendo ainda unidade de blendagem de resíduos para destinação em co-processamento, aterro industrial classes IIa e IIb, unidade de tratamento de efluentes líquidos, unidade de biopilha e galpão de estocagem de resíduos industriais. O município de Paracambi tem população de aproximadamente 40 mil habitantes e encontra-se em uma área de várzea incrustada na Serra do Mar, contribuindo em sua rede de drenagem com o Rio dos Macacos um dos mais importantes rios tributários do Ribeirão das Lages, que vem a ser o principal rio tributário da Bacia do Rio Guandu, responsável pelo abastecimento de 8 milhões de habitantes da região metropolitana do Rio de Janeiro. Além disso, o município de Paracambi está inserido na área de abrangência da APA-Área de Proteção Ambiental do Rio Guandu, no limite das regiões da Baixada Fluminense com a Região do Centro Sul Fluminense. Paracambi mantêm grande parte de seu território com vocação Rural e principalmente com áreas de grande importância para o Ecoturismo Regional, principalmente no que tange ao desenvolvimento de atividades de esporte de aventura.
Próximo à área do Parque Industrial de Paracambi, no Município de Seropédica,
encontra-se a Unidade de Conservação FLORESTA NACIONAL MÁRIO XAVIER, na antiga
estrada RIO/SÃO PAULO - Km 51- SEROPÉDICA-R.
De acordo com o ecologista Sérgio Ricardo, fundador e ex-membro do Comitê de
Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, "há risco real ao abastecimento público da
Região Metropolitana e da Capital (Rio de Janeiro) com a possível instalação
de um mega depósito de lixo químico nas proximidades do Rio Guandu.
Caso ocorra algum acidente os impactos seriam irreversíveis, com ameaças ao abastecimento de água potável e, portanto, à vida de milhões de pessoas. É uma irresponsabilidade os órgãos ambientais do estado (FEEMA, CECA e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente) sequer cogitarem a hipótese de autorizar a construção desta poluidora lixeira industrial numa região considerada Área de Proteção Ambiental (APA do RIO GUANDU) e em área de manancial. A cidade de Paracambi não tem parque industrial significativo, pelo contrário é uma região de perfil essencialmente rural. Por isso, considero esta escolha locacional equivocada é um ato de Racismo Ambiental já que os governantes e uma grande empresa poluidora escolheram sem critérios técnicos transparentes e democráticos este município para ser transformado na lixeira industrial da Região Metropolitana. O projeto da Essencis também prevê que Paracambi receberá lixo industrial das zonas industriais da cidade do Rio de Janeiro, da Baixada Fluminense, do Médio Paraíba (RJ), do Vale do Paraíba paulista, da Região Metropolitana de SP e da Grande Belo Horizonte, sendo que estas regiões brasileiras correspondem a cerca de 60% do volume de geração de resíduos tóxicos no país! Isso vai condenar esta cidade a ser vista eternamente como um grande cemitério de lixo químico, altamente perigoso e danoso à saúde pública. Paracambi
não pode ser transformada na lixeira industrial da Região Metropolitana, não queremos uma nova de Cubatão em nosso estado!", alerta. Já o Prof. Felipe da Costa Brasil, Agrônomo e Coordenador de cursos na área ambiental em Vassouras, destaca "a vulnerabilidade ambiental da região em especial dos corpos hídricos, como os rios do Macaco e o guandu, bem como o Sistema Ribeirão das Lages. A vocação das cidades da região é para o Ecoturismo, o turismo rural, a agricultura agrecológica e a produção de alimentos para os centros urbanos. É um grande equívoco instalar um grande depósito de lixo químico numa cidade que nunca teve característica de área industrial. Há graves riscos à saúde e aos corpos hídricos, afirma.
EMPREENDIMENTO TEM HISTÓRICO DE ILEGALIDADES:
A Resolução CONAMA 01/86 determina que qualquer licenciamento de IMPACTO REGIONAL
que exija EIA/RIMA deverá ser amplamente debatido com a população das áreas de influência direta e indireta do empreendimento, quantas vezes for necessário.
Só após o convencimento da sociedade é que o órgão ambiental poderá autorizar a liberação da LP. O que ocorre, é que existem algumas questões importantes que devem ser esclarecidas e questionadas sobre este pedido de Licença, como por exemplo,
a grande insistência dos gestores públicos municipais em aparelhar o
município de Paracambi com empresas de natureza suja e poluidora há mais de
5 anos. Inclusive tendo revogada pela maioria dos vereadores, sem ouvir a população,
uma Lei municipal que até os 2 últimos anos não permitia a entrada deste tipo
de empreendimento no município. Lei esta que foi referência Nacional para
outros municípios ameaçados por depósitos de lixo químico e industrial. Sabe-se
que existe uma histórica luta no Brasil entre os moradores de Curitiba e Magé contra esta mesma empresa, e que a mesma já tentou por inúmeras vezes se instalar em Seropédica e Paracambi, não obtendo êxito, sendo amplamente combatida por representações importantes da Sociedade Civil organizada. Até hoje não foi aprovado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente o Plano de Manejo desta APA, que com certeza não irá permitir este tipo de empreendimento:o Conselho Gestor da APA, que a exemplo de outros similares deveria ter a participação dos moradores e movimentos sociais, nunca saiu do papel!.
A Audiência Pública está causou um grande transtorno na cidade, com um grande
clamor público contrário ao Licenciamento no Município, uma vez que os impactos
positivos propostos estão baseados em promessas de empregos (o que sabemos
não ser o ideal, uma vez que a mão-de-obra absorvida de Paracambi seria
irrisória) e o recebimento de parte do Lixo da cidade por um período de 4 anos,
o que é um absurdo! O Aterro Sanitário prometido desde 2003, e o encerramento
do LIXÂO da Cidade, que dobrou de volume nos últimos 5 anos não foram
realizadas pela Prefeitura. A população está revoltada porque a menos de 2 anos, estiveram todos reunidos em uma Audiência Pública para o licenciamento do Aterro Sanitário de Paracambi (Que tem a LP concedida pela CECA/FEEMA), onde foram prometidos mundos e fundos, e nada saiu do papel. Sabe-se inclusive que foi ventilada
a vinda de um aterro coletivo (4 municípios) para a cidade. Também há dois anos o Deputado Dionísio Lins - PP, solicitou uma Audiência Pública ao Deputado André do PV (Presidente da Comissão de Meio Ambiente da ALERJ),para discutir a intenção daempresa Essencis em se instalar em Paracambi.Na audiência pública, ficou constatada a indignação de vários moradores,técnicos e ecologistas e por diferentes autoridades do setor ambiental sobre a escolha da empresa por Paracambi. O deputado André do PV, inclusive se comprometeu a realizar uma vistoria na sede da empresa em Magé, e uma Audiência Pública em Magé e outra em Paracambi, que não foram realizadas. Desta maneira,os trabalhos da Comissão de Defesa do Meio Ambiente ainda não foram concluídos,o que poderá ser visto na ATA da Audiência pública publicada nos
ANAIS da ALERJ.
VAMOS NOS MOBILIZAR PARA IMPEDIR MAIS ESTE CRIME ECOLÓGICO E CONTRA A SAÚDE
PÚBLICA!
Maiores informações:
Ambientalista Sérgio Ricardo - Tel. (21) 9734-8088
Prof. Felipe Brasil - Tel. (21) 9359-0051

Leiam a ATA da Audiência que ocorreu após a da Essencis, onde o Dr. Walter Plácido,
uma das maiores autoridades em Resíduos do País, afirma que o Aterro
de Paracambi Esseencis, será Classe I (Perigoso).

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/compcom.nsf/e36c0566701326d503256810007413ca/b15689903432084e832574210055d0d3?OpenDocument
Nos próximos dias vamos ter mais uma audiência sobre a implantação de
insdústria de disposição final de lixo tóxico em Paracambi. Apenas para
contribuir com a questão da vinda da ESSENCIS para nossa cidade, resolvi
fazer uma busca no "google". Quem tiver a curiosidade, dá uma lida nos
"links" abaixo para saber o que nosso Prefeito e nossos vereadores estão
querendo trazer de presente de final de mandato para Paracambi.

[Educação ambiental] Denuncia: Moradores de Magé -
http://www.mail-archive.com/ambiental@grupos.com.br/msg01433.html

IAP multa Essencis em R$ 20 mil -
http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/98574/

Audiência Pública na Alerj sobre a Essencis -
http://www.andredopv.com.br/detalheNoticia.php?id=146

'Cheiro do lixo' do aterro sanitário da Essencis em Caieiras tem medidor na internet -
http://www.mafiadolixo.com.br/default.asp?SECAO=26
http://www.mafiadolixo.com.br/default.asp?SECAO=26&SUBSECAO=0&EDITORIA=3942&SUBSECAO=0&EDITORIA=3942

Caieiras Receberá Mais Lixo? -
http://www.caieiraspress.com.br/historia.php?acao=verMateria

&id=807
Lixão da cavo: Terra do Rio Tietê vem para Caieiras -
http://www.caieiraspress.com.br/historia.php?acao=verMateria
http://www.caieiraspress.com.br/historia.php?acao=verMateria&id=673&id=673

perigosos da empresa ESSENCIS, na cidade de Curitiba, Paraná. .....
"molécula da morte -
http://www.acpo.org.br/biblioteca/08_residuos/residuos_sp_sc.pdf