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TRAGÉDIA |
Há vida em Chernobil
Trinta anos depois do maior desastre nuclear da história, a fauna e a flora voltam a prosperar na região do acidente que matou 25 mil pessoas. A conclusão dos cientistas é que o homem era mais nocivo à natureza do que a radiação É um espetáculo de natureza bonito de
se ver. Em meio à vegetação de clima frio, pontuada por neve, alces, veados,
corços, javalis e lobos convivem e se reproduzem. Um cenário completamente
diferente de 30 anos atrás, quando a região foi palco do maior acidente nuclear
civil da história da humanidade, a ponto de afastar todas as pessoas de lá. O
desastre de Chernobil matou 25 mil pessoas, fez com que 200 mil deixassem suas
casas e transformou a área em um lugar completamente inabitável para humanos.
Mas é por causa dele que, hoje, a fauna e a flora prosperam no local. Os níveis
de radiação atualmente são 100 vezes menores do que após a tragédia. Só que,
ironicamente, os efeitos são menos catastróficos do que quando os próprios
homens responsáveis pelo desastre habitavam a região. “É muito provável que a
população desses animais em Chernobil seja muito mais numerosa do que antes do
acidente”, disse à ISTOÉ Jim Smith, professor de Ciências Ambientais da
Universidade de Porsmouth, no Reino Unido, e co-autor de um estudo sobre a
região que foi publicado pela revista americana Current Biology. “Isso não
significa que a radioatividade é boa para a vida selvagem, apenas mostra que o
efeito das atividades humanas, como a agricultura, a caça e a exploração
florestal, é muito pior.”
Antes do acidente que tornou a região uma zona de
exclusão abandonada pelos humanos, Chernobil – duas cidades e muitas aldeias –
tinha uma população de 116 mil pessoas que viviam lá e usavam a área para
agricultura, silvicultura, caça e pesca. “A habitação humana e exploração da
área teriam tido um efeito sobre todas as espécies, mas particularmente em
animais predadores como o lobo, o lince e o urso pardo”, afirma Smith. Segundo
o estudo, a primeira vez que linces foram registrados na área de exclusão foi
em 1991. “Nos primeiros anos de trabalho na reserva, senti compaixão pelas
pessoas que foram forçadas a deixar sua pátria, mas ao longo dos anos,
observando a vida selvagem, este sentimento foi substituído por outro. Pensei
mais nos animais”, diz Tatyana De Ryabina, co-autora da pesquisa, que passou
anos estudando sobre a vida selvagem na área de exclusão. Smith acredita que
algumas partes da zona de exclusão podem, um dia, ser habitadas novamente por
pessoas e que se isso acontecer a vida selvagem pode ser novamente prejudicada
pela presença dos humanos. Atualmente, Smith, Adelaide Lerebours, da
Universidade de Portsmouthy, David Copplestone, da Stirling University, e Nel
Willey, da University of the West Of England, estão empenhados no programa
Environment Research Council “Radioactivity and the Environment”, em que
estudam os níveis de radiação e como isso afeta o DNA dos animais, insetos e
plantas que habitam Chernobil.
RENASCIMENTO
Cientistas que estudam a fauna e a flora da região (acima) afirmam que é muito provável que a população de animais seja muito maior do que antes do acidente
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