IMPOSTOS EM SÃO PAULO

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A PRESENÇA DO FEMININO CÓSMICO NO MOMENTO ATUAL DE MUDANÇAS NO PLANETA


Marko Pogacnik
CONTRIBUIÇÃO DO NOSSO AMIGO E IRMÃO MARCOS ARRUDA(Notas da Palestra de Marko Pogacnik:
"A PRESENÇA DO FEMININO CÓSMICO NO MOMENTO ATUAL DE MUDANÇAS NO PLANETA[1] 
Rio de Janeiro, 8.11.13
A visão masculina dominante na Cultura Patriarcal é racionalista, hierárquica, materialista, fragmentária, agressiva. A visão feminina é predominantemente intuitiva e apreende o contexto.[2]
Escolhi nos últimos anos trabalhar o Feminino para contribuir com o reequilibramento da Terra. Mas trabalhar o Feminino com a Razão também seria masculino. Portanto, busco diversas linguagens – para além da verbal – para interagir com o Feminino em mim e no mundo. É a linguagem corporal, em que os movimentos nos levam a comunicar-nos com outros níveis de consciência.
Os cosmogramas que tenho visualizado e esculpido vêm dos lugares que visito, e me permitem comunicação com os seres desses lugares. A linguagem racional é só humana, exclui outros seres. Por isso eu busco uma linguagem inclusiva de todos os seres, visíveis e invisíveis. Busco colaborar para a emergência da Cultura de Gaia, que é uma cultura que funciona no modo feminino.
Quem é Gaia? É um ser complexo, que tem o globo terrestre como seu corpo, e o Ser consciente planetário como sua dimensão essencial, sutil. Gaia é a essência, a Mãe da vida. Nossa realidade não é fixa. É uma linguagem que Gaia usa para criar um ambiente que possibilita o desenvolvimento da vida. GAIA é um ser cósmico divino, (manifestação da dimensão feminina, criadora, do Divino).
O centro da Terra é um núcleo ígneo – esta é a essência de Gaia, o Fogo. No Centro do “universo de Gaia” está o Sol, o coração do fogo de Gaia se propaga por suas camadas, evoluindo diferentes formas de vida até a superfície.[3]  
Matriz da vida é o primeiro impulso divino do coração, que constitui o conjunto das formas arquetípicas que se manifestam nas formas de vida da superfície.
A vida nasce do interior do Planeta. A cultura patriarcal é fascinada pelo Sol – fonte visível, exterior à Terra. Faz esquecer a força criativa interior que colabora com o Sol para criar e manter a vida! O Divino trabalha a partir do Centro de cada um de nós e do Planeta.
Gaia sabe como sua energia é capaz de se encarnar em todas as formas de vida. Gaia teve a inspiração de criar e desenvolver essas formas de vida. O Rio é um dos poucos lugares onde Gaia se comunica com a superfície do Planeta. O Rio é como um dos “periscópios” de Gaia – através das montanhas, como que ela saisse de si para ver a superfície.
Esta noite sonhei que as montanhas de granito têm ordem e sentido, como Stonehenge, ou como uma Mandala escondida atrás do que se vê fisicamente. Um desafio que ela nos coloca: ver além do visível. O Corcovado, o Pão de Açúcar e a Gávea são lugares de revelação do Espírito da Terra. Também a Lagoa. Representam aspectos diferentes da expressão de Gaia.
Nós também somos expressão de Gaia. A Geomancia ensina que o corpo humano é construído como o corpo da Terra. É, de fato, um microcosmo do corpo da Terra. Cada um de nós é uma expressão única de Gaia.
Somos, sim, seres espirituais, mas também somos seres da Terra. Assim como o Espírito da Terra habita um corpo físico, assim também nosso espírito habita um corpo físico. Somos como dois (o físico e o espiritual) em um, formando três em Um! (Trindade!)
Como expressão consciente reflexiva de Gaia, temos a missão de ajudar a evolução – isto é, a desenvolver a criação de Gaia para adiante. Gaia criou belas montanhas, mas precisa de nós para construir catedrais. A visão reducionista apresenta o Planeta como para ser usado e abusado, para nosso bel-prazer. Abusamos da hospitalidade de Gaia. Somos cada vez mais destruidores da vida em Gaia.
Meu interesse é desenvolver Gaia, não mais como Pachamama, ideia romântica cujo tempo já passou, já não somos crianças. Somos adultos e devemos entrar na fase de colaboração com Gaia, numa relação de parceria. Ser corresponsáveis pela vida no Planeta. Trazer nosso insumo criativo para fazer evoluir a vida no Planeta.
Gaia é uma organização consciente dos átomos e moléculas que constituem o Planeta. Há uma consciência que ordena tudo isto. A realidade de Gaia não é fixa e tem mais dimensões do que esta apenas.
 

Outeiro da Glória
Relato brevemente minha visita à Igreja do Outeiro da Glória. Sinto muita comunicação com este lugar. A estátua de Nossa Senhora da Glória está de pé sobre um globo feito de cabeças de anjos. As mãos dela estão unidas pelos pulsos e abertas para cima, indicando a conexão com o Céu, o Cosmos. Esta imagem, a meu ver, está associada à consciência cósmica, enquanto a visão que tive de Gaia veio de dentro da Terra. Sophia – aspecto cósmico da Sabedoria Divina – se complementa em Gaia – aspecto telúrico da mesma Sabedoria. Figurativamente são as deusas do Cosmos e da Terra que se comunicam ali na Glória. Tenho um exercício que representa esta conexão.[4]
As relações formais, ritualísticas, institucionais com a Igreja tendem a fazer perder de vista a essência do lugar. O poder das deusas negras[5] também são Gaia. São as forças da destruição e da purificação (correspondem à deusa Kali na Índia). As catástrofes atuais – o desastre nuclear de Fukushima, que continua se agravando; o megatufão nas Filipinas – estão espelhando nosso distanciamento de nós mesmos e da Natureza. Assim Gaia costuma destruir coisas ou seres que estão ameaçando a vida a fim de proteger a vida.
Na nossa dimensão atual, Gaia nos dá o privilégio de aprender. Mas esta é só uma das várias dimensões de Gaia.[6] Recuemos no tempo. Minha percepção é que o Outeiro é o nariz de um grande dragão de fogo, que se estende por uma boa parte da Zona Sul do Rio, como se seu corpo correspondesse à Serra da Carioca. Pelo vale onde se encontra a Rua Conde Bonfim passa o Rio Carioca, hoje quase todo subterrâneo. Era o maior rio da região. O mar até dois séculos atrás vinha até o pé do Outeiro. É um lugar sagrado de encontro do Fogo com a Água. Ali existe um pilar de energia cósmica que vem de cima. Com o cristianismo criou-se uma nova linguagem, também acolhida por Gaia. A Igreja da Glória é uma expressão desta linguagem. Esta é a minha experiência energética deste local. E a Glória é apenas um lugar de poder da grande Mandala do Rio de Janeiro!

Corcovado
Habitualmente projetamos uma imagem visível nos lugares, e não captamos o que os lugares têm a nos comunicar. O Cristo no crucifixo, não está na cruz... Ele é a cruz. Na Bósnia temos uma igreja que celebra os cátaros nos Bálcãs. Eles criticavam a Igreja como instituição, e viam o Cristo em cada uma e cada um de nós. Por isso, o centro era visto como o interior de cada um de nós. Foi esta a mensagem que recebi do Cristo do Corcovado. Dessa montanha Ele abraça todo o Universo e está no centro de cada ser, de cada átomo, de cada quantum de energia.
Abstraindo-nos da estátua do Cristo, olhemos a essência desta montanha, adotando uma atitude de comunicação com a essência do lugar. O Corcovado é o parceiro masculino do Outeiro da Glória. Dentro da paisagem feminina está o masculino. O Princípio Masculino concentra e exclui. O Feminino abrange e inclui. Estou convencido de que a nossa missão hoje é reconstruir o Mundo a partir do Princípio Feminino – um Feminino que inclui o Masculino.
Tudo que pertence à vida é incluído, até a destruição. A sombra também tem um papel neste conjunto. É parte do ciclo, assim como as estações se sucedem para purificar e renovar a vida. O Princípio Feminino é cíclico, o Masculino é estático. O Masculino é a montanha do Corcovado, o Feminino é a vida fluindo em torno dele.

Fukushima
A humanidade precisa estar informada de que Fukushima é um problema ainda não resolvido. É, na verdade, uma grande ameaça ao Planeta, pois não há tecnologia que esteja conseguindo resolve-lo! Ele é um problema que saiu do controle humano, mesmo com grandes técnicos envolvidos em tentar sana-lo. Não está sendo possível retirar e isolar as cápsulas portadoras do combustível atômico da usina danificada pelo tsunami de março de 2011. A água usada para resfriar as cápsulas tem vazado para o mar, e mais água tem que ser usada para continuar o resfriamento, sem limite previsível. O Pacífico vai sendo poluído por estas águas radioativas, devastando as diversas formas de vida e a ameaçando a própria existência dos humanos em todas as regiões afetadas.

Como podemos contribuir para uma solução eficaz?
Vejamos. O Oceano Pacífico e o Atlântico são como duas pirâmides de luz, geminadas, com a base comum, portanto uma invertida. A de baixo é o Pacífico, ligado a Gaia, a de cima, o Atlântico, ligado a Sophia. Acontece que o desastre de Fukushima está gerando uma grave ameaça para o Oceano Pacífico. A “consciência noosférica”[7] dos oceanos está pedindo uma mudança. A base da pirâmide do Atlântico é um triângulo: em cada ângulo está uma cidade – Rio, Boulder/Colorado e uma cidade da Alemanha.[8] Cada uma destas cidades tem que estar desperta para reconhecer seu potencial energético, e forte para ajudar a afastar aquela ameaça.[9]


[1] Marko Pogacnik é esloveno, artista plástico, terapeuta ambiental, acupunturista da Terra, sensitivo, autor de livros extraordinários. Em português: “Mudança Planetária e Destino Humano”, e “Curar a Terra”. As notas que serviram de base para este texto são de Marcos Arruda, único responsável por possíveis incorreções ou imprecisões.
[2] Nota de MA: Fritjof Capra qualifica estas duas visões com os termos “consciência egocêntrica” e “consciência ecocêntrica”.
[3] Nota de MA: há um debate científico em processo, sugiro pelo menos duas leituras para entender a questão, a partir de pontos-de-vista bem diferentes:  Computer simulations strongly support new theory of Earth's core” (http://phys.org/news121692398.html) e “The Hollow Earth Theory” (http://thetruthbehindthescenes.wordpress.com/the-hollow-earth-theory/).
[4] Marko menciona um livro recente, a ser traduzido e publicado em inglês e noutras línguas, onde ele apresenta diversos exercícios energéticos, inclusive este, para a conexão com as múltiplas dimensões da Realidade.
[5] Sombras, energias entrópicas, ‘demônios’.
[6] Alguém menciona que o Outeiro foi o último reduto de resistência dos Tamoios aos invasores coloniais. Ali os últimos Tamoios foram massacrados e sua energia de coragem e resistência vibra nesse lugar.
[7] Noosfera significa a esfera de vida consciente reflexiva. Noûs, em grego, significa a dimensão superior do nosso ser consciente, algo como a consciência da nossa consciência, o ‘duplo’, na linguagem do sábio Iaqui, Don Juan (ver os livros de Carlos Castañeda). Noosfera é o termo usado pelo cientista e místico Pierre Teilhard de Chardin para falar da esfera dos seres noéticos que nós somos – uma subesfera da Biosfera. A conotação dada pelo Marko precisa ser esclarecida com ele.
[8] Esclarecer com o Marko.
[9] A base desta nota foram as anotações da palestra, por Marcos Arruda. É dele a responsabilidade por possíveis equívocos e imprecisões.

Marcos Arruda

Um comentário:

Anônimo disse...

Quero agradecer ao Professor Marcos Arruda a generosidade de sua contribuição com esta reflexão, exatamente no momento que irá acontecer o Congresso Espiritualidade, Religiões e Saúde na cidade do Rio de Janeiro pela ABRASCO