Carlos R.Brandão |
Bom ambiente de aula! Repasso a carta da Claudia
"Rosa dos Ventos"
Dizem que fotografar é eternizar olhares, e era isso que faríamos no
feriado de
Corpus Christi na cidade de Goiás; mas, olhares sem rédeas,
acostumados a sonhar contemplando as lonjuras do horizonte, dessa vez
resolveram, de fato, percorrê-lo até esbarrar nas montanhas do sul de Minas.E
entre montanhas, um lugar chamado Poços de Caldas com suas praças sempre
povoadas que mais parecem cenários de filme com final feliz. Um lugar quentinho
onde água saída das entranhas da Terra nos proporciona um banho relaxante; mãos
trabalhadeiras que na feira de economia e pessoas solidárias expõem seus frutos
coloridos e saborosos aos olhos. Um trem suspenso nos trilhos do tempo e do
espaço carrega o testemunho de ânsias desnudando o gosto
doce da calmaria.Um
pouco mais e chegamos a Caldas onde música e poesia nos brindou com mágicos
momentos no barracão das artes e no arraial a temperatura do caldo é medida por
pontas de dedos, talvez ingênuos, ou apressados em servir,
ir.De
Caldas a Pocinhos do Rio Verde é um pulo que de alegria se faz ao descortinar,
ainda mais, a beleza da natureza. E quase chegando ao pico é possível apreciar a
obra dos ventos arquitetos que uma rosa nos fez. Uma gente diferente habita esse
lugar, deve ser outra espécie de ser humano ou aquela ainda por descobrir em
todos. Uma gente despida de egoísmo e dispostos a cooperar.Caminhando por essas alturas, reflito o tamanho pequeno da pedra
invisível que sou e desvendo imensidões de mim.
entardecer no Sítio |
O
‘paraíso perdido’ se encontra lá. Lá onde as pessoas se ajudam, lá onde o
sorriso é verdadeiro, lá onde o frio esquenta a alma, lá onde os sentidos são
despertados da sonolência corriqueira, lá onde até bonecos são tratados pelas
crianças por “senhor” em sinal de respeito, lá onde Brandão é superlativo de
brandura, lá onde tem um morro só para as estrelas e nós, teimosos, insistimos
em subir para colher um pouco de luz, lá onde sempre cabe mais uns, lá onde na
cozinha se faz muito mais que refeições, lá onde aprendemos que abelha não é
sinônimo de ferroada e sim de mel, lá onde Mel também é nome de cachorro, lá
onde a dança circular desenha a essência de nossos seres, lá onde um senhor
chamado Generoso faz vinho e revela nas dobras das mãos o envelhecer de seus infindáveis esforços em driblar a solidão,
lá onde o vinho nos embriaga de virtude e poesia, lá onde filósofo ensina,
aprende e produz queijos, lá onde a coleta seletiva e coletiva funciona, lá onde
a neblina brinca com as montanhas de manhã cedinho nos fazendo sentir no céu, lá
se chama Rosa dos Ventos e é lá que eu quero voltar...Chega a hora da
despedida e percebo que mais que eternizar olhares, cenas
futuras se formam e na fotografia desses dias muito há o que revelar.Despeço-me carregada de encanto, deixando ao longe apenas a sensação gostosa do
verdadeiro acolhimento. Cláudia Rodrigues de Paula Inverno de 2011
"Um
pouco mais e chegamos a Caldas onde música e poesia nos brindou com
mágicos
momentos no barracão das artes e no arraial"
venda de produtos |
oficina na praç |
CARTA RECEBIDA DO CARLOS BRANDÃO
Gente amiga e querida, de perto e de
longe,
Estou enviando
esta mensagem coletiva apenas porque o que vivemos na ROSA DOS VENTOS no feriado
de Corpus Christi, e mais em Caldas e em Poços de Caldas, foi de uma tal feliz
e fecunda intensidade, que quando acabou de acontecer, na manhã (gelada a 3
graus negativos) em que a casa ficou vazia (ou quase), eu me perguntava:
"aconteceu mesmo?"
Vivemos em
apenas quatro dias, dias que pareciam mais um conto de milagres do que uma
realidade.Chegamos a ser
45 pessoas dormindo lá e, entre quem chegava e saía, fomos mais de 60 pessoas
por lá. Como sempre, gente vinda de perto e de longe (e de muito longe). Gente
"da casa" e gente que apareceu por lá pela primeira vez.Foram encontros
e re-encontros felizes e, alguns, inesperados
mesmo.Em três ou
quatro dias, reunindo gente que se conhecia e gente que nunca se viu, vivemos o
seguinte:Uma inesperada
oficina de abelhas nativas e seu reconhecimento na mata;Uma oficina de
fabrico de queijo mineiro coordenada pelo filósofo
Flora;Uma oficina de
dança do ventre, coordenada por Sandra;Um fecundo novo encontro do
grupo do Tao;O lançamento de um cd-livro de Henry, um filósofo-cantor e mais
Paulo, um engenheiro florestal-poeta que nos maravilharam (uma apresentação no
Brracão das Artes em Caldas, e um repeteco na Casa Azul da Rosa dos VentosUm
espetáculo inesquecível de mamulendos com Chico Simões ("na hora!");A esperada Feira de Economia Solidária em Poços de Caldas (com
roda de conversa minha debaixo de sol em manhã gelada);
A festa do
arraial em Caldas;Duas
caminhadas até o Morro das Estrelas (uma com todas as estrelas e outra com toda
a chuva);Duas
reuniões do Centro Mutirão de Educação Popular e Economia Solidária,
que estamos criando por lá.
Será que
faltou alguma coisa?
E mais muita
conversa, muito encontro e re-encontro. Alguns almoços de jantares de comidas
conhecidas e desconhecidas. E mais gente que teve coragem de ir no rio Verde e
tomar banho de cachoeira. E mais rodadas de violão e cantorio na varanda. E
mais o frio que chegou depois da chuva, e foi de -3 graus na madrugada de
segunda pra terça.Enfim, dias
breves que pareceram um tempo quase sem-fim.Estamos
programando uma série de encontros de estudos de economia solidária da equipe
que vai "tocar o Mutirão". Se mais alguém tiver vontade de vir estar conosco,
veja um outro e-mail em que escreverei a
propostaPor agora
pensamos encontros de pelo menos um dia inteiro de estudos conjuntos nestas
datas: 6 e 7 de agosto; 27 e 28 de agosto.Estamos
programando com Marcos Arruda e outras gentes um outro encontro ampliado ao
redor de economia solidária. Falta definir data e mais arranjos. Uma alternativa
seria ao redor do 7 de setembro, que cai numa quarta. Outra seria o 12 de
outubro, quando estarei no Pontal do Tirângulo Mineiro. Outra seria em volta do
15 de novembro, que cai numa terça.Avisaremos toda
a gente sobr este encontro e outros mais.
O site
www.sitiodarosadosventos.com.br está sendo re-criado para se tornar
inclusive mais interativo. Esperem com calma
mineira.
Entre 13 e 31 de
julho estarei no "outro lado de Minas Gerais". Estarei entre Pirapora e Manga,
viajando "São Francisco rio abaixo", com uma equipe de professores(as) da USP e
da UFU e de alunas. A viagem faz parte de nosso projeto Etnocartografias do Rio
São Francisco (no trecho mineiro). Deverei estar por alguns dias sem bons
contatos de celular e de internet.
Devo voltar dia
1 de agosto. Teremos então reuniões novas na Rosa dos Ventos e no Pontal.
Estamos criando juntos um projeto de educação junto a assentamentos e
acampamentos de reforma agrária da região do Pontal do Triângulo. A proposta
envolve o Campus do Pontal, em Ituiutaba, O Instituto Federal Tecnológico do Sul
de Minas (em estudos) e o nosso Centro Mutirão.
Por agora, que
fique um abraço amigo em meu nome e no de toda a "Gente da Rosa dos
Ventos"
Carlos
Brandão.
O que é paz cresce por
si mesmo
João Guimarães
Rosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário