IMPOSTOS EM SÃO PAULO

domingo, 28 de junho de 2009

AMAZONIA - A história de um país:Vale do Gameleira

Alemão comprou área de guerrilha. Local de movimento armado dos anos 70 é hoje o retrato da pobreza, ausência do poder público e grilagem
Leonencio Nossa
O Vale do Gameleira, na Serra das Andorinhas, dominado no começo dos anos 70 pelos guerrilheiros do Araguaia, virou um latifúndio de propriedade de um empresário alemão. "Gringo", como o estrangeiro é conhecido na Amazônia, está comprando os sítios de camponeses que sobreviveram aos combates entre comunistas e militares (1972-1975). O primeiro pedaço de terra que ele comprou, em 2001, hoje sede de uma de suas fazendas, pertenceu a Osvaldo Orlando Costa, o comandante guerrilheiro Osvaldão.O cenário de um dos capítulos sangrentos do passado brasileiro é hoje o retrato da Amazônia das compras estranhas de terra, da pobreza, da ausência do poder público e da agressão ao meio ambiente e aos ribeirinhos e sitiantes tradicionais.A Agropecuária Andorinhas Ltda. tem como sócio majoritário a Lemarey Sociedad (99,7%), uma empresa que, pelos cadastros brasileiros, é uma offshore com sede no Uruguai.PISCINA NATURALO córrego Gameleirinha foi represado e serve agora de piscina natural na fazenda. O empresário construiu uma pequena praia. A casa de Osvaldão foi destruída pelo Exército ainda em 1972. Uma mata voltou a crescer no lugar.Um dos tiroteios travados entre guerrilheiros e militares ocorreu bem próximo à mansão da sede da Andorinhas 2. Hoje o lugar, mais abaixo da piscina, é uma área limpa. Um funcionário da fazenda, que pediu para não ser identificado, conta que presenciou a batalha. Ele lembra que os militares, logo após descobrirem o refúgio de Osvaldão, retiraram todos os camponeses que moravam nas terras hoje ocupadas por "Gringo" e destruíram roças e casas.Raimundo Nonato da Silva, hoje morador do vilarejo de Santa Cruz, foi um dos que tiveram de fugir. Ele disse que possuía dez alqueires de terra. Perdeu criação de galinhas e porcos e plantações de mamão, banana e mandioca. "Nunca apanhei, só fui humilhado", conta. "Eles arrancaram todos os pés de mandioca para os guerrilheiros morrerem de fome na mata." Sem moradores, as partes mais elevadas da Serra das Andorinhas viraram lugares ideais para a indústria da grilagem de terras no Pará nas últimas décadas. A meta do empresário alemão agora, dizem moradores, é comprar as terras de Manoel Calado, vizinho dele.Uma das últimas áreas de vegetação nativa no sul do Pará, a Serra das Andorinhas ainda conserva cachoeiras, paredões, veredas, campos de cerrado e trechos de selva que aos poucos vão dando lugar a pastagens, cavas de garimpo clandestino e áreas de mineração sem estudos de impacto ambiental. Funcionários da Vale fazem há anos pesquisas para dimensionar o potencial das pedras e dos minérios dos morros onde os guerrilheiros Paulo Roberto Pereira Márques, o Amaury, e José Huberto Bronca, o Fogoió, fizeram suas trincheiras."GRINGO"O "Gringo" aparece pouco na região. Sempre com ajuda de um intérprete, ele diz, segundo os moradores ouvidos pelo Estado, que as fazendas Andorinhas 1 e 2 são apenas para descanso e lazer da família. Mas ela também aparece cadastrada em áreas de pesquisa genética bovina da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O comerciante Ananias Amarante diz que "Gringo" já possui cerca de 3 mil alqueires de terras, que vão do Araguaia até a parte elevada da Serra das Andorinhas. São tantas terras que parte delas está no município de São Geraldo e outra em Palestina do Pará.As fazendas são bem vigiadas. Nas últimas semanas, com a presença na região de técnicos que trabalham nos estudos geológicos das obras da hidrelétrica de Santa Isabel, ficou mais fácil conseguir as chaves das porteiras das propriedades com um capataz. O lago da usina poderá inundar terras compradas pelo empresário.A primeira fazenda é cortada pelo córrego Couro Dantas, onde em maio de 1972 os guerrilheiros mataram o cabo Odílio Rosa, acirrando os ânimos com os militares. O Exército, que costuma homenagear seus heróis, não colocou placa nas margens do igarapé que servem de pasto para uma criação de vacas nelore e holandesas.Da sede da fazenda Andorinhas 1 à da Andorinhas 2 são 20 quilômetros de estrada. Com o acúmulo de terras, os moradores só podem percorrer a via com autorização. O lugar onde os comunistas queriam fundar um Estado independente, segundo a versão militar da guerrilha, tem hoje sua principal estrada controlada pelos homens contratados por "Gringo" - ninguém, na região, nos dois dias em que a reportagem esteve no local, forneceu a identificação do proprietário alemão. As propriedades são bem cuidadas, com cercas e porteiras pintadas. Uma boa parte da vegetação nativa foi desmatada. Foram preservadas, porém, as matas ciliares do Rio Gameleira, o principal da região. (Leonencio Alves-O Estado de S.P

sábado, 27 de junho de 2009

MP 458 - LULA cede 72% da AMAZONIA a grilagem


Grilagem autorizada Lula sanciona MP da grilagem que doa 72% da Amazônia para latifundiários Segundo o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), Plínio de Arruda Sampaio, a MP 458 favoreceu apenas o agronegócio - Aline Scarso
Regularização para estrangeiro ver-Procuradores do MPF apontam inconstitucionalidades na MP 458

terça-feira, 23 de junho de 2009

A Colonização das Américas no Século XXI-Missão:Devastar a Amazonia - Parte III





Amazonias: Brasileira e Peruana sofrem ataques do Estado e de Empresas
Investigações de três anos do Greenpeace sobre a indústria da pecuária brasileira revelam que marcas de fama mundial como Nike, Adidas, BMW, Gucci, Timberland, Honda, Wal Mart e Carrefour impulsionam, involuntariamente, o desmatamento da Amazônia. A pecuária brasileira é hoje o maior vetor de desmatamento no mundo e a principal fonte de emissões de gases do efeito-estufa do Brasil. O estudo do Greenpeace revela também que, nessa missão de devastação, a pecuária conta com um sócio inusitado, que tem entre suas atribuições zelar pela conservação da floresta amazônica: o Estado brasileiro.
Assista também: Video com depoimento de mulher indígena no Peru com pedido a Alan Garcia legendado em espanhol, nao percam...
Reveja a matéria de Domingo, 14 de Junho de 2009
Amazonias:Brasileira e Peruana, uma luta pela preservação

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Arco Verde - até onde alcança? Inicio da Operação-parte I

Reconstruir o destruido...isso sobra para nós Ministro?Depois de oito anos de Governo Lula,ele passará para a história como o
" Entregador do Futuro" Veja as postagens anteriores sobre o
assunto:Amazonia,Saramago,Professores,sociedade civil e o Conta-Gotas do Tempo:Mensagens ao Presidente Lula
URGENTE LIGUE PARA Gabinete do Presidente da República Luiz Inacio Lula da Silva (61) 3411.1200- (61) 3411.1201 ou deixe sua mensagem
http://www.presidencia.gov.br/presidente/falecom/ para o Veto sobre a lei da Reforma Fundiária no Brasil. A "regularização Fundiária da Amazonia",as feridas da Jaguatirica e a monstrenga DEMoniaca

"O Ministério do Meio Ambiente começa no dia 19 o Mutirão Arco Verde Terra Legal, que visa promover a cidadania, a sustentabilidade e a regularização fundiária em regiões campeãs do desmatamento na Amazônia.
Durante a operação, prevista para durar três meses, três carretas vão percorrer 20 mil quilômetros e visitar 43 municípios da Amazônia Legal. O programa do governo federal envolve doze órgãos públicos e vai estimular às populações a adotar modelos de desenvolvimento sustentável para combater o desmatamento. O lançamento ocorrerá simultaneamente nos municípios de Alta Floresta (MT), Marabá (PA) e Porto Velho (RO) com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. A Operação Arco Verde Terra Legal tem como objetivos a promoção da regularização fundiária, a regularização ambiental, o acesso ao crédito, à assistência técnica especializada e à difusão tecnológica. O ministro Minc informou que além das atividades dop muitirão, serão contratados cerca de 1.500 brigadistas para atuar no combate aos incêndios florestais em 22 dos 43 dos municípios incluídos na iniciativa. De acordo com Minc, o Meio Ambiente estará presente com o pagamento por serviços ambientais, como forma de incentivar os agricultores familiares a preservar a floresta. De acordo com ele, o Fundo Amazônia, que recebe recursos nacionais e internacionais, pode realizar o financiamento para este tipo de atividade. O MMA também incentivará o manejo florestal comunitário, possibilitando a utilização organizada da floresta Amazônica, produzindo madeira legal. "Essa forma de manejo gera mais empregos e produz mais divisas do que a derrubada da floresta", explicou o ministro."
Mas é bom estarmos informados do tamanho da destruição de um patrimonio público.
"Pesquisa do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) indica que nada menos do que 86% dos crimes ambientais em áreas legalmente protegidas da Amazônia ficam impunes. Um criminoso ambiental tem apenas 14% de possibilidade de ser punido ao fim de um processo e a pena ainda pode ser substituída por doação de cestas básicas. Ainda de acordo com a pesquisa, um processo demora, em média, 5,5 anos da investigação à sentença. Por conta da demora, 15,5% dos processos acabam prescritos. No estudo, realizado pelos especialistas da organização, foram acompanhados 51 processos de crimes ambientais em áreas protegidas do Pará.
De acordo com o Imazon, a proteção passiva das áreas não garante o cumprimento da lei. O desmate vem se acelerando. Em 2008, 84% das áreas protegidas estavam nas fronteiras da pecuária e do extrativismo da madeira, próximas a novas estradas. De 2000 a 2008 foram desmatados pelo menos 22,5 mil quilômetros em áreas protegidas".

domingo, 14 de junho de 2009

Amazonias:Brasileira e Peruana, uma luta pela preservação

Organizações de direitos humanos do Peru pedem que cessem os confrontos entre índios e policiais:
Parlamento do Peru suspende leis que causaram protestos de indígenas:
"As regiões não desmatadas tem o Indice de Desenvolvimento Humano(IDH) tão baixo quanto as mais desmatadas"
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sábado, 13 de junho de 2009

Amazonia Peruana e a Brasileira estão sendo entregues


Caros amigos,o Peru está reprimindo violentamente manifestantes indígenas que estão protestando a abertura da Amazônia peruana para as indústrias de minérios, petróleo e madeira. A floresta é um patrimônio imensurável da humanidade - vamos apoiar os grupos indígenas, assine a petição para o Presidente García pedindo o fim da violência e a proteção da Amazônia:Assine a Petição
http://www.avaaz.org/po/peru_stop_violence/?cl=254244109&v=3481>
2-O governo peruano passou uma legislação quer permitirá a exploração mineral e agrícola em larga escala na Amazônia peruana, contribuindo assim para uma rápida devastação ambiental da região.*Os grupos indígenas protestaram pacificamente por dois meses demandando o direito de opinar sobre os decretos que irão impactar dramaticamente a ecologia e os povos nativos da floresta, além de representar um desastrepara o clima global. Semana passada o Presidente García reagiu: enviou forças especiais para suprimir os protestos gerando conflitos violentos e chamandoos manifestantes de terroristas.Estes grupos indígenas estão na linha de frente da para proteger o planeta. Vamos demonstrar o nosso apoio a eles, levando uma mensagem parao Presidente Alan García (que se preocupa com a sua reputação internacional)para imediatamente acabar com os choques entre policiais e indígenas e abrir um diálogo com as lideranças. Assine a petição global no link - ela será entregue em nosso nome por uma figura política Latino Americana amplamente reconhecida e respeitada: http://www.avaaz.org/po/peru_stop_violence
http://www.avaaz.org/po/peru_stop_violence/?cl=254244109&v=3481
3-Mais de 70% da Amazônia peruana está agora à disposição da indústria.Gigantes do petróleo e gás como a empresa Anglo-FrancesaPerenco e as NorteAmericanas Conoco Phillips e Talisman Energy, já pleitearam investimentos debilhões na região. Está comprovado que estas grandes indústrias extrativistas não trazem nenhum desenvolvimento local aos lugares queexploram, além de ter também baixa preocupação ambiental. Por isso os povosindígenas estão exigindo seu direito legítimo como consultores para aelaboração das novas leis.Por décadas o mundo e os povos indígenas olharam as indústrias extrativistas devastarem a maior floresta do planeta, responsável por guardar os maiores tesouros naturais da humanidade e por limpar a atmosfera do perigoso carbono que está causando o aquecimento global.Os protestos no Peru representam o maior e mais desesperado chamado dos povos indígenas deste país - por isso temos que dar o nosso apoiointernacional. Assine a petição e incentive os seus amigos e familiares aassinarem a petição. Só assim poderemos trazer justiça para os povos indígenas e continuar na luta pela preservação da Amazônia.
4- Organizações de direitos humanos do Peru pedem que cessem os confrontos entre índios e policiais:http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2899

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Amazonia,Saramago,Professores,sociedade civil e o Conta-Gotas do Tempo:Mensagens ao Presidente Lula

Raquel Negrão Cavalcanti Presidente do Conselho Gestor da APA Pedra Branca-MG
Caríssim@s!!!como estão?estou aproveitando a deixa da Odila para contar a vocês que atualmente estou na presidência do Conselho Gestor da APA da Pedra Branca_Pocinhos do Rio Verde-MG. A nossa luta é muito exigente e temos,como vocês já devem saber, como principais fatores de destruição daquele lugar maravilhoso, as mineradoras.Recentemente eles foram em comitiva a uma reunião do conselho tentando justificar novos licenciamentos (que estão proibidos) e supressão de mata porque não constataram importância (sendo que o que temos lá é Mata Atlântica).Nesse contexto, o promotor me pediu patra indicar nomes de especialistas no bioma Mata Atlântica, que possam produzir um laudo bem fundamentado, comprovando que é Mata Atlântica. Com esse laudo, ele vai tentar anular todos os licenciamentos dados até então. Isso porque todos eles foram concedidos pelo COPAM, que não tem competência de gestão sobre a Mata Atlântica, e sim o IBAMA.tenho feito essa solicitação, mas por enquanto tenho só dois nomes, preciso de mais.caso vocês possam nos auxiliar eu agradeço muitíssimo.abraços,Rachel
Para entender leia a matéria neste BLOG: Domingo, 31 de Maio de 2009
A Amazonia repete o desastre socioambiental da Mata Atlantica.Não somos Hippies e nem ex marxistas vagabundos
Heleno Corrêa é Professor em Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente da UNICAMP
"A chance de Lula de não passar para a posteridade como quem vendeu a Amazônia está passando.Mobilizam-se pessoas de todo o planeta, em várias línguas, no conta-gotas do tempo." Prof Dr.Heleno Corrêa da Universidade
Estadual de Campinas.(UNICAMP)
Comissão Pastoral da Terra – Secretaria Nacional
Assessoria de Comunicação - NOTA PÚBLICA
Oficializada a grilagem da Amazônia
A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra, CPT, se junta ao clamor nacional diante de mais uma agressão ao patrimônio público, ao meio ambiente e à reforma agrária.
No último dia 4 de junho, o Senado Federal aprovou a MP 458/2009, já aprovada com alterações pela Câmara dos Deputados, e que agora vai à sanção presidencial. É a promoção da “farra da grilagem”, como se tem falado com muita propriedade.Com o subterfúgio de regularização de áreas de posseiros, prevista na Constituição Federal, o governo federal, em 11 de fevereiro baixou a MP 458/2009 propondo a “regularização fundiária” das ocupações de terras públicas da União, na Amazônia Legal, até o limite de 1.500 hectares. Esta regularização abrange 67,4 milhões de hectares de terras públicas da União, ou seja, terras devolutas já arrecadadas pelo Estado e matriculadas nos registros públicos como terras públicas e que pela Constituição deveriam ser destinadas a programas de reforma agrária. Desta forma a Medida Provisória 458, agora às vésperas de ser transformada em lei, regulariza posses ilegais. Beneficia, sobretudo, pessoas que deveriam ser criminalmente processadas por usurparem áreas da reforma agrária, pois, de acordo com a Constituição, somente 7% da área ocupada por pequenas propriedades de até 100 hectares (55% do total das propriedades) seriam passiveis de regularização. Os movimentos sociais propuseram que a MP fosse retirada e em seu lugar se apresentasse um Projeto de Lei para que se pudesse ter tempo para um debate em profundidade do tema, levando em conta a função social da propriedade da terra. O Governo, entretanto, descartou qualquer discussão com os representantes dos trabalhadores do campo e da floresta.
Esta oficialização da grilagem da Amazônia está chamando a atenção de muitos pela semelhança com o momento histórico da nefasta Lei de Terras de 1850, elaborada pela elite latifundiária do Congresso do Império, sancionada por D. Pedro, privatizando as terras ocupadas. Hoje é um presidente republicano e ex-operário quem privatiza e entrega as terras da Amazônia às mesmas mãos que se tinham apoderado delas de forma ilegal e até criminosa. Esta proposta de lei, que vai para a sanção do Presidente Lula, pavimenta o espaço para a expansão do latifúndio e do agronegócio na Amazônia, bem ao gosto dos ruralistas. Por isto não foi sem sentido a redução aprovada pela Câmara dos Deputados de dez para três anos no tempo em que as terras regularizadas não poderiam ser vendidas e a regularização de áreas para quem já possui outras propriedades e para pessoas jurídicas. Daqui a três anos nada impede que uma mesma pessoa ou empresa adquira novas propriedades, acumulando áreas sem qualquer limite de tamanho. Foi assim que aconteceu com as imensas propriedades que se formaram na Amazônia, algumas com mais de um milhão de hectares, beneficiadas com os projetos da Sudam. Ironia do destino, Lula , que em 1998 afirmou que “se for eleito, resolverei o problema da reforma agrária, com uma canetada”, ao invés de executar a reforma agrária prometida, acabou com uma canetada propondo a legalização de 67 milhões de hectares de terras griladas na Amazônia, um bioma que no atual momento de crise climática mundial aguda grita por preservação para garantir a sobrevivência do planeta.O mesmo presidente que, em entrevista à Revista Caros Amigos, em novembro de 2002 dizia: “Não se justifica num país, por maior que seja, ter alguém com 30 mil alqueires de terra! Dois milhões de hectares de terra! Isso não tem justificativa em lugar nenhum do mundo! Só no Brasil. Porque temos um presidente covarde, que fica na dependência de contemplar uma bancada ruralista a troco de alguns votos” acabou sendo o refém desta bancada, pior ainda, recorreu à senadora Kátia Abreu, baluarte da bancada ruralista, inimiga número um da reforma agrária, para a aprovação da medida no Senado. Já cedera à pressão dos ruralistas aprovando a Lei dos Transgênicos. Não atualizou os índices de produtividade estabelecidos há mais de 30 anos atrás, o que poderia possibilitar o acesso a novas áreas para reforma agrária. Não se empenhou na aprovação da proposta de emenda constitucional PEC 438/01 que expropria as áreas onde se flagre a exploração de trabalho escravo. Além disso, promoveu à condição de “heróis nacionais” os usineiros e definiu como empecilhos ao progresso as comunidades tradicionais, os ambientalistas e seus defensores.Lula que, com o Programa Fome Zero, teve a oportunidade de realizar um amplo processo de reforma agrária, transformou-o, porém, em um cartão do Bolsa Família que a cada mês dá umas migalhas a quem poderia estar produzindo seu próprio alimento e contribuindo para alimentar a nação.
Os movimentos sociais do campo, inclusive a CPT, vem defendendo há anos, por uma questão de sabedoria e bom senso, um limite para a propriedade da terra em nosso País. Mas o que vemos é exatamente o contrário. Cresce a concentração de terras, enquanto que milhares de famílias continuam acampadas às margens das rodovias à espera de um assentamento que lhes dê dignidade e cidadania, pois, como bem afirmaram os bispos e pastores sinodais que subscreveram o documento Os pobres possuirão a terra “A política oficial do país subordina-se aos ditames implacáveis do sistema capitalista e apoia e estimula abertamente o agronegócio”.
Goiânia, 09 de junho de 2009.
Dom Ladislau Biernaski
Presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Maiores informações:Assessoria de Comunicação Comissão Pastoral da TerraSecretaria Nacional - Goiânia, Goiás.Fone: 62 4008-6406/6412/6400http://www.cptnacional.org.br/

Carta de Carlos Rodrigues Brandão,Professor,Antropólogo e pesquisador
Desencanto - By José Saramago
"Todos os dias desaparecem espécies animais e vegetais, idiomas, ofícios. Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Cada dia há uma minoria que sabe mais e uma minoria que sabe menos. A ignorância expande-se de forma aterradora. Temos um gravíssimo problema na redistribuição da riqueza. A exploração chegou a requintes diabólicos. As multinacionais dominam o mundo. Não sei se são as sombras ou as imagens que nos ocultam a realidade. Podemos discutir sobre o tema infinitamente, o certo é que perdemos capacidade crítica para analisar o que se passa no mundo. Daí que pareça que estamos encerrados na caverna de Platão. Abandonamos a nossa responsabilidade de pensar, de actuar. Convertemo-nos em seres inertes sem a capacidade de indignação, de inconformismo e de protesto que nos caracterizou durante muitos anos. Estamos a chegar ao fim de uma civilização e não gosto da que se anuncia. O neo-liberalismo, em minha opinião, é um novo totalitarismo disfarçado de democracia, da qual não mantém mais que as aparências. O centro comercial é o símbolo desse novo mundo. Mas há outro pequeno mundo que desaparece, o das pequenas indústrias e do artesanato. Está claro que tudo tem de morrer, mas há gente que, enquanto vive, tem a construir a sua própria felicidade, e esses são eliminados. Perdem a batalha pela sobrevivência, não suportaram viver segundo as regras do sistema. Vão-se como vencidos, mas com a dignidade intacta, simplesmente dizendo que se retiram porque não querem este mundo.
Não desanimemos, no entanto. Continuemos
junt@s Um abraço amigo,Carlos Brandão"
Minha mensagem ao PRESIDENTE - Iria Barradas
"Quando me filiei ao PT em 1982 foi porque queria coisas diferentes e trabalhamos até conseguir, LULA-LÁ, só que de uns dois anos para cá, o Sr. Presidente está simplesmente editando um projeto DESENVOLVIMENTISTA que não respeita o tempo de maturação necessário a tudo que fará modificações estruturais no Brasil, dá a impressão que o tema Amazônia está sendo usado como uma fachada fascista para camuflar outros problemas que não estão sendo cuidados, como por exemplo a reforma agrária, ou será que está MP 458 faz parte das petições do MST?PEÇO ENCARECIDAMENTE QUE O BOM SENSO VOLTE À ORDEM DO DIA, há um burburinho na rede que reflete total insatisfação com a administração da Amazônia, como é que o LULA vai conseguir eleger a DILMA que é muito mais à direita que ele, se não firmar compromissos e se manter leal a eles desde já????Além disso eu quero a minha cota das terras públicas amazônicas, pois pretendo mantê-la intacta e sou tão cidadã quanto os que já estão recebendo a sua fatiazinha do bolo, isto é, da Amazônia.Será que não é esta nova versão: LULA - DESENVOLVIMENTO A QUALQUER PREÇO, que está levando pessoas a buscarem seu 3o. mandato??
Renata disse...
Hoje só estamos colhendo anos e anos de plantações de ervas daninhas. A falta de uma educação política e cidadã para nossas crianças criou a incapacidade de, realmente, reagirmos contra a dominação de uma elite que representa 1% da população, gananciosa e irresponsável, que detêm 80% da riqueza do país através de ações políticas de favorecimento próprio e utilização de informações previlegiadas para promover o crescimento de seu próprio patrimônio, em detrimento a uma melhor distribuição destas riquezas entre todos. Pessoas que representam os outros 80% da população e perdem suas vidas para defender a terra que lhes dá sustento e seu modo de vida simples. Pessoas que trabalham sem descanso nem condições de defender seus direitos por falta de estudo. Morrem sem conseguir uma vida dígna neste País repleto de possibilidades. Pessoas que não tem a noção da força que detem para, através do voto, mudar o seu destino. Assim vai, o grande povo se sujeitando a um núcleo dúro de brasileiros que há tempos só se dedica ao enriquececimento próprio, esquecendo do desenvolvimento do País para a maioria do povo. Povo este que, apesar disto, continua dando voto para aqueles que hoje querem ganhar no grito terras que pertencem ao povo brasileiro. Terras que estariam sob guarda do governo que hoje se ajoelha para estes homens... Ou monstros?
10 de Junho de 2009 12:45

terça-feira, 9 de junho de 2009

Na Contra mão da História Lula tem a Amazonia em sua mesa-Manifestações Populares

mapa INPE (61) 3411.1200 (61) 3411.1201
URGENTE LIGUE PARA o Gabinete do Presidente da República Luiz Inacio Lula da Silva
ESTE PATRIMONIO É NOSSO! MANIFESTAÇÕES...
1-"Peço licença para chamar novamente vossa atenção com o tema da Política Ambiental Brasileira. De fato, estamos vivendo um momento histórico, no qual precisamos mostrar organização e força para conter a ação da bancada ruralista no Congresso e dos agentes do Executivo compromissados com o desenvolvimento econômico a qualquer custo, movidos pelos interesses da elite de poder concentrado.Precisamos, na verdade, ir aos milhões à rua, para mostrar ao mundo que não somos patetas e que não deixaremos prosseguir a farra dos latifundiários e corporações no âmbito da legislação brasileira.Acabei de telefonar para o gabinete do presidente Lula, solicitando, como cidadão, que ele tenha atenção e respeito pelo povo brasileiro e possa vetar a Medida Provisória 458, aprovada semana passada pelo Senado, que regularizaa apropriação ilegal de terras na Amazônia.Convido-os a fazerem o mesmo. Os telefones são: (61) 3411.1200 (61)3411.1201Fui muito bem atendido e solicitei o veto do presidente, pedindo pararegistrar minha ligação. A secretária então me encaminhou para o site da presidência e deixei lá minha mensagem.
Trouxe-me contentamento saber que temos essa ferramenta de comunicação com aPresidência da República. Agradeço à campanha Avaaz pelo excelente trabalhode divulgação e mobilização da sociedade em relação a questões que demandamnossa participação. Eis minha mensagem:*Prezado Presidente Lula, Como cidadão, venho manifestar minha grande preocupação com os rumos daPolítica Ambiental Brasileira. Presenciamos a dilapidação do patrimônionatural brasileiro em benefício da elite de poder concentrado e em prol deum modelo de desenvolvimento insustentável. A Medida Provisória 458, aprovada semana passada pelo Senado, é um exemplocristalino deste movimento sombrio de nossa história, que está fazendoretroceder 40 anos de muito trabalho legislativo para que pudéssemos nosestruturar de forma a conservar e impulsionar toda a nossa riqueza natural. O senhor é a única pessoa que pode deter essa farra explícita que ditará os rumos da sociedade brasileira nas próximas décadas. Por amor ao Brasil e a seus filhos, vete a MP 458 nos pontos que a Marina Silva listou na carta do dia 4 de junho, destinada ao senhor. Seu veto é muito importante para que não anistiemos os grandes latifundiários e corporações que invadiram ilegalmente as terras públicas no passado e são os principais responsáveis pelo desmatamento de um dos principais ecossistemas do planeta, essencial para o equilíbrio de toda a biosfera e, consequentemente, para a vida humana. Acredito na sua sensibilidade e na sua intuição de que isso é uma questãofundamental para que possamos alimentar os sonhos de uma nação próspera e abundante. Saudações fraternais, Filipe Freitas CPF 978541076-53"
Nota de solidariedade ao povo indígena Peruano
Versión en Español O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manifesta sua indignação e rechaço às recentes incursões militares em comunidades indígenas de Bagua Grande e Chica no Amazonas peruano, na ultima sexta-feira, 5 de junho, que promoveram um verdadeiro massacre contra essas populações, cujo numero de mortos ainda não se pode precisar.Denunciamos abertamente o governo do presidente Alan García pelos assassinatos, agressões e a hostilidade contra as comunidades indígenas, pois mostram claramente que o governo não tem vontade nem capacidade de resolver as justas demandas do povo e que, ao contrário, só busca medidas repressivas para calar as vozes que reclamam seus direitos mais fundamentais, o que representa uma grave violação aos direitos humanos.Reafirmamos nossa solidariedade e compromisso com os povos em luta constante pela defesa dos Recursos Naturais, Pela Terra e Reforma Agrária, pela Água e a Biodiversidade, ameaçados permanentemente pelos interesses das grandes empresas transnacionais.Convocamos todos os movimentos sociais para que nos mobilizemos e organizemos protestos nas embaixadas e consulados da República do Peru em todos os países, exigindo do governo de Alan García o fim imediato das agressões e assassinatos que as forças armadas vêm realizando contra as comunidades indígenas.Este ato não pode ficar impune!O MST apóia e se incorpora à iniciativa para que o presidente Alan García seja julgado por um Tribunal Internacional e responda por este crime contra os direitos humanos.
São Paulo, 9 de junho de 2009Secretaria de Relações Internacionais

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A "regularização Fundiária da Amazonia",as feridas da Jaguatirica e a monstrenga DEMoniaca

“Privatização de 67 mi de hectares da Amazônia equivale ao patrimônio de quase quatro Bancos do Brasil”, alerta Marina Silva
Altino Machado
Marina Silva: "Lula tem uma oportunidade histórica de reparar o erro"
A senadora Marina Silva (PT-AC) viveu na semana passada um dos momentos mais tristes da vida dela, quando o plenário do Senado aprovou a Medida Provisória 458 sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União. Ferida, a ex-ministra do Meio Ambiente se entocou no Acre, conforme afirmou, para lamber as feridas e reforçar uma campanha para que o presidente Lula vete artigos da MP que permitem a utilização indevida de terras públicas.
- Quando se fere uma jaguatirica, ela entra na sua toca para lamber as feridas. É o que fiz vindo para o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente - afirma a senadora em entrevista exclusiva ao Blog da Amazônia.
Ela não escondeu uma certa mágoa quando numa recente vigília no Senado em defesa da Amazônia, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) olhou para ela da tribuna e anunciou que o presidente Lula havia pedido para ajudá-lo a resolver o problema da regularização fundiária no Brasil.
- Já que eu não pude ajudá-lo nesse processo, quero pedir humildemente para que ele me ajude vetando os artigos que é possível vetar - apela resignada.
De acordo com Marina Silva, considerando-se apenas o valor da terra nua, os 67 milhões de hectares que serão privatizados equivalem a R$ 70 bilhões. Mini e pequenos produtores, com até 400 hectares, são 81,1 % do total de posseiros, que ficarão com 7,8 milhões de hectares e receberão patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões.
Ainda de acordo com a ex-ministra do Meio Ambiente, médios produtores, com áreas de 400 a 1,5 mil hectares, são 12% do total, que ficarão com 8 milhões de hectares e receberão um patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os grandes produtores, com áreas acima de 1,5 mil hectares, são 6,9% do total e ficarão com 49 milhões de hectares, sendo premiados com um patrimônio público avaliado em R$ 54 bilhões.
- O patrimônio do Banco do Brasil é de R$ 18,4 bilhões. A privatização de 67 milhões de hectares da Amazônia equivale a distribuir o patrimônio público correspondente a quase quatro Bancos do Brasil. Esses 67 milhões de hectares correspondem às áreas da França e da Itália ou à área territorial dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina juntos. Corresponde, ainda, à área de quatro estados do tamanho do Acre. O grave é que se pensou a vistoria dessa imensa área baseada apenas no critério de auto-declaração, isto é, qualquer um pode dizer: “Esta posse é minha e eu tenho direito sobre ela”.
Marina Silva disse que o presidente Lula viverá mais que um dilema nesta semana, quando esgota o prazo para sancionar ou vetar a MP 458: terá a oportunidade histórica de reparar um erro grave, ainda que seja um reparo parcial.
Leia os principais trechos da entrevista:
Blog da Amazônia - Por que preferiu o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente?Marina Silva - Foi uma escolha muito acertada, para acompanhar a criação da estrutura do ICMS Verde pelo governador Binho Marques. É uma iniciativa que combina os aspectos sociais e ambientais quando estabelece foco em saúde e educação. É apenas crescimento e não desenvolvimento qualquer iniciativa que não signifique melhoria da saúde e da educação. Quando o Acre estabelece que os prefeitos a serem beneficiados terão que fazer os processos de certificação, que está no âmbito dos programas de valorização dos ativos ambientais, isto é muito bom.
A senhora se controlou várias vezes para não chorar, mas não escondeu a insatisfação com os rumos da política ambiental brasileira. Ando insatisfeita com fatos como o que foi constatado em Santa Catarina, que fez um Código Florestal inconstitucional no Estado que mais destruiu Mata Atlântica, que teve mais catástrofes ambientais e agora serve de modelo para desconstituir o Código Florestal Brasileiro. No Acre, o que está sendo feito é um arranjo responsável.
A senhora é mesmo uma jaguatirica, conforme se declarou?Quando se fere uma jaguatirica, ela entra na sua toca para lamber as feridas. É o que fiz vindo para o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente. Eu tive três momentos muito tristes na minha vida. Um foi quando, aos 14 anos de idade, perdi duas irmãs num intervalo de 15 dias, perdi meu tio, que era o melhor mateiro do seringal Bagaço. Ele era um xamã. Foi criado pelos índios do Madeira, em Rondônia, desde os 12 anos de idade, até os 30 anos de idade, quando um dia ele apareceu na casa do meu pai. Ele nunca se casou. Ele era mesmo o melhor mateiro do seringal Bagaço. Podia soltar ele em qualquer lugar da floresta que ele voltava pra casa. E meu tio dizia que eu era a sua herdeira. E eu tinha muito medo de ser herdeira dele porque ele fazia um ritual de ficar, a cada sete anos, 40 dias isolado na mata, sem nada. E quando ele voltava para casa estava muito magro e as pessoas diziam que ele se tornava invisível no mato. Eu tinha muito medo dessa herança e pedia pra Deus: “Meu Deus, eu não quero ser herdeira do tio Pedro Mendes”. Eu era pequenininha quando ele veio com esse papo para mim e eu pensava: “A onça vai me comer, não tenho como ficar 40 dias dormindo sozinha, sem nada, dentro da mata a cada sete anos”. Ele morreu 15 dias antes de minha mãe morrer, que morreu seis meses depois de minhas irmãs. Esses foram os momentos mais tristes de minha vida. Depois veio o assassinato de Chico Mendes. Foi um momento muito triste também. O terceiro momento mais triste foi quando aprovaram a Medida Provisória 458. Quando subi naquela tribuna, fiz um esforço muito grande pra não chorar. Deus me ajudou e eu consegui.
Por quê?Porque eu vi esforço de tantos anos e comecei a pensar no que significou o nosso presidente Lula ter sido enquadrado na Lei de Segurança Nacional por causa do assassinato, no Acre, do Wilson Pinheiro, que presidia o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Porque eu fiquei pensando no que significou as lágrimas do presidente Lula no enterro de Chico Mendes, misturadas com a forte chuva que caía naquele dia em Xapuri. Porque fiquei pensando no assassinato do padre Josimo, de irmã Dorothy Stang. Porque fiquei pensando o que significa a luta de abnegados procuradores da República, juízes que a todo o tempo eu recebo informações de que não podem ficar sequer na varanda de suas casas porque estão ameaçados de morte. Porque pensei no significado das lutas das lideranças rurais, de sindicalistas, diante do que foi aprovado pelo plenário do Senado. O projeto de regularização fundiária, como disse o ex-governador acreano Jorge Viana, já é um problema em si, mas a forma como ele foi encaminhado para o Congresso Nacional era bem mais problemática. Se fosse para resolver o problema dos pequenos, como está sendo dito, bastava que se fizesse um corte de quatro módulos fiscais ou 400 hectares, o que corresponde a 88% das propriedades e ocuparia uma área de 67 milhões de hectares de apenas 11,5%. Com a ampliação, até 1,5 mil hectares, nós vamos fazer uma anomalia: os 88% de pequenos produtores ficarão com 11% desses 67 milhões de hectares.
A senhora pode explicar melhor esses números?Considerando apenas o valor da terra nua, esses 67 milhões de hectares valem cerca de R$ 70 bilhões. Mini e pequenos produtores, com até 400 hectares, são 81,1 % do total de posseiros. Ele ficarão com 7,8 milhões de hectares. Receberão patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os médios produtores, com áreas de 400 a 1,5 mil hectares, são 12% do total. Eles ficarão com 8 milhões de hectares e receberão um patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os grandes produtores, com áreas acima de 1,5 mil hectares, são 6,9% do total e ficarão com 49 milhões de hectares, sendo premiados com um patrimônio público avaliado em R$ 54 bilhões.
A senhora chegou a comparar isso ao patrimônio do Banco do Brasil.O patrimônio do Banco do Brasil é de R$ 18,4 bilhões. A privatização de 67 milhões de hectares da Amazônia equivale a distribuir o patrimônio público correspondente a quase quatro Bancos do Brasil. Esses 67 milhões de hectares correspondem às áreas da França e da Itália ou à área territorial dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina juntos. Corresponde, ainda, à área de quatro estados do tamanho do Acre. O grave é que se pensou a vistoria dessa imensa área baseada apenas no critério de auto-declaração, isto é, qualquer um pode dizer: “Esta posse é minha e eu tenho direito sobre ela”. Mas para caracterizar uma posse mansa e pacífica, os critérios estão na Constituição e no Estatuto da Terra. Apresentei uma emenda para corrigir, para fazer o recorte até quatro módulos fiscais. O relator nem considerou. Apresentei uma outra emenda, para que não fosse dispensada a vistoria. Também não foi considerada. Apresentei a proposta que se criasse um conselho de acompanhamento. Pelo menos essa foi acolhida, mas na verdade eram oito as emendas que apresentei.
E como tudo isso aconteceu? Como o presidente Lula se comportou durante todo esse processo?Os motivos dele não têm nada a ver com o que de fato aconteceu. Eu acredito que ele se mobilizou pelas coisas boas, que seria basicamente resolver o problema fundiário. Aliás, isso já estava no Plano de Combate ao Desmatamento, dentro do eixo Ordenamento Territorial e Fundiário. E nós dizíamos: para fazer a regularização fundiária tem que fazer o zoneamento ecológico-econômico. O Acre fez, Rondônia fez, o Pará está fazendo e o Mato Grosso está fazendo há 20 anos e eu não sei porque que não é aprovado pela Assembléia Legislativa. Mas o que está se fazendo com a Medida Provisória é nivelar a todos por baixo. É por isso que fico pensando, com todo respeito, nesses meninos do Ministério Público, pois são todos muito jovens. Penso em todos aqueles que um dia acreditaram que um dia poderia ser possível fazer diferente. Ao invés de passar no teste, a gente altera o teste. O teste era fazer na forma correta. No dia daquela vigília no Senado em defesa da Amazônia, a senadora Kátia Abreu disse, olhando para mim, que o presidente Lula havia pedido a ela que o ajudasse a resolver o problema da regularização fundiária no Brasil. Já que eu não pude ajudá-lo nesse processo, quero pedir humildemente para que ele me ajude vetando os artigos que é possível vetar.
Por que não é possível vetar tudo?Algumas coisas eles fizeram de uma forma muito inteligente, o deputado Asdrúbal Bentes, que cuidou da questão fundiária desde a época da ditadura militar no Estado do Pará. O projeto original dizia que a pessoa só poderia vender a terra depois de 10 anos, fossem grandes ou pequenos produtores. Ele mudou: estabeleceu que os pequenos podem vender só depois de 10 anos, mas os grandes podem vender após três anos. Os que ficarão com a maior quantidade de terra, os que usaram de mais violência -não estou falando dos corretos- poderão vender as terras após três anos. Esse artigo está numa parte da lei que não pode ser vetado. Quem puder, envie e-mail ao presidente Lula. Peça com carinho e respeito, como eu pedi na carta que enviei: “Companheiro Lula, vete a Medida Provisória 458″. É assim que cada um tem que fazer. As coisas têm que ser feitas com amor. Todo o discurso que tem sido feito é em nome dos pequenos, mas quem vai se beneficiar mesmo são os grandes, aqueles com áreas acima de 1,5 mil hectares, que ficarão com 8 milhões de hectares e que receberão um patrimônio público equivalente a R$ 54 bilhões, que corresponde a quase quatro vezes o patrimônio do Banco do Brasil. O procurador federal no Para, doutor Felício Pontes, disse: “A MP 458 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra 15 anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal no estado do Pará, n combate à grilagem de terras”. A situação na Amazônia é assustadora. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, de 1999 a 2008, foram mais de 5 mil conflitos envolvendo 2,7 milhões de pessoas; 253 assassinatos; 256 tentativas de assassinatos. Foram 1.377 pessoas ameaçadas de morte, a maioria lideranças rurais.
A senhora costuma dizer ao seu amigo Carlos Minc que deixou para ele uma boa marmita. Qual é o sabor dela hoje?O sabor dela hoje é amargo por causa da Medida Provisória. No meu entendimento, deveria ter sido um projeto de lei e não uma Medida Provisória, para que a sociedade brasileira pudesse debater mais sobre algo tão importante. Mas existem outras tentativas tão amargas quanto essa. Daqui há alguns anos as pessoas vão começar a ver o impacto de tudo isso no país, particularmente na Amazônia. O que aconteceu é que os ministérios das Minas e Energia, Transportes e Agricultura estão se sobrepondo ao Ministério do Meio Ambiente. E agora existem alguns setores que querem fazer uma campanha de desqualificação do ministro Carlos Minc.
A pressão contra a gestão dele é mais firme do que foi contra a sua gestão?Contra a minha gestão foi muito grave porque o que estava sendo feito era algo muito potente, como colocar 700 pessoas na cadeia.
Como a senhora explica, do ponto de vista político, o retrocesso?Primeiro, houve um esforço muito grande para implementação da legislação. Barrar processos abertos, que estavam em curso há décadas, criou a expectativa de que isso fosse apenas fogo de palha. Não é à toa que durante cinco anos criou-se 4 milhões de hectares na frente de expansão predatória. Eliminamos verdadeiras redes de fraude. Existia, por exemplo, uma gráfica no estado de Goiás, que imprimia ATPF falsa com a mesma qualidade da que era impressa na Casa da Moeda. Todos esses esquemas criminosos foram desmontados e ainda se criou um sistema de monitoramento por satélite em tempo real. A cada 15 dias se tem uma fotografia da Amazônia inteira. A partir disso, a fiscalização vai a campo conferir o que está acontecendo. A partir disso, começou a surgir uma pressão muito grande para parar contra essas investidas.
Mas como se explica que o PT e o governo tenham permitido um retrocesso tão radical?Contei com a solidariedade e o esforço da bancada. Eu diria que há, neste momento, uma força avassaladora de setores atrasados do agronegócio. Se nós não tivermos uma forte mobilização da opinião pública, esses setores vão avançar cada vez mais, passando por cima das conquistas da sociedade. Neste momento, existem cerca de 32 iniciativas de decreto legislativo que tentam revogar a defesa do meio ambiente e de reservas indígenas. Em lugar das pessoas trabalharem para recuperar a reserva legal elas estão querendo mudar o Código Florestal Brasileiro para diminuir a reserva legal. É um movimento que tenta desconstruir os avanços.
A senhora não teme que possa ter melindrado politicamente o presidente Lula ao ter enviado uma carta aberta? Com isso ele pode decidir não atender ao pedido de vetos à Medida Provisória.Eu não tenho esse receio por causa da história que o presidente Lula tem. Ele não vai se ater a uma coisa mesquinha como essa. Ele vai avaliar o mérito e tentar reparar em parte o grande mal que é essa Medida Provisória. Eu espero, sinceramente, fazendo esse apelo ao homem público que ele é, à memória daqueles com os quais ele lutou junto, à contribuição que ele pode dar à história, que ele promova esse veto. É um apelo da bancada, do Partido dos Trabalhadores, e da maioria dos brasileiros. Ninguém pode se conformar em repassar um patrimônio público de R$ 70 bilhões àqueles que se apropriaram de terras públicas e daqui a três anos vão poder vender essas terras. Que pelos menos as pessoas jurídicas e as que têm prepostos não possam regularizar essas terras porque isto está na contramão da função social da terra.
Faltou empenho do Planalto para aprovar as mudanças que a senhora julga necessárias à Medida Provisória?A política é a arte de tentar convencer. No plenário do Senado um grupo de senadores se esforçou e tivemos entendimento de um grupo de 20 senadores que queria aprovar as emendas. No meu entendimento, faltou esforço por parte do governo para tentar resolver o problema ali e não transferi-lo para o presidente. Agora está nas mãos do presidente Lula e com certeza ele vai olhar com muita responsabilidade.
O presidente está vivendo um dilema?É mais que um dilema. É uma oportunidade histórica que tem para reparar um erro grave, ainda que seja um reparo parcial.
A senhora pretende procurar o presidente Lula para tentar convencê-lo pessoalmente?Já fui até ao presidente Lula por meio da carta que enviei. Caso ele me convide, irei conversar, mas também, se for necessário, ainda posso tomar a iniciativa de procurá-lo pessoalmente.

LIGUE VOCÊ TAMBÉM PARA O PRESIDENTE
Isso significa que 67 milhões de acres de terra da Amazônia que são hoje um patrimônio da União estimado em 70 bilhões de reais, serão privatizados. A maior parte destas terras irão parar nas mãos de grileiros, os grandes responsáveis por violentas disputas por terra e pelo desmatamento da Amazônia. O governo brasilieiro está deixando entender que aqueles que ocupam a Amazônia de forma ilegal e violenta serão recompensados. A projeto de regularização da Amazônia não começou mal - a idéia era proteger pequenos agricultores que precisavam do título legal de suas terras. Porém, ele acabou sendo corrompido pelos interesses do poderoso agronegócio, que incluíram três provisões perigosas que concedem a eles a maior parte das terras beneficiada pelo programa. Nós só temos até esta quarta-feira para pedir para o Presidente Lula vetar estes pontos da MP, garantindo assim a proteção da Amazônia. Somente uma mobilização coordenada e massiva de pessoas de todos os estados brasileiros poderá convencer o Presidente Lula a vetar os pontos perigosos da MP. Só dependemos de um pequeno esforço de cada um de nós – ligue para o gabinete do Presidente Lula agora mesmo e diga para ele:
1. Nós não queremos que grandes empresas se beneficiem da MP 458 pois são elas as responsáveis por grande parte do desmatamento e queimadas da Amazônia, e consequentemente pelas nossas emissões de carbono2. Nós queremos que o Presidente diferencie pequenos agricultores de grandes proprietários, portanto pedimos uma mudança em três pontos da MP:
Vetar os incisos II e IV do artigo 2º que permite a “ocupação e exploração indireta”. O veto garantirá que apenas as pessoas que moram na terra tenham direito ao título legal.
Vetar artigo 7º que permite título à empresas privadas. Somente pessoas físicas devem ter o direito de regularizar suas terras.Proibir a comercialização das terras por 10 anos após a regulamentação (ao invés de 3 anos como foi proposto) para evitar a especulação comercial das terras.
Gabinete do Presidente: (61) 3411.1200 (61) 3411.1201
Nos próximos dois dias uma grande parte da Amazônia será privatizada, dando início a um perigoso e irreversível processo de desmatamento. Enquanto o mundo todo aumenta as suas preocupações ambientais, buscando uma economia livre de carbono e um maior respeito pelos nossos recursos naturais, nós não podemos deixar que o nosso governo venda a Amazônia. Nós só temos 2 dias! Ligue para o Gabinete do Lula hoje, depois encaminhe este email para todos os seus amigos e familiares! Depois de ligar clique no link para registrar o seu nome, para que possamos acompanhar o número de participantes desta campanha:
http://www.avaaz.org/en/nao_privatize_a_amazonia/
Com esperança, Alice, Graziela, Ricken, Ben, Luis, Paula, Pascal, Iain, Brett, Paul, Raluca e toda a equipe Avaaz
Leia mais sobre o assunto:Ruralistas privatizam a Amazônia:
http://www.greenpeace.org/brasil/amazonia/noticias/ruralistas-privatizam-a-amaz-n
Carta aberta da senadora Marina Silva ao presidente da República:
http://www.greenpeace.org/brasil/amazonia/noticias/carta-aberta-da-senadora-marin
MP 458: Marina Silva alerta para legalização de terras griladas:
http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=91856&codAplicativo=2
MP 458 é prêmio ao crime de apropriação ilegal da Amazônia:
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/2993/9/
A Amazônia na mesa do Presidente:
http://www.blogger.com/%20http:/www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2894
Marina resiste, Kátia defende a grilagem:
http://www.blogger.com/%20http:/www.greenblog.org.br/?p=1390

A Farra do Boi na Amazonia

O relatório Farra do Boi na Amazônia conclui que o governo brasileiro, apesar de responsável por zelar pela preservação da floresta, também colabora para a destruição ao conceder financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas do setor de carnes."No momento em que a empresa investe na região amazônica e monta uma unidade que tem capacidade de abate de milhares de animais por dia, ela está sinalizando para os produtores que eles podem desmatar e ampliar sua produção porque vão comprar esses animais", disse André Muggiati, um dos coordenadores do Greenpeace.O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a acusação do Greenpeace não é verdadeira. "Quero que o Greenpeace reconheça que o BNDES só apoia projetos que têm total compromisso com o desenvolvimento", afirmou ele, após participar da cerimônia de abertura da 25a Feira Internacional da Insústria Eletrica Energia e Automação FIEE.Coutinho informou que ainda não conhece o estudo do Greenpeace e precisa analisar o relatório, mas considera a avaliação injusta porque o BNDES tem controle dos grandes projetos e mantém esse compromisso.Segundo Muggiatti, três frigoríficos que contribuem para o desmatamento na Amazônia são o Bertin, JBS e Marfrig. O relatório aponta que essas três empresas são responsáveis por 50% das exportações das carnes brasileiras e receberam a maior parte dos US$ 2,65 bilhões financeiros pelo BNDES, entre 2007 e 2009, para cinco grandes frigoríficos. Procuradas pela Agência Brasil, as empresas não responderam até o momento às afirmações do relatório do Greenpeace.O Bertin é uma das maiores vendedoras de couro do mundo. O JBS lidera as vendas mundiais de carne mundial. O Marfrig ocupa a quarta posição no ranking de comercialização de carne no mundo. O relatório do Greenpeace diz ainda que a expansão da pecuária está concentrada na Amazônia, onde 80% de todas as áreas desmatadas são ocupadas pela atividade. O relatório descreve ainda os produtos que foram investigados pelo Greenpeace, como calçados chineses e estofamentos de veículos.Mugiatti afirmou que o objetivo é chegar ao desmatamento zero até 2015 e, para isso, o Greenpeace pressionará as empresas para que elas assumam esse compromisso. "Se as empresa negociarem, concordarem e adotarem posturas sérias para limpar sua linha de suprimentos e sua cadeia de custódia, a negociação será suficiente. Senão vamos ter que usar mais mecanismos de pressão, como a exposição desse escândalo no mundo todo."O diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, explicou que a entidade já entrou em contato com empresas no exterior perguntando se elas comercializam produtos vindos da destruição da Amazônia. Segundo ele, boa parte delas disse desconhecer que compram produtos vindos da Amazônia. "Elas compram produtos vindos de outras partes do mundo, sem saber que esses países já importaram do Brasil, dessas empresas que estão na Amazônia. O que fizemos foi contatar as empresas para que procurem os seus fornecedores."Adário reforçou que o papel do Greenpeace é alertar as empresas, os consumidores, a população, a opinião pública e os governos a agir. "Esperamos que essas denúncias sejam suficientes para chamar essas empresas para uma atuação responsável porque elas correm o risco de perder competitividade. A pressão virá inicialmente das empresas consumidoras de produtos brasileiros".O relatório pode ser lido no site http://www.greenpeace.org.br/ .
YouTube - Latifundiários ameaçam o Ministro Minc
http://www.youtube.com/watch?v=-3rCoDpOrjo

YouTube - Misnistro Calos Minc X Latifundiários e o Desmatamento Parte I
http://www.youtube.com/watch?v=Kc-Mxiid28M

YouTube - Carlos Minc do Meio Ambiente Parte II
http://www.youtube.com/watch?v=gAjfAsL-3LU

YouTube - Carlos Minc do Meio Ambiente- Parte III
http://www.youtube.com/watch?v=RjiRopek1C8

O Boi,a Amazonia e sua detruição:consumo de carne e couro pelos paises desenvolvidos



Consumo de carne está ligado à destruição da Amazônia, diz Greenpeace
Fiona Harvey e Jenny Wiggins- Em Londres -
Jonathan Wheatley- Em São Paulo
A destruição da floresta Amazônica para abrir caminho às fazendas de gado foi pela primeira vez associada aos padrões de consumo de carne e couro no mundo desenvolvido, de acordo com ativistas ambientais.A criação de gado é a causa mais importante do desmatamento da floresta tropical no Brasil. O lucrativo negócio produz carne para atender aos novos gostos dos consumidores mais ricos de economia emergentes como a China e a Índia, assim como para mercados há muito tempo estabelecidos, como a Europa e os EUA.As exportações do setor geram mais de US$ 7 bilhões por ano para o Brasil, um número que o governo quer dobrar.Um relatório publicado hoje pelo grupo ambientalista Greenpeace estabelece uma ligação entre o avanço das fazendas de gado na Amazônia e os produtos - principalmente carne e cosméticos - vendidos por supermercados e marcas de luxo.Algumas companhias citadas pelo relatório como possíveis receptoras de produtos de áreas desmatadas disseram ao "Financial Times" que iriam rever suas políticas em relação aos fornecedores.As preocupações levantadas pelo relatório também refletem um desejo cada vez maior dos consumidores de saber a procedência dos produtos que compram, o que aumentou por conta dos temores recentes em relação aos alimentos.A Unilever disse que lançaria um "auditoria de procedência" para garantir que nenhum de seus produtos venham de áreas desmatadas, apesar de já ter um código de conduta para seus fornecedores.A rede de supermercados Waitrose disse que examinaria as provas do Greenpeace e "conduziria uma investigação minuciosa" se necessário.A Tesco disse que seus produtos de carne vêm de áreas localizadas a 3.000 quilômetros da Amazônia.A Kraft Foods disse que só comprou carne do Brasil para produtos vendidos localmente na Itália, e suas compras mundiais representam menos de 0,2% da produção total de carne do Brasil.A marca de bens de luxo Prada negou comprar couro brasileiro. Segundo ela, "o couro brasileiro é de muito baixa qualidade para nós. Nossos especialistas são capazes de perceber a diferença."O Greenpeace está pedindo que as companhias que têm ligações com o Brasil estabeleçam políticas para assegurar que nenhum dos produtos que vendem venham de áreas desmatadas.A rede varejista Marks and Spencer disse que tem procedimentos para assegurar que sua carne venha apenas de fazendas específicas, com animais marcados e carcaças com selos em todos os estágios.Outros supermercados contatados pelo FT disseram que seus fornecedores assinaram contratos garantindo que sua carne não vem da Amazônia.Todavia, o Greenpeace sustenta que muitos desses contratos não passam de "exercícios de preencher formulários" e os distribuidores não têm procedimentos adequados para garantir que as condições do contrato são cumpridas.A maior parte do setor de exportação de carne do Brasil é administrada por um pequeno número de companhias. Três delas, contatadas pelo FT, não responderam à reportagem. Uma quarta, a Bertin, processadora de carne e couro, disse: "Estamos caminhando na direção de métodos mais sustentáveis e esta é a tendência de todo o setor".A International Finance Corporation, que forneceu financiamento para a Bertin, disse: "Tem havido progressos, mas ainda existem desafios".Pessoas que conhecem bem a situação dizem que os problemas sérios persistem. Um executivo do setor, que pediu para não ser identificado, disse: "O maior problema é controlar o comportamento dos fazendeiros. Vários produtores não têm nem mesmo propriedade legal sobre suas terras".O texano John Carter, que é fazendeiro no Mato Grosso, no sul da Amazônia, disse: "Simplesmente não há dúvida de que a produção de carne migrou para a Amazônia".