IMPOSTOS EM SÃO PAULO

domingo, 30 de maio de 2010

O "X" DA QUESTÃO E UMA VISÃO VIÁVEL PARA BELO MONTE ?

Em 1989, quando foram concluídos os primeiros estudos de viabilidade do aproveitamento hidrelétrico do rio Xingu, no Pará, a Eletronorte previa a construção de uma única barragem, no final da Volta Grande, junto à qual haveria uma única casa de força, com 20 turbinas. A represa inundaria 1.225 quilômetros quadrados e estocaria água suficiente para a produção de 11,2 mil megawatts de energia no pique das cheias e uma geração firme próxima de 50%. Era um projeto semelhante ao da usina de Tucuruí, inaugurada em 1984.
Em 2008, quando o inventário do Xingu foi atualizado, o projeto mudara. O eixo da barragem foi relocado rio acima. A área de inundação foi reduzida para 516 quilômetros quadrados, dos quais 382 km2 no leito do próprio Xingu (apenas 40 km2 de área nova, situada além dos limites alcançados pelas cheias anuais do rio). Os outros 134 km2 constituiriam o que passou a ser chamado de “reservatório dos canais”, a maior inovação do projeto de engenharia. Reposicionada para o início da Volta Grande, a barragem desviaria as águas do Xingu para um canal artificial, que aproveitaria as drenagens naturais nesse trecho da bacia, corrigindo-as e avolumando-as para se tornarem um vertedouro, através de uma sucessão de diques de terra e de concreto a serem construídos. Assim, a água seria conduzida até a casa de força principal, desvinculada da barragem, valendo-se do desnível de 90 metros entre o início e o fim desse segundo reservatório.
No auge da cheia, haveria água suficiente para movimentar as enormes máquinas, cada uma das quais precisando de 500 mil litros de água por segundo para alcançar sua capacidade nominal. Mas na maior estiagem simplesmente a vazão do Xingu seria insuficiente para colocar a usina em funcionamento. Ela ficaria parada. É a deficiência das hidrelétricas a fio d’água, que não têm estoque formado para o verão. No Xingu, a diferença entre as duas etapas de vazão chega a 30 vezes. Agora, imagine-se um projeto que eliminasse o reservatório dos canais, mantendo apenas a barragem no eixo do rio e a casa de força secundária. As oito máquinas a serem instaladas na barragem do sítio Pimentel têm capacidade para 233 MW, potência que equivale a menos da metade de uma única das 20 máquinas da casa de força principal, situada a 50 quilômetros de distância, rio abaixo. Mas o suficiente para abastecer quase a metade da população de Belém. No Relatório de Impacto Ambiental de Belo Monte, os técnicos afirmam, estranhamente, que essa população “corresponde aproximadamente a três milhões e meio de pessoas”. A população de Belém é de 1,5 milhão de habitantes. Logo, a metade deveria ser de 750 mil pessoas. Qual então o valor certo: 750 mil ou 3,5 milhões de pessoas, que correspondem exatamente a metade da população de todo o Estado do Pará? O Rima não diz e esta se constitui em uma de suas falhas, pequena, talvez, mas gritante.
É uma potência insignificante, se comparada aos 11,2 mil MW da capacidade a ser instalada na casa de força principal (apenas 2% dela). Mas as melhores estimativas são de que a energia média de Belo Monte será inferior a 4 mil MW, elevando o percentual da usina secundária para 5% da grande hidrelétrica.
Fazendo-se outra correlação, porém, verifica-se que se Belo Monte fosse reduzida à casa de força complementar, sua potência seria uma vez e meia maior do que o parque eólico de Osório, a quarta mais importante cidade do Rio Grande do Sul. Lá, 75 torres de 100 metros com turbinas acionadas pelo vento irão gerar 150 MW, o suficiente para abastecer 400 mil pessoas. A barragem do sítio Pimentel, inundando uma área de 382 km2, dos quais apenas 40 km2 excederiam as cheias naturais do rio, abasteceria com energia toda a Transamazônica e iria além: garantiria disponibilidade para absorver incrementos exponenciais no consumo, incluindo indústrias que fossem atraídas para a região, centralizada em Altamira.
Como todas as turbinas são do tipo bulbo, que funcionam com água corrente, em desnível de 20 metros, sem precisar da criação de declividade artificial através de barragens de alta queda, a usina funcionaria o ano inteiro. Sem a enorme movimentação de terra e concreto exigida pelo atual projeto, e dispensando as caríssimas turbinas Francis, em quanto ficaria o custo dessa hidrelétrica? Quem sabe, 2% ou, no máximo, 5% dos 19 bilhões de reais previstos pelos cálculos oficiais, ou muito menos ainda se considerados os R$ 30 bilhões estimados pelos empreiteiros, provavelmente mais próximos da realidade. E sem os impactos - sociais, ambientais e econômicos - que a grande e problemática obra provocaria. Por que não testar uma mini-Belo Monte, que já está desenhada no projeto, antes de se arriscar com um mastodonte sujeito ao descontrole? Fica a sugestão. Espero que ela seja levada na devida conta antes de se consumar a aventura com destino incerto e não sabido, como deverá ser a Belo Monte atual. Voltada para manter a condição colonial da Amazônia, ao invés de desenvolvê-la de verdade.
Grandes projetos
O BNDES se dispõe a investir 13 bilhões de reais na hidrelétrica de Belo Monte. É 30% mais do que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social emprestou a sete grandes empreendimentos na Amazônia nos últimos quatro anos. São cinco projetos privados e dois públicos, de infraestrutura, ambos de energia, que somam R$ 10,6 bilhões. O maior de todos, de R$ 6,1 bilhões, é na hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, contratado em março do ano passado. A usina, que deve produzir 3.150 megawatts, tem orçamento de R$ 13,5 bi. E tem ainda a hidrelétrica de Jirau, no mesmo trecho do rio, com previsão de investimento de R$ 9,4 bilhões (se mantida a relação, de 50%, contra 80% em Belo Monte, serão mais de R$ 4 bilhões do banco estatal). O segundo empréstimo, no valor de R$ 2,5 bilhões, é no gasoduto Urucu-Manaus, que parte de Coari e vai até a capital amazonense, já em operação. Na expansão da hidrelétrica de Tucuruí o banco comprometeu R$ 931 milhões. A MMX Amapá Mineração e Logística, que era de Eike Batista, conseguiu R$ 580 milhões. A Alcoa, no mais recente desses contratos, de novembro do ano passado, ficou com R$ 304 milhões para implantar a infraestrutura da mina de bauxita de Juruti na escala de 2,6 milhões de toneladas anuais de bauxita. À Jari Celulose, do grupo Orsa (originalmente do americano Daniel Ludwig), foram reservados R$ 145 milhões. E para a Usipar instalar em Barcarena dois altos fornos para produzir 500 mil toneladas de ferro gusa e uma planta de sinterização, R$ 31 milhões.
A demanda por recursos do BNDES cresceu tanto que o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que constitui a principal fonte do banco, não deu conta. O governo decidiu entrar com verba volumosa do tesouro. Se os negócios nos quais o banco entrou derem certo, o dinheiro volta. Se não, vai para a conta da viúva. O governo Lula entrou com tudo na nova era dos “grandes projetos”. Nenhum deles se compara ao de Belo Monte: em volume físico de dinheiro e em potencial de risco.
Lúcio Flávio Pinto * Jornalista "Jornal do Pará"  28/05/2010  
MEMÓRIA DO BLOG VER EM
  http://fernandowilliams.com/salve-o-planeta/usina-hidreletrica-belo-monte-rio-xingu-floresta-amazonica-greenpeace-lula/

sexta-feira, 28 de maio de 2010

TAIÓ E CAIANDÊ, OS GEMEOS QUE FIZERAM A MORTE DANÇAR

Na velha aldeia de Ifá tudo transcorria normalmente.Todos faziam seu trabalho,as lavouras davam seus bons frutos,os animais procriavam,crianças nasciam fortes e saudáveis. Mas um dia a Morte resolveu concentrar ali sua colheita.
Aí tudo começou a dar errado.
As lavouras ficaram inférteis,
as fontes e correntes de água secaram,o gado e tudo o que era bicho de criação definharam.Já não havia
o que comer e beber.No desespero da difícil sobrevivência,as pessoas se agrediam umas às outras, ninguém se entendia, tudo virava uma guerra. As pessoas começaram a morrer aos montes.
Instalada ali no povoado, a Morte vivia rondando todos,
especialmente as pessoas fracas, velhas e doentes.
A Morte roubava essas pessoas e as levava para o outro mundo,
longe da família e dos amigos.
A Morte tirava a vida delas.
Na aldeia morria-se de todas as causas possíveis:
de doença, de velhice, e até mesmo ao nascer.
Morria-se afogado, envenenado, enfeitiçado.
Morria-se por causa de acidentes,
maus-tratos e violência. Morria-se de fome, principalmente de fome. Mas também de tristeza, de saudade A Morte estava fazendo o seu grande banquete. Havia luto em todas as casas.
Todas as famílias choravam seus mortos. O rei mandou muitos emissários falar com a malvada, mas a Morte sempre respondia que não fazia acordos. Que ia destruir um por um, sem piedade.
Se alguém fosse forte o suficiente para enfrentá-la, que tentasse,
mas seu fim seria ainda muito mais sofrido e penoso.
Ela mandou dizer ao rei, por fim:
“Para não dizerem que sou muito rabugenta, até concordo em dar uma chance à aldeia.”
E ria e escarrava ao mesmo tempo, dizendo:
“Basta que uma pessoa me obrigue a fazer o que não quero.
Se alguém aqui me fizer agir contra a minha vontade,
eu irei embora.”
Depois, cuspindo nos seus interlocutores, completou:
“Ma só vou dar essa oportunidade a uma única pessoa.
Não vou dar nem a duas, nem a três.”
E foi-se embora dali, saboreando antecipadamente mais uma vitória.
Mas quem se atreveria a enfrentar a Morte?
Quem, se os mais bravos guerreiros estavam mortos
ou ardiam de febre em suas últimas horas de vida?
Quem, se os mais astutos diplomatas havia muito tinham partido?
Foi então que dois meninos, os Ibejis,
os irmãos gêmeos Taió e Caiandê,
que os fofoqueiros da cidade diziam ser filhos de Ifá,
resolveram pregar uma peça na horrenda criatura.
Antes que toda a aldeia fosse completamente dizimada,
eles resolveram dar um basta aos ataques da Morte.
Decidiram os Ibejis:
“Vamos dar um chega-pra-lá nessa fedorenta figura.”
Os meninos pegaram o tambor mágico, que tocavam como ninguém, e saíram à procura da Morte.
Não foi difícil achá-la numa estrada próxima, por onde ela perambulava em busca de mais vítimas. Sua presença era anunciada, do alto, por um bando de urubus que sobrevoavam a incrível peçonhenta.
E o cheiro! ah, o cheiro!
A fedentina que a Morte produzia à sua volta faria vomitar até uma estatueta de madeira.
Os meninos se esconderam numa moita e, tapando o nariz com um lenço, esperaram que ela se aproximasse.
Não tardou e a Morte foi chegando.
Os irmãos tremeram da cabeça aos pés.
Ainda escondidos na moita, só de olhar para ela sentiram
como os pêlos dos seus braços se arrepiavam.
A pele era branca, fria e escamosa;
o cabelo, sem cor, desgrenhado e quebradiço.
Sua boca sem dentes expelia uma baba esbranquiçada e purulenta. Seu hálito era de um fedor tremendo.
Mas podia-se dizer que a Morte estava feliz e contente.
Ela estava até cantando!
Pudera, tendo ceifado tantas vidas e tendo tantas outras para extinguir. Mas o canto da Morte era tão cavernoso e desafinado
que os passarinhos que ainda sobreviviam silenciavam como se fossem mudos brinquedos de pedra. O canto da Morte, se é que podemos chamar aquele ruído de canto, era tão desconfortável e medonho que os cachorros esqueléticos uivavam feito loucos
e os gatos magrelos bufavam e se arrepiavam todos.
Nesse momento, numa curva do caminho,
enquanto um dos irmão ficava escondido, o outro saltou do mato para a estrada, a poucos passos da Morte.
Saltou com seu tambor mágico, que tocava sem cessar, com muito ritmo. Tocava com toda a sua arte, todo o seu vigor.
Tocava com determinação e alegria.
Tocava bem como nunca tinha tocado antes.
A Morte se encantou com o ritmo do menino.
Com seu passo trôpego, ensaiou um dança sem graça.
E lá foi ela, alegre como ninguém,
dançando atrás do menino e de seu tambor,
ele na frente, ela atrás.
O espetáculo era grotesco, a dança da Morte era, no mínimo, patética. Nem vou contar como foi a cena:,
cada um que imagine por conta própria.
E é bem fácil imaginar.
Bem; lá ia o menino tocador e atrás ia a Morte.
Passou-se uma hora, passou-se outra e mais outra.
O menino não fazia nenhuma pausa e a Morte começou a se cansar. O sol já ia alto, os dois seguiam pela estrada afora,
e o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá.
O dia deu lugar à noite
e o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá.
E assim ia a coisa, madrugada adentro.
O menino tocava, a Morte dançava.
O menino ia na frente, sempre ligeiro e folgazão.
A Morte seguia atrás, exausta, não agüentando mais a aparição gritou:
“Pára de tocar, menino, vamos descansar um pouco”,
ela disse mais de uma vez.
Ele não parava.
“Pára essa porcaria de tambor, moleque,
ou hás de me pagar com a vida”,
ela ameaçou mais de uma vez.
E ele não parava.
“Pára que eu não agüento mais”, ela implorava.
E ele não parava.
Taió e Caiandê eram gêmeos idênticos.
Ninguém sabia diferenciar um do outro,
muito menos a Morte, que sempre foi cega e burra.
Pois bem, o moleque que a Morte via tocando na estrada sem parar não era sempre o mesmo menino.
Uma hora tocava Taió, enquanto Caiandê seguia por dentro do mato. Outra hora, quando Taió estava cansado,
Caiandê, aproveitando um curva da estrada, substituía o irmão no tambor. Taió entrava no mato e acompanhava a dupla sem se deixar ver. No mato o irmão que descansava podia fazer xixi,
beber a água depositada nas folhas dos arbustos,
enganar a fome comendo frutinhas silvestres.
Os gêmeos se revezavam e a música não parava nunca,
não parava nem por um minuto sequer.
Mas a Morte, coitada, não tinha substituto,
não podia parar, nem descansar, nem um minutinho só.
E o tambor sem cessar, tá tá tatá tá tá tatá.
Ela já nem respirava:
“Pára, pára, menino maldito.”
Mas o menino não parava.
E assim foi, por dias e dias.
Até os urubus já tinham deixado de acompanhar a Morte,
preferindo pousar na copa de umas árvores secas.
E o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá,
uma hora Taió, outra hora Caiandê.
Por fim, não agüentando mais, a aparição gritou:
“Pára com esse tambor maldito
e eu faço tudo o que me pedires.”
O menino virou-se para trás e disse:
“Pois então vá embora e deixe a minha aldeia em paz.”
“Aceito”, berrou a nauseabunda, vomitando na estrada.
O menino parou de tocar e ouviu a Morte dizer:
“Ah! que fracasso o meu.
Ser vencida por um simples pirralho.”
Então ela virou-se e foi embora.
Foi para longe do povoado, mas foi se lastimado:
“Eu me odeio. Eu me odeio.”
Só as moscas acompanhavam a Morte,
circundando sua cabeça descarnada.
Tocando e dançando,
os gêmeos voltaram para a aldeia
para dar a boa notícia.
Foram recebidos de braços abertos.
Todos queriam abraçá-los e beijá-los.
Em pouco tempo a vida normal voltou a reinar no povoado, a saúde retornou às casas e a alegria reapareceu nas ruas.
Muitas homenagens foram feitas aos valentes Ibejis. Mesmo depois de transcorrido certo tempo,sempre que Taió e Caiandê passavam na direção do mercado,havia alguém que comentava:“Olha os meninos gêmeos que nos salvaram.”E mais alguém complementava: “Que a lembrança de sua valentia nunca se apague de nossa memória.” Ao que alguém acrescentava:
“Mas eles não são a cara do Adivinho?”

MEMÓRIA DO BLOG:
LEITURAS COMPARATIVAS NA AMÉRICA LATINA COM OUTRAS ALDEIAS
LEIA :
1- http://relicariominado.blogspot.com/2010/05/vale-mineradora-com-as-maos-sujas-de.html
2- segunda-feira, 10 de maio de 2010

MINHA QUERIDA PROFESSORA  http://educomambiental.blogspot.com/

quinta-feira, 27 de maio de 2010

BRASIL PERDE MILHÕES POR NÃO RECICLAR SEU LIXO

Chamar a atenção para as questões ambientais da cidade de Belém é um dos objetivos da Caminhada Verde, que acontecerá no próximo domingo (30), como primeira atividade da programação da Semana do Meio Ambiente, cujo tema é "As mudanças socioambientais e a biodiversidade amazônica", organizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).A caminhada, que terá concentração na Praça Santuário, em frente à Basílica de Nazaré, terá a presença de personagens de lendas amazônicas, como boto e Matinta Perera, que acompanharão os participantes até a Praça da República. O término da caminhada será apenas o início das várias atividades previstas para a celebração pelo Dia Mundial do Meio Ambiente. Na chegada, os pedestres poderão praticar rapel e tirolesa, assistir a grupos de dança e teatro de fantoches, e visitar uma exposição sobre o Parque Estadual do Utinga (Peut), organizada pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).Moradores do entorno e os participantes da caminhada farão uma coleta seletiva na praça, com orientação de alunos de escolas da rede pública, que distribuirão sacolas vermelhas para resíduos de plástico, verdes para materiais em vidro, amarelas para produtos de metal e azuis para papel e papelão. O objetivo é mostrar como a qualidade do ambiente pode melhorar sem o lixo jogado nas ruas.
 Da Redação Agência Pará

quinta-feira, 20 de maio de 2010






Você falou e o mercado ouviu.Após dois meses de campanha e intensa participação de vocês, ciberativistas, a Nestlé decidiu alterar sua política de compras e parar de financiar o desmatamento das florestas tropicais da Indonésia. A empresa se comprometeu a identificar e excluir de sua lista de fornecedores companhias que possuam ou gerenciem plantações ou fazendas de alto risco ligadas ao desmatamento. Nesse grupo entraria, por exemplo, a Sinar Mas, a maior produtora de óleo de dendê e de papel e celulose da Indonésia, caso não siga a nova política da Nestlé, e intermediadoras como a Cargill, que compram da Sinar Mas.  O Greenpeace acompanhará esse compromisso para que ele não fique só no papel. E, se preciso, acionaremos a participação dos ciberativistas. Fique atento. 
Trazemos outra boa notícia. A Floresta Boreal, no Canadá, maior e mais antiga da América do Norte, detém um dos maiores estoques de carbono do planeta e corria o risco de desaparecer por ações de desmatamento irresponsável.
Porém, pela necessidade de se disciplinar o mercado, nove organizações, incluindo o Greenpeace, e a Associação de Produtos da Floresta (APF), relacionada à fabricação de derivados de madeira estabeleceram um acordo histórico. Nele, a APF se compromete com uma moratória de três anos no corte de floresta pública e com padrões de manejo ambiental.
O que isso significa? Significa que, por três anos, 72 milhões de hectares estarão protegidos, sendo 40% disso Floresta Boreal. Significa também que planos de longo prazo serão implementados para recuperar a floresta e proteger espécies ameaçadas.
Enquanto isso, na Amazônia, mesmo após várias iniciativas que reforçam essa tendência regulatória, como a proibição de corte do mogno e moratória da soja, a bancada ruralista segue na contramão do que o mercado demanda e a sociedade exige.  Os deputados investem contra a legislação ambiental brasileira e tentam aprovar alterações que permitiriam ampliar o desmatamento em nossas florestas.
Proteja a Amazônia, participe da ciberação “Aldo Rebelo, deixe as florestas em paz”.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

NESTLÉ BARRADA NA AUSTRALIA !


Caros Amigos,
Aqui está o resultado de uma importante ação do ciberativismo/Greenpeace.

Austrália que obrigou a poderosa Nestlé a parar de importar azeite de dendê que destruia o habitat dos Orangotangos da Indonésia e arredores. Esta é a primeira vez que se obtém uma vitória deste tamanho.
Este é um exemplo onde temos a demonstração de que o mundo, as cidades, as empresas e os indivíduos têm que dar um BASTA na destruição do meio ambiente em nome de um progresso espúrio. Quando Campinas começará a dizer "NÃO" a tanta coisa que vem acontecendo.
Em 5 de junho Dia Mundial do Meio Ambiente vamos fazer nossa parte e denunciar as agressões. Agregue-se localmente às manifestações de repúdio aos ataques ao Meio Ambiente. Organize atos de protesto. O Planeta merece. Juntos podemos muito!!!
Um abraço a todos. Victor A. Petrucci

Conselheiro no COMDEMA - Campinas
Vice Presidente do COMDEMA - Campinas

Resposta ao Victor: 
Victor,só lembrando que há muitos anos atrás a NESTLÉ já foi processada na Suiça por conta da brutal campanha contra a amamentação materna,na AFRICA, introduzindo o LEITE EM PÓ NESTLÉ.O mundo todo indignou se com tamanha agressividade. Os cidadãos suiços se quiserem o leite condensado, terão que vir buscar no BRASIL. E vamos lembrar do extrativismo d´água,entre elas a S.LOURENÇO.Um grande abraço Odila Fonseca

quinta-feira, 13 de maio de 2010

DA INOCENTE ESPIGA DO MILHO AOS CONSUMIDORES E A POLÍTICA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO


O PHD Michael Hansen, cientista sênior da maior organização de consumidores do mundo, afirma a Galileu que EUA e multinacionais do setor não querem testar efeito de transgênicos à saúde por Mariana Lucena
Parece uma inocente espiga de milho. O que você não sabe é que genes de outras espécies foram inseridos no DNA dela. Não houve avaliação se o procedimento quebrou uma sequência genética importante – ou pior, se criou uma série de genes cancerígena. Por que você não sabe? Porque algumas multinacionais não permitem testes mais longos antes de a espiga chegar ao seu prato. É isso o que conta Michael Hansen, PhD em impactos da biotecnologia na agricultura e cientista sênior da maior organização de consumidores do mundo, a Consumers Union dos Estados Unidos. O estudioso virá ao Brasil em 26 de abril para participar da conferência Segurança dos Alimentos: o que o mundo está discutindo a respeito dos transgênicos e agrotóxicos. Nesta entrevista exclusiva, ele discute o perigo pelo qual, segundo ele, estamos passando.
Confira linha do tempo da comida
Código de barras mede frescor dos alimentos
Estamos aderindo aos transgênicos de maneira responsável?
Nos Estados Unidos, a resposta é absolutamente não. Aqui nós não exigimos testes de segurança antes que estes produtos entrem no mercado e sejam exportados. Existem acordos internacionais que aconselham os países a fazer isso, mas nos Estados Unidos estamos ignorando os potenciais problemas à saúde humana.
O Brasil está sendo mais exigente?
O Brasil permitiu que essas safras [de transgênicos] entrassem no mercado e os mesmos problemas se aplicam. Acredito que haja um problema com a soja, inclusive problemas ambientais, e entendo que a maioria dos dados usados no Brasil para aprovar a comercialização de soja transgênica foram obtidos em pesquisas feitas nos EUA. E também foi descoberto que os produtos químicos que são jogados na plantação de soja para matar ervas daninhas, com o tempo vão fazendo com que essas ervas daninhas se tornem resistentes. Isso já é um problema aqui nos Estados Unidos e logo será no Brasil.
 http://revistagalileu.globo.com/EUAtentamdriblartestesdetransgênicos'
Ex-presidente da CTNBio contesta esta entrevista
Mutações acontecem o tempo todo na natureza. Não dá na mesma comer um alimento geneticamente modificado ou um que sofreu mutação genética natural?
O que é diferente na engenharia genética é a maneira como o gene é inserido ali. Não existe nenhum controle sobre o lugar em que o gene é inserido dentro do genoma e isso pode ser incrivelmente destrutivo. Com a mutação natural, há uma razão para os genes estarem localizados em cromossomos específicos.
Que problemas os transgênicos podem causar à saúde humana?
Muitas das plantações usam o herbicida glyphosate, produto que pode causar alguns tipos de câncer. Também existem preocupações a respeito das safras Bt [tratadas com um inseticida composto por uma bactéria geneticamente modificada]. Acreditamos que a bactéria usada no algodão Bt é a causa de alergias e reações imunológicas adversas.
Em que evidências você se baseia para chegar a essa conclusão?
Um trabalho desenvolvido pelo oncologista Lennart Hardell, da Suécia, demonstrou que pessoas expostas por muito tempo ao herbicida glyphosate têm mais chances de desenvolver tumores. Outros estudos, em que ratos foram alimentados com transgênicos, mostraram que aconteceu ali uma resposta negativa do sistema imunológico.
Há casos reais em que populações foram afetadas?
Em plantações de algodão Bt, na Índia, muitos dos trabalhadores — tanto da plantação quanto das fábricas em que esse algodão era processado — tiveram sintomas alérgicos, como rachaduras no corpo, olhos avermelhados e lacrimejantes, narizes entupidos. Quando os médicos observaram essa vila, descobriram que mais de ¾ das pessoas com esses sintomas eram trabalhadores do campo. Se afastados das plantações, eles melhoravam, mas, se continuavam trabalhando, os sintomas pioravam.
Algumas pesquisas feitas com trabalhadores rurais nos Estados Unidos também demonstraram que eles geravam anticorpos contra os agrotóxicos Bt [o que significa que seus corpos reconheciam a substância como agressiva ao organismo]. O cientista que descobriu isso, há dez anos, disse “ok, agora eu tenho o reagente que podemos testar para saber se essas safras gerariam reações alérgicas”. E esse cientista, até hoje, não foi capaz de arranjar nenhum patrocínio.

Você acredita que cientistas não conseguem pesquisar transgênicos por causa de lobby de empresas como a Monsanto?
Isso é absolutamente verdadeiro. Há um ano, 26 cientistas americanos que trabalham com insetos escreveram para o EPA (Agência de Proteção Ambiental Americana) e disseram: “não conseguimos fazer nosso trabalho, não podemos analisar essas safras porque não somos permitidos”. Todos eles trabalhavam em universidades. Se algum deles quisesse comparar o milho Bt da Monsanto com outros competidores, ou investigar possíveis efeitos colaterais, ele teria que pedir permissão à empresa. E os contratos que os funcionários assinam antes de trabalhar nessas empresas dizem que eles são proibidos de oferecer amostras das sementes para pesquisadores.
Mas não é do interesse dessas companhias que seus produtos não deixem as pessoas doentes e não lhes rendam processos?
Veja, quantos produtos precisaram estar anos no mercado para que as pessoas soubessem que eles não eram seguros? Pense nos pesticidas, existem exemplos atrás de exemplos de pesticidas que eram maléficos à saúde e demoraram anos a sair do mercado. Em longo prazo isso não é inteligente. Quando você tem mais poder [de barrar] é antes do produto entrar no mercado. Quando ele está sendo comercializado e dando lucro, é muito mais difícil retirá-lo. E digamos que a EPA processe a empresa em US$ 10 milhões. Na verdade, em um ano de vendas deste produto eles ganham US$ 20 ou US$ 30 milhões. Além disso, quando se retira um produto do mercado porque ele não era bom, você abre as portas para processos.
Mesmo que o Brasil imponha critérios mais rígidos, como nós poderíamos estar protegidos contra alimentos importados, que obedeceriam a critérios diferentes?
Hoje nós apoiamos uma iniciativa que se chama The Brazilian Compromisse (Compromisso Brasileiro). Ele tem esse nome porque foi uma sugestão brasileira. Determina que os países podem usar critérios diferentes para rotular seus alimentos transgênicos e que esse rótulo é um meio primordial de comunicação entre o vendedor, de um lado, e o comprador de outro. Se esse documento for aprovado, nenhum país no mundo precisará se preocupar com um protesto comercial dos Estados Unidos, caso eles decidam barrar seus alimentos transgênicos. Eles não poderão alegar que são barreiras comerciais, porque será um direito dos países impor essas barreiras técnicas de qualidade. E é por isso que os Estados Unidos estão lutando para que este documento não seja aprovado.
Um argumento muito comum é o de que as sementes geneticamente modificadas podem viajar pelo ar e se misturar com as plantações comuns. Isso é verdade?
Sim, pode acontecer. Existe aí até mesmo um impacto negativo economicamente falando. No Brasil, por exemplo, a soja transgênica pode contaminar plantações não transgênicas. E existe um mercado para soja não alterada geneticamente - fazendeiros podem inclusive optar por vendê-la mais caro. Se essa soja estiver contaminada, eles não podem mais fazer isso.
Os trangênicos deveriam ser proibidos?
Não. Nossa posição é que isso deveria depender das decisões de cada país. Nós estamos preocupados com a tecnologia, e ela precisa ser testada melhor antes de entrar no mercado. Se eles forem testados e aprovados, poderiam ser permitidos.
Digamos que os testes levem anos. A humanidade, crescendo como está, conseguiria se alimentar sem os transgênicos durante esse período?
Não existe nenhuma evidência de que comida geneticamente modificada seja mais barata. Na verdade, dados dos EUA mostram que essas sementes custam muito caro. Eu também argumento: o culpado pelo problema da fome hoje não é a falta de alimentos, mas a distribuição desigual deles.
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI134015-17770,00-EUA+TENTAM+DRIBLAR+TESTES+DE+TRANSGENICOS.html
Ex-presidente da CTNBio contesta esta entrevista
'Proibição a transgênico tem razão política'
Países que proibiram variedade de milho transgênico não produzem alimentos e são exportadores de agroquímicos, afirma Walter Colli, ex-presidente da CTNBio
por Mariana Lucena
Walter Colli, doutor em bioquímica e professor livre-docente pela USP, presidiu a instituição responsável pela liberação ou não de transgênicos no Brasil de 2006 a 2009. Ele foi um dos especialistas a entrar em contato conosco para refutar de forma veemente a opinião expressada por Michael Hansen, PhD em impactos da biotecnologia na agricultura e cientista sênior da maior organização de consumidores do mundo, em entrevista ao site de Galileu. Hansen criticou o que considerou uma postura irresponsável de liberação rápida de transgênicos pelos governos mundo, sem testes mais longos do impacto ao meio ambiente.
Para o professor Colli, os argumentos de Hansen são de "baixa ou nenhuma relevância científica" e não há impacto causado ao meio ambiente pelos organismos que são devidamente estudados e aprovados. Na entrevista abaixo, concedida por email, o especialista brasileiro contesta o cientista norte-americano, diz que há preconceito contra os transgênicos na discussão do tema, e defende as escolhas da entidade que presiu.
Comecemos com a mesma pergunta que fizemos a Michael Hansen: o senhor acha que estamos aderindo aos transgênicos de maneira responsável no Brasil? E no resto do mundo?
O Brasil foi um dos primeiros países a ter uma legislação capaz de regulamentar a pesquisa e a comercialização de produtos oriundos da engenharia genética, em 1995, por meio da Lei 8.974. Com a reformulação desta Lei, foi sancionada a Lei 11.105, em 2005, que é considerada por lideranças europeias como um modelo a ser seguido. A responsabilidade desse monitoramento é compartilhada entre as Comissões Internas de Biossegurança (CIBios) e a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Em cada local onde é feito um experimento com modificação genética de micro-organismos é obrigatório constituir uma CIBio que se reporta à CTNBio. As decisões são tomadas com base na ciência, o que pressupõe teste de hipóteses e tratamento estatístico dos dados. Portanto, posso afirmar que sim, o Brasil está aderindo aos transgênicos de maneira responsável, porque baseia suas decisões em dados científicos confiáveis. Esse sistema atende às normas rígidas de protocolos internacionais. O mesmo ocorre em outros países produtores de transgênicos, como EUA, Canadá, Argentina e Austrália, ainda que neles o sistema regulatório seja distinto e mais liberal que o brasileiro. Na Europa, as normas de biossegurança são tão rígidas como as brasileiras, porém lá a maioria dos agricultores é impedida de ter acesso ao uso da tecnologia de transgênicos em virtude, tão somente, de questões políticas e econômicas.
Hansen afirma que “na engenharia genética não existe nenhum controle sobre o lugar em que o gene é inserido dentro do genoma e isso pode ser incrivelmente destrutivo. Com a mutação natural, há uma razão para os genes estarem localizados em cromossomos específicos”. O senhor concorda com a afirmação?
As mutações, do ponto de vista biológico e evolutivo, não ocorrem com um fim específico, mas sim ao acaso. É nisso que se baseia a hipótese da origem das espécies por meio da seleção natural, proposta originalmente por Charles Darwin. Portanto, qualquer espécie viva hoje é produto do acaso, da luta pela sobrevivência e de outros fatores, como isolamento reprodutivo, por exemplo.

O cientista Walter Colli
O processo de obtenção de um transgênico é composto por várias etapas e as técnicas de engenharia genética proporcionam a inserção do transgene [gene alterado] no genoma ao acaso, como tudo na natureza. A etapa seguinte da obtenção de um transgênico é a seleção dos indivíduos com a característica desejada. Se, entre as plantas transformadas, foram obtidos indivíduos aberrantes, evidentemente, estes serão eliminados, não serão testados, não serão avaliados e, muito menos, comercializados. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento possui o chamado Serviço Nacional de Proteção de Cultivares, regulado pela Lei 9.426, de 27 de abril de 1997. Quando uma empresa quer registrar uma nova cultura, seja ela transgênica ou não, deve apresentar uma série de dados. Deve comprovar que o novo cultivar possui estabilidade genética, o que pressupõe a repetição das mesmas características ao longo de sucessivas gerações. Para desmistificar essa afirmação do Dr. Hansen veja-se o caso do arroz que comemos todos os dias. Setenta por cento do arroz comercializado resiste ao herbicida imidazolinona, o que permite eliminar o arroz vermelho, considerado uma praga, das plantações. Esse arroz, resistente ao herbicida, foi obtido por tratamento de sementes com o mutagênico etil-metano sulfonato que induziu modificações cromossômicas aleatórias e que nunca foram mapeadas. Das plantinhas que sobraram selecionou-se a que resistia à imidazolinona e provou-se por vários cruzamentos que as mutações induzidas eram estáveis. Esse arroz não é chamado transgênico porque não foi obtido pela introdução de um gene, mas é produto de profundas mutações no genoma. Ainda assim, comemos e exportamos esse arroz, e estamos felizes.
Antes de serem comercializadas no Brasil, por quais tipos de testes passam as plantas geneticamente modificadas?
As CIBios das instituições, públicas ou privadas, que desenvolvem as plantas transgênicas devem apresentar um relatório com estudos de biossegurança ambiental e alimentar, além de informações sobre o desenvolvimento do transgênico e das comprovações sobre seu funcionamento. São realizados testes de verificação de inserção do transgene no genoma, para seleção de clones transformados. Depois, testa-se se o transgênico, em contenção [com dispositivos para impedir a dispersão dos transgênicos], expressa satisfatoriamente o fenótipo [característica externa] desejado. Se os resultados são satisfatórios, são realizados os testes de campo, quando se verifica a eficácia da planta, suscetibilidade a doenças e pragas e os aspectos relacionados à biossegurança, como fluxo gênico, influência na população de insetos não-alvo, de micro-organismos etc. Nesta etapa também são realizadas avaliações sobre a segurança alimentar, para saber se serão tóxicos ou alérgicos.
As companhias que fabricam sementes transgênicas têm influência sob a comunidade acadêmica, como movimentos antitransgênicos dizem? Alguns dos cientistas da CTNBio já não trabalharam em parceria com elas?
Creio que é um argumento que visa desqualificar aqueles que pensam diferente dos movimentos antitransgênicos. Poderíamos dizer, em resposta, que muitos desses movimentos são apoiados técnica e financeiramente por organizações de países que possuem posições antitransgênicas. Deveríamos considerar que essas pessoas estão a serviço dessas organizações? Na atividade científica são comuns parcerias público-privadas, incentivadas inclusive pelo governo brasileiro. Alguns membros da CTNBio podem ter tido projetos de pesquisa em parceria com diversas empresas, inclusive a Embrapa. É importante lembrar que as empresas procuram a academia pelo conhecimento. O fato de existirem possíveis parcerias entre academia e empresas não desabona a atuação do cientista e, no caso específico da CTNBio, por determinação legal, o membro da Comissão deve assinar um termo de conduta e manifestar-se todas as vezes em que se julgar impedido, se julgar que há conflito de interesses. Quando isso acontece o cientista abstém-se de votar ou emitir parecer. Dizer que a aprovação de um produto transgênico no Brasil ocorre porque os responsáveis cedem a lobby é querer desqualificar os cientistas brasileiros renomados, idôneos e com profundo conhecimento científico em suas áreas de atuação.
Hansen cita alguns casos de transgênicos que geraram alergias em populações. Como o senhor explica tais ocorrências? Houve pesquisa suficiente nesses casos?
Para cada estudo que aponte um problema desse tipo, existem centenas que indicam que não existe diferença alguma entre transgênicos e similares não transgênicos. Também é importante dizer que muitos estudos que apontaram problemas de biossegurança alimentar de transgênicos jamais conseguiram ser reproduzidos. Mas é compreensível e desejável que exista questionamento, pois fazer perguntas é um processo inerente à ciência. O importante é que os trabalhos sejam conduzidos de modo correto. Nesse sentido, é consenso de que os estudos mais relevantes, reprodutíveis e publicados em periódicos altamente qualificados indicam ausência de ocorrência de problemas. Quem quiser ver esses estudos deve ler o parecer final de cada uma das liberações comerciais aprovadas pela CTNBio (www.ctnbio.gov.br) e verificar que em cada parecer há de 50 a 200 referências de trabalhos científicos que desmentem o que disse o senhor Hansen. Os produtos do tipo Bt contêm em seu genoma um gene denominado cry retirado do genoma do Bacillus thuringiensis. Esse gene expressa uma proteína que mata a lagarta – e só a lagarta, pois ela tem um receptor para essa proteína em seu intestino. Como isso foi descoberto? Pelo fato de que agricultores orgânicos pulverizam esporos de Bacillus thuringiensis sobre seus cultivos. Portanto, se qualquer componente desta bactéria causasse alergia, todos os produtores e trabalhadores em lavouras orgânicas e consumidores seriam afetados. É preciso ainda esclarecer que nesse item houve grande confusão na palestra do sr. Hansen porque se confundiu alergia (normalmente produzida por proteínas) com intoxicação por agroquímicos. Não obstante, os herbicidas que acompanham os transgênicos são o glifosato e o glufosinato, ambos com uso aprovado no Brasil pelo Mapa, pelo Ibama e pela Anvisa. Do site da Anvisa se depreende que esses herbicidas pertencem à categoria verde, a menos tóxica de todas. As outras são azul, amarela e vermelha em ordem crescente. Vale à pena entrar nesse site.
Em 2007, o Brasil liberou o milho transgênico MON 810, da Monsanto. Essa variedade foi proibida em diversos países - como Alemanha, França, Áustria, Grécia, Luxemburgo, Hungria e Itália - e a decisão foi também questionada pela Anvisa e pelo Ibama. No que a CTNBio se baseou para considerar que esses países, o Ibama e a Anvisa estavam sendo exagerados em suas preocupações?
Os países que você citou não são produtores e exportadores de alimentos e vários deles possuem empresas produtoras e exportadoras de agroquímicos. Assim, é fácil compreender o interesse deles em proibir transgênicos. Por outro lado, Estados Unidos, Argentina, Canadá e China, grandes produtores e exportadores de alimentos, comercializam o milho MON 810. O Brasil foi o último a aprovar a liberação comercial deste produto, em 2007, isto é, 10 anos após essa tecnologia ter sido usada pelo mundo. Outro fato interessante é que a União Europeia permite o plantio comercial e o uso deste produto desde 1998. A CTNBio, para aprovar o produto, baseou-se em dados científicos publicados em periódicos especializados, com revisão por pares e no seu uso seguro pelos países mencionados. Foi a decisão do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), rejeitando os recursos do Ibama e da Anvisa, que demonstrou o exagero dessas agências.
Qual é o papel que os transgênicos devem desempenhar na agricultura?
O que poucas pessoas sabem é que os transgênicos diminuem grandemente o uso de agroquímicos, utilizados extensivamente na produção de alimentos. Com a diminuição da aplicação de produtos químicos, a atividade agrícola passa a agredir menos o solo, os cursos d’água e os trabalhadores rurais. O solo sofre menos erosão e há diminuição sensível da emissão de gases do efeito estufa pelo corte drástico do uso de tratores. Também o consumidor é beneficiado pela diminuição de resíduos de agroquímicos nos alimentos.
O que determina a CTNBio sobre a liberação experimental de transgênicos?
Para a liberação experimental, a CTNBio analisa caso a caso os pedidos e as medidas de biossegurança que serão conduzidas durante o experimento, com a finalidade de se evitar o escape do transgênico. É importante acrescentar que uma pesquisa somente é liberada para avaliação a campo quando diversos critérios de biossegurança forem respondidos. Essas medidas de biossegurança variam conforme a espécie. Por exemplo, para milho, a CTNBio exige isolamento espacial de 400 metros ou isolamento temporal de 40 dias mais 20 linhas cultivadas com milho convencional e 10 metros de distância de outros plantios de milho. Para soja, a Comissão exige isolamento espacial de 10 metros, com cinco destes 10 metros cultivados com variedade comercial de soja.
Quais cuidados têm sido tomados com relação aos impactos dos OGM ao meio ambiente?
A sua pergunta já é uma afirmação que os OGM (Organismos Geneticamente Modificados) impactam o meio ambiente. Razões teóricas e experimentais mostram que os genes escolhidos não são prejudiciais ao meio ambiente. É justamente por isso que a análise dos transgênicos é feita caso a caso.
Sem o uso de transgênicos, o mundo sofreria problemas de falta de alimento?
Muitos dos problemas da falta de alimentos no mundo estão relacionados a políticas públicas de distribuição e acesso e não à produção. Portanto, os transgênicos não resolverão todos os problemas relacionados à fome. Mas considero impensável não contar com essa tecnologia para manter o nível de produção de alimentos em um patamar seguro. Existe uma crescente demanda em razão do aumento populacional e do poder aquisitivo da população de países emergentes. Por outro lado, também existe uma crescente urbanização e empobrecimento dos solos, além da limitação de uso da água na agricultura, que impede aumentos maiores de produtividade. A necessidade de não expandir as áreas agrícolas também é altamente relevante. Nenhuma outra tecnologia usada na agricultura terá um impacto tão importante na solução desses problemas como o uso de transgênicos. No verão de 2002, em meio a uma epidemia de fome, retratada pelos rostos das crianças que os fotógrafos mostraram ao mundo, Zâmbia, Moçambique, Zimbábue e Malawi rejeitaram doações de milho dos EUA pressionadas pelos grupos antitransgênicos europeus. É importante ainda lembrar que os transgênicos podem contribuir com a qualidade nutricional dos alimentos, como é o caso do arroz dourado que, por falta de políticas públicas, não está acessível às populações pobres da África, que continuam sofrendo com a falta de alimentos e com a cegueira noturna.
Para garantir segurança contra a contaminação de safras, a CTNBio determina distância entre as plantações de transgênicos e as plantações comuns. Mas, em 2009, depois de alguns casos de contaminação de lavouras no Paraná, a Secretaria de Agricultura do Estado afirmou que existem “evidências das dificuldades em evitar a contaminação, mesmo cumprindo as distâncias estabelecidas”.
As regras determinadas pela CTNBio foram devidamente avaliadas e baseadas em estudos científicos rigorosos. Até os países europeus que permitem o uso de transgênicos adotam regras similares a estas. Em alguns países, essas distâncias sequer são adotadas, pois não se trata de uma questão de biossegurança, e sim de identidade dos grãos colhidos para fins comerciais. O problema da coexistência está relacionado a uma questão de mercado, ou seja, é um problema comercial e não de segurança. A CTNBio, para expedir essa norma, baseou-se em dados científicos atuais e foi também assessorada por cientistas externos à Comissão. O Ministério da Agricultura é o órgão responsável pela fiscalização de plantios, sejam eles experimentais ou comerciais. O Mapa ainda não concluiu a análise relativa à suposta “contaminação”. Lembrar que a afirmação do Paraná veio em uma nota técnica e não em trabalho científico publicado, em que métodos, estatística e resultados são verificados por outros cientistas. Após a análise do Mapa, a CTNBio poderá se pronunciar a respeito.
O senhor é a favor da realização de audiências públicas com a participação da sociedade civil sobre a liberação do comércio de transgênicos no Brasil?
Sim. Mas é necessário considerar que o assunto é altamente técnico e que, portanto, opiniões baseadas em preconceitos têm que ser relativizadas. Se as pessoas vão à Audiência Pública, não para se informar, mas com posições preconcebidas, a Audiência se transforma em happening. Durante minha gestão como presidente da CTNBio realizamos três audiências públicas, com a participação da sociedade civil, da academia, dos interessados e do Ministério Público. Na audiência pública sobre algodão geneticamente modificado, fomos surpreendidos com a chegada de 12 ônibus de pequenos agricultores da região de Catuti, no cerrado do norte de Minas Gerais, que vieram pedir à CTNBio aprovação de outras variedades de algodão transgênico. É que com a crise que se seguiu à invasão do bicudo eles haviam perdido as suas plantações e empobrecido. Recuperaram-se com a aprovação do algodão Boll Gard I. Tenho as fotos daquela magnífica manifestação da sociedade civil organizada.
Tem algo mais que considere importante acrescentar?
Foi perguntado ao Sr. Hansen se os transgênicos deveriam ser proibidos. E ele respondeu que não, que isso deve depender das decisões de cada país e que, se os transgênicos forem testados e aprovados, poderiam ser permitidos. Então, baseado no posicionamento do Sr. Hansen, posso dizer que o Brasil toma suas decisões com fundamento em estudos e testes, na experiência de outros países que começaram a comercializar transgênicos dez anos antes de nós e no conhecimento de nossos cientistas, que os temos em boa quantidade. Os transgênicos não são um problema, mas sim uma solução para os problemas reais da agricultura. Boa parte da incompreensão deve-se à falta de informação e desconhecimento da agricultura e suas práticas. Talvez por isso a adoção dessa tecnologia pelos agricultores, que a conhecem bem, seja tão formidável. Já os consumidores, mesmo que não percebam os benefícios diretos dos transgênicos, são os que se beneficiarão mais deles no futuro.
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI138912-17770,00-+EM+CIENCIA.html ARGUMENTO+ANTITRANSGENICO+E+BASEADO+EM+PRECONCEITO+NAO
 http://www.emporioros.com.br/produtos_descricao.asp?lang=pt_BR&codigo_produto=218
 

segunda-feira, 10 de maio de 2010

MINHA QUERIDA PROFESSORA

 Em fevereiro quando postei esta mensagem,havia um movimento muito grande de EDUCADORES  AMBIENTAIS tentando entrar na justiça para barrar esta loucura.Para que nãoconhece a história de EIKE BATISTA, sabe que êle cumpre um papel articulador pró LULA e é o patrocinador do MUNDIAL DA COPA EM 2014. Foi expulso da BOLIVIA exatamente por fazer o mesmo.Hoje parece que retomou os contratos com EVO MORALES. A Inglaterra vem retomando seu status imperial na América Latina ( Veja Malvinas e a exploração do Petróleo)
Quando o pai - ELIEZER BATISTA ocupava a presidencia da VALE DO RIO DOCE,o governo FHC destinou a ele a incubencia de mapear o sub solo brasileiro.Aposentado deixou, para o pequeno empresário e seu filho, o MAPA DA(S) MINA(S) com a responsabilidade de trazer as grandes mineradoras estrangeiras para a exploração...até aí Ermínio de Moraes também o fez.O grave do problema,é que muito pouca gente fala disso e não há força social que esteja conseguindono - no mínimo - barrar tamanha devastação.ONDE VAI DAR ESTA ALIANÇA DE EIKE BATISTA? é o tema dos empresários hoje.,das revistas especializadas,das angústias como a sua e nossas também..Há um movimento nesta região que tem tomado relevo...sugiro que possamos criar alianças e ver como podemos fazer.Um grande abraços e com certeza voltaremos a nos falar. Odila Fonseca

"Musse deixou um novo comentário sobre a sua postagem"
"ANGLO FERROUS / MMX - MINERADORAS DEVASTAMA SERRA ...":

Estou brigando com esse povo a algum tempo. Com minha mãe ainda viva, prometi que ia lutar para que a terra onde ela cresceu, nasceu e é uma grande referência para a família não fosse destruída pela então MMX. Nesse momento, minha irmã que mora em Alvorada, próximo a Carangola recebeu uma comunicação de liminar ganha pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerias, autorizando a passagem pela terra. É um absurdo como somos manipulados pelos poderosos em nosso País. Nenhum dinheiro pagará os danos materiais, ambientais e emocionais que sofreremos. Vamos apelar na justiça, mas com poucas esperanças. Sou professora e preciso acreditar na justiça desse País. 

NOTÍCIAS IMPORTANTES:
Mineração sufoca e depreda patrimônio natural e histórico de MG
Exploração de minério modifica topografia do estado, depredando montanhas importantes como a da Moeda e da Piedade. Encardidas, cidades afetadas convivem com inchaço e pobreza
Zulmira Furbino - Estado de Minas
Publicação: 25/04/2010 08:17 Atualização: 25/04/2010 09:24

Os 12 Profetas, famosa obra de Aleijadinho, cercada por serras como a da Moeda. Mineração estraga um dos mais notórios cenários de Minas
Se por um momento os 12 profetas de Aleijadinho, postados há mais dois séculos no adro da Basílica Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, no fim da Serra da Moeda, ganhassem vida e pudessem fazer um pedido, não seria improvável que quisessem ter os seus olhos vendados. As estátuas, parte de um conjunto histórico formado pela igreja e por 12 capelas que reconstituem os passos da Paixão de Cristo na cidade, reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade, são testemunhas passivas da devastação do meio ambiente e do inchaço descontrolado de um município embaçados pelas nuvens de pó vermelho provenientes da exploração de minério de ferro. Mas eles não estão sozinhos. Se também ganhassem vida, as serras mineiras mostrariam um semblante tão ou mais angustiado do que os profetas de pedra sabão do mestre do barroco brasileiro. Esburacadas como queijo suíço pela mineração, as serras da Moeda, do Itatiaiuçu, da Piedade, do Rola Moça, do Gandarela e da Ferrugem abrigam cidades encardidas (veja mapa e problemas das serras na página 17) .
Ao contrário da expectativa de melhoria de qualidade de vida, alimentada pelo anúncio de cifras bilionárias de investimentos, a maior parte das cidades que abrigam esse tipo de atividade continua pobre. Entre os 306 municípios mineradores no estado, apenas 40 concentram 80% da arrecadação com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem). Municípios como Jeceaba, na Região Central, vizinho de Congonhas, recebem R$ 20,58 ao ano a título de royalty do minério. No fim de 2009, um abaixo assinado por 600 habitantes da cidade protestava contra a construção de duas barragens de rejeitos no município. Elas integram o projeto da Ferrous, em Congonhas, para a produção de 15 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano.
Em fevereiro, a arrecadação total de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) em Minas Gerais foi de R$ 1,87 bilhão. A mineração ficou em 10º lugar, com R$ 7,2 milhões. A baixa arrecadação é fruto da exportação de minério bruto, que sai direto da mineradora para o porto, sem beneficiamento no estado. No primeiro trimestre, a extração de minério respondeu por 26,71% do total exportado pelo estado. No que diz respeito à criação de empregos, a situação não é muito mais animadora. Levantamento feito pela Fundação João Pinheiro (FJP) a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que em fevereiro deste ano a mineração respondia por 1,09% do total de empregos no estado. O dado não leva em conta os empregos indiretos da cadeia mineral. Em muitos casos, além disso, a população mal vê a cor do dinheiro porque faltam políticas públicas adequadas e fiscalização na hora de aplicá-las. A expectativa de desenvolvimento rápido tropeça na falta de infra-estrutura básica para receber os investimentos do setor. O resultado são problemas de trânsito semelhantes aos das grandes metrópoles, aumento vultuoso da violência, chegada da prostituição, favelização, doenças, colapso no sistema de saúde, disparada dos preços dos aluguéis, destruição do patrimônio ambiental, histórico e artístico. Para não falar da mudança radical de sua vocação econômica. A situação tende a piorar ainda mais por causa da elevação da demanda pelo minério no mercado global, o que aumenta o apetite de empresas de capital nacional e internacional no segmento. Em Congonhas, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), única entre as grandes a ter capital exclusivamente nacional, vai investir R$ 9,5 bilhões na ampliação da produção da mina Casa de Pedra – de 16 milhões para 55 milhões de toneladas dentro de cinco anos –, na instalação de uma unidade de transformação do minério de ferro em pelotas de minério (pelotização) e na construção de uma nova siderúrgica. Em 2009, a população estimada da cidade eram de 48 mil habitantes, mas a expectativa é que irá dobrar de volume nos próximos cinco anos em razão dos investimentos anunciados. Estima-se que, hoje, os habitantes flutuantes do município já somam cerca de 15 mil pessoas.

Mineração em Morro Vermelho, Caeté

É entre 6h e 7h da manhã que um dos efeitos danosos do aumento populacional começa a se fazer sentir na cidade. “Nesse horário, é impossível trafegar na Avenida Júlia Kubitschek (a principal de Congonhas). Às 18h, quem chega gasta uma hora para percorrer um trecho de 2 quilômetros que vai do trevo ao centro ”, reclama Gualter Monteiro, dono da imobiliária Imgel e ex-prefeito da cidade por três mandatos. O disparate entre o valor anunciado dos investimentos e seus efeitos negativos para o município podem ser resumidos numa frase do promotor Luciano Badini, coordenador do centro de apoio do meio ambiente do Ministério Público Estadual. “Só a expansão da mina e a construção da planta de pelotização já são suficientes para transformar Congonhas numa nova Cubatão”, sustenta, referindo-se à cidade paulista que era símbolo de poluição.
Na chuva, lama.Na seca, poeira A caminho de Belo Vale, também na Serra da Moeda, as montanhas estão entrecortadas por uma paisagem lunar devido à exploração do minério. Há cerca de dois anos, um trecho do rodovia 442, que liga a cidade à BR -040, foi assoreado pelos rejeitos de minério da empresa Minas do Itacolomi e a estrada foi interrompida. A construção de um desvio, de terra batida, não devolveu a normalidade ao trecho, por onde carretas e caminhões pesados trafegam incessantemente. Hoje, duas grandes mineradoras atuam na região Vale e CSN. Sem contar as de menor porte, que produzem minério para vender para as gigantes. A 442 é uma rodovia íngreme e cheia de curvas perigosas.
“Quando chove tem lama, quando está seco, tem muita poeira. As carretas de minério trafegam mal enlonadas. Isso quando há lona. E a maior parte dos carros que passam frequentemente por aqui têm os parabrisas trincados pelas pedrinhas de minério”, diz Glória Maia, da Associação do Patrimônio Histórico, Ambiental e Artístico de Belo Vale. Em Caeté, na Serra do Gandarela, o projeto Apolo, da Vale, mexe com as expectativas da comunidade, principalmente por causa da perspectiva de desenvolvimento econômico. A cidade ficou marcada pela decadência, depois que a antiga Ferro Brasileira fechou as portas na cidade, no início dos anos 1990. Agora, o comércio já registra aumento de vendas como efeito da chegada da companhia. E no setor de serviços, alguns restaurantes comemoram o movimento maior por causa dos empregados das empreiteiras contratadas pela Vale. No restaurante Fogão a Lenha, de três meses para cá o movimento aumentou 40% e o número de pessoas atendidas nas firmas que prestam serviço à companhia aumentou de 300 para 500. Mas esse é só um lado da moeda. “A empresa está chegando, mas Caeté, como todos os municípios do estado, não tem planejamento urbano ou rural”, diz Ademir Martins Bento, representante do Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté (Macaca). A cidade tem 40 mil habitantes e espera receber cerca de 4 mil trabalhadores indiretos durante a construção da planta da mina. “Isso pressiona os preços da moradia. Além disso, a estrutura de saúde em Caeté andou delicadíssima nos últimos anos. A Santa Casa está fecha não fecha.” De acordo com ele, o poder público municipal aposta na chegada da Vale como uma espécie de salvação. “Mas isso não está escrito no papel”, observa. (ZF)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

VISITA DO CHEFE INIGENA NA FRANÇA PELA DEFESA DA AMAZONIA








Le chef indien Raoni en France pour défendre l'Amazonie contre un barrage

[ 05/05/10  - 19H16 - AFP  ]
© AFP - Thomas Coex
© AFP - Thomas Coex
Le chef indien Raoni a appelé mercredi la France, l'un des plus proches alliés du président brésilien Luis Inacio Lula Da Silva, à soutenir son peuple qui s'oppose à un projet de barrage géant en Amazonie.
Rendu célèbre par le soutien que lui a apporté le chanteur Sting en 1989 pour la protection de la forêt amazonienne, Raoni dit avoir été "envoyé par toutes les communautés indigènes de la région des Kayapos, avec la mission de trouver des soutiens et des fonds pour protéger la forêt".
Selon lui, "3.000 guerriers" sont prêt à prendre les armes et attendent de "voir s'il est possible de négocier avant de se battre" contre le projet de barrage.Après 20 ans de controverses, la justice fédérale brésilienne a donné son feu vert le 16 avril à la construction du barrage de Belo Monte sur le Rio Xingu qui deviendra en 2015, date prévue de son inauguration, le troisième plus grand barrage hydroélectrique au monde (11.000 MW).Le barrage, un investissement de 8,2 milliards d'euros, doit noyer 500 km2 de terres. Les travaux débuteront au plus tard en septembre.
"Depuis toujours, j'empêche mon peuple de se battre, mais je suis très préoccupé et très inquiet maintenant", confie à l'AFP le chef indien, coiffé de plumes de perroquet jaunes et rouges, le torse couvert d'une peinture de guerre, et un impressionnant labret (disque en bois) dans la lèvre.
Les Kayapos sont un peuple indigène du Brésil amazonien vivant dans les Etats du Mato Grosso et du Para. Il compte 6.800 membres aujourd'hui répartis en plusieurs tribus, selon Jean-Christophe Dutilleux, co-auteur de "Mémoires d'un chef indien", livre pour lequel les deux hommes sont également en promotion.
La tournée du chef indien doit se poursuivre par une rencontre jeudi avec Jacques Chirac, ancien président de la République, mais aussi avec des élus de droite et de gauche ou encore le patron de Renault Carlos Ghosn (qui est né au Brésil) mercredi.Le chef Raoni n'a fait aucun commentaire sur une éventuelle entrevue à l'Elysée.Raoni avait obtenu le soutien du chanteur Sting et s'était rendu célèbre en entreprenant un tour du monde avec un chef Sioux (Corbeau Rouge) qui l'avait amené à rencontrer Jacques Chirac (alors maire de Paris), François Mitterrand, (alors président de la République) et, plus tard, le Prince Charles, le roi Juan Carlos, le pape Jean-Paul II.
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quinta-feira, 6 de maio de 2010

"NÓS LIDERANÇAS GUERREIRAS ESTAMOS AQUI!" de Megaron Txukarramãe

``...tudo na terra tem um propósito, cada doença uma erva para curar, cada pessoa uma missão a cumprir. Esta é a concepção dos índios sobre a existência...``
(Christine Quintasket (índia Salish) 1888-1936)                                  

CARTA DO MEGARON PARA A IMPRENSA

Comunicado

Nós lideranças e guerreiros estamos aqui em nosso movimento e vamos continuar com a paralisação da balsa pela travessia do rio xingu. Enquanto Luiz Inacio Lula da Silva insistir de construir a barragem de Belo Monte nós vamos continuar aqui. Nós ficamos com raiva de ouvir Lula falar que vai construir Belo Monte de qualquer jeito, nem que seja pela força!!! Agora Nos indios e o povo que votamos em Lula estamos sabendo quem essa pessoa. Nós não somos bandidos, nós não somos traficantes para sermos tratados assim, o que nós queremos é a não construção da barragem de Belo Monte. Aqui nós não temos armas para enfrentar a força, se Lula fizer isso ele quer acabar com nós como vem demonstrando, mas o mundo inteiro vai poder saber que nós podemos morrer, mais lutando pelo nosso direito. Estamos diante de um Governo que cada dia que passa se demonstram contra nós indios. Lula tem demonstrado ser inimingo número um dos indios e Marcio Meira o atual Presidente da Funai tem demostrado a ser segunda pessoa no Brasil contra os indios, pois, a Funai não tem tratado mais assuntos indigenas, não demarcação de terra indigena mais, não tem fiscalização de terra indigena mais, não tem aviventação em terra indigena. Os nossos líderes indigenas são empedido de entrarem dentro do predio da funai em Brasilia pela força nacional. O que esta acontecendo com nós indios é um fato de grande abandono, pois, nós indios que somos os primeiros habitantes deste pais estamos sendo esquecidos pelo Governo de Lula que quer a nossa destruição, é esta aconclusão que chegamos.
Líder indigena Megaron Txukarramãe
Aldeia Piaraçu, 26 de abril de 2010
Publicado em http://twitter.com/xinguvivo
  http://xingu-vivo.blogspot.com/2010/05/frankenstein-de-agua.html  

MEMÓRIA DO BLOG
O sonho de construir um patrimônio digno, para si e para as famílias que ficaram longe, acabou trazendo a Porto Velho centenas de trabalhadores que agora retornam as suas casas sem nada. Esta semana foi concluída a rescisão trabalhista de 55 pessoas que estavam vivendo em condições análogas a escravidão. Resgatados pelo Ministério Público do Trabalho, os homens  que vieram de vários Estados do país estão retornando sem conseguir alcançar o sonho de ganhar muito dinheiro e trazer a família para Porto Velho. Estas são as primeiras ações contra empresas que trabalham no Estado motivadas pela construção das usinas hidrelétricas no Rio Madeira.  A BS, responsável pela construção das casas em Nova Mutum, contratou os trabalhadores que agora saem sob a proteção do Ministério Público do Trabalho. Todos foram arregimentados por pessoas a serviço da empresa e se para alguns a verdade foi dita, para outras, o engano e a ilusão foram desastrosas. Alguns trabalhadores, que em seus locais de origem vivem na miséria, acreditam que a oferta da empresa na Capital era suficiente, mas para a maioria e também para o Ministério Público doTrabalho as condições de vida e trabalho eram degradantes.  Sem ter como fugir da realidade a empresa negociou a rescisão contratual do grupo e ainda pagou as passagens de volta para os contratados em outros Estados. A ação, executada em sigilo, mostra que nem tudo são flores nas obras das famosas hidrelétricas. A Capital assiste agreve dos trabalhadores da construção civil e agora toma conhecimento de que pessoas são alojadas de forma sub-humana. O que se percebe agora é a diferença de atuação dos órgãos de defesa do cidadão. Se há alguns anos, os  trabalhadores sofriam sem ter a quem recorrer, agora todos sabem que existe um ponto de apoio. Assim como em todo o país, em Rondônia também existe lei e todo trabalhador deve ser respeitado e ter seus direitos garantidos.
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Marquinho Mota
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