IMPOSTOS EM SÃO PAULO

sábado, 7 de novembro de 2015

O PROJETO "CONTINUM 2015" _ C.C.LOUIS BRAILLE_UMA GRANDE EXPERIÊNCIA I




Texto Odila Fonseca
Porque estou dizendo isso?
Foi lembrando nossa primeira experiência nas oficinas de argila com  o artista e ceramista Afrânio Montemurro que percebi que um dos participante, bem jovem, fotografava com seu celular. Essa imagem me fez lembrar o tempo que estudava cinema. Na pesquisa, entre outros me deparei com a produção da “ARTE FOTOGRÁFICA DE EVGEN BAVCAR”
o fotógrafo cego .  
Audiodecrição: Autoretrato de Evgen Bavcar com o artista e filósofo ao fundo. Usa óculos e chapéu de abas. Suas mãos aparecem segurando uma câmera e dá idéia de muitos clicks em frente um espelho. A foto é em preto e branco no centro e azul escuro nas laterais.

Então é aqui que começo meu desafio em coordenar a Oficina de Literatura no Centro Cultural Louis Braille depois de termos passado momentos intensos com outros artistas na produção dos sentidos e do AUTORETRATO através da arte. Manoel de Barros sempre esteve comigo toda vez que tive que conversar em público. Agora não é diferente. Então vou dialogar com ele aqui. 
“(...) A expressão reta não sonha.
Não use o traço acostumado.
A força de um artista vem de suas derrotas.
Só a alma atormentada pode trazer para a voz um formato de pássaro.
Arte não tem pensamento:
O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo. (...).”Manoel de Barros
ESCUTE “AUTORETRATO” POR DE MANOEL DE BARROS


A vida do filósofo e  fotógrafo cego Evgen Bavcar, inspirou esta fotografia, que numa cumplicidade entre eu e o jornalista Fernando de Santis nos desencadeou a possibilidade dos participantes do Projeto CONTINUM 2015, vivenciarem e nos levar a vivenciar também situações inusitadas gerando possibilidades de PERFORMATAR o que é considerado uma crença da impossibilidade.
   
Audiodescrição: Câmera subjetiva registra um jovem branco e cego de cabelos curtos e negros. Ele mantém uma câmera fotográfica profissional nas mãos e olha através da objetiva. Aparenta fotografar um objeto. Atrás, um homem claro, de óculos, barba e bigode, observa em posição atenta o ato de fotografar do jovem. A coloração da foto é sépia. O jovem chama-se Walyson Silva Pereira.

POR ONDE PASSEARAM NOSSOS PENSAMENTOS E LEITURAS
Que figura é essa? O VIOLEIRO 1899



Óleo sobre tela de Almeida Junior. Caipira cantando e tocando viola para uma moça.
A obra o “Violeiro” é destaque na Pinacoteca do Estado de SP. Nesta obra o artista nos mostra uma cena cotidiana do interior paulista tendo como cenário uma janela de madeira de uma casa de pau-a-pique. Observamos na tela uma figura de um caipira sentado do lado esquerdo no batente da janela. Veste camisa xadrez, calça clara, um chapéu e toca uma viola. Junto dele há uma mulher encostada do lado direito na parte de fora da casa. Essa mulher trajada da mesma forma simples que o homem, traz no pescoço um lenço vermelho e branco, que segura pelas pontas com as duas mãos, contrastando com sua blusa vermelha de bolinhas brancas. Ao mesmo tempo que escuta a moda de viola a mulher parece cantar com o violeiro, sugerindo uma cena descontraída do cotidiano destas pessoas.
A direita o mesmo quadro  na Pinacoteca do Estado de S.Paulo tem uma cena de  uma educadora mostrando detalhes do quadro para um grupo de pessoas.
CEM ANOS DEPOIS!
Assim como Almeida Junior foi importante artista que retratou a visão rural , Ivan Vilela, músico cantador e violeiro professor, dizem que é um último retardatário do que aconteceu na Semana de Arte Moderna de 1922 , através da viola e as sonoridades que consegue de sua viola e inseparável companheira quase 100 anos depois. Diz José de Souza Martins que a Semana de Arte Moderna deixou um débito para com a viola, violeiros e o dialeto caipira(s)., como o nheengatu do português sertanejo, catiras e cateretês.

RADIO IVAN VILELA
Ivan Vilela - Ouvir Música
“fim de tarde
ave maria tocando na igreja
carro de boi cantando
que mais precisa
pra falar a voz de dentro”

“balança burrinho
levando o jacá
se doer minha saudade
não se esqueça:
-volte já!”

“na festa
o som é festa
e o som que
faz a festa
se esvai e leva a festa”

“De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão eu quero voltar
Ver a madrugada quando a passarada
Fazendo a alvorada começa a cantar
Com satisfação, eu arreio o burrão
Cortando o estradão, eu saio a galopar
E vou escutando o galo berrando
Sabiá cantando no jequitibá”

"...elas trazem ou levam consigo
emoções fortes, angústias, anseios,
paixões,etc; principalmente etc."
“Gabi
Gabriela
Cabriela
Cabriolinha”

“num forró de pé-de-serra
alpercatas se arrastando
morena, triângulo, sorriso
meu coração de alegria

zabumba o baião”


Óleo sobre tela de Almeida Junior. Estudo de caipira cortando fumo. Contrapõe o confronto entre o homem do campo e da cidade,onde homens engenheiros e empreendedores apontam para um futuro inevitável enquanto os camponeses na sua cultura genuína estão fadados ao desaparecimento embora simbolizem a força e a bravura






O MESTIÇO - Obra de Candido Portinari  1934 - tátil-  destaca a figura de um homem forte mestiço que mostra a mistura das etinias do Brasil. O homem é robusto de braços cruzados, com ar séro,teve suas mãos ampliadas em relação ao resto do corpo. Ao fundo vemos o céu euma paisagem rural estruturada por linhas geométricas que dividem o espaço, onde é possível perceber uma montanha, uma casa e algumas plantações de bananeiras ao lado direito do observador da obra.

Duas mãos “veem” o quadro O MESTIÇO de Portinari, durante a oficina de literatura. O material está em Braille e as fotos dos quadros estão convertidas em material tátil. Abaixo mais uma figura do material educativo da Pinacoteca. Duas mãos negras estão sobre o quadro fazendo a leitura da escultura da Moema .
Outro tema que abordamos além das histórias cantadas e contadas como a do livro de Ivan Vilela  “CANTANDO MINHA HISTÓRIA” e o premiado de ficçãoque aborda a história da menina Marie-Laure que vive em Paris  e fica cega aos seis anos, quando seu pai constrói uma maquete do bairro que moram, para que ela memorize seus caminhos. O cenários se dá durante a segunda guerra mundial. Uma história de amor e bondades entre ela e o jovem órfão Werner que atua no front. Seu talento era montar rádios e descobrir fontes de transmissão. 

Foi assim que, Debora Cristina de Carvalho, cria sua ficção durante sua participação na oficina de literatura com o título “ONDE FOI QUE COLOQUEI O MEU CHAPÉU?” apresentado já em brille para concorrer ao prêmio literatura na Fundação Brille de Blumenau - SCFundação Cultural de Blumenau,  Concurso “Dedos que Leem”
Rua: XV de Novembro, nº 161
Bairro: Centro – CEP: 89010-001
Blumenau – Santa Catarina – Brasil

MÃOS QUE LEEM Audiodescrição: texto em brille ocupa uma página,conténdo o conto da ficção “ ONDE COLOQUEI MEU CHAPÉU?”  de autoria de Débora Cristina de Carvalho

Audiodescrição: Mão de idosa branca passa o dedo indicador sobre a folha de papel do livro da Pinacoteca do Estado de SP, PEPE, onde,em alto relevo, está a escultura de Moema. Tres mãos  aparecem seguindo os gestos. Duas mãos são de mulheres negras e a outra de mulher branca orientando as mãos negras.

AUTORETRATO na “Oficina de Argila”
Trabalhos feitos pelos participantes do Projeto CONTINUM 2015 
Oficina de Argila coordenada por Afrânio Montemurro 
Centro Cultural Louis Braille e Secretaria da Pessoa com Deficiência 
Prefeitura de Campinas  

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