IMPOSTOS EM SÃO PAULO

terça-feira, 23 de julho de 2013

OUTROS CONTOS TORTOS E OUTROS CANTADOS

Outros cantos tortos: Oficina: Oficina (poema composto com versos emprestados e imprestáveis) Poesia é desvio é palavra dita errada sem querer, mal-ouvida a poe...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

CONFUSÃO CONCEITUAIS NO GOVERNO DO PT


Leonardo Boff
Teólogo-Filósofo

                  Estimo que parte das razões que levaram multidões às ruas no mes de junho tem sua origem nos equívocos conceptuais presentes nas políticas públicas do governo do PT. Não conseguindo se desvenciliar das amarras do sistema neoliberal imperante no mundo e internalizado, sob pressão, em nosso pais, os governos do PT tiveram que conceder imensos benefícios aos rentistas nacionais para sustentar a política econômica e ainda realizar alguma distribuição de renda, via políticas sociais, aos milhões de filhos  da pobreza.
         O Atlas da exclusão social – os ricos no Brasil (Cortez, 2004) embora seja de alguns anos atrás, mantem sua validade, como o mostrou o pesquisador Marcio Pochmann (O pais dos desiguais, Le Monde Diplomatique, outubro 2007). Passando por todos os ciclos econômicos, o nível de concentração de riqueza, até a financeirização atual, se manteve praticamente inalterado. São 5 mil famílias extensas que detem 45% da renda e da riqueza nacionais. São elas, via  bancos, que emprestam ao governo; segundo os dadosde 2013, recebem anualmente do Governo 110 bilhões de reais em juros. Para os projetos sociais (bolsa família e outros)  são destinados apenas  cerca de 50 bilhões. São os restos para os considerados o resto.
         Em razão desta perversa distribuição de renda, comparecemos como um dos países mais desiguais do mundo. Vale dizer, como um dos mais injustos, o que torna nossa democracia extremamente frágil e quase farsesca. O que sustenta a democracia é a igualdade, a equidade e a desmontagem dos privilégios.
         No Brasil se fez até agora apenas distribuição desigual de renda, mesmo nos governos do PT. Quer dizer, não se mexeu na estrutura da concentração da renda. O que precisamos, urgentemente, se quisermos mudar aface social do Brasil, é introduzir uma redistribuição que implica mexer nos mecanismos de  apropriação de renda. Concretamente significa: tirar de quem  tem demais e repassar para quem tem de menos. Ora, isso nunca foi feito. Os detentores do ter, do poder, do saber e da comunicação social conseguiram sempre impedir esta revolução básica, sem a qual manteremos indefinidamente  vastas porções da população à margem das conquistas modernas. O sistema politico acaba servindo a  seus interesses. Por isso, em seu tempo, repetia com frequência Darcy Ribeiro que nós temos uma das elites mais opulentas, antisociais e conservadoras do mundo.
Os grandes projetos governamentais destinam porções significativas do orçamento para os projetos que as beneficiam e as enriquecem ainda mais: estradas, hidrelétricas, portos, aeroportos, incentivos fiscais, empréstimos com juros irrisórios doBNDS. A isso se chama crescimento econômico, medido pelo PIB que deve se equacionar com a inflação, com as taxas de juros e o câmbio. Priviligia-se o agronegócio exportador que traz dólares à agroecologia, à economia familiar e solidária que produzem 60% daquilo que comemos

Rio S.Francisco
O que as multidões da rua estão reclamando é: desenvolvimento em primeiro lugar e a seu serviço o crescimento  (PIB). Crescimento é material. Desenvolvimento é humano. Signfica mais educação, mais hospitais de qualidade, mais saneamento básico, melhor transporte coletivo, mais segurança, mais acesso à cultura e ao lazer. Em outras palavras: mais condições de viver minimamente feliz, como humanos e cidadãos e não como meros consumidores passivos de bens postos no mercado.  Em vez de grandes estádios cujas entradas aos jogos são em grande parte proibitivas para o povo, mais hospitais, mais escolas, mais centros técnicos, mais cultura, mais inserção no mundo digital da comunicação.
Aldeia Maracanã - RIO + 20
O crescimento deve ser orientado para o desenvolvimento  humano e social. Se não se alinhar a esta lógica, o governo se vê condenado a ser mais o gestor dos negócios do que  o  cuidador da vida de seu povo, das condições de sua alegria de viver e de sua admirada criatividade cultural.
As ruas estão gritando por um Brasil de gente e não de negócios e de negociatas; por uma sociedade menos malvada devido às desigualdades gritantes; por relações sociais transparentes e menos escusas que escondem a praga da corrupção; por uma democracia onde o povo é chamado a discutir e a decidir junto com seus representantes o que é melhor para o país.

Manifestação pelas Mortespor Violencia e desalojamentos
Os gritos são por humanidade, por dignidade, por respeito ao tempo de vida das pessoas para que não seja gasto em horas perdidas nos péssimos transportes coletivos mas liberado para o convívio  com a família ou para o lazer. Parecem dizer: “recusamos ser animais famintos que gritam por pão; somos humanos, portadores de espírito e de cordialidade que gritamos por beleza; só unindo pão com beleza viveremos em paz, sem violência, com humor e sentido lúdico e encantado da vida”. O governo precisa dar esta virada.

Leonardo Boff é autor de Virtudes por um outro mundo possível (3 vol) Vozes 2006.   

CARTA DE CARLOS RODRIGUES BRANDÃO 

Pico da pedra Branca

Sitio Rosa dos Ventos MG - 11-7-2013

Arcelina,
Seu artigo... do Leonardo Boff, foi talvez a mensagem mais inteligente, direta e justa que li até agora a repeito de tudo o que está acontecendo.
Quando recordo o "PT dos primeiros tempos" para o qual inclusive escrevi há vários anos atrás um artigo que foi pubolicado no primeiro livrinho do PT sobre educação, junto com Paulo Freire, Moacir Gadotti e Demerval Saviani, e quando vejo diante de nós o "PT de agora", sinto um grande pesar e, pelo menos politicamente, uma desesperança muito grande.
Por isto, pelos lugares por onde ando, quando me perguntam se eu confio ainda em políticos e no PT eu respondo: "não, agora, como sempre, eu confio em nós!".
Veja o que acontece aqui mesmo. Acumulamos pequenas vitórias frente à degradação das mineradoras. Agora mesmo o CONDEMA de Caldas negou o direito de exploração a mais seis delas. Mas bem sabemos que é uma frágil vitória. Porque ela se realiza apenas a nível local; a esfera de um município. Este enfrentamento entre quem defende a vida de todas e todos e quem defende o seu próprios lucro, continuará a nível estadual (e sabemos que o governo de Minas está nas mãos de empresas de mineração) e a nível nacional, cujo governo não fica atrás.
Como Cristo e seus seguidores que não se submeteram à sucessão dos impérios (do romano ao do capital empresarial de agora) saibamos confiar em nós, para aprendermos a confiar em Deus.
Abraço você, Carlos


PELO DESMATAMENTO ZERO-QUALQUER LUGAR DO BRASIL