Prezad@s, esta é uma carta que precisa ser lida. PARTE I
A declaração de morte coletiva feita
por um grupo de Guaranis Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro
para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de
genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão!
"Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais."
O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município
de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram
ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis
Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal decretou sua
expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar. E
morrer como ato de resistência – morrer com tudo o que são, na terra que lhes
pertence.Há cartas, como a de Pero Vaz de
Caminha, de 1º de maio de 1500, que são documentos de fundação do Brasil:
fundam uma nação, ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do
colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E há cartas,
como a dos Guaranis Caiovás, escritas mais de 500 anos depois, que são
documentos de falência. Não só no sentido da incapacidade do Estado-nação
constituído nos últimos séculos de cumprir a lei estabelecida na Constituição
hoje em vigor, mas também dos princípios mais elementares que forjaram nosso
ideal de humanidade na formação do que se convencionou chamar de “o povo
brasileiro”. A partir da carta dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos cúmplices de
genocídio. Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é.
Os Guaranis Caiovás avisam-nos por
carta que, depois de tantas décadas de luta para viver, descobriram que agora
só lhes resta morrer. Avisam a todos nós que morrerão como viveram:
coletivamente, conjugados no plural. Nos trechos mais pungentes de sua
carta de morte, os indígenas afirmam:
Nenhum comentário:
Postar um comentário