SIMONE KESTELMAN ABRE “CANTIGAS” NO MU
Há cinco anos , ainda em S.Paulo a artista Simone Kestelman expôs um trabalho que pelos seus conceitos não envelhecem . A abordagem sobre a criança e a invisibilidade do sofrimento a que são submetidas ao longo dos séculos . Hoje entendo como o conceito do invisível criou uma linguagem nas obras desta artista. Já em 2018 estas imagens , em Nova York , retomam este tema atemporal.
educomambiental
Ferramenta criada para a disciplina “Tópicos Avançados em Ambiente e Sociedade I”oferecida pelo Nepam - Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp com o objetivo de propor discussões sobre educação, ambiente e sociedade a partir de materiais provenientes de diferentes áreas, incentivando e permitindo o encontro com a diversidade do pensamento.
IMPOSTOS EM SÃO PAULO
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
CAMADA DE LIXO MONSTRUOSO FLUTUA NO MAR DO CARIBE entre as costas da Guatemala e de Honduras
Camada de lixo que tem flutuado entre as costas da Guatemala e de
Honduras vem causando tensão entre os dois países, que tentam descobrir uma
solução para o problema. Latas,
potes, talheres de plástico, roupas velhas, seringas e até animais mortos...
Lixo acumulado no Mar do Caribe
Foto: BBCBrasil.com
Lixo acumulado no Mar do Caribe
Essa é a cena típica de qualquer lixeira. Mas esta não uma lixeira qualquer. Trata-se de uma ilha de lixo que flutua no Mar do Caribe, entre as costas de Honduras e
Guatemala, um camada de objetos descartados que periodicamente chega às praias
e que, ultimamente, tornou-se uma fonte de tensão nas relações bilaterais entre
os dois países. Embora não seja um fenômeno novo, ele é desconhecido de grande
parte da comunidade internacional. Até por isso, as imagens do "mar de
lixo" no norte de Honduras viralizaram nas redes sociais nas últimas
semanas. A fotógrafa britânica Caroline Power publicou várias fotos que
mostravam as águas próximas à ilha turística de Roatán, cobertas de uma massa
de detritos de todos os tipos.
Os efeitos
Carlos Fonseca vive
há 60 anos na comunidade de Travesía, no município de Puerto Cortés, no norte
de Honduras, e diz que há alguns anos passou a ser rotina limpar o lixo que
chega à sua casa. "Nas estações chuvosas, limpamos logo cedo e à tarde
está cheio de lixo de novo, como se não tivéssemos feito nada. São pilhas e
pilhas de lixo por todos os lados", conta à BBC Mundo. Fonseca diz que são
os vizinhos que, na maioria dos casos, são encarregados de limpar o lixo que
chega à praia, ante a passividade das autoridades municipais. "É uma situação infeliz, porque é lixo, traz
doenças. Não sei se é daqui ou da Guatemala, mas para a gente é um
pesadelo", diz ele. José Antonio Galdames, ministro dos Recursos Naturais
e Meio Ambiente de Honduras, disse à BBC que o problema do lixo que chega ao
país está se tornando "insustentável" não só para o município de Omoa,
um dos mais afetados, mas também para algumas ilhas e praias que constituem
alguns dos principais destinos turísticos da nação centro-americana. Na opinião
do ministro, a presença de detritos flutuantes tem um impacto negativo em
quatro dimensões básicas, pois gera danos ambientais, ecológicos, econômicos e
de saúde. "As pessoas não querem ir à praia porque têm medo da
contaminação. Não é bom se deitar em uma areia onde você coloca suas costas e
há uma agulha embaixo, ou você entra na água e fica com medo de encontrar algo
contaminado", afirma.
PARAISO TURÍSTICO: ILHAS DE ROATÁN
segunda-feira, 3 de julho de 2017
terça-feira, 6 de junho de 2017
ENTENDENDO A OBRA DE SIMONE KESTELMAN - DAS CURVAS DE NIEMAYER ÀS TRANSFORMAÇÕES
Bilhete fixado no seu SK Studio. Para não deixar de pensar sua motivação |
Conheço Simone Kestelman ,pelas suas obras , há pouco tempo.
Sei que fez uma trajetória de grandes mudanças. Do Studio em São Paulo,
para Nova York. O que me faz escrever hoje, no meu Blog é a questão desta multidimensionalidade dos conceitos socioambientais. Nestes últimos
anos foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo.
Entrar na sua viagem, na sua construção de sonhos, na arte e
conhecer suas relações , seus valores... despertou em mim a construção
de um tempo de minha vida muito vivida. Mas foi em 2012 ,quando eu fazia
curso de Audiodescrição, que tive contato com sua proposta .
Foi uma das artistas pioneiras brasileiras que trouxe a acessibilidade para
compor sua obra. Fica aqui minha profunda gratidão pela generosidade
da sua alma. Ela florece e as pessoas florecem junto. Odila Fonseca
Studio,uma antiga Fábrica de Armas em NY transforma-se numa obra de arte -arquitetônica- e conceitual |
A emoção de "enxergar" |
Mãos de Simone guiam um Cego sobre a obra que representa o Palácio do Planalto - Brasilia |
Cantigas |
EXPOSIÇÃO “MARAVILHAS” 2014 "Artista plástica Simone Kestelman inaugura exposição Maravilhas, com peças sensoriais que recriam pontos turísticos do país – entre eles obras arquitetônicas como o MASP de Lina Bo Bardi"
www.campinas.sp.gov.br
Numa mistura de toque, sensações
e imaginação que promove a inclusã
de deficientes visuais,a artista plástica
carioca Simone Kestelman
inaugura a exposição
“Maravilhas”, em Campinas (SP).
Até 26 de fevereiro, a mostra
apresenta 11 peças sensoriais que r
ecriam pontos turísticos do
país – entre eles obras arquitetônicas
como o MASP de Lina Bo Bardi e o
edifício Copan do mestre Oscar Niemeyer. As esculturas tridimensionais de vidro, que variam de 50
centímetros a 1,2 metros de extensão,
podem ser experimentadas com as mãos e vêm acompanhadas de uma audiodescriçao. “A
ideia é facilitar a percepção por meio do toque e de experiências
multissensoriais, um dos poderes da arte contemporânea”, afirma
Kestelman. Para levar o espectador a uma dimensão que
permite tocar o intocável, as obras também representam a Oca e o
Auditório do Ibirapuera (São Paulo); o Pão de Açúcar (Rio de
Janeiro); o Teatro Popular de Niterói
e o Memorial Roberto Silveira
(Niterói, RJ); o Museu Oscar Niemeyer (Curitiba); os Lençóis Maranhenses;
a Igreja
da Pampulha (Belo Horizonte)e o Palácio da Alvorada
(Brasília)."
Crédito: Fernanda Sunega
Um dia perguntei para a Simone ,como
se dá o Processo Criativo?
- Processo criativo do vidro?
Por Simone Kestelman
"O negro é simples, são
lâminas de vidro fundidas no forno e lapidadas
posteriormente a mão. Vale
lembrar que neste caso o preto tem um
acabamento mate para
diferenciá-lo na textura do acabamento colorido
que é brilhante. Ambos dá para sentir no toque. A colorida é uma fusão mas
neste caso é feito um sanduiche com laminas coloridas intercalando e
sobrepondo de maneira que possa ter cores diferentes alem da paleta original.
Após sobrepostas , são adicionadas 3 camadas na parte inferior e duas na
superior de vidro transparente totalizando 8 laminas (24mm). Na estapa seguinte
as peças depois de lixadas nas bordas para dar acabamento, são colocadas em
uma forma para pegarem a forma curva. Este processo é chamado slumping .
Após sairem do forno já na forma, começa o processo de finalização onde aspeças serão lixadas com cerca de 8 variações de lixas diferentes que vão da 100 ate a 1500.Posteriormente na colorida é feita mais 2 acabamentos para obter o brilho.
que é brilhante. Ambos dá para sentir no toque. A colorida é uma fusão mas
neste caso é feito um sanduiche com laminas coloridas intercalando e
sobrepondo de maneira que possa ter cores diferentes alem da paleta original.
Após sobrepostas , são adicionadas 3 camadas na parte inferior e duas na
superior de vidro transparente totalizando 8 laminas (24mm). Na estapa seguinte
as peças depois de lixadas nas bordas para dar acabamento, são colocadas em
uma forma para pegarem a forma curva. Este processo é chamado slumping .
Após sairem do forno já na forma, começa o processo de finalização onde aspeças serão lixadas com cerca de 8 variações de lixas diferentes que vão da 100 ate a 1500.Posteriormente na colorida é feita mais 2 acabamentos para obter o brilho.
P.S: Ufa , Nem parece mas da
trabalho
Chamei de
"relacionamento" para expressar as relações de uma forma geral. Para
uns é o lado negativo e o positivo de uma relação, para outros as partes de uma
relação. Não necessariamente é um casal homem/mulher (aqui o pessoal é muito
aberto) https://www.scarsdale.com/ 2017
Sobre Simone Kestelman: Economista de formação, Simone começou ainda criança sua incursão pelo mundo das artes. Expôs seus trabalhos na Academia Brasileira de Arte, Cultura e Historia (SP), na Galeria Lavarello (SP) e no Artslant de NY, durante o qual recebeu a medalha de ouro pela escultura Memorial Roberto Silveira. Em sua carreira, destacam-se cursos na Urban Glass School (Nova York), naPilchuck Glass School (Washington), na Northwest Art Glass (Seattle) e na Eugene Glass Schoo (Oregon). A vitrificação da cerâmica a levou ao vidro, sua paixão hoje. Suas peças são o resultado de um trabalho único e original no país. Sobre a 25ª Casa Cor: Maior evento de arquitetura e decoração das Américas, e o segundo maior do mundo, a Casa Cor propicia aos visitantes a chance de desfrutar um leque de novidades em arquitetura, decoração, paisagismo, design, materiais e equipamentos de alto nível, além de inúmeras opções de lazer, restaurantes, cafés e programações exclusivas que atraem diferentes públicos.www.casacor.com.br/saopaulo/ Joalheria Conceito
Projeto de Adriana Scartaris e Samira Jarouche
Artista plástica convidada: Simone Kestelman
terça-feira, 9 de maio de 2017
"APRENDER DA PEDRA" um olhar de Moacir dos Anjos às obras de Marcelo Moscheta
Aprender da Pedra texto de Moacir dos Anjos. Curadoria
Ter no deslocamento frequente no espaço e na observação dos lugares por onde passa aspectos centrais de sua prática filia Marcelo Moscheta a uma tradição artística que inclui e ata Situacionistas, praticantes da land art e demais criadores peripatéticos. Faz de sua atuação, assim como as desses outros, algo próximo daquela que é própria dos cartógrafos. Faz dele, como de seus pares, um descritor de espaços pelos quais se sente de alguma forma próximo. E consequentemente faz, de seus trabalhos, espécies de mapas. Afinal, o que tanto esses artistas quanto os cartógrafos de profissão praticam é percorrer um território e anotar aquilo que mais chama sua atenção no trajeto, valendo-se, para isso, de ferramentas próprias a seus ofícios. Não é à toa que com tanta frequência apareça, nos trabalhos de Marcelo Moscheta, a ideia de traduzir, em meios que são próprios ao domínio da arte, o interesse em apreender os lugares que com seu corpo atravessa. O interesse em medir, com a dimensão humana de seu corpo e com os instrumentos criativos de que dispõe, espaços que são da escala da paisagem.
Ter no deslocamento frequente no espaço e na observação dos lugares por onde passa aspectos centrais de sua prática filia Marcelo Moscheta a uma tradição artística que inclui e ata Situacionistas, praticantes da land art e demais criadores peripatéticos. Faz de sua atuação, assim como as desses outros, algo próximo daquela que é própria dos cartógrafos. Faz dele, como de seus pares, um descritor de espaços pelos quais se sente de alguma forma próximo. E consequentemente faz, de seus trabalhos, espécies de mapas. Afinal, o que tanto esses artistas quanto os cartógrafos de profissão praticam é percorrer um território e anotar aquilo que mais chama sua atenção no trajeto, valendo-se, para isso, de ferramentas próprias a seus ofícios. Não é à toa que com tanta frequência apareça, nos trabalhos de Marcelo Moscheta, a ideia de traduzir, em meios que são próprios ao domínio da arte, o interesse em apreender os lugares que com seu corpo atravessa. O interesse em medir, com a dimensão humana de seu corpo e com os instrumentos criativos de que dispõe, espaços que são da escala da paisagem.
É próprio de qualquer processo cartográfico, contudo, que eleições e exclusões de características do ambiente atravessado sejam feitas, posto que mapas não se confundem com os territórios neles descritos, sendo antes modelos para conhecer-se um pouco deles. Mapas são abstrações de espaços que geram conhecimento empírico ou simbólico sobre esses espaços, formas de apreensão de algo que sempre escapa a intenções de total tradução ou captura. Nisso, mapas e criações artísticas se assemelham: uns e outras partilham a incompletude de sua natureza. Diferenciam-se, no entanto, em um crucial aspecto. A despeito da impossibilidade de totalizar seu objeto de investigação, é próprio dos mapas ocultar tais limites, apresentando-se, no mais das vezes, como representação plena e imparcial de um território. Trabalhos de arte, por sua vez, usualmente revelam a natureza fragmentada e singular da experiência de deixar-se afetar por um lugar, recusando ser sua tradução inteira. Há um certo silêncio na arte, uma recusa à fala escorreita; condição que é traço de ambição e também de recato, sugestão de uma forma de conhecimento que somente a experiência estética oferta. Como mapeadores, artistas escolhem sinalizadores de seu deambular, marcos que assinalem os interesses que surgem de seus embates com os variados territórios que percorrem. Na trajetória de Marcelo Moscheta, são pedras que mais e mais surgem como elementos que assinalam sua passagem por esses lugares. Pedras que são, ao mesmo tempo, parte e resumo de paisagens encontradas; coisas concretas e metáforas inventadas.
São vários os trabalhos do artista em que pedras assumem esse lugar central de pesquisa e exibição, de procura e partilha, de trajeto e paragem. Um dos mais sintéticos em sua clareza muda talvez seja o chamado Deslocando territórios: Projeto para a fronteira Brasil/Uruguay. Ocupando larga extensão de piso e o rebatimento na parede contígua de área semelhante, o trabalho exibe, postas sobre o chão, cinco dezenas de pedras que Marcelo Moscheta recolheu em viagens feitas ao longo da divisa entre os dois países. Arrumadas em colunas e linhas imaginárias sobre o piso, trazem etiquetas que identificam a localização exata onde foram achadas, de acordo com o aparelho de GPS que o artista então usava. Não existe a pretensão, contudo, de reproduzirem ali seu ordenamento original no espaço, aproximando pedras que estavam distribuídas em países distintos e afastando outras que eram antes avizinhadas. Ao deslocar as pedras de seus lugares de origem e mudar com tal gesto, minimamente que seja, os territórios onde elas antes se encontravam, Marcelo Moscheta embaralha demarcações que são menos naturais do que arbitrárias. Mistura de lugares que é ainda reforçada pelos desenhos de grafite sobre PVC arranjados também em grade sobre a parede, como se fossem rebatimento bidimensional das pedras dispostas sobre o chão. Um olhar menos ligeiro revela, porém, que não existe uma correspondência unívoca entre uns e outras, parecendo sugerir que, deste arranjo novo e sem nexos claros, outros territórios – mais acidentados e fluidos – possam ser imaginados.
Outra coleta de pedras, incluindo fragmentos de derivados seus produzidos pelo homem – concreto, paralelepípedo, asfalto – foi feita pelo artista ao longo de caminhadas percorrendo toda a extensão do rio Tietê, de sua nascente à sua foz, no estado de São Paulo. Percurso que foi também aquele feito pelos Bandeirantes mais de dois séculos antes, desbravando terras e escravizando ou matando povos indígenas em nome da geração de riqueza para poucos libertos e brancos. Investigação cartográfica que é, portanto, natural e política, de agora e do passado, e que tem nos minerais achados e escolhidos marcos possíveis para narrar esses fatos. Individualmente identificados com a localização exata de onde foram encontrados, esses fragmentos foram expostos, como artefatos arqueológicos, em duas grandes estantes, postas de um lado e de outro de um grande desenho, também feito em grafite sobre PVC, de uma queda d’água que dia existiu no Tietê, evocando as margens direita e esquerda do rio paulista. Cachoeira que há tempos não existe mais, extinta que foi pela acomodação da água represada do rio necessária à geração de energia. Uma lembrança de que há muito, e por motivos vários, o Tietê gradualmente morre. O nome Arrasto, que dá título ao trabalho, ecoa não somente o movimento forte e fluido das águas, mas a destruição incessante do leito por onde o líquido corre, comprometido por sujeira e mau uso.
Nesses dois trabalhos, escolhidos em meio a outros aparentados, parece haver a clareza da vontade de extrair um tipo que conhecimento que só existe na matéria dura das pedras. A intenção, mesmo que não claramente formulada, de aprender com elas, tomando, da matéria mineral, lições sobre as formas humanas de organizar-se. Intenção de identificar formas de conhecer o mundo político no que está disposto na paisagem cartografada, aproximando-se daquilo que João Cabral de Melo Neto propunha em seu poema “A educação pela pedra”:
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições de pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
Traço central do poema, e também dos trabalhos de Marcelo Moscheta, é o fato de não existir transparência dos significados que o contato com a pedra gera, e sim, ao contrário, opacidade. A pedra como metáfora, talvez, da própria arte. Afinal, é no embate pessoal com as palavras e com a produção artística que cada um pode, no uso de suas capacidades, desejos e memórias, formular sentidos próprios do mundo que são irredutíveis a outras formas. Porque se fosse possível traduzi-los em outros modos, se fosse possível explicar com clareza sobre o que tratam essas expressões escritas ou visuais e como elas atuam sobre cada um que entra em atrito com elas, não haveria nem mesmo a necessidade de existirem assim organizadas. A educação pela pedra, diz o poeta, “é pré-didática”. Como os trabalhos de Marcelo Moscheta mais mostram que provam, a arte que realmente conta é uma que frustre e desafie um conhecimento que se pensava já ter. É aquela que instala uma pedagogia do desaprender. Uma arte que importa é aquela que, paradoxalmente, deseduca, ensinando a quem ela afeta a olhar de novo o entorno que se julgava ser já sabido. É aquela que provoca erosão, que constrói destruindo, que aposta no encontro inesperado entre coisas e corpos. Que deseja o que está por vir, o que pouco ainda se sabe.
abril 2017
terça-feira, 4 de abril de 2017
AMAZONIA, DESMATAMENTO AMPLIA O DESASTRE AMBIENTAL
10 JAN2017
A Amazônia perdeu 7.989 quilômetros quadrados (km²) de floresta,
a maior taxa desde 2008, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia (Ipam) a partir de dados oficiais divulgados pelo governo
federal no fim do ano passado.
Desmatamento de 2016 na Amazônia é o
maior desde 2008, segundo levantamento do Ipam
Foto: Agência Brasil
O desmatamento no
período equivale à derrubada de 128 campos de futebol por hora de floresta,
segundo a entidade. O perfil fundiário dos responsáveis pela devastação teve
pouca variação em relação aos últimos anos: a maior derrubada ocorreu nas
propriedades privadas (35,4%), seguida de assentamentos (28,6%), terras
públicas não destinadas e áreas sem informação cadastral (24%), e pelas
unidades de conservação, que registraram 12% de todo o desmatamento verificado
nos 12 meses analisados.
De acordo com o
Panorama do desmatamento da Amazônia 2016,Os Estados que registraram maior
aumento da taxa de desmatamento foram Amazonas, Acre e Pará, com incremento de
54%, 47% e 41%, respectivamente. Em números absolutos, o Estado que mais
desmatou foi o Pará, 3.025 km² de floresta a menos; seguido de Mato Grosso, que
perdeu de 1.508 km² de vegetação nativa; e Rondônia, com 1.394 km² de
derrubadas. Os três estados respondem por 75% do total desmatado em 2016.
Segundo o
levantamento do Ipam, o ranking de dez municípios que lideram o desmatamento na
Amazônia permanece praticamente inalterado nos últimos anos. Cinco municípios
da lista são do Pará: Altamira, São Feliz do Xingu, Novo Repartimento, Portel e
Novo Progresso. O ranking também tem dois municípios amazonenses: Lábrea e
Apuí; dois de Rondônia: Porto Velho e Nova Mamoré; e um de Mato Grosso:
Colniza, que lidera o desmatamento no estado há, pelo menos, quatro anos.
O estudo aponta a
necessidade de envolvimento da sociedade no controle do desmatamento "com
uma nova estruturação de ações de comando e controle, criação de uma agenda
positiva de incentivos à eficiência da produção em áreas já desmatadas e mais
apoio para quem mantém seu ativo florestal, bem com participação do mercado e
do sistema bancário no controle do desmatamento".
Histórico
Desde 2004, o
desmatamento na Amazônia foi reduzido em mais de 70%, após o segundo pico mais
alto da história do monitoramento do bioma, com 27.772 km². De 2009 a 2015, o
ritmo da derrubada manteve-se estagnado em um patamar médio de 6.080 km² por
ano. Em 2012, foi registrada a taxa de desmatamento mais baixa dos últimos 20
anos na Amazônia, com 4.571 km². No entanto, após essa data, o cenário de
desmatamento apresentou sucessivos aumentos e pequenos recuos.
Os dados analisados
pelo Ipam são do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal
(Prodes).
SAIBA MAIS
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
GOVERNO TEMER: REDUÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO AMAZONICA . MINISTÉRIO DE MEIO AMBIENTE ESTÁ FORA DOS ESTUDOS
quarta-feira, 08 de Fevereiro de 2017
Esta notícia está associada ao Programa:
MMA diz desconhecer proposta de reduzir em 65%
conjunto de cinco áreas que fecham cinturão de contenção do desmatamento no sul
do Amazonas
O governo Michel Temer pretende encaminhar ao
Congresso uma proposta para extinguir uma Unidade de Conservação (UC) e reduzir
drasticamente outras quatro, todas criadas pela ex-presidente Dilma Rousseff na
região de Apuí, no sul do Amazonas (saiba mais). A iniciativa depende ainda do
aval do Ministério de Minas e Energia (MME). A princípio, a ideia é apresentar
um Projeto de Lei (PL), mas não está descartada a edição de uma Medida
Provisória. As informações são da assessoria da Casa Civil.
A decisão de encaminhar a proposta foi tomada numa
reunião entre o ministro Eliseu Padilha, parlamentares federais e
representantes de produtores rurais, numa reunião no Planalto, ontem (7/2). A
assessoria informou que Padilha não se manifestaria e que não seria possível
ter acesso ao projeto.
O ISA obteve um esboço do PL por
meio do gabinete do senador Omar Azis (PSD-AM), mas a proposta teria partido do
governo, ainda segundo a assessoria da Casa Civil. Ela não soube esclarecer se
o projeto foi elaborado apenas pela pasta ou com a participação de outras.
Em nota, o Ministério de Meio Ambiente (MMA)
afirmou que desconhecia as negociações, mas que “tão logo seja informado
oficialmente irá se pronunciar”. O texto diz ainda que “qualquer alteração de
área em Unidades de Conservação depende de análise técnica do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Por hora, este Ministério
dedica esforços ao combate ao desmatamento”. Há poucos dias, o MMA anunciou que
uma de suas prioridades para 2017 seria o aumento do número de UCs no país (leia aqui).
Área
perdida para conservação
A pretensão é extinguir a Área
de Proteção Ambiental (APA) de Campos de Manicoré, diminuir o Parque
Nacional (Parna) de Acari, a Reserva
Biológica (Rebio) de Manicoré, as Florestas Nacionais (Flonas) de Urupadi e Aripuanã.
A área protegida total cairia de 2,6 milhões de hectares para 1,6 milhão de
hectares, um decréscimo de 65%. O território perdido para a conservação, de 1
milhão de hectares, equivale à metade do estado de Sergipe (veja tabela abaixo).
As unidades que o governo pretende retalhar têm
função estratégica. Elas fecham o cinturão de áreas protegidas, ao longo do sul
do Pará e do Amazonas, que impede o avanço do desmatamento em direção ao centro
da floresta amazônica. Também pretendem impedir a disseminação da grilagem e do
desmatamento frente à pavimentação da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho), ao
norte da região. O sul do Amazonas abriga uma das frentes de desmatamento mais
dinâmicas da Amazônia. Por outro lado, a capacidade das UCs de conter o
desflorestamento é reconhecida há anos.
O asfaltamento da BR-319 é
defendido por políticos e fazendeiros. A preocupação dos ambientalistas é que,
ao estimular novas frentes de desmatamento, ele consolide a fragmentação da floresta,
com consequências nefastas (veja abaixo vídeo da
coordenadora adjunta de Política e Direito do ISA, Nurit Bensusan).
“A fragmentação de um ambiente natural, nesse caso
de uma extensão de florestas contínuas bem preservadas, compromete seus
processos ecológicos e dinâmica de espécies", alerta a assessora do ISA
Sílvia Futada. "Esse processo causa mudanças drásticas que alteram o
microclima local, a qualidade da água, a luminosidade e, por conseguinte,
altera a dinâmica, composição, estrutura e interações das comunidades
naturais", completa.
“Não temos nada contra se demarcar e manter áreas
ambientalmente protegidas, mas é preciso que se tenha cuidado com milhares de
pessoas que vivem naquela região, que produzem, tiram sua renda dali”, diz Omar
Azis. “São produtores, pequenos empresários, milhares de pessoas que seriam,
literalmente, colocadas para fora. Isso não pode acontecer, não houve a
discussão necessária para resolver este problema”, defende.
O ICMBio contesta e diz que promoveu reuniões e
consultas sobre a criação das UCs em vários municípios do sul do Amazonas.
Redução
de UCs e aumento do desmatamento
O plano de reduzir as áreas no sul do Amazonas é
divulgado após a edição de duas MPs pelo governo Temer, em dezembro, que
alteram os limites de outras UCs no sul do Pará, igualmente para acomodar os
interesses de produtores rurais (leia mais). As duas MPs devem ser
analisadas pelo Congresso em breve.
A alteração de UCs vem sendo criticada duramente
por ambientalistas e pesquisadores. Eles avaliam que, ao sinalizar fragilidade
e contradição da ação do Estado, ela estimula o desmatamento e a grilagem.
A nova proposta de redução de UCs também vem a
público poucos meses depois da informação de que o desmatamento voltou a
disparar na Amazônia. Entre agosto de 2015 e julho de 2016, foram derrubados
quase 8 mil quilômetros quadrados de florestas na região, um aumento cerca de
30% em relação aos 6,2 mil quilômetros quadrados registrados entre 2014 e 2015
(saiba mais).
Região
abriga rica biodiversidade
Segundo estudo do ICMBio que subsidiou a criação
das Ucs no sul do Amazonas, elas visam “proteger a rica biodiversidade da
Floresta Amazônica, na região entre os rios Madeira e Tapajós, que já sofre com
a pressão humana e abriga imensa variedade de espécies de plantas e animais –
alguns endêmicos e raros; outros ameaçados de extinção ou recém-descobertos
pela ciência. Na região ocorrem pelo menos 13 espécies de primatas, sendo três
delas endêmicas e descritas recentemente. Entre os primatas, há ainda nove
espécies consideradas vulneráveis à extinção e estima-se que existam na área
cerca de 800 espécies de aves”. Espécies endêmicas são aquelas que só ocorrem
naquele local.
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