IMPOSTOS EM SÃO PAULO

domingo, 16 de janeiro de 2011

MUDANÇAS TAMBÉM NO COTROLE SOCIAL EM VISTA DA INCONTROLAVEL FORÇA DA NATUREZA. COMENTÁRIOS DO PROFESSOR EDUARDO STOTZ DO CENTRO DE ESTUDOS "VITOR MEYER"


 Repasso uma correspondência do Prof.Eduardo Stotz para a Rede de Educação Popular em Saúde. Já destaquei para mim os pontos que achei de profunda relevância. Penso que todos nós podemos refletir sobre  este assunto.

- Amigos e amigas, envio alguns comentários a respeito da situação que atinge duramente a região serrana do estado do RJ. Esta mensagem foi enviada para um amigo que se encontra nos EUA, que vive um dos seus piores invernos. Claro, os eventos extremos se tornaram mais frequentes, são provavelmente o indicador da forma assumida pelo aquecimento global nesse momento. Dado que o controle da natureza é impossível, o que se pode -- e deve -- fazer é modificar a forma de controle social. O que requer uma difícil, complexa e longa luta política a ser desenvolvida.
 Analisemos brevemente o retrato da catástrofe deste verão de 2011 na região serrana do estado do Rio de Janeiro. As imagens, como sempre, dão uma idéia da tragédia, mas o cotidiano é sempre muito pior. Há falta de água, de comida, de assistência médica num contexto em que as pessoas estão desorientadas e desesperadas.
 Uma apreciação a partir das notícias permite constatar a recorrência histórica dos mesmos velhos e conhecidos problemas. Com exceção dos proprietários de casa e veranistas que estavam em áreas como o Vale do Cuiabá, a quase totalidade das vítimas fatais e não fatais das catástrofes na zona serrana é composta de pessoas pobres. Quanto maior a pobreza e o isolamento social, menos de sabe do que se passa, como ocorre na zona rural onde muitos pesquiadores da área da Saúde Coletiva tem realizado seu trabalho de campo há anos, preocupados com a questão dos agrotóxicos. A imagem humana da tragédia que chega de lá está nessa foto da Folha de São Paulo de hoje, que vocês pode acessar no link http://www1.folha.uol.com.br/fsp/
 A análise das causas sociais também é uma iniciativa da Folha em sua edição de hoje, diante da omissão da imprensa carioca para apontar os responsáveis pelos loteamentos irregulares, em áreas de risco, etc. Estudos da UERJ desde 2008 encomendados pela Secretaria estadual do Meio Ambiente e ações da promotora Anaíza Helena Malhardes Miranda em Teresópolis são apontados pela reportagem como exemplos de que havia a possibilidade de atitudes preventivas e/ou corretivas. Nomes são citados, como o do ex-prefeito mafioso Mario Tricano e do grileiro urbano Maximiano Alves, "proprietário do bairro de Caleme", uma das áreas onde a catástrofe foi maior. O sistema é complexo, mas sabemos que a pobreza na base e  inexistência de um sistema de prevenção no topo dão o cotorno de sua forma aproximada.  

A destruição das propriedades dos mais ricos pode abrir espaço para o questionamento de aspectos dessa estrutura. O fato do Rio de Janeiro sediar Copa do Mundo e Jogos Olímpicos pode influenciar também. Contudo, duvido que se mexa embaixo. É mais fácil e barato intervir no topo. Os pobres poderão perder tudo novamente, mas pelo menos não contarão mais na mortalidade por causas externas. (Não é assim na Bélgica? Muitos pensam: por que teremos de ser comparados sempre ao Haiti ou aos países africanos?)
 Assim, nova presidenta diz que não vai, mas é enorme a possibilidade de que, passado o verão,  (quase) tudo continuará como dantes no  quartel de Abrantes.
 De meu lado, penso que a catástrofe também pode abrir espaço para outras alternativas, como a da emergência de movimentos sociais dos moradores, técnicos e pesquisadores capazes de romper o isolamento em que se encontram as vítimas e colocar em questão este modo de adiar o enfrentamento dos problemas estruturais. Eduardo Stotz 
Centro de Estudos Victor Meyer 
http://www.centrovictormeyer.org.br/

VER MAIS EM:

 http://contextolivre.blogspot.com/2011/01/inundacoes-nao-sao-provocadas-pelo.html
AVISO IMPORTANTE:
AOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE
O Ministério da Saúde disponibiliza o cadastro de voluntários para socorro às vítimas da catástrofe ocorrida no Estado do Rio de Janeiro. Os interessados devem se cadastrar no site:
http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=5781

PS: Os profissionais serão chamados conforme a necessidade de seus serviços.

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