![]() |
PROF.HELENO CORRÊA |
Como um dos eventuais assessores
do grupo me orgulho de ter acompanhado a luta histórica pela justiça no
trabalho.Um dos assessores deles faz hoje cinquenta anos (Sabino).
A altivez e alegria dos
trabalhadores dessa assembléia da vitória, muitos deles entrando pelos sessenta
anos, reflete a luta iniciada em 1997 por moradores das chácaras da beira do
Rio Atibaia na região onde a fábrica se implantou como um tumor gerador de
doenças. Cinquenta e oito trabalhadores do grupo inicial já morreram, muitos
deles por tumores linfáticos, de tireóide, e hematopoiéticos. Os
organoclorados, as dioxinas e furanos dos incineradores, os metais pesados e o
asbesto cobraram seu preço. Na própria semana em que foi exarado o
"acordo" no Tribunal Superior do Trabalho em Brasília morreu mais um,
com 48 anos com causa básica determinada como Policitemia Vera. Não era
fumante, nunca bebeu, e não pode ser acusado pela epidemiologia da reação de
ser apenas mais um trabalhador alcoolatra colocando culpa nos produtos químicos
do trabalho.
As empresas recuaram de exigir
cancelamento das sentenças de primeira e de segunda instância por que sabiam
que a terceira instância do TST as confirmaria. Isso abriria um precedente
mundial de reconhecimento de que discutir nexo caso a caso antes de reparar
danos é coisa de pensamento anticientífico a serviço do capital poluidor. O
reconhecimento de que a descrição epidemiológica do coletivo é mais forte que
as relações individuais seria definitivamente lavrado em sentença. Foi isso que
as empresas evitaram aceitando um "acordo". Entregaram os anéis a
baixo custo para não perder os dedos.Para os trabalhadores é dinheiro modesto e plano de saúde em boa hora. Vai aliviar suas carências e medos da velhice insegura pelo desemprego a que foram lançados quando ninguém mais os contratava por que os empregadores e serviços médicos de empresa sabiam que tinham sido expostos. As listas de exclusão clandestinas circulavam seus nomes entre os empregadores de químicos de toda a região. Não conseguiram mais trabalhar no que tinham capacitação.
Para o SUS é um alerta. Ou põe a
Saúde do Trabalhador aliada à Vigilância Epidemiológica em Saúde ou vai lidar
com o dumping industrial e de serviços sem financiamento. A Saude do
Trabalhador é e ainda será uma colcha de retalhos que ninguém desejará unir os
pedaços enquanto os trabalhadores não chegarem ao poder compartilhado nas
decisões das políticas de vigilâncias locais e regionais. Foi exatamente isso
que fizeram na marra os ex-trabalhadores Shell, quer a burocracia do SUS
reconhecesse ou não.
O CEREST Campinas e o Ministério
Público do Trabalho da 15a Região abriram o caminho com atuação pública
respeitável, responsável e competente. São exemplos para a ação pública dos
serviços de Saúde do Trabalhador e da administração da Justiça. A Justiça do
Trabalho teve também momento s de engrandecimento em Paulínia, com a Dra. Inez
Targa, em Campinas com os Juízes do Tribunal Regional do Trabalho e também em
Brasília no TST. É raro, talvez único, um desempenho que faz justiça de fato
aos direitos dos trabalhadores.A poluição pelo lucro continuará enquanto não houver PRECAUÇÃO e enquanto a prática da pesquisa for dominada pelo negacionismo da Epidemiologia da REAÇÃO.
Abraços, Heleno
16Abril2013.
Ler matéria : http://www.quimicosunificados.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário