IMPOSTOS EM SÃO PAULO

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Santa Catarina 2008


Diante da tragédia em Sta Catarina, milhares de pessoas no Brasil estão se solidarizando com todas as formas de cooperação.Este Blog solidariza-se com os atingidos pelas inundações.Saques e roubos às residencias deixadas pelas famílias,nos deixam mais indignados.Odila Fonseca

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AMAZONIA

Carlos A Nobre, Gilvan Sampaio e Luis Salazar
As influências do homem no equilíbrio natural do planeta atingiram magnitude sem precedentes. As mudanças climáticas antropogênicas estão associadas às atividades humanas com o aumento da emissão de gases de efeito estufa, de queimadas, com o desmatamento, a formação de ilhas urbanas de calor, etc. A Amazônia desempenha um papel importante no ciclo de carbono planetário, e pode ser considerada como uma região de grande risco do ponto de vista das influências das mudanças climáticas. Segundo Salati (2001), o atual equilíbrio dinâmico da atmosfera amazônica está sujeito a forças de transformação que levam às variações climáticas e podem ser estudadas sob três diferentes aspectos:
1. Variações climáticas na região podem ser devidas às variações climáticas globais, decorrentes de causas naturais. Essas mudanças estão relacionadas com variação da intensidade solar, variações da inclinação do eixo de rotação da Terra, variações da excentricidade da órbita terrestre, variações das atividades vulcânicas e variações da composição química da atmosfera, entre outras. Existem registros bem documentados sobre as oscilações climáticas na Amazônia ocorridas durante as glaciações e também de variações mais recentes da temperatura local. Os efeitos do El Niño, que é um fenômeno natural, podem estar incluídos dentro dessa categoria. O tempo de resposta às forças modificadoras pode ser em um período anual, de décadas e milênios. Não há muita coisa que a sociedade possa fazer contra essas tendências a não ser se preparar para minimizar seus efeitos quando houver possibilidade de previsões científicas, como é o caso específico das variações climáticas decorrentes do El Niño e La Niña.
2. Mudanças climáticas de origem antrópicas, decorrentes de alterações do uso da terra dentro da própria região amazônica. Tais alterações estão ligadas diretamente ao desmatamento de sistemas florestais para transformação em sistemas agrícolas e/ou pastagem, o que implica em transferência de carbono (na forma de dióxido de carbono) da biosfera para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, o qual por sua vez acaba atuando sobre a região amazônica. Evidências de estudos observacionais e estudos de modelagem (como por exemplo: Nobre et al., 1991; Betts et al., 1997, 2000; Chase et al., 2000; Zhao et al., 2001) demonstraram que mudanças na cobertura superficial podem ter um impacto significativo no clima regional e global. Evidências de trabalhos paleoclimáticos e de modelagem indicam que essas mudanças na vegetação, em alguns casos, podem ser equivalentes àquelas devidas ao aumento do CO2 na atmosfera (Pitman and Zhao, 2000).
3. Variações climáticas decorrentes das mudanças climáticas globais provocadas por ações antrópicas. Se as tendências de crescimento das emissões se mantiverem, os modelos climáticos indicam que poderá ocorrer aquecimento até acima de 6ºC em algumas regiões do globo até o final do século XXI. É provável que a temperatura média global durante o século XXI aumente entre 2,0ºC a 4,5ºC, com uma melhor estimativa de cerca de 3,0ºC, e é muito improvável que seja inferior a 1,5ºC. Valores substancialmente mais altos que 4,5ºC não podem ser desconsiderados, mas a concordância dos modelos com as observações não é tão boa para esses valores (IPCC, 2007). Conclui-se que, mesmo no cenário de baixas emissões de gases do efeito estufa (cenário B1), as projeções dos diversos modelos do IPCC indicam aumento da temperatura, sobretudo no Hemisfério Norte.
Recentemente Ambrizzi et al. (2007), utilizando três modelos regionais que foram integrados numericamente para a América do Sul, a partir de dados iniciais obtidos do modelo climático global do Hadley Centre, concluíram que para o período 2071-2100, em relação ao período 1961-1990, o maior aquecimento ocorrerá na Amazônia com aquecimento entre 4-8ºC para o cenário A2 de emissões de gases de efeito estufa e de 3-5ºC para o cenário B2. Em relação à precipitação, o cenário B2 apresenta diminuição da precipitação no norte e em parte do leste da Amazônia, enquanto que o cenário A2 apresenta diminuição da precipitação no norte, leste e região central da Amazônia.
A partir do Relatório da Quarta Avaliação do IPCC (IPCC 2007), há maior certeza nas projeções dos padrões de aquecimento e de outras características de escala regional, inclusive das mudanças nos padrões do vento, precipitação e alguns aspectos dos eventos extremos e do gelo. A associação entre eventos extremos de tempo e clima observados e as mudanças do clima é recente. As projeções do IPCC (2007) indicam um maior número de dias quentes e ondas de calor em todas as regiões continentais, principalmente em regiões nas quais a umidade do solo vêm diminuindo. Há ainda projeções de aumento da temperatura mínima diária em todas as regiões continentais, principalmente onde houve retração de neve e de gelo. Além disso, dias com geadas e ondas de frio estão se tornando menos freqüentes.
De acordo com o IPCC (2007), o aquecimento global pode levar a mudanças nos padrões de variabilidade de grande escala oceânica e atmosférica. Por exemplo, as projeções de diversos modelos indicam eventos El Niño-Oscilação Sul (Enso) mais intensos e há evidências observacionais que suportam essa projeção (Boer et al., 2004). O Enso está associado com algumas das mais pronunciadas variabilidades interanuais dos padrões climáticos em muitas partes do mundo.
AQUECIMENTO GLOBAL, VARIABILIDADE NATURAL E EL NIÑO
As análises de diversos modelos climáticos globais indicam que com o aumento da temperatura global, devido ao aumento dos gases do efeito estufa, o clima do Pacífico tenderá a ficar parecido com uma situação de El Niño (Knutson and Manabe, 1995; Mitchell et al., 1995; Meehl and Washington, 1996; Timmermann et al., 1999; Boer et al., 2000). Entretanto, as razões para tal semelhança são variadas, e dependem da representação de processos físicos e parametrizações nos modelos (IPCC, 2007).
Para a Amazônia, estudos como Ropelewski and Halpert (1987, 1989), Marengo (1992, 2004), Uvo et al. (1998), Ronchail et al. (2002) e muitos outros identificaram que anomalias negativas de precipitação no centro, norte e leste da Amazônia são em geral associadas com eventos de El Niño-Oscilação Sul (Enso) e anomalias de TSM no Atlântico tropical. Esses estudos ressaltaram que algumas das maiores secas na Amazônia foram devidas a: 1. a ocorrência de intensos eventos de El Niño; 2. forte aquecimento das águas superficiais do Atlântico tropical norte durante o verão-outubro no Hemisfério Norte; ou 3. ambos (Marengo et al., 2007). A variabilidade das anomalias de TSM no Pacífico tropical é responsável por menos de 40% da variabilidade da precipitação na bacia amazônica (Marengo, 1992; Uvo et al., 1998; Marengo et al., 2007), o que sugere que os efeitos de outras fontes de variabilidade, tais como o gradiente meridional de TSM no Atlântico intertropical (que afeta principalmente a região norte e central da Amazônia), ou processos de superfície e grande freqüência de transientes do Atlântico Sul (importante para o sul da Amazônia) podem ser também importantes na variabilidade inter-anual da precipitação na região (Marengo et al., 2003; Ronchail et al., 2002; Marengo et al., 2007).
MUDANÇAS DOS USOS DA TERRA E CLIMA Com respeito às modificações de temperatura para a Amazônia, segundo Nobre (2001), nota-se que a projeção de aumento de temperatura global segue a mesma tendência de aumento de temperatura à superfície devido ao desmatamento. As várias simulações dos efeitos climáticos da substituição da floresta por pastagens na Amazônia (por exemplo: Dickinson e Henderson-Sellers, 1988; Shukla et al., 1990; Lean e Warrilow, 1989; Nobre et al., 1991; Henderson-Sellers et al., 1993; Manzi e Planton, 1996; Hahmann e Dickinson, 1997; Costa e Foley, 2000; Rocha, 2001; Werth e Avissar, 2002; Voldoire e Royer, 2004; Correia, 2005 e Sampaio et al., 2007) e as observações dos projetos Abracos (Gash et al., 1996; Gash and Nobre, 1997) e LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia) indicam que há um aumento da temperatura entre 0,3ºC e 3ºC, redução da evapotranspiração entre 15% e 30% e os estudos numéricos indicam redução da precipitação entre 5% e 20% devido à mudança de vegetação de floresta para pastagem. Este aumento de temperatura é comparável àquele projetado para o cenário B1, mas bem inferior àquele previsto para o cenário A2 para o final do século XXI. Provavelmente os efeitos de aumento de temperatura induzidos pelas mudanças globais e aqueles advindos dos desmatamentos se somariam, aumentando o risco de incêndios florestais porque o secamento da vegetação na estação seca e sua flamabilidade são maiores com temperaturas mais altas. (Nepstad et al., 1999). Adicionalmente, Schneider et al. (2006) encontraram que o desflorestamento da Amazônia levaria a um aumento da variabilidade do Enso e um aquecimento médio anual no Pacífico equatorial leste. Esse aumento da variabilidade do Enso estaria relacionado com um aumento da temperatura da superfície na região desflorestada que levaria a mudanças no padrão de vento próximo à superfície, que se estenderiam até o Pacífico e Atlântico e afetariam o vento superficial sobre o oceano, com anomalias de oeste no Pacífico leste. Em resumo, para a Amazônia os aumentos projetados de temperatura atuariam como feedback positivo e aumentariam a suscetibilidade dos ecossistemas amazônicos às mudanças climáticas globais devido ao aumento do efeito estufa, e regionais devido ao desmatamento.
MUDANÇAS DOS USOS DA TERRA E HIDROLOGIA O efeito do desmatamento e das mudanças climáticas afeta o ciclo hidrológico em todas as escalas de tempo: em escalas de tempo de dias a meses, levam a mudanças na incidência de inundações; em escalas de tempo sazonais a interanual, mudanças nas características da seca é a principal manifestação hidrológica; e em escalas de anos a décadas, as teleconexões nos padrões de circulação global atmosférica, ocasionadas pela interação oceano-atmosfera, afetam a hidrologia de algumas regiões, especialmente nos trópicos, por diferentes eventos, entre eles o El Niño (Nijssen et al., 2001). A mudança climática representa um risco para o ciclo hidrológico na Amazônia, uma vez que o aumento de temperatura provocará uma maior evaporação e maior transpiração das plantas, o que levará a uma aceleração do ciclo hidrológico (Case, 2006). Se, além disso, a precipitação diminuir durante a estação seca, o impacto das mudanças climáticas no regime hidrológico na Amazônia será ainda mais agravado (Nijssen et al., 2001). A intensa seca ocorrida, no sudoeste da Amazônia em 2005, teve fortes impactos na navegação, agricultura, geração de hidroeletricidade, e afetou de forma direta e indireta a população ribeirinha de grande parte da Amazônia (Marengo et al., 2006).
AQUECIMENTO GLOBAL E AMAZÔNIA
Desde a publicação do Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC e particularmente para o Quarto Relatório (IPCC 2007), há uma compreensão cada vez melhor dos padrões projetados de precipitação. É muito provável que ocorra aumento da quantidade de precipitação nas altas latitudes, enquanto que reduções são prováveis na maior parte das regiões continentais subtropicais (em até cerca de 20% no cenário A1B em 2100), continuando os padrões observados nas tendências recentes. Entretanto, há ainda muita incerteza em relação às possíveis mudanças na precipitação pluviométrica em escala regional. De acordo com Li et al. (2006), os modelos climáticos globais do Intergovernmental Panel on Climate Change Fourth Assessment Report (IPPC AR4) prevêem diferentes padrões da precipitação na Amazônia sob a influência do cenário SRES A1B para a mudança climática global. Cinco de onze modelos estudados prevêem um aumento da precipitação anual, três modelos prevêem um decréscimo na precipitação e os outros três não indicam padrão significativo de mudança da precipitação na Amazônia. Incertezas nos padrões previstos de mudanças na TSM no Pacífico e Atlântico tropicais, representação de nuvens e feedbacks da superfície na Amazônia são as principais fontes das incertezas na previsão de mudanças na precipitação da Amazônia. Por outro lado, as projeções do IPCC (2007) indicam que é muito provável que haja um aumento da intensidade da precipitação em diversas regiões, sobretudo na região tropical. Além disso, há projeções de secas generalizadas em regiões continentais durante o verão.
Na Amazônia, a precipitação é sensível às variações sazonal, interanual e decadal da TSM (Fu et al., 2001; Liebmann and Marengo, 2001; Marengo, 2004). O aquecimento do Pacífico tropical leste durante eventos El Niño suprime a precipitação da estação chuvosa através da modificação da circulação de Walker (leste-oeste) e via os extratrópicos no Hemisfério Norte (Nobre and Shukla, 1996). Variações na precipitação da Amazônia são também conhecidas por estarem relacionadas às TSMs no Atlântico tropical (Liebmann and Marengo, 2001). Um aquecimento do Atlântico tropical norte relativo ao sul leva a uma mudança para o norte e oeste da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e subsidência compensatória sobre a Amazônia (Fu et al., 2001). As TSMs no Atlântico também exercem uma grande influência na precipitação da estação seca (julho-outubro) no oeste da Amazônia pelo atraso no início da Monção da América do Sul (Marengo et al., 2001; Harris et al., 2006).
Eventos extremos, como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazônia, num cenário futuro de aumento de CO2 e diminuição de aerossóis, podem se tornar mais freqüentes. É provável que um aumento na temperatura da superfície do mar no Atlântico norte tropical tenha sido a causa da seca de 2005 na Amazônia, já que havia a ausência de episódio El Niño. Isso implicou numa diminuição da intensidade dos ventos alísios de nordeste e do transporte de umidade do Atlântico tropical em direção a região amazônica. Segundo Marengo et al. (2007) as causas da seca ocorrida na Amazônia em 2005 não estão relacionadas ao El Niño, mas a três possíveis fatores: (1) o Atlântico norte tropical anomalamente mais quente do que o normal, (2) a redução na intensidade do transporte de umidade pelos alísios de nordeste em direção ao sul da Amazônia durante o pico da estação de verão, e (3) a diminuição do movimento vertical sobre esta parte da Amazônia, resultando num reduzido desenvolvimento convectivo e reduzida precipitação. Esses três fatores são dinamicamente consistentes na medida que águas mais quentes no oceano Atlântico tropical norte induziriam movimentos ascendentes atmosféricos sobre essa região, com abaixamento da pressão atmosférica, e movimentos descendentes compensatórios sobre a região da seca no oeste-sudoeste da Amazônia, e conseqüente aumento da pressão atmosférica. Esse padrão de anomalias de pressão reduziria a intensidade dos ventos alísios transportando umidade do oceano para a Amazônia.
VARIABILIDADE CLIMÁTICA E INCÊNDIOS FLORESTAIS
Quando a floresta é sujeita a períodos anomalamente secos, aumenta a probabilidade de ocorrência de queimadas que podem destruir centenas de milhares de hectares de floresta e injetar na atmosfera grandes quantidades de fumaça e aerossóis que poluem o ar em extensas áreas, afetando a população e com potencial de afetar o início da estação chuvosa e a quantidade de chuva na região (Andreae et al. 2004). Considerando os cenários de mudança climática do modelo do HadCM3 para o IPCC/AR4, a duração da estação seca poderia aumentar em até dois meses ou mais na maior parte da Amazônia, o que levaria ao aumento da estação seca dos atuais 3-4 meses para 5-6 meses na Amazônia central e oriental. Esse aumento da estação seca implicaria num aumento do risco da ocorrência de queimadas e mudança na climatologia da chuva o que favoreceria a substituição da floresta por savana (Li et al., 2006). Esses impactos ecológicos afetam a possibilidade de manejo sustentável da floresta na região, o que é uma premissa básica para a economia regional (Brown et al., 2006).
O risco dos impactos das mudanças climáticas na Amazônia aumenta ainda mais quando somamos ao aquecimento global as alterações de vegetação resultantes das mudanças dos usos da terra, notadamente os desmatamentos das florestas tropicais e dos cerrados. Um outro fator importante é o fogo, pois a floresta densa amazônica era praticamente impenetrável ao fogo, mas devido à combinação da fragmentação florestal, desmatamentos e aquecimento em razão dos próprios desmatamentos e devido ao aquecimento global, aliada a prática agrícola predominante que utiliza fogo intensamente, esse quadro está rapidamente mudando e a freqüência de incêndios florestais vem crescendo a cada ano. Com isso, é quase certo que acontecerão rearranjos importantes nos ecossistemas e mesmo redistribuição de biomas. A assombrosa velocidade com que tais alterações estão ocorrendo, em comparação àquelas dos processos naturais em ecossistemas, introduz séria ameaça à mega-diversidade de espécies da flora e da fauna dos ecossistemas, em especial da Amazônia, com o provável resultado de sensível empobrecimento biológico (Nobre et al, 2005).
MUDANÇAS CLIMÁTICAS, BIOMAS E BIODIVERSIDADE
Segundo Nobre (2001), para a Amazônia, se houver redução de precipitações induzidas pelas mudanças climáticas globais, estas se somam às reduções previstas como resposta ao desmatamento (Nobre et al., 1991), aumentando sobremaneira a suscetibilidade dos ecossistemas amazônicos ao fogo e causando a redução das espécies menos tolerantes à seca, podendo até induzir uma "savanização" de partes da Amazônia. Para a América do Sul tropical, tomando-se uma média dessas projeções de aumento de temperatura, constata-se a projeção do aumento da área de savanas e uma diminuição da área de caatinga no semi-árido do Nordeste do Brasil. Salazar et al. (2007) calcularam, utilizando cenários climáticos de 15 modelos climáticos globais do IPCC-AR4, as áreas onde o consenso dos modelos (> 11 modelos) indicam mudanças nos biomas na América do Sul tropical nos cenários A2 e B1 de emissões de gases de efeito estufa. Para o período 2020-2029, 3.1% da floresta tropical seria substituída por savana, e para finais do século (2090-2099) a área que será substituída aumenta para 18% no cenário A2. Esta mudança nos biomas, devido ao aquecimento global, ocorre principalmente no sudeste da Amazônia, região esta que coincide com uma zona que teoricamente apresenta dois estados de equilíbrio vegetação-clima: 1. o primeiro que corresponde ao padrão de vegetação atual com a maior parte da Amazônia recoberta por floresta tropical e 2. um segundo estado de equilíbrio, onde a parte leste da Amazônia é substituída por savanas (Oyama e Nobre, 2003). Isso tem repercussões muito importantes, já que a mudança climática pode ser um dois fatores que poderiam levar o sistema de um estado de equilíbrio para outro no leste da Amazônia. Outros estudos também apontam para redução das áreas de floresta (White et al., 1999; Cramer et al., 2001; Scholze et al., 2006; Cook and Vizy, 2007) ou seu completo colapso (Jones et al., 2003; Cox et al., 2004)
Em Scholze et al. (2006), o risco de perda da floresta em algumas partes da Amazônia é de mais de 40% para os cenários que apresentam uma anomalia de temperatura maior que 3ºC. Por outro lado, se houver tendência ao aumento das precipitações, estes atuariam para contrabalançar a redução das chuvas devido ao desmatamento e o resultado final seria mais favorável à manutenção dos ecossistemas e espécies.
Adicionalmente, alguns estudos têm mostrado que o estômato da planta abre menos com altas concentrações de CO2 (Field et al., 1995), o que reduz diretamente o fluxo de umidade da superfície para a atmosfera (Sellers et al., 1996). Isto pode aumentar a temperatura do ar próximo da superfície pelo aumento da razão entre o fluxo de calor sensível e fluxo de calor latente. Numa região como a Amazônia, onde muito da umidade para a precipitação advém da evaporação à superfície, a redução da abertura estomatal pode também contribuir para um decréscimo na precipitação (Betts et al., 2004).
Se grandes áreas da Amazônia forem substituídas por savana, a aridez poderá aumentar já que a vegetação adaptada ao fogo tem uma menor transpiração. Em Scholze et al. (2006) conclui-se que é provável uma maior freqüência de fogo (risco > 60% para temperatura > 3ºC) em muitas zonas da América do Sul. Em Hutyra et al. (2005) é mostrado que as florestas presentes em áreas com alta freqüência de secas (> 45% de probabilidade de seca) podem mudar para savana, se a aridez aumentar como previsto pelos cenários de mudança climática (Cox et al., 2004; Friedlingstein et al., 2003). Portanto cerca de 600.000 km2 de floresta estarão em potencial risco de desaparecer (> 11% da área total vegetada).
A floresta amazônica contém uma grande parte da biodiversidade do mundo, pois mais de 12% de todas as plantas com flores são encontradas na Amazônia (Gentry, 1982). Sendo assim, ameaças à existência da floresta amazônica indicam sérias ameaças à biodiversidade. Entretanto, existem poucos estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas na distribuição de espécies. Em nível global, Thomas et al. (2004) avaliaram o risco de extinção de espécies para áreas que cobrem cerca de 20% da superfície terrestre, e encontraram que entre 15% e 37% das espécies estariam comprometidas com risco de extinção até o ano de 2050. Em nível regional, as simulações de Miles et al. (2004), baseando-se nos cenários futuros do HADCM2Gsa1 (que assume um aumento anual de 1% na concentração de CO2), mostraram que 43% do conjunto de espécies arbóreas analisadas na Amazônia seriam não-viáveis para o ano de 2095. Para que as espécies afetadas possam atingir novas zonas bioclimáticas, a dispersão e migração deverão ser feitas em centenas de quilômetros (Hare, 2003). Muitos desses experimentos de modelagem não têm considerado as influências não-climáticas como as mudanças do uso da terra, o desmatamento, a disponibilidade de água, as pestes e doenças, queimadas, e todas as outras que possam limitar a migração e dispersão de espécies (Case, 2006). No trabalho de Sala et al. (2000), estudou-se a mudança na biodiversidade para o ano 2100, considerando alguns desses aspectos e identificou-se que, para os biomas tropicais, os principais agentes que afetam a biodiversidade são o uso da terra e as mudanças climáticas.
CONCLUSÃO A Amazônia vem sendo submetida a pressões ambientais de origem antrópica crescentes nas últimas décadas, tanto pressões diretas advindas dos desmatamentos e dos incêndios florestais, como pressões resultantes do aquecimento global. A estabilidade climática, ecológica e ambiental das florestas tropicais amazônicas está ameaçada por essas crescentes perturbações, que, ao que tudo indica, poderão tornar-se ainda maiores no futuro. A ciência ainda não consegue precisar quão próximos estamos de um possível ponto de ruptura do equilíbrio dos ecossistemas e mesmo de grande parte do bioma Amazônico, mas o princípio da precaução nos aconselha a levar em consideração que tal ponto de ruptura pode não estar distante no futuro. Um colapso de partes da floresta tropical trará conseqüências adversas permanentes para o planeta Terra.

Carlos A.Nobre, Gilvan Sampaio, Luis Salazar são pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
NOBRE, Carlos A; SAMPAIO, Gilvan; SALAZAR, Luis. Mudanças climáticas e Amazônia. Cienc. Cult. , São Paulo, v. 59, n. 3, 2007 . Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252007000300012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 Oct 2008.

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Nova GEOPOLÍTICA da FOME


LA NUEVA GEOPOLÍTICA DEL HAMBRE
Por João Pedro Stedile (*)
SAN PABLO, Nov (IPS) En los años 60 unos 80 millones de personas sufrían hambre en el mundo. Estaba en auge el capitalismo industrial y las empresas transnacionales se expandían por todo el planeta para dominar los mercados y explotar la mano de obra barata y los recursos naturales de los países periféricos.
En ese contexto fue lanzada la Revolución Verde, que prometía acabar con el hambre. Su mentor, Norman Borlaug, recibió el Premio Nobel por la Paz en 1970.El verdadero objetivo era introducir una nueva matriz productiva en la agricultura en base al uso intensivo de insumos industriales. La productividad por hectárea aumentó y la producción mundial se cuadruplicó.Pero los hambrientos se decuplicaron, pasaron de 80 a 800 millones.
Hoy en día 70 países dependen de las importaciones para alimentar a sus
pueblos. Esto demuestra que el nuevo modelo de agricultura sirvió para concentrar la producción y el comercio agrícola mundial de alimentos en no más de treinta transnacionales: Bunge, Cargill, ADM, Dreyfuss, Monsanto, Syngenta, Bayer, Basf, Nestlé, etcétera.

Una mala noticia reciente nos dice que según las estimaciones las reservas de petróleo, fuente de energía dominante en el mundo contemporáneo,no durarán más de 30años.Otra evaluación inquietante nos advierte que avanza peligrosamente el calentamiento global.
Ante esta perspectiva se ha formado una alianza diabólica entre las empresas petroleras, automobilísticas y agroindustriales para la producción en gran escala de agrocombustibles (que engañosamente llaman biocombustibles)como el etanol en países con abundancia de tierra, sol,agua y mano de obra barata.
En los últimos cinco años, millones de hectáreas antes dedicadas a la alimentación y controladas por campesinos fueron captadas por grandes empresas y utilizadas para implantar monocultivos de caña, soja,.maíz,palma africana o girasol destinados a producir etanol o aceites vegetales.
Se está repitiendo la manipulación de la Revolución Verde. En este caso,como el precio del etanol está vinculado al precio del petróleo, la tasa medio de lucro de la agricultura sube de nivel y hace subir los precios alimenticios.

Empero, los agrocombustibles no resolverán el dilema de la energía ni el del calentamiento global. Los científicos nos advierten que para sustituir solamente el 20% de todo el petróleo que el mundo consume actualmente tendríamos que utilizar todas las tierras fértiles del planeta.
Ya estábamos viviendo una situación anómala en la producción y en los precios de los alimentos, cuando sobrevino la crisis del capital financiero.
Muchos detentores de voluminosas sumas de capital financiero, sea en forma
de dinero o de capital ficticio (títulos del Tesoro, obligaciones,hipotecas), temerosos de afrontar pérdidas, corrieron a invertir en las bolsas de mercancías a futuro y a comprar bienes naturales -tierra,energía,agua- en los países periféricos. Como consecuencia de esos movimientos de capitales las cotizaciones de los productos agrícolas en todo el mundo ya no están relacionadas con los costos de producción y ni siquiera con los volúmenes de la oferta y la demanda. Ahora oscilan rápidamente al ritmo de las especulaciones bursátiles y del control oligopólico que ejercen las empresas transnacionales.sobre el mercado internacional de alimentos. Es decir, que la humanidad está en manos de un puñado de transnacionales y grandes especuladores.
Resultado: según la FAO los hambrientos aumentaron nuevamente, en solo los dos últimos años,de 800 a 925 millones.Y millones de campesinos en Asia, Latinoamérica y Africa están perdiendo sus tierras y emigrando.
Ante esta nueva situación, la Vía Campesina, que reúne a decenas de
organizaciones de campesinos de todo el mundo, postula una transformación
radical en el sistema de la producción y del comercio de los alimentos.
Defendemos el principio de la soberanía alimentaria: que en cada región y en cada país, los gobiernos apliquen políticas públicas que estimulen y garanticen la producción y el acceso a todos los alimentos necesarios para sus respectivas poblaciones.
No existe región alguna en el mundo que no tenga la capacidad potencial de
producir su propia alimentación. Como explicó en los años cincuenta Josué de Castro,el autor de "Geopolítica del Hambre",el hambre y la falta de alimentos no provienen de una condición geográfica o climática, sinoque son las resultantes de relaciones sociales de producción.
Afirmamos que la humanidad debe considerar a la alimentación como un derecho natural de todo ser humano. Esto implica que los productos agrícolas no deben ser tratados como una mercadería cuya finalidad es el lucro empresarial, y que se debe estimular y fortalecer a los pequeños agricultores,ya que esta es la única política que puede mantener a la población en las zonas rurales. Y desde luego, con la meta de obtener alimentos sanos y seguros,excluimos el
empleo de agrotóxicos.
Hasta ahora, los gobernantes han hecho oídos sordos a nuestros reclamos. Pero, a menos que se adopten cambios radicales, las contradicciones y los problemas sociales se agravarán y tarde o temprano estallarán.
(FIN/COPYRIGHT IPS)
(*) João Pedro Stedile, miembro del Movimiento de Campesinos Sin Tierra
(MST) de Brasil y de Vía Campesina Internacional.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ismar Soares e a educomunicação nas corporações


Por Ademir Veroneze
A distância entre a prática em sala de aula e os meios de comunicação intrigou o jornalista e pesquisador Ismar Soares, professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Foi por conta disso que começou a estudar o conceito de educomunicação.Em entrevista ao Nós da Comunicação, Ismar explica como o método pode auxiliar na criação de culturas inovadoras, até mesmo dentro das empresas, com participação de todos os envolvidos no fluxo da informação.
Confira abaixo os principais trechos da conversa com o professor.
Nós da Comunicação – A educomunicação pode ser aplicada nas empresas?
Ismar Soares – As empresas têm entrado no mundo da educação por meio da educação corporativa – que esteve muito próxima da área de RH –, com cursos de formação continuada ou, às vezes, de formação específica, em função de determinada necessidade de capacitação dos funcionários. Em geral, as empresas optam por um tipo de comunicação tradicional, que é a instrução: o educador é chamado de instrutor e a empresa adota a perspectiva parecida com a estrutura bancária, isto é, a de transferir conhecimentos para que o aluno, no caso, um funcionário, vá se adequando cada vez mais ao perfil que a empresa necessita.
A educomunicação não tem muito a ver com essa perspectiva tradicional porque parte do princípio que o aprendiz é um criador, um inovador, e pode colaborar no processo educativo. Ela não é realizada plenamente devido à existência de hierarquia e expectativa estabelecidas pelas empresas com relação ao comportamento dos funcionários. O que se pode dizer é que há procedimentos que se aproximam do campo educomunicativo. Já é uma prática corrente entre as empresas realizar ou patrocinar algum trabalho educomunicativo nas comunidades. Então, há dois extremos relacionados às empresas. Internamente, existe a comunicação tradicional, ainda que usando instrumentos inovadores. Por outro lado, pode-se encontrar nelas apoio a projetos educomunicativos que atuam com o público externo.
Defendo a hipótese de que as empresas repensem seus processos educativos, e que por meio do uso de instrumentos inovadores, como a internet, também se aproximem das práticas educomunicativas. É uma negociação que pode ser feita na medida em que a empresa esteja aberta para um diálogo cultural, permitindo que os funcionários escolham metodologias de trabalho e tenham espaço para expressões culturais.
Nós da Comunicação – Qual a expectativa que, geralmente, as empresas têm de seus processos de comunicação?
I. S. – As empresas, em geral, têm uma expectativa com relação à comunicação instaurada há muitos anos, desde a criação da área de relações públicas, em que se estabelecem padrões bastante rígidos nas formas de comportamento dos empregados. E, quando se faz uma investigação, são esses os parâmetros que acabam orientando os pesquisadores. Na perspectiva educomunicativa, para saber, por exemplo, o grau de satisfação dos empregados numa empresa, a pesquisa vai por uma direção mais aprofundada, de caráter antropológico. Procura descobrir qual é a cultura do trabalhador, qual a classe social dele, quais costumes sua família tem, qual o tipo de expressão cultural é próprio de sua família e o que consomem com relação à mídia, entre outros fatores. Nesse caso, a educomunicação busca os elementos culturais que compõem aquele ecossistema comunicativo que envolve o funcionário com a empresa. Também investiga a cultura da empresa. Quais tipos de cultura os fundadores da empresa têm? Quais objetivos eles colocam? Daí, tenta identificar o que estaria unindo o grupo chamado capital e o grupo de trabalho. Quais sonhos e desejos? Quais elementos culturais estariam linkando esses dois elementos que compõem a sociedade empresarial? É com base no chamado elemento de mediação cultural estabelecido entre as pessoas que especialistas em gestão da comunicação estariam propondo projetos. O avanço pode ser propiciado com a contribuição para esse universo na área da pesquisa. Mas é necessário um processo de construção para cada empresa, porque não existe receita pronta para todas.
Nós da Comunicação – Quais iniciativas significativas estão sendo realizadas atualmente?
I. S. – Estão sendo realizadas atividades significativas à medida que o setor empresarial está descobrindo a ação de organizações sociais voltadas para o campo da educação pela comunicação. Algumas ONGs, como a Cidade Escola Aprendiz, em São Paulo, e a Cipó, na Bahia, têm o apoio de empresas cujos especialistas e líderes trabalham com o conceito de gestão participativa e, olhando para sociedade, identificam a melhor forma de encarar o problema da educação não-formal. As empresas têm cumprido um papel substancial porque essas organizações não vingariam caso não contassem com o apoio delas. Nesse sentido, também é importante a criação de redes que unem educomunicadores, como a Rebea (Rede Brasileira de Educação Ambiental), a CEP (Comunicação, Educação e Participação) e a GIP (Gerência de Informática Pedagógica) da Fundação para o Desenvolvimento da Educação. A discussão em torno do modo mais adequado de apoiar programas com caráter educomunicativo evolui com muita rapidez no âmbito das empresas.
Nós da Comunicação – Podem ser consideradas iniciativas de educomunicação blogs, rádios e tvs corporativas, em que os empregados aprendem a produzir conhecimento e a transmiti-lo de várias maneiras?
I. S. – Existem dois pontos de vista a respeito dessa questão. O primeiro é deixar o funcionário descontraído para que produza mais. É criado, então, um ambiente mais adequado para que o funcionário se manifeste em termos culturais dentro dos próprios parâmetros preestabelecidos pela empresa. Por outro lado, isso tem sido usado como marketing social. A educomunicação pressupõe, como princípio ético, a possibilidade de os funcionários poderem, até mesmo, identificar problemas na empresa e manifestar suas opiniões com liberdade de expressão. Se as ações que forem realizadas estiverem contemplando essa possibilidade de realização humana, estarão caminhando em direção à educomunicação.
Nós da Comunicação – De que forma a educomunicação pode contribuir para uma cultura inovadora?
I. S. – Essa pergunta sobre comunicação tem de ser precedida de que tipo de comunicação está se falando. Se for sobre a tradicional, trata-se de uma comunicação hierarquizada. Quando se fala de educomunicação, refere-se a uma comunicação com coeficiente ideológico e cultural mais acentuado.
Vivemos hoje na era da informação, da internet, e precisamos rever os métodos que calcam a renovação pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Antes disso, porém, teríamos que repensar as relações sociais, que certamente serão enriquecidas pelo uso dessas tecnologias, ampliando o que chamamos de coeficiente comunicativo. Se a tecnologia melhorar o coeficiente comunicativo do professor, do aluno em sala de aula, do empresário e do trabalhador em uma empresa, está se produzindo uma nova sociedade, com mais plenitude de vida. O que nós não precisamos, hoje, é de reproduzir a atual sociedade com ferramentas novas.
A inovação está no reconhecimento de uma comunidade dialogante, proposta criada nos anos 30 e reforçada por Paulo Freire, que fala da educação popular como participativa. Pensamos também em pessoas como o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que introduziu a internet no meio popular no Brasil. Então, a inovação vem da discussão das relações comunicativas, por exemplo, se é possível para a comunicação empresarial prever o uso ou as práticas educomunicativas. A educomunicação contribui para uma cultura inovadora na medida em que coloca um problema para o sistema educacional, o da relação aluno/professor ou da escola/comunidade. A primeira questão que se impõe é se o aluno é considerado fator de cultura e tem condições de se expressar efetivamente por meio do uso das linguagens oral e tecnológica. Em segundo lugar, vem a consideração da gestão democrática da comunicação na escola.

SAIBA MAIS:
Educomunicação ou comunicação educativa?
Uma diferença de pontos de partida faz com que essas expressões não sejam sinônimas. A comunicação educativa parte do caso em que os meios de comunicação podem dar suporte ao processo educativo, fornecendo conteúdos didáticos, por exemplo, ao ilustrar um tema utilizando um documentário. De forma um pouco mais abrangente, poderia também envolver os procedimentos aplicados em sala de aula que contribuam para a construção da imagem de 'bom professor', ou seja, um professor comunicativo.
Já a educomunicação, concebe a aprendizagem como fenômeno que envolve a interação de uma comunidade composta por aluno, professor, família e mídia. Reconhece um sujeito midiático que, além de receptor de mídia, é também produtor de conhecimento e de informação ao criar seu blog, ao fazer um programa de rádio, ao escrever o próprio jornal e ao elaborar poesia, música e peças de teatro.strong>
A educomunicação é um conceito recente no meio acadêmico. Foi usado, ocasionalmente, nos anos 80 pela Unesco com o objetivo de designar a atividade de educação para uma recepção crítica das mensagens midiáticas. O Núcleo de Comunicação e Educação da USP passou a usá-lo, a partir de 1999, para designar um conjunto de atividades voltadas para a construção de ecossistemas comunicativos abertos, criativos e democráticos em espaços educativos, sejam formais ou não-formais, seja no âmbito das escolas, dos centros culturais ou mesmo das empresas. A educomunicação exige um profissional com sólidos conhecimentos na área de educação, assim como na de gestão de processos comunicacionais

RIO GUANDÚ-MEGA-DEPÓSITO DE LIXO QUÍMICO E INDUSTRIAL EM PARACAMBI 2a parte


Como em Cubatão-SP no Rio de Janeiro repete-se a ameaça
foto do Boletim do Sindicato do Químicos de Campinas e Região - SP

JUSTIÇA CANCELA AUDIÊNCIA PÚBLICA QUE PRETENDIA AUTORIZAR A CONSTRUÇÃO DE MEGA-DEPÓSITO DE LIXO QUÍMICO E INDUSTRIAL EM PARACAMBI QUE COLOCARIA EM RISCO O RIO GUANDU QUE ABASTECE 8 MILHÕES DE PESSOAS NO GRANDE RIO
Hoje à noite (dia 30/10) a Juiza de Paracambi, Dra. Luciana Fiala de Siqueira Carvalho,deferiu favoravelmente 2 Ações Populares Ambientais impetradas pelo ecologista Sérgio Ricardo e pela ONG Quinto Elemento e cancelou a Audiência Pública convocada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, FEEMA e CECA para licenciar a implantação de mega-depósito de lixo químico e industrial de propriedade da empresa Essencis a ser instalado no Município de Paracambi, na bacia hidrográfica do Rio Guandu, colocando em risco e vulnerável o abastecimento de 8 milhões de pessoas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e na Capital (Rio de Janeiro). A Juiza concluiu que o processo de licenciamento ambiental da Essencis não salvaguardava os interesses da sociedade e que houve pouca publicidade na divulgação dos estudos técnicos do projeto, o que limitava a participação da comunidade na audiência. Também avaliou que não houve prévia consulta ao Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Guandu e nem ao Conselho Gestor da APA do Guandu,que são órgãos de gestão colegiada; e que também não foram realizados o estudo de Sinergia previsto na lei estadual No. 3111, que são obrigatórios antes da concessão da licença.Em sua decisão que suspendeu a audiência prevista para hoje, as 19hs, no Cine Imperial de Paracambi, a Juiza afirma ainda que o empreendimento industrial por seu potencial poluidor afetará a saúde e colocará em risco o abastecimento de água para grande parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A liminar obriga ainda o governo do estado e a empresa a realizarem audiências públicas, tantas quantas forem necessárias, nos diversos municípios da bacia drenante do Rio Guandu: Rio, Nova Iguaçu, Seropédica, Paracambi, Queimados, Japeri, Paulo de Frontin, Miguel Pereira, Mendes etc.
A mega-lixeira industrial (aterro), com investimento projetado de R$ 18 milhões,
está projetada em plena área de influência da APA-Área de Proteção Ambiental do RIO GUANDU, e tem capacidade de disposição de 2 milhões de m3 de resíduos, com disposição anual de 10 mil toneladas/ano. Uma multidão de moradores estava presente hoje no cinema da cidade, a maioria se manifestando contra a construção do depósito de lixo perigoso na cidade. Os autores das ações judiciais alegam que é ilegal e inapropriado tecnicamente a instalação numa área de manancial e APA de uma central de tratamento de RESÍDUOS INDUSTRIAIS CLASSE I PERIGOSOS, compreendendo ainda unidade de blendagem de resíduos para destinação em co-processamento, aterro industrial classes IIa e IIb, unidade de tratamento de efluentes líquidos, unidade de biopilha e galpão de estocagem de resíduos industriais. O município de Paracambi tem população de aproximadamente 40 mil habitantes e encontra-se em uma área de várzea incrustada na Serra do Mar, contribuindo em sua rede de drenagem com o Rio dos Macacos um dos mais importantes rios tributários do Ribeirão das Lages, que vem a ser o principal rio tributário da Bacia do Rio Guandu, responsável pelo abastecimento de 8 milhões de habitantes da região metropolitana do Rio de Janeiro. Além disso, o município de Paracambi está inserido na área de abrangência da APA-Área de Proteção Ambiental do Rio Guandu, no limite das regiões da Baixada Fluminense com a Região do Centro Sul Fluminense. Paracambi mantêm grande parte de seu território com vocação Rural e principalmente com áreas de grande importância para o Ecoturismo Regional, principalmente no que tange ao desenvolvimento de atividades de esporte de aventura.
Próximo à área do Parque Industrial de Paracambi, no Município de Seropédica,
encontra-se a Unidade de Conservação FLORESTA NACIONAL MÁRIO XAVIER, na antiga
estrada RIO/SÃO PAULO - Km 51- SEROPÉDICA-R.
De acordo com o ecologista Sérgio Ricardo, fundador e ex-membro do Comitê de
Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, "há risco real ao abastecimento público da
Região Metropolitana e da Capital (Rio de Janeiro) com a possível instalação
de um mega depósito de lixo químico nas proximidades do Rio Guandu.
Caso ocorra algum acidente os impactos seriam irreversíveis, com ameaças ao abastecimento de água potável e, portanto, à vida de milhões de pessoas. É uma irresponsabilidade os órgãos ambientais do estado (FEEMA, CECA e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente) sequer cogitarem a hipótese de autorizar a construção desta poluidora lixeira industrial numa região considerada Área de Proteção Ambiental (APA do RIO GUANDU) e em área de manancial. A cidade de Paracambi não tem parque industrial significativo, pelo contrário é uma região de perfil essencialmente rural. Por isso, considero esta escolha locacional equivocada é um ato de Racismo Ambiental já que os governantes e uma grande empresa poluidora escolheram sem critérios técnicos transparentes e democráticos este município para ser transformado na lixeira industrial da Região Metropolitana. O projeto da Essencis também prevê que Paracambi receberá lixo industrial das zonas industriais da cidade do Rio de Janeiro, da Baixada Fluminense, do Médio Paraíba (RJ), do Vale do Paraíba paulista, da Região Metropolitana de SP e da Grande Belo Horizonte, sendo que estas regiões brasileiras correspondem a cerca de 60% do volume de geração de resíduos tóxicos no país! Isso vai condenar esta cidade a ser vista eternamente como um grande cemitério de lixo químico, altamente perigoso e danoso à saúde pública. Paracambi
não pode ser transformada na lixeira industrial da Região Metropolitana, não queremos uma nova de Cubatão em nosso estado!", alerta. Já o Prof. Felipe da Costa Brasil, Agrônomo e Coordenador de cursos na área ambiental em Vassouras, destaca "a vulnerabilidade ambiental da região em especial dos corpos hídricos, como os rios do Macaco e o guandu, bem como o Sistema Ribeirão das Lages. A vocação das cidades da região é para o Ecoturismo, o turismo rural, a agricultura agrecológica e a produção de alimentos para os centros urbanos. É um grande equívoco instalar um grande depósito de lixo químico numa cidade que nunca teve característica de área industrial. Há graves riscos à saúde e aos corpos hídricos, afirma.
EMPREENDIMENTO TEM HISTÓRICO DE ILEGALIDADES:
A Resolução CONAMA 01/86 determina que qualquer licenciamento de IMPACTO REGIONAL
que exija EIA/RIMA deverá ser amplamente debatido com a população das áreas de influência direta e indireta do empreendimento, quantas vezes for necessário.
Só após o convencimento da sociedade é que o órgão ambiental poderá autorizar a liberação da LP. O que ocorre, é que existem algumas questões importantes que devem ser esclarecidas e questionadas sobre este pedido de Licença, como por exemplo,
a grande insistência dos gestores públicos municipais em aparelhar o
município de Paracambi com empresas de natureza suja e poluidora há mais de
5 anos. Inclusive tendo revogada pela maioria dos vereadores, sem ouvir a população,
uma Lei municipal que até os 2 últimos anos não permitia a entrada deste tipo
de empreendimento no município. Lei esta que foi referência Nacional para
outros municípios ameaçados por depósitos de lixo químico e industrial. Sabe-se
que existe uma histórica luta no Brasil entre os moradores de Curitiba e Magé contra esta mesma empresa, e que a mesma já tentou por inúmeras vezes se instalar em Seropédica e Paracambi, não obtendo êxito, sendo amplamente combatida por representações importantes da Sociedade Civil organizada. Até hoje não foi aprovado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente o Plano de Manejo desta APA, que com certeza não irá permitir este tipo de empreendimento:o Conselho Gestor da APA, que a exemplo de outros similares deveria ter a participação dos moradores e movimentos sociais, nunca saiu do papel!.
A Audiência Pública está causou um grande transtorno na cidade, com um grande
clamor público contrário ao Licenciamento no Município, uma vez que os impactos
positivos propostos estão baseados em promessas de empregos (o que sabemos
não ser o ideal, uma vez que a mão-de-obra absorvida de Paracambi seria
irrisória) e o recebimento de parte do Lixo da cidade por um período de 4 anos,
o que é um absurdo! O Aterro Sanitário prometido desde 2003, e o encerramento
do LIXÂO da Cidade, que dobrou de volume nos últimos 5 anos não foram
realizadas pela Prefeitura. A população está revoltada porque a menos de 2 anos, estiveram todos reunidos em uma Audiência Pública para o licenciamento do Aterro Sanitário de Paracambi (Que tem a LP concedida pela CECA/FEEMA), onde foram prometidos mundos e fundos, e nada saiu do papel. Sabe-se inclusive que foi ventilada
a vinda de um aterro coletivo (4 municípios) para a cidade. Também há dois anos o Deputado Dionísio Lins - PP, solicitou uma Audiência Pública ao Deputado André do PV (Presidente da Comissão de Meio Ambiente da ALERJ),para discutir a intenção daempresa Essencis em se instalar em Paracambi.Na audiência pública, ficou constatada a indignação de vários moradores,técnicos e ecologistas e por diferentes autoridades do setor ambiental sobre a escolha da empresa por Paracambi. O deputado André do PV, inclusive se comprometeu a realizar uma vistoria na sede da empresa em Magé, e uma Audiência Pública em Magé e outra em Paracambi, que não foram realizadas. Desta maneira,os trabalhos da Comissão de Defesa do Meio Ambiente ainda não foram concluídos,o que poderá ser visto na ATA da Audiência pública publicada nos
ANAIS da ALERJ.
VAMOS NOS MOBILIZAR PARA IMPEDIR MAIS ESTE CRIME ECOLÓGICO E CONTRA A SAÚDE
PÚBLICA!
Maiores informações:
Ambientalista Sérgio Ricardo - Tel. (21) 9734-8088
Prof. Felipe Brasil - Tel. (21) 9359-0051

Leiam a ATA da Audiência que ocorreu após a da Essencis, onde o Dr. Walter Plácido,
uma das maiores autoridades em Resíduos do País, afirma que o Aterro
de Paracambi Esseencis, será Classe I (Perigoso).

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/compcom.nsf/e36c0566701326d503256810007413ca/b15689903432084e832574210055d0d3?OpenDocument
Nos próximos dias vamos ter mais uma audiência sobre a implantação de
insdústria de disposição final de lixo tóxico em Paracambi. Apenas para
contribuir com a questão da vinda da ESSENCIS para nossa cidade, resolvi
fazer uma busca no "google". Quem tiver a curiosidade, dá uma lida nos
"links" abaixo para saber o que nosso Prefeito e nossos vereadores estão
querendo trazer de presente de final de mandato para Paracambi.

[Educação ambiental] Denuncia: Moradores de Magé -
http://www.mail-archive.com/ambiental@grupos.com.br/msg01433.html

IAP multa Essencis em R$ 20 mil -
http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/98574/

Audiência Pública na Alerj sobre a Essencis -
http://www.andredopv.com.br/detalheNoticia.php?id=146

'Cheiro do lixo' do aterro sanitário da Essencis em Caieiras tem medidor na internet -
http://www.mafiadolixo.com.br/default.asp?SECAO=26
http://www.mafiadolixo.com.br/default.asp?SECAO=26&SUBSECAO=0&EDITORIA=3942&SUBSECAO=0&EDITORIA=3942

Caieiras Receberá Mais Lixo? -
http://www.caieiraspress.com.br/historia.php?acao=verMateria

&id=807
Lixão da cavo: Terra do Rio Tietê vem para Caieiras -
http://www.caieiraspress.com.br/historia.php?acao=verMateria
http://www.caieiraspress.com.br/historia.php?acao=verMateria&id=673&id=673

perigosos da empresa ESSENCIS, na cidade de Curitiba, Paraná. .....
"molécula da morte -
http://www.acpo.org.br/biblioteca/08_residuos/residuos_sp_sc.pdf