IMPOSTOS EM SÃO PAULO

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

PARQUE ESTADUAL DO RIO DOCE- sítio Ramsar desde 2010


O Parque Estadual do Rio Doce está localizado no sudoeste de Minas Gerais, a 248 km de Belo Horizonte, numa área metropolitana do Vale do Aço composta pelos municípios de Timóteo, Marliéria e Dionísio. Até antes da colonização portuguesa, a região era habitada pelos indígenas Botocudos. No início da década de 1930, o então arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira, durante viagem a Marliéria, conheceu a beleza das florestas e lagoas da região, pelas quais decidiu empenhar-se em preservar, começando pela criação de uma reserva florestal, o que conseguiu fazer em 14 de julho de 1944.Durante muito tempo, a administração do Parque ficou a cargo da Secretaria de Estado da Agricultura de Minas Gerais. Em 1962, foi criado o Instituto Estadual de Florestas (IEF), que passou a geri-lo, logo abrindo-o ao turismo. Alguns anos depois, durante a época da seca, uma fogueira deixada por um turista provocou um incêndio que se alastrou por cerca de 9 mil hectares de florestas, causando 11 mortes. Após sete anos de reformas, o parque foi reaberto para visitação, mas até hoje a parte afetada pelo incêndio encontra-se em regeneração.
Mariana

Vegetação, fauna e flora

Com área total de 35.976 hectares, e a 300 m de altitude, é a maior área contínua de Mata Atlântica preservada em Minas Gerais, formando com o Pantanal Matogrossense e o sistema Amazônico os três maiores sistemas de lagos do País. O Parque Estadual recebe a denominação de depressão interplanáltica do Rio Doce, e é constituído por cerca de 42 lagoas, sendo a maior destas, com 6,7 Km² e 32 m de profundidade, a Lagoa Dom Helvécio, mais conhecida como Lagoa do Bispo, em homenagem ao idealizador do Parque. A vegetação é marcada por árvores raras e centenárias, tais como a garapa, o vinhático, a sapucaia, a canela sassafrás, o jacarandá-da-baía e o jequitibá, este podendo viver até mil anos. Também há, listadas, 1129 espécies vegetais, além de 10 mil espécies compondo a flora local, estabelecendo uma significativa e incomum diversidade a essa área úmida. Quanto à fauna, o parque abriga um total de 1.383 espécies de mamíferos, anfíbios e aves. Dentre tantos outros, há o macaco-prego, a anta, capivara, paca, sauá, cotia e o jacaré-de-papo-amarelo, além de espécies ameaçadas de extinção, como o macuco, a onça pintada e o mono-carvoeiro, maior macaco dos continentes americanos. Dentre os peixes, grandes populações de cumbaca, piabinha, traíra, lambari, bagre, manjuba, cará, piranha e tucunaré, e, da avifauna, destaque para o beija-flor, jacu-açu, anumará, besourinho, chauá e saíra.
Objetivos Assim como as demais unidades de conservação, o Parque Estadual do Rio Doce tem como objetivos prioritários de manejo a preservação, o desenvolvimento de pesquisas científicas, a recreação e educação ambiental. No que se refere à preservação ambiental, no caso do PERD, a prioridade é a parte local da Mata Atlântica e suas espécies – apenas por um exemplo, o parque mantém um viveiro com produção anual de até 500 mil mudas, inclusive de plantas medicinais.
Sítios Ramsar O Parque Estadual do Rio Doce tornou-se Sítio Ramsar em fevereiro de 2010, correspondendo à diretriz do governo brasileiro, cumprida desde sua adesão à Convenção de Ramsar, de indicar para a Lista deste tratado internacional somente Áreas Úmidas que sejam unidades de conservação, assim favorecendo a adoção de medidas necessárias à implementação dos compromissos assumidos pelo País perante a Convenção. Além do Parque Estadual do Rio Doce, o Brasil tem outras 11 Áreas Úmidas na Lista de Ramsar.
Fonte:
Ministério do Meio ambiente


RIO DOCE "VIRA ESTRADA DE TERRA" Linhares e Colatina no ES

RIO DOCE entre Linhares e Colatina

Chuva que começou a cair no estado não é suficiente para reverter seca.
Outros rios do Espírito Santo também estão com níveis abaixo do normal.
A chuva que começou a cair nesta quinta-feira (5) e a previsão para os próximos dias não são suficientes para reduzir os efeitos da seca no Espírito Santo, segundo apontaram especialistas. Os rios que abastecem o estado estão com os níveis abaixo do normal, o que levou o governo a declarar a existência de "cenário de alerta". O maior do estado, o Rio Doce, também vêm sofrendo com a estiagem. No trecho entre Colatina e Linhares, a água deu lugar a longas faixas de areia. Especialistas apontam que o déficit de chuva de 2014, acumulado com o do início deste ano, não terá como ser compensado de forma tão rápida. A tendência é que a crise seja uma realidade para todo o ano de 2015. No ano de 2014 a média do déficit de chuvas foi de 400 milímetros. Choveu cerca de 67% do esperado. Em alguns pontos do estado, como a Região Metropolitana, esse total chegou a 600 milímetros. Este ano, em janeiro, na maior parte do Espírito Santo choveu cerca de 30 milímetros. O esperado para o período era de 200 milímetros. O meteorologista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo Ramos, explicou que esse período é a reta final do período chuvoso. O mês de fevereiro é o que tradicionalmente menos chove. “Teríamos que ter um novo ciclo de chuva, completo, para resolver o problema”, disse. A situação se agrava porque a falta de chuva não permitiu uma boa reserva de água no solo. É ela que dá sustentação aos rios e é de onde as plantas tiram a água de que necessitam. “Uma infiltração de água que depende muito do tipo de solo, de chuva, da inclinação do terreno e até da cobertura vegetal”, afirmou Aureliano Nogueira, engenheiro agrônomo e doutor em solo e nutrição de plantas. Segundo o engenheiro, cerca de 60% a 65% do que chove é armazenado no solo, no lençol freático. Mas para isso, é preciso que não haja chuva com intensidade, para permitir que o solo a absorva. “O déficit hídrico do solo vem se agravando e não teremos como repor”, completou.
*Com colaboração de Vilmara Fernandes, de A Gazeta.


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

NOSSAS ÁGUAS SERÃO PRIVATIZADAS.... ???? OU JÁ ESTÃO

ARGENTINA: PRESIDENTE MACRI ENTREGA AOS ESTADOS UNIDOS A TERCEIRA MAIOR RESERVA DE ÁGUA DOCE DO MUNDO.
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O presidente argentino concorda com presidente dos EUA para instalar bases sobre o Aquífero subterrâneo Guaraní. 
   Em maio passado, o governo argentino disse que os EUA vão instalar duas bases militares em áreas estratégicas e importantes do país: uma no norte do país, na Tríplice Fronteira, e a outra no sul da província de Tierra del Fuego.
A este respeito, a deputada ressaltou que a política de Mauricio Macri é “Colocar-se em uma subordinação constante e absoluta ao governo dos EUA, estão tomando medidas visando negócios e não políticas para favorecer o povo argentino”.
Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com 
Fontes: Ultimas Noticias La Radio del Sur                                 https://youtu.be/bcgmaWPeg9I  




Ótima explanação feita pelo correspondente internacional Pepe Escobar, em entrevista ao canal de mídia alternativo francês “Le Cercle des Volontaires”, sobre a queda da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o que está por trás do GOLPE e da LAVA JATO (que é o instrumento dos EUA para alçar o GOLPE) é o desejo norte-americano de tomar as riquezas do pré-sal e que tudo começou com os grampos da NSA contra A Representante Nacional para o Projeto Sul na Argentina, Alcira Argumedo, informou que a instalação de duas bases militares norte-americanas no país responde a uma estratégia militar do Pentágono para aproveitar um dos maiores reservatórios de água doce do mundo. “O anúncio da instalação de duas bases militares no país, é grave e preocupante pois está destinado a controlar principalmente duas principais fontes de água potável como um recurso estratégico para os EUA” denunciou, segundo avalia La Radio del SurDurante sua participação no programa Mientras Tanto y por si Acaso transmitido porLa Radio del Sur, ele disse: “Não é por acaso que, onde se planeja instalar uma base militar no norte, está o aquífero subterrâneo Guarani, a terceira maior reserva de água doce do mundo, e no sul é uma maneira de controlar a Antártida, poi ali existe outra grande reserva de água doce, mas neste caso congelada”.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A PARTIR DE HOJE O MUNDO ESTÁ ECOLOGICAMENTE ENDIVIDADO

Desde hoy hasta el 31 de diciembre, la humanidad vivirá “a crédito”. Esto porque el 8 de agostolos seres humanos consumimos la totalidad de los recursos naturales que el planeta puede renovar en un año, algo así como la cuota que tenemos disponible para el 2016, y viviremos hasta finales de diciembre utilizando los recursos de generaciones futuras.

¿Qué pasaría si consumiéramos todos como lo hacen los ciudadanos de Australia o de India? Este gráfico lo explica.
(Créditos: )
El cálculo lo hace la organización Red Global de la Huella Ecológica (Global Footprint Network, en inglés), que marcó el 8 de agosto como el Día del Sobregiro de la Tierra.
Desde que el planeta empezó a consumir más recursos de los que puede producir, a inicios de la década de 1970, la fecha cada vez llega más temprano.
¿Qué ocurre? Durante décadas, los seres humanos hemos emitido más dióxido de carbono a la atmósfera de lo que nuestros océanos y bosques pueden absorber, y hemos agotado pesquerías y talado bosques más rápidamente de lo que pueden reproducirse y volver a crecer. Solo la huella de carbono representa el 60% de la huella ecológica total. Comprender este sobregiro es sencillo con una metáfora: imagine que su familia heredó una suma de dinero (que en este caso sería la Tierra) y la tiene guardada en un banco. Cada año, el banco le entrega una cierta cantidad de dinero por concepto de los intereses que su dinero gana (esto sería los recursos naturales que podemos consumir en un año). Si usted fuera un planificador familiar inteligente, gastaría solo esa cantidad y dejaría la herencia lo más completa posible, para garantizar sus ingresos en el futuro. En vez de hacer esto, en el 2016 los humanos consumimos “los intereses” entre el 1 de enero y el 8 de agosto. Para poder satisfacer nuestra demanda durante el resto del año, necesitamos pedir al banco más del dinero de la “herencia”. En efecto, estamos gastando ahora los recursos naturales que necesitaremos en el futuro para garantizar agua, comida y un ambiente sano.Esto tiene que ver con la biocapacidad, un concepto que ilustra la capacidad que tiene nuestro planeta para recuperar sus recursos. 
¿Qué es la biocapacidad?
Eso significa que, para satisfacer nuestras necesidades, actualmente necesitamos el equivalente a 1,6 planetas por año. Se espera que si mantenemos el ritmo de consumo actual, para el 2030 necesitaremos cerca de dos planetas.
Costa Rica. Como se puede apreciar en el gráfico superior, Costa Rica también consume por encima de sus capacidades y se encuentra muy cerca del promedio mundial. “Como resultado de sus patrones de uso de los recursos naturales y las debilidades de su gestión, Costa Rica es un país ambientalmente insostenible”, explica el capítulo ambiental del Estado de la Nación 2015.
En el siguiente gráfico, tomado de este estudio, se puede ver que nuestro país superó su biocapacidad a inicios de la década de los noventa.
Durante años, el Estado de la Nación ha alertado que nuestro país consume más recursos de los que puede renovar. (Créditos: ) El principal problema, tanto en nuestro país como a nivel mundial, viene de la llamada huella de carbono, pero de fuentes diferentes: en Costa Rica las emisiones de dióxido de carbono están asociadas en su mayoría al transporte, mientras que a nivel global es atribuido a la generación eléctrica“Mientras otros países tienen matrices eléctricas que generan con carbón, nosotros tenemos un modelo renovable. El reto nuestro no es el mismo que el de otros”, explicó en marzo Irene Cañas, viceministra de Energía, en un reportaje dedicado a la matriz energética.
Así, a pesar de tener una matriz eléctrica limpia, Costa Rica todavía cuenta con una matriz energética basada en derivados de petróleo por su modelo de transporte. Esto hace que cerca de 70% del consumo final de energía venga de fuentes relacionadas a combustibles fósiles.Existen proyectos legislativos para electrificar parte de la flotilla privada y, con la aprobación de la Ley de Fortalecimiento del Incofer, se autorizó la creación de un tren eléctrico.
La electrificación del tren en San José es una realidad más cercana luego de la aprobación de la Ley de Fortalecimiento del Incofer.
(Créditos: Foto de Archivo)
A nivel centroamericano, el último informe Estado de la Región explicó que el istmo supera en 18% su capacidad de renovación de recursos.
Soluciones.
Dado que las emisiones de dióxido de carbono son el principal componente de la huella ecológica,la solución pasa por ahí.  La Red Global de la Huella Ecológica explica que “si adherimos a las metas establecidas por elacuerdo climático de París adoptado por cerca de 200 países en diciembre pasado, la huella de carbono necesitará disminuir gradualmente hasta llegar a cero en 2050″. Para esto, el planeta necesita reducir la liberación de gases de efecto invernadero en la atmósfera mediante un desarrollo más limpio (principalmente en cómo generamos y utilizamos nuestra energía).
A pesar del deterioro en los últimos años, todavía estamos a tiempo de cambiar los patrones de consumo para hacer frente a esta situación.
Un primer paso es transformar la matriz de generación eléctrica a nivel mundial, que podría acelerarse si continúa el descenso en los precios de las renovables como paneles solares y turbinas eólicas. Gestos simbólicos como la vuelta al mundo del avión Solar Impulse 2, que utilizó únicamente la energía del sol, dan pasos positivos en esa dirección. La comprensión de energía en este contexto es amplia: es tan importante reducir el consumo directo (como la gasolina para transporte) como el menos evidente. Por ejemplo, al comprar o consumir menos artículos –desde celulares y carros hasta empaques de plástico– estamos reduciendo la energía necesaria para producirlos. También esto pasa por nuestras ciudades: en Costa Rica, por ejemplo, el desarrollo urbano de la Gran Área Metropolitana incentiva el uso de vehículos particulares y no integra residencias con comercio e industria, algo clave para gastar menos energía (de cualquier tipo) en transporte.
Un habitante de Gaza muestra la pequeña planta de energía solar.
(Créditos: AFP)
Para comprender a fondo.
En 2015, el Día del Sobregiro de la Tierra llegó el 13 de agosto. La fecha “avanza inexorablemente desde los años 70” del siglo pasado, recuerdan la organización. En 1970, ese día llegó el 23 de diciembre y desde entonces, no ha cesado de adelantarse.
Hablamos con Mathis Wackernagel, cofundador y director de la Red Global de la Huella Ecológica para comprender mejor los detalles del Sobregiro, tanto en la actualidad como su evolución histórica y lo que podríamos ver a futuro. Este es un extracto de la entrevista.
¿Qué impactos ya podemos sentir por este Sobregiro y cuáles son inevitables en este momento?
La huella de carbón de la humanidad es el mayor componente en la huella ecológica y también el de mayor crecimiento. En la actualidad, representa el 60% del total. Al calcular esta huella ecológica, la huella de carbono representa el área necesaria para capturar emisiones de dióxido de carbono que resultan del consumo de derivados de petróleo y la producción cementera.
Así se ve el impacto de la huella ecológica a nivel global y enfocado en regiones puntuales. El gráfico viene del Estado de la Nación 2015.
(Créditos: )
Ahora, esta huella de carbono es la principal causante del cambio climático, que es el resultado más dominante –junto con la pérdida de biodiversidad– de nuestro sobregiro ecológico. Entonces, para responder la pregunta, el cambio climático y la pérdida de biodiversidad son unos de los impactos más amplios que podemos ver ahora. Otra consecuencia es el colapso de poblaciones de peces.
En su explicación, ustedes plantean la metáfora de que estamos usando el capital de la biósfera, en vez de vivir de los intereses. ¿Cuándo estiman que el principal de esta biocapacidad se perderá?
No tenemos la habilidad de predecir cuándo este principal de la biocapacidad se agotará con base en el ritmo actual de consumo, crecimiento poblacional, deforestación y pesca. Solo podemos esperar que jamás lo alcancemos, porque la pérdida del principal significa cero bosques, cero pesquerías, cero terreno apto para cosechas.
Nuestros análisis sí indican que, al ritmo que vamos, la humanidad requerirá dos planetas Tierra para satisfacer su consumo en el 2030.
En la parte de la huella de carbono podemos ser todavía más específicos, dado que el Acuerdo de París sobre cambio climático incluye el compromiso de no exceder los 2 grados centígrados de calentamiento global. Si realmente no queremos superar esta cifra, los modelos climáticos señalan que la concentración máxima de dióxido de carbono que puede haber en la atmósfera es 450 partes por millón (ppm)
En la actualidad, estamos cerca de 405 ppm y agregando cerca de 2 ppm por año (puede que si agregamos otros gases de efecto invernadero, estemos más arriba de 450 ppm). Entonces, tenemos que llegar a cero las emisiones de CO2 en los próximos 20 años para quedarnos dentro de ese margen.


Así han crecido la concentración de dióxido de carbono (CO2) en nuestra atmósfera. Se mide en partes por milón (ppm); es decir, por cada millón de partículas en la atmósfera, esta medición cuantifica las que son de CO2. El gráfico viene del Instituto de Investigación de Impacto Climático de Postdam.
(Créditos: )
¿Cómo se relaciona la lucha contra el cambio climático y el Día del Sobregiro?
Los esfuerzos para reducir el cambio climático son cruciales para reducir la huella ecológica y, por ende, para empujar el Día del Sobregiro más tarde en el calendario. De nuevo, esto es porque la huella de carbono es la parte más significativa de la huella ecológica.
Pero es importante considerar que esta huella ecológica mide más que la huella de carbono; por el contrario, suma todas la presión humana sobre la naturaleza, incluyendo nuestra demanda de comida, vivienda y madera, así como el secuestro de carbono. Además, estas demandan compiten entre sí frecuentemente.
Por ejemplo, una manera de atender el cambio climático es mediante la reforestación que permita capturar más carbono de la atmósfera, pero también esa tierra podría usarse para alimentar a más personas. O, por poner otro ejemplo, digamos que queremos reducir las emisiones de carbono mediante biocombustibles, pero también esa tierra que usaríamos para producir biocombustibles la podríamos utilizar para cosechas, ganado o la expansión de zonas habitables.
¿Cómo ha sido el comportamiento histórico del Día del Sobregiro? ¿Estamos mejor o peor?


Más de la mitad de los países de la región son ecológicamente insostenibles, según datos de la Red Global de la Huella Ecológica.
(Créditos: )
El día está ocurriendo ante s cada año y ha mantenido este patrón prácticamente desde que nuestro planeta entró en modo sobregiro a inicios de la década de 1970. Hay un par de veces en la historia en que la fecha se ha mantenido igual durante dos años y esto se ha asociado con retrocesos económicos.Conforme la población global ha crecido y el consumo ha aumentado –particularmente con respecto a las emisiones de carbono– el Día del Sobregiro se ha movido en el calendario de finales de setiembre en 2000 al 8 de agosto este año.En una nota positiva, el ritmo al que se mueve el Día del Sobregiro se ha reducido a menos de un día, en promedio, durante los últimos cinco años; en comparación, desde que inició el cálculo en 1970 se ha estado moviendo en promedio cada tres días cada año, según nuestros cálculos. Pero aun así, 8 de agosto no es una opción. Tenemos que encontrar la manera de llegar al 31 de diciembre.
¿Existen tendencias regionales para América Latina que aparecen en sus observaciones?
La huella ecológica promedio para América Latina es 2.8 hectáreas globales, que está cerca del promedio mundial. Entre las regiones, América Latina tiene la tercera huella ecológica promedio, después de África y Asia-Pacífico. Sin embargo, ese promedio de 2.8 hectáreas globales tanto para América como para el mundo excede la biocapacidad del planeta, que se encuentra en 1.7 hectáreas globales por persona. Dentro de América Latina, la presión sobre la naturaleza varía considerablemente de país a país, con Chile a la cabeza (una huella de 4.4 hectáreas globales), Argentina y Brasil ambos cerca de 3.1 hectáreas y otros países como República Dominicana (1.6), Nicaragua (1.4) y Haití (0.6) en el extremo opuesto.

Según datos de la Red Global de la Huella Ecológica, los ciudadanos chilenos son los más insostenibles de América Latina.
(Créditos: )
Por el otro lado, en el lado de la biocapacidad, América Latina tiene una oferta de 5.3 hectáreas globales, que es mucho mayor que el promedio global de 1.7 hectáreas y el mayor entre todas las regiones del mundo. Esto se debe en gran medida a que Brasil tiene la mayor biocapacidad del mundo, seguido por China, Estados Unidos, Rusia e India.
¿Cuáles son soluciones diarias que cualquier ciudadano puede tomar para solucionar este problema?
Se puede participar tanto como ciudadanos como consumidores. La gente se puede informar calculando su propia huella ecológica y aprendiendo acerca de la huella de su país y cómo se compara con otros y con la huella mundial.
Además, se puede trabajar en conjunto para crear presión y voluntad política de modo que haya cambios en la política ecológica de sus gobiernos locales, regionales y nacionales. Esto puede ser impulsar nuevas políticas energéticas, crear conciencia de la necesidad de estilos de vida más saludables, apoyar la creación de ciclovías y bici carriles… las posibilidades son casi ilimitadas.


quinta-feira, 9 de junho de 2016

COMO RE-DESCOBRI AQUELES OLHOS AZUIS

Espécie considerada extinta por cientistas foi avistada no interior de Minas Gerais
Foto: Rafael Bessa / BBCBrasil.com


Há 75 anos, a ave não era avistada na natureza. Desde 1941, a 
Columbina cyanopis , ou rolinha-do-planalto, como é chamada no Brasil, só podia ser apreciada por meio de espécimes preservadas em museus. Isso começou a mudar depois de um lance de sorte vivido pelo ornitólogo Rafael Bessa, que, em julho de 2015, estava em uma região do interior mineiro (que está sendo mantida em segredo por razões explicadas mais abaixo) para fazer um levantamento. O pesquisador havia decidido pegar um atalho no caminho entre seu hotel e o local onde realizaria seu trabalho. Na rota, decidiu parar em um certo ponto para apreciar e fotografar a vista. Foi quando ouviu sons de um animal que não reconheceu. Bessa voltou ao local no dia seguinte para registrar o canto do animal e, ao reproduzir a gravação, atraiu em sua direção um pássaro, que pousou em um arbusto a alguns metros de distância. "Olhei pelo binóculo, e minhas pernas começaram a tremer. Sabia que tinha um verdadeiro fantasma na minha frente. Foi um momento de muita emoção, indescritível. Estava muito feliz e nervoso ao mesmo tempo", diz Bessa. "Só pensava em documentar e aproveitar o momento. Até então, não sabíamos absolutamente nada sobre a espécie, e aqueles poucos minutos de observação poderiam significar muito para a conservação da rolinha."
Raridade
Pesquisadores já identificaram 12 rolinhas-do-planalto
Foto: Rafael Bessa / BBCBrasil.com
Bessa explica que a rolinha-do-planalto sempre foi considerada uma espécie rara e dificilmente era avistada mesmo quando seu habitat, o cerrado brasileiro, ainda era bastante preservado, até meados da década de 1950. "Até então, não se entendia o por quê dessa raridade, e o pouco que sabemos hoje não nos permite ter certeza do motivo, mas acreditamos que a espécie ocorre em uma fisionomia de cerrado muito específica e também rara", diz o ornitólogo. "Soma-se a isto o fato do cerrado ser um dos ecossistemas brasileiros que mais perdeu área para a agricultura e pecuária nas últimas décadas, fato que certamente contribuiu para sua atual raridade."


Cientistas estão criando um plano de conservação da espécie e proteger seu habitat
Foto: Rafael Bessa / BBCBrasil.com
Desde que o primeiro exemplar foi identificado por Bessa, 12 rolinhas-do-planalto foram ao todo avistadas por pesquisadores, com o apoio da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), o Observatório de Aves do Instituto Butantan e a ONG Rainforest Trust. A ave possui uma plumagem de coloração predominantemente castanho-avermelhada e é bem menor do que outras rolinhas. A espécie ainda chama atenção por seus olhos azulados e manchas da mesma cor nas asas.
Conservação
Agora, cientistas trabalham para traçar planos de conservação da espécie, o que implica em proteger a área onde foi encontrada, além de compreender suas características e o que necessita para sobreviver. Até que o plano seja concluído, o local onde os espécimes foram achados e seu canto não serão divulgados, para evitar um grande fluxo de observadores de pássaros para a região, o que poderia afugentar o animal. "No momento, sabemos da existência de 12 exemplares, o que é um número muito baixo para garantir a conservação de qualquer espécie. Já realizamos expedições em busca de novas populações, mas até o momento não obtivemos êxito", afirma Bessa.

Ave tem plumas castanhas com manchas azuis nas asas e olhos também azulados
O ornitólogo diz que a redescoberta da Columbina cyanopis em uma área remota do Brasil, em meio a um ambiente frágil e raro, serve como um "exemplo de como conhecemos pouco sobre nossa biodiversidade". "Existem ainda pelo menos uma dezena de espécies que estão desaparecidas há mais de dez anos e que correm o risco de serem extintas em um curto espaço de tempo", afirma Bessa. Ele faz críticas ao que considera uma tentativa de fragilizar a legislação ambiental do país para favorecer a criação de empreendimentos comerciais. "Um empreendimento de pequeno porte na área onde vive a rolinha seria suficiente para destruir o ambiente onde encontram-se os únicos 12 indivíduos que temos notícia dessa espécie nos últimos 75 anos", afirma Bessa. "Garantir a conservação da Columbina nessa área especial ajudará não só a rolinha-do-planalto, mas também muitas outras espécies de animais ameaçadas de extinção que ocorrem em seu ambiente." 

terça-feira, 3 de maio de 2016

O DESASTRE AMBIENTAL DE MARIANA E SUAS CONSEQUÊNCIAS.

Além de diversas espécies já conhecidas, o desastre ambiental de Mariana, em Minas Gerais, pode ter afetado uma enorme variedade de outros organismos marinhos ainda pouco estudados que ocorriam em regiões atingidas pela lama tóxica vazada da barragem de rejeitos de minério de ferro, que rompeu no início de novembro. Um desses organismos é a extremamente rara água-viva Kishinouyea corbini Larson, cuja única população estabelecida e conhecida no Atlântico Sul Ocidental ocorria na Praia dos Padres, em Aracruz, no Espírito Santo, atingida pela pluma de lama. - “Essa espécie é emblemática da perda de informação sobre diversos animais da fauna marinha ainda pouco estudados, ou até mesmo totalmente desconhecidos, que um evento catastrófico como o desastre ambiental de Mariana pode ter causado”, disse Antonio Carlos Marques, professor do Instituto de Biociências (IB) e diretor do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP.
Marques e Lucília Souza Miranda, pós-doutoranda no IB-USP com Bolsa da FAPESP, publicaram artigo na revista BIOTA Neotropica em que chamam a atenção para os impactos ocultos do desastre ambiental de Mariana sobre a fauna marinha brasileira, destacando o exemplo da K. corbiniEssa água-viva muito peculiar vive com a boca para cima capturando alimento, enquanto a maioria das águas-vivas tem a boca para baixo. Ela também não nada, vivendo presa ao assoalho marinho ou a algum outro organismo por meio de um pedúnculo. A K. corbini foi a primeira espécie da classe Staurozoa registrada no Brasil, exatamente na costa do Espírito Santo. A classe Staurozoa, proposta por Marques há mais de 10 anos, é considerada muito importante na evolução do filo Cnidária – que inclui as medusas, anêmonas-do-mar, caravelas-do-mar, coraismoles e duros e hidras de água doce –e um dos primeiros grupos de animais marinhos a surgir nos oceanos.
Segundo Marques, um animal semelhante à K. corbini pode ter sido o primeiro tipo de medusa dos cnidários. “A classe Staurozoa é relativamente pequena, composta por cerca de 50 espécies com distribuição muito concentrada em águas polares e temperadas.” - “Há duas espécies dessa classe de animais marinhos que ocorrem em áreas tropicais do Atlântico Sul Ocidental, uma das quais é aK.corbini”, disse. Há registros no Caribe dessa espécie de água-viva difícil de encontrar e que muitas vezes se camufla em algas marinhas, mais especificamente em Porto Rico e no México. No Brasil, há um registro de K.corbini no arquipélago de Abrolhos, na Bahia, mas que nunca mais foi encontrado. E há suspeitas de que parte daquela área também pode ter sido igualmente impactada pelo desastre ambiental de Mariana.
A única população dessa espécie de água-viva conhecida no Atlântico Sul Ocidental estava situada no litoral do Espírito Santo. 
- “Por ser parte de um grupo que vive majoritariamente em águas frias, com raríssimas espécies em águas tropicais, a população dessa espécie de água-viva encontrada no litoral do Espírito Santo teria uma história evolutiva ímpar, relacionada a sua fisiologia, ecologia e interações com outros organismos em um ambiente tropical, diferente do ambiente ancestral onde se originou e se desenvolveu”, disse Marques.  -“Todas essas particularidades dessa população de água-viva, que poderiam trazer informações importantes e únicas sobre a química, a morfologia e o contexto ecológico de todo o grupo e nos auxiliar a aumentar a compreensão sobre a vida em ambientes com diferenciação ecológica afetados pelas mudanças climáticas, podem ter sido perdidas”, estimou. A identidade molecular desses animais encontrados no litoral do Espírito Santo foi recém-estudada por Miranda em sua pesquisa de doutorado, também realizada com Bolsa da FAPESP. Mas ainda não havia informações sobre suas relações tróficas (entre presa e predadores). Além disso, ainda não se sabia se as populações eram isoladas ou interdependentes, o que torna ainda mais difícil estimar os efeitos sobre os animais de um evento da magnitude do desastre ambiental de Mariana, apontam os pesquisadores.
-“É como se diversas páginas cruciais para a compreensão de um livro tivessem sido arrancadas e seremos obrigados, a partir de agora, a lê-lo sem ter acesso a esses trechos essenciais”, comparou Marques. Levantamento de danos De acordo com Marques, que realizou um estudo em parceria com colegas da Argentina, apoiado pela FAPESP, e coordena umProjeto Temático sobre padrões e processos de diversificação de cnidários, ainda não é possível estimar os impactos do desastre ambiental de Mariana na população de água-viva K.corbini encontrada no litoral capixaba. Isso porque ainda continuam ocorrendo derramamentos esporádicos de lama, que já percorreu 650 quilômetros ao longo da bacia do rio Doce – considerada uma das mais importantes bacias hidrográficas da América do Sul –, causando uma enorme mortalidade de sua biota, em sua maioria enterrada e sufocada pelos sedimentos, apontam os pesquisadores. - -“É evidente que muitos animais, algas e plantas vão desaparecer em razão da formação de depósitos espessos de sedimentos porque não estavam preparados para lidar com catástrofes dessa magnitude. O desastre ambiental de Mariana equivaleria a catástrofes como erupções de vulcões em pequenas ilhas, que dizimam uma extensa gama de habitantes das vizinhanças”, comparou Marques. Segundo ele, ainda não é possível avaliar a real magnitude do desastre ambiental de Mariana porque o processo ainda não foi concluído. Por isso, será necessário fazer um acompanhamento da região atingida por muitos anos e fazer buscas e comparações ao longo do tempo para compreender a resiliência e a recuperação não só de processos e do ambiente marinho, mas também do ambiente continental.  - “A região do litoral do Espírito Santo atingida pela lama de Mariana apresentava uma grande diversidade de cnidários, com grandes populações de diferentes espécies”, disse o diretor do CEBIMar. - “O substrato marinho da região era tomado por algumas espécies chamadas de construtoras – como coraismoles, algas e coralíneas, como os rodolitos [algas calcárias] –, que acabam por criar ambientes peculiares para a existência de outras espécies”, explicou. De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a lama já atingiu uma área total de quase 7 mil quilômetros quadrados do litoral capixaba e já pode ter chegado ao arquipélago de Abrolhos -  O artigo “Hidden impacts of the Samarco mining waste dam collapse to Brazilian marine fauna – an example from the staurozoans (Cnidaria)” (doi: 10.1590/1676-0611-BN-2016-0169), de Marques e Miranda, pode ser lido na revista BIOTA Neotropica em www.biotaneotropica.org.br/v16n2/en/abstract?point-of-view+bn00216022016

quarta-feira, 27 de abril de 2016

OS INVOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA - AULA PÚBLICA _ Eduardo Viveiros de Castro


Hoje os que se acham donos do Brasil — e que o são, em ultimíssima análise, porque os deixamos se acharem, e daí a o serem foi um pulo (uma carta régia, um tiro, um libambo, uma PEC) — preparam sua ofensiva final contra os índios. Há uma guerra em curso contra os povos índios do Brasil, apoiada abertamente por um Estado que teria (que tem) por obrigação constitucional proteger os índios e outras populações tradicionais, e que seria (que é) sua garantia jurídica última contra a ofensiva movida pelos tais donos do Brasil, a saber, os “produtores rurais” (eufemismo para “ruralistas”, eufemismo por sua vez para “burguesia do agronegócio”), o grande capital internacional, sem esquecermos a congenitamente otária fração fascista das classes médias urbanas. Estado que, como vamos vendo, é o aliado principal dessas forças malignas, com seu triplo braço “legítimamente constituído”, a saber, o executivo, o legislativo e o judiciário.

Eduardo Viveiro de Castro
Mas a ofensiva não é só contra os índios, e sim contra muitos outros povos indígenas. Devemos começar então por distinguir as palavras “índio” e “indígena”, que muitos talvez pensem ser sinônimos, ou que “índio” seja só uma forma abreviada de “indígena”. Mas não é. Todos os índios no Brasil são indígenas, mas nem todos os indígenas que vivem no Brasil são índios. Índios são os membros de povos e comunidades que têm consciência — seja porque nunca a perderam, seja porque a recobraram — de sua relação histórica com os indígenas que viviam nesta terra antes da chegada dos europeus. Foram chamados de “índios” por conta do famoso equívoco dos invasores que, ao aportarem na América, pensavam ter chegado na Índia. “Indígena”, por outro lado, é uma palavra muito antiga, sem nada de “indiana” nela; significa “gerado dentro da terra que lhe é própria, originário da terra em que vive” [1]. Há povos indígenas no Brasil, na África, na Ásia, na Oceania, e até mesmo na Europa. O antônimo de “indígena” é “alienígena”, ao passo que o antônimo de índio, no Brasil, é “branco”, ou melhor, as muitas palavras das mais de 250 línguas índias faladas dentro do território brasileiro que se costumam traduzir em português por “branco”, mas que se refere a todas aquelas pessoas e instituições que não são índias. Essas palavras indígenas têm vários significados descritivos, mas um dos mais comuns é “inimigo”, como no caso do yanomami 'napë', do kayapó 'kuben' ou do araweté 'awin'. Ainda que os conceitos índios sobre a inimizade, ou condição de inimigo, sejam bastante diferentes dos nossos, não custa registrar que a palavra mais próxima que temos para traduzir diretamente essas palavras indígenas seja “inimigo”. Durmamos com essa. Mas isso quer dizer então que todas as pessoas nascidas aqui nesta terra são indígenas do Brasil? Sim e não. Sim no sentido etimológico informal abonado pelos dicionários: “originário do país etc. em que se encontra, nativo” (ver nota 1, supra). Um colono de 'origem' (e língua) alemã de Pomerode é “indígena” do Brasil porque nasceu em uma região do território político epônimo, assim como são indígenas um sertanejo dos semiárido nordestino, um agroboy de Barretos ou um corretor da Bolsa de São Paulo. Mas não, nem o colono, nem o agroboy nem o corretor de valores são indígenas — perguntem a eles...
Eles são “brasileiros”, algo muito diferente de ser “indígena”. Ser brasileiro é pensar e agir e se considerar (e talvez ser considerado) como “cidadão”, isto é, como uma pessoa definida, registrada, vigiada, controlada, assistida — em suma, pesada, contada e medida por um Estado-nação territorial, o “Brasil”. Ser brasileiro é ser (ou dever-ser) cidadão, em outras palavras, 'súdito' de um Estado 'soberano', isto é, transcendente. Essa condição de súdito (um dos eufemismos de súdito é “sujeito [de direitos]“) não tem absolutamente nada a ver com a relação indígena vital, originária, com a terra, com o lugar em que se vive e de onde se tira seu sustento, onde se 'faz a vida' junto com seus parentes e amigos. Ser indígena é ter como referência primordial a relação com a terra em que nasceu ou onde se estabeleceu para fazer sua vida, seja ela uma aldeia na floresta, um vilarejo no sertão, uma comunidade de beira-rio ou uma favela nas periferias metropolitanas. É ser parte de uma comunidade ligada a um lugar específico, ou seja, é integrar um 'povo'. Ser cidadão, ao contrário, é ser parte de uma 'população' controlada (ao mesmo tempo “defendida” e atacada) por um Estado. O indígena olha para baixo, para a Terra a que é imanente; ele tira sua força do chão. O cidadão olha para cima, para o Espírito encarnado sob a forma de um Estado transcendente; ele recebe seus direitos do alto.

“Povo” só '(r)existe' no plural — povoS. Um povo é uma multiplicidade singular, que supõe outros povos, que habita uma terra pluralmente povoada de povos. Quando perguntaram ao escritor Daniel Munduruku se ele “enquanto índio etc.”, ele cortou no ato: “não sou índio; sou Munduruku”. Mas ser Munduruku significa saber que existem Kayabi, Kayapó, Matis, Guarani, Tupinambá, e que esses não são Munduruku, mas tampouco são Brancos. Quem inventou os “índios” como categoria genérica foram os grandes especialistas na generalidade, os Brancos, ou por outra, o Estado branco, colonial, imperial, republicano. O Estado, ao contrário dos povos, só consiste no singular da própria universalidade. O Estado é sempre único, total, um universo em si mesmo. Ainda que existam muitos Estados-nação, cada um é uma encarnação do Estado Universal, é uma hipóstase do Um. O povo tem a forma do Múltiplo. Forçados a se descobrirem “índios”, os índios brasileiros descobriram que haviam sido 'unificados' na generalidade por um poder transcendente, unificados para melhor serem des-multiplicados, homogeneizados, abrasileirados. O pobre é antes de mais nada alguém de quem se tirou alguma coisa. Para transformar o índio em pobre, o primeiro passo é transformar o Munduruku em índio, depois em índio administrado, depois em índio assistido, depois em índio sem-terra.
E não obstante, os povos indígenas originários, em sua multiplicidade irredutível, que foram indianizados pela generalidade do conceito para serem melhor desindianizados pelas armas do poder, sabem-se hoje alvo geral dessas armas, e se unem contra o Um, revidam dialeticamente contra o Estado aceitando essa generalidade e cobrando deste os direitos que tal generalidade lhes confere, pela letra e o espírito da Constituição Federal de 1988. E invadem o Congresso. Nada mais justo que os invadidos invadam o quartel-general dos invasores. Operação de guerrilha simbólica, sem dúvida, incomensurável à guerra massiva real (mas também simbólica) que lhes movem os invasores. Mas os donos do poder vêm acusando o golpe, e correm para viabilizar seu contragolpe. Para usarmos a palavra do dia, golpe é o que se prepara nos corredores atapetados de Brasília contra os índios, sob a forma, entre outras, da PEC 215.
Os índios são os primeiros indígenas do Brasil. As terras que ocupam não são sua propriedade — não só porque os territórios indígenas são “terras da União”, mas porque são eles que pertencem à terra e não o contrário. Pertencer à terra, em lugar de ser proprietário dela, é o que define o indígena. E nesse sentido, muitos povos e comunidades no Brasil, além dos índios, podem se dizer, porque se sentem, indígenas muito mais que cidadãos. Não se reconhecem no Estado, não se sentem representados por um Estado dominado por uma casta de poderosos e de seus mamulengos e jagunços aboletados no Congresso Nacional demais instâncias dos Três Poderes. Os índios são os primeiros indígenas a não se reconhecerem no Estado brasileiro, por quem foram perseguidos durante cinco séculos: seja diretamente, pelas “guerras justas” do tempo da colônia, pelas leis do Império, pelas administrações indigenistas republicanas que os exploraram, maltrataram, e, muito timidamente, às vezes os defenderam (quando iam longe demais, o Estado lhes cortava as asinhas); seja indiretamente, pelo apoio solícito que o Estado sempre deu a todas as tentativas de desindianizar o Brasil, varrer a terra de seus ocupantes originários para implantar um modelo de civilização que nunca serviu a ninguém senão aos poderosos. Um modelo que continua 'essencialmente' o mesmo há quinhentos anos.

O Estado brasileiro e seus ideólogos sempre apostaram que os índios iriam desaparecer, e quanto mais rapidamente melhor; fizeram o possível e o impossível, o inominável e o abominável para tanto. Não que fosse preciso sempre exterminá-los fisicamente para isso — como sabemos, porém, o recurso ao genocídio continua amplamente em vigor no Brasil —, mas era sim preciso de qualquer jeito desindianizá-los, transformá-los em “trabalhadores nacionais” [2]. Cristianizá-los, “vesti-los” (como se alguém jamais tenha visto índios 'nus', esses mestres do adorno, da plumária, da pintura corporal), proibir-lhes as línguas que falam ou falavam, os costumes que os definiam para si mesmos, submetê-los a um regime de trabalho, polícia e administração. Mas, acima de tudo, cortar a relação deles com a terra. Separar os índios (e todos os demais indígenas) de sua relação orgânica, política, social, vital com a terra e com suas comunidades que vivem da terra — essa separação sempre foi vista como 'condição necessária' para transformar o índio em cidadão. Em cidadão pobre, naturalmente. Porque sem pobres não há capitalismo, o capitalismo precisa de pobres, como precisou (e ainda precisa) de escravos. Transformar o índio em pobre. Para isso, foi e é preciso antes de mais nada separá-lo de sua terra, da terra que o 'constitui' como indígena.
Nós, os brancos que aqui estamos sentados na escadaria da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 20 de abril de 2016, nós nos sentimos indígenas. Não nos sentimos cidadãos, não nos vemos como parte de uma população súdita de um Estado que nunca nos representou, e que sempre tirou com uma mão o que fingia dar com a outra. Nós os “brancos” que aqui estamos, bem como diversos outros povos indígenas que vivem no Brasil: camponeses, ribeirinhos, pescadores, caiçaras, quilombolas, sertanejos, caboclos, curibocas, negros e “pardos” moradores das favelas que cobrem este país. Todos esses são 'indígenas', porque se sentem ligados a um lugar, a um pedaço de terra — por menor ou pior que seja essa terra, do tamanho do chão de um barraco ou de uma horta de fundo de quintal — e a uma comunidade, muito mais que cidadãos de um Brasil Grande que só engrandece o tamanho das contas bancárias dos donos do poder.
A terra é o corpo dos índios, os índios são parte do corpo da Terra. A relação entre terra e corpo é crucial. A separação entre a comunidade e a terra tem como sua face paralela, sua sombra, a separação entre as pessoas e seus corpos, outra operação indispensável executada pelo Estado para criar populações administradas. Pense-se nos LGBT, separados de sua sexualidade; nos negros, separados da cor de sua pele e de seu passado de escravidão, isto é, de despossessão corporal radical; pense-se nas mulheres, separadas de sua autonomia reprodutiva. Pense-se, por fim mas não por menos abominável, no sinistro elogio público da tortura feito pelo canalha Jair Bolsonaro — a tortura, modo último e mais absoluto de separar uma pessoa de seu corpo. Tortura que continua — que sempre foi — o método favorito de separação dos pobres de seus corpos, nas delegacias e presídios deste pais tão “cordial”.
Por isso tudo a luta dos índios é também a nossa luta, a luta indígena. Os índios são nosso exemplo. Um exemplo de 'rexistência' secular a uma guerra feroz contra eles para desexistí-los, fazê-los desaparecer, seja matando-os pura e simplesmente, seja desindianizando-os e tornando-os “cidadãos civilizados”, isto é, brasileiros pobres, sem-terra, sem meios de subsistência próprios, forçados a vender seus braços — seus corpos — para enriquecer os pretensos novos donos da terra.
Os índios precisam da ajuda dos brancos que se solidarizam com sua luta e que reconhecem neles o 'exemplo' maior da luta perpétua entre os povos indígenas (todos os 'povos' indígenas a que me referi mais acima: o povo LGBT, o povo negro, o povo das mulheres) e o Estado nacional. Mas nós, os “outros índios”, aqueles que não são índios mas se sentem muito mais 'representados' pelos povos índios que pelos políticos que nos governam e pelo aparelho policial que nos persegue de perto, pelas políticas de destruição da natureza levadas a ferro e a fogo por todos os governos que se sucedem neste país desde sempre — nós outros também precisamos da ajuda, e do exemplo, dos índios, de suas táticas de guerrilha simbólica, jurídica, mediática, contra o Aparelho de Captura do Estado-nação. Um Estado que vai levando até às últimas consequências seu projeto de destruição do território que reivindica como seu. Mas a terra é dos povos.
Concluo com uma alusão ao nome de uma rua não muito distante desta Cinelândia onde estamos agora. Em Botafogo existe, como vocês todos sabem, a Rua Voluntários da Pátria. Seu nome provém de uma iniciativa empreendida pelo Império em sua guerra genocida (e etnocida) contra o Paraguai — o Brasil sempre foi bom nisso de matar índios, do lado de cá ou de lá de suas fronteiras. Carente de tropas para enfrentar o exército guarani, o Governo imperial criou corpos militares de voluntários, “apelando para os sentimentos do povo brasileiro”, como escreve o verbete da Wikipedia sobre a iniciativa. Pedro II apresentou-se em Uruguaiana como o “primeiro voluntário da pátria”. Não demorou muito e o patriotismo dos voluntários da pátria arrefeceu; logo o Governo central passou a exigir dos presidentes das províncias que recrutasse cotas de “voluntários”. A solução para esta lamentável “falta de patriotismo” dos brancos brasileiros foi, como se sabe, mandar milhares de escravos negros como voluntários. Foram eles que mataram e morreram na Guerra do Paraguai. Obrigados, escusado dizer. Voluntários involuntários.
Pois bem. Os índios foram e são os primeiros Involuntários da Pátria. Os povos indígenas originários viram cair-lhes sobre a cabeça uma “Pátria” que não pediram, e que só lhes trouxe morte, doença, humilhação, escravidão e despossessão. Nós aqui nos sentimos como os índios, como todos os indígenas do Brasil: como formando o enorme contingente de Involuntários da Pátria. Os involuntários de uma pátria que não queremos, de um governo (ou desgoverno) que não nos representa e nunca nos representou. Nunca ninguém os representou, àqueles que se sentem indígenas. Só nós mesmos podemos nos representar, ou talvez, só nós podemos dizer que representamos a terra — esta terra. Não a “nossa terra”, mas a terra de onde somos, de quem somos. Somos os Involuntários da Pátria. Porque 'outra' é a nossa vontade.
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Notas:
1 “A palavra 'indígena' vem do «lat[im] indigĕna,ae “natural do lugar em que vive, gerado dentro da terra que lhe é própria”, derivação do latim indu arcaico (como endo) > latim] clássico in- "movimento para dentro, de dentro" + -gena derivação do rad[ical do verbo latino gigno, is, genŭi, genĭtum, gignĕre "gerar"; Significa “relativo a ou população autóctone de um país ou que neste se estabeleceu anteriormente a um processo colonizador” ...; por extensão de sentido (uso informal), [significa] “que ou o que é originário do país, região ou localidade em que se encontra; nativo”. (Dicionário Eletrônico Houaiss)
2 O primeiro nome do SPI republicano (Serviço de Proteção aos Índios) era SPILTN: Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais. Foi SPITLN de 1910 a 1918, depois só SPI, até virar FUNAI em 1967, ao cabo de uma CPI que revelou uma infinidade de abusos, desmandos, violências variadas, explorações e outras benesses protetoras conferidas pelo Estado.
*Aula pública do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro durante o ato Abril Indígena, Cinelândia, Rio de Janeiro 20/04/2016