OS AGROTÓXICOS E AS SEMENTES TRANSGÊNICAS
Prof. Athen Teixeira Filho, da UFPEL, Pelotas-RS, junho de
2011.
“Agrotóxico” é um tema sobre o qual poderíamos debater horas ou
dias, manifestar opiniões favoráveis ou contra, recomendar o uso ou não,
entretanto, independente deste fato, eles são o que são; venenos sintéticos de
alta potencialidade produzidos pelo homem para “matar pragas”. Aliás, como negar
o óbvio expresso no próprio nome? São biocidas – matam tudo
o que tem vida!
Também é fato que “o mundo tem fome”, precisa ser alimentado e
várias vezes ao dia. Não obstante, os informados sabem que a
produção de alimento atende esta demanda global. Então, por que ainda tem gente
morrendo de fome (de crianças ainda em úteros, suas mães, até velhos)? A
resposta, tão simples quanto desumana, é que os governos/empresas não têm
interesse/estrutura/não se preparam para a
distribuição deste alimento produzido. Em alguns casos, como em grande
parte da parcela de grãos que o agronegócio nacional produz, a preferência é de alimentar animais. Some-se a isto o fato
de que, hoje, “grãos” não servem só para alimentar, mas passou a ser uma coisa
chamada “commodity”, que equilibra ou desequilibra a “balança comercial”. É
negócio!
A argumentação que discute diferenças entre “volume” e “quantidade”
não passa de tergiversação e discurso ilusório. As doses são abusivas,
criminosas, desproporcionais e só atendem os interesses delituosos das
empresas.
“Pragas” surgem em ciclos biológicos naturais ou por conta do
desfrute equivocado de plantios (mais comum), como nas lavouras comerciais
(monocultivos) que destroem o equilíbrio predador/predado. Muitas “pragas”,
assim como as “plantas invasoras”, são, na realidade, elementos próprios e
fundamentais à vida de determinados biomas. Elas têm sua designação alterada
visando enganar os menos atentos. Puro engodo de espertalhões.
Como professor de anatomia não possuo a melhor qualificação para
dizer qual a forma adequada de plantar, mas já vi produtores familiares
produzindo qualitativamente, sem agrotóxicos e devo salientar que este grupo não
é pequeno. O interessante é que são combatidos e relegados à sua própria
sorte, recebendo apoio irrisório – uma verdadeira afronta – por parte
de programas governamentais. Intelectualmente é pobre, e até grotesco, argumentar que para
produzir precisamos anexar ao alimento altíssimas doses de venenos e, ainda
insano, fazer com que o próprio alimento disponibilize a peçonha – como a toxina
Bt.
E aqui já alcançamos outro crime – os
transgênicos!
Publicações demonstram que esta toxina Bt
ultrapassa a barreira placentária, indo agredir a própria segurança do feto
(Aris, Aziz & Leblanc, Samuel. Maternal and fetal exposure to
pesticides associated to genetically modified foods in Eastern Townships of
Quebec, Canada. Reproductive Toxicology. Article in Press).
Percebam que esta mãe nem precisa ir até a lavoura para se contaminar, pois
recebe o veneno em sua casa, embalado e com data de validade. Este “alimento”
fantástico também é chamado de “commodity”!
Já está comprovado que os biocidas necessitam aumentar sua dose de
aplicação, pois as “pragas” se tornam resistentes – estão
nos envenenando cada vez mais e mais. Temos, também, a troca de biocidas.
A CTNBio já recebeu pedido de pesquisa visando a aplicação do famoso “agente
laranja”, pulverizado por mercenários sobre o Vietnam durante a guerra, e que
foi responsável pela morte em agonia de milhares de pessoas, pela mal formação e
também morte fetal de outros tantos indefesos/inocentes.
E como o organismo recebe um veneno deste tipo?
Com morte celular e alterações gravíssimas.
Alguns hormônios difundem-se nos tecidos orgânicos em valores
expressos em “fentogramas”, valor igual a 10-15, ou seja, 0,00000000000001.
Registre-se que a quantidade de agrotóxicos – e produtos presentes em
transgênicos – que ingerimos via alimentar é muito superior e, assim, entende-se
que a ingestão destes geram sangramentos no sistema digestório, espessamento de
mucosas de células intestinais, proliferação celular
desregulada (o que pode levar à câncer), náuseas, alergias
gravíssimas, dificuldade de aprendizado, entre outros”.
Os resultados de pesquisas em ratos mostraram que o Glifosato Roundup foi responsável pela desregulação hormonal e diminuição
significativa da produção de testosterona, corroborando efeitos tóxicos sobre o
sistema reprodutivo endócrino (Romano, Renata Marino; Romano, Marco Aurélio,
Oliveira; Cláudio Alvarenga. Arch Toxicol. 2010, 84:309–317), assim como indutor
de más formações fetais (Romano, R. M. et al. Chem. Res. Toxicol. 2010, 23,
1586–1595). E, se ocorre em testículos, pode-se inferir que os ovários sofram
iguais efeitos, já que ambos têm a mesma origem embriológica. Realço que as
conseqüências para as mulheres são muito mais terríveis, pois elas não renovam
seus gametas que, uma vez agredidos ou alterados, as gestações terão altíssima
possibilidade de gerar problemas (morte fetal, mal formações, etc.). Outros estudos já relacionaram o mesmo produto ao câncer de
próstata.
Recente notícia repassada em 25 de maio de 2011 pelo noticiário
alemão “Exakt – Das Nachrichtenmagazin” (http://www.mdr.de/exakt/8640261.html),
com o título “Glifosato – O perigoso veneno de plantas” (Glyphosat – Das
gefährliche Pflanzengift) relata, em agricultores, doses de 5.6mg/litro de
glifosato na urina – esta dose é elevadíssima se comparada com o volume acima
relatado de fentograma com que os hormônios atuam. Alguns acham que está bem,
como o presidente da CTNBio, que disse que beber um copo deste biocida não traz
problemas (http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=745).
Esta defesa apaixonada e irracional deste produto não combina com a investidura
do cargo, mas a exigida isenção não ocorre, nem por fingimento.Por fim, lembro que o DDT “veio para salvar a humanidade das
pragas”, mas como praga/veneno em si mesmo, foi responsável pela morte de
muitos, tem-se fortes suspeitas de ter contribuído pela diminuição na produção
de espermatozóides da espécie humana, diminuição da própria qualidade de vida,
matou animais silvestre – quase extinguiu a águia americana – ainda está
presente em todo o planeta e serviu, de fato, só para enriquecer seus
produtores. A mesmíssima coisa ocorre com o glifosato, e que não é biodegradável
como mentiam as primeiras embalagens, e a Monsanto foi punida por
isto.
Assim, mesmo que pudéssemos escrever muito mais, voltamos ao
início. Agrotóxicos são o que são; biocidas gerando fortunas bilionárias aos
seus produtores. E dane-se o mundo!
P.S. Notem que as crianças em gestação são extremamente agredidas,
fato que parece não importar para alguns grupos, mas nada justifica tamanha
sanha em busca de acúmulo financeiro.
Dr. Althen Teixeira Filho
Professor Titular
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Biologia
Disciplina de Anatomia dos Animais Domésticos
SOBRE O FILME: GENTILEZA DE GRACIELA PAGLIARO
SOBRE O FILME: GENTILEZA DE GRACIELA PAGLIARO
O
documentário “O veneno está na mesa”, de Silvio Tendler – lançado no dia 25/7,
no Teatro Casa Grande – está disponível nos seguintes links (ajudem a
divulgar!):
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