IMPOSTOS EM SÃO PAULO

domingo, 28 de outubro de 2012

A SOMBRA DO DELÍRIO VERDE - UM DOCUMENTÁRIO ANTIGO MAS ATUAL!

Os índios Guarani Kaiowá, do Mato Grosso Sul, denunciam que estão sendo obrigados a deixar a terra que sempre ocuparam. Ao todo, são mais de 40 mil deles ameaçados pela monocultura de cana-de-açúcar, que devido ao alto lucro, se espalha rapidamente na região. Mesmo os territórios já reconhecidos como de propriedade indígena no Estado estão sendo desocupados.

Veja matéria no site http://gritasaopaulo.com.br/agencia/?p=2807
ASSISTA AQUI O DOCUMENTÁRIO " A CAMINHO DA COPA"
 http://vimeo.com/44195105

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

UMA CARTA PARA SER LIDA! DIA 8 DE OUTUBRO 2012 AO CONSELHO ATY GUASU-Assembléia dos Guaranis-Caiovás


Prezad@s, esta é uma carta que precisa ser lida. PARTE I

A declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão!

"Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais."

 

        O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence.Há cartas, como a de Pero Vaz de Caminha, de 1º de maio de 1500, que são documentos de fundação do Brasil: fundam uma nação, ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E há cartas, como a dos Guaranis Caiovás, escritas mais de 500 anos depois, que são documentos de falência. Não só no sentido da incapacidade do Estado-nação constituído nos últimos séculos de cumprir a lei estabelecida na Constituição hoje em vigor, mas também dos princípios mais elementares que forjaram nosso ideal de humanidade na formação do que se convencionou chamar de “o povo brasileiro”. A partir da carta dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos cúmplices de genocídio. Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é.
Os Guaranis Caiovás avisam-nos por carta que, depois de tantas décadas de luta para viver, descobriram que agora só lhes resta morrer. Avisam a todos nós que morrerão como viveram: coletivamente, conjugados no plural. Nos trechos mais pungentes de sua carta de morte, os indígenas afirmam:

- Queremos deixar evidente ao Governo e à Justiça Federal que, por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo. Não acreditamos mais na Justiça Brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo. Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy, onde já ocorreram 4 mortes, sendo que 2 morreram por meio de suicídio, 2 em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um ano. Estamos sem assistência nenhuma, isolados, cercados de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia a dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários de nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali está o cemitérios de todos os nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje. (…) Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.( CONTINUA)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

VERGONHA,BRASIL !!!!!!!


   Assinem a petição pública:
https://secure.avaaz.org/po/petition/Salvemos_os_indios_GuaraniKaiowa_URGENTE/?aIYWidb&external

A Justiça Federal decretou a expulsão de 170 índios da terra em que vivem atualmente. Isso no município de Iguatemi...

A TRAGÉDIA INDIGENA NO BRASIL


Regis Estevão
Parece que as pessoas estão começando a se dar conta da problemática indígena neste país. Também, não é à toa. Depois das lideranças Guarani-Kaiowá enviarem uma carta ao governo e à justiça onde revelam a situação em que vivem e a intenção de cometerem suicídio coletivo por causa das ações praticadas por fazendeiros, pistoleiros e falta de atitude do governo Federal parece finalmente, que as pessoas entenderam que não se trata de mais um caso sem importância, que acontece lá, longe do alcance dos nossos olhos e da nossa culpa. No entanto são muitas as questões que precisam ser observadas nesse contexto. A história dos índios do Brasil sempre foi crítica. Não é só o problema da terra, muito mais do que isso, e talvez o mais grave, seja a perda de sua história, o desvio antropológico de um povo que se vê cercado por paredes culturais remanescentes da colonização e não estou aqui falando da colonização do Brasil pelos portugueses, mas da colonização pragmática à sua vontade, que lhes impõem dogmas e conceitos que não são verdadeiramente seus. O trabalho de grupos religiosos que pregam uma religiosidade muito contrária, na verdade, aos ensinamentos mais clássicos do verdadeiro cristianismo disseminando um proselitismo religioso brutal, onde se substituí Tupã ou Nhanderú, por um Cristo e uma cruz que não lhes pertence. As igrejas evangélicas em especial são as mais ardentes na luta ferrenha para aniquilar uma crença milenar que, verdadeiramente, se sobrepõe aos ensinamentos e as práticas pregadas. Essa luta é injusta e talvez seja a pior delas porque os índios simplesmente não podem argumentar sobre algo que desconhecem. Está em seu espírito e formação a religiosidade ritualística, o entendimento que as ações de Tupã se apresentam nas matas, nos rios e no ar. Como podem trocar seu Deus por outro que sequer lhe fez algum bem através de seus “enviados” que, por sinal, desrespeitam, ameaçam, punem. O deus Tupã ou Nhanderú não é punitivo assim.
De outro lado, falta ao governo entender que índios não são fazendeiros, não criam ou não deveriam criar gado, vivem basicamente e historicamente, da caça, da pesca, da coleta nas matas nativas daquilo que precisam para a sobrevivência da aldeia. Índio não tem despensa, não tem armário de cozinha e nem a cozinha. Crê fielmente que Tupã lhes proverá no dia seguinte e que o alimento não faltará, pois está ali, solto e livre como os próprios índios mas o homem branco está acabando com a fonte natural de recursos.
Não se coloca índios dentro de uma área demarcada esperando que eles consigam sobreviver da agricultura e ainda pior, não se retira aldeias e tribos de uma região para outra porque ali vai inundar por causa de uma usina hidrelétrica, vide Belo Monte, Jirau, Santo Antônio e tantas outras ou porque aquela terra está em disputa e é necessário aguardar a Justiça. Que Justiça?
Indios Guaranis - SC
Em 2007 fiz um documentário sobre o trabalho de alguns missionários na região oeste de Santa Catarina onde o povo guarani estava sob forte pressão de alguns políticos, sem lugar para viver, sem sequer uma expectativa de vida adequada. Viviam em uma área emprestada pelos povos kaigang, guerreiros, e se banhavam nas águas de um rio que continha imenso volume de dejetos de suínos, jogados por criadores que vendem sua produção para os grandes frigoríficos da região. Noventa por cento da aldeia tinha hepatite e o pior, um olhar perdido, procurando sem saber o quê e sem saber aonde. A cidade de Chapecó inteira está dentro de uma área indígena e os verdadeiros donos da terra vivem nas periferias rurais, em pequenas áreas demarcadas, tomando tiro quando alguma área lhes é devolvida. Produtos utilizados em rituais sagrados são vendidos pelos próprios índios como peças de artesanato, o alcoolismo tem índices altíssimos e consomem a dignidade do ser humano, seja ele indígena ou não, e a expectativa de vida praticamente não existe tamanho número de ameaças e assassinatos.
Os indígenas estão perdendo sua condição essencial para poder sobreviver a todos os problemas que estão vivendo, a fé em sua própria verdade histórica, a sua identidade. Eles não estão sendo massacrados apenas pelos fazendeiros, mas também pela falta de ação do governo, pelas instituições religiosas e por eles mesmos ao se desencontrarem de si mesmos. Infelizmente hoje existem também algumas aldeias ricas, com pick-ups, celulares, computadores. Há também a barganha, a troca que já existia na época dos Villas Boas, só que hoje custam bem mais caro do que os espelhos e arcos e flechas. As terras em troca de escolas, carros, um Deus por outro. Trocas de verdades que jamais serão assumidas e troca de condição de vida pela inevitável acomodação em futuras favelas. E a pior de todas elas, a troca da vergonha pela falta dela, provocada pela falta de dignidade levada pelo descaso de pessoas comuns como eu e você que está lendo esse artigo.
Régis Estevez é editor executivo do site Eco Reserva e produtor de documentários sobre o meio ambiente e questões sociais. 




quarta-feira, 10 de outubro de 2012

RUA DA AURORA,RECIFE... ALI MORA O POETA

Grande poeta inspirador da minha geração, num diálogo mental com Carlos...presumo que seja Carlos Drumond de Andrade! João Cabral,como te entendi neste poema... funcionários e funcionárias des-amorosa-mente!!!!! Sento-me ao seu lado e reflito com você! Obrigada Odila


Foto: João Cabral de Melo Neto, falecido em 9 de outubro de 99 e imortalizado na rua da Aurora, em Recife:

Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.

Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.

É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.

Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.

Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.

E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.

Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança

Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar…
Fazer seu nojo meu…

Carlos, dessa náusea
Como colher a flor?
Eu te telefono, Carlos,
Pedindo conselho.

João Cabral de Melo Neto, falecido em 9 de outubro de 99 e imortalizado na rua da Aurora, em Recife:

Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.
...
 Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.

É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.

Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.

Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.

E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.

Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança

Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar…
Fazer seu nojo meu…

Carlos, dessa náusea
Como colher a flor?
Eu te telefono, Carlos,
Pedindo conselho.