IMPOSTOS EM SÃO PAULO

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Lewis Carrol e Alice na oficina de literatua do projeto "continum 2015" Uma experiência

OFICINA DE LITERATURA III  - novembro de 2015

Para contar esta experiência trouxe Lewis Carrol e Alice no País das Maravilha
Odila Fonseca
                                      Januário “O Caipira do Cafézinho
“ Alice  começava a enfadar-se  de estar sentada no barranco junto à irmã e não ter nada o que fazer: uma ou duas vezes espiara furtivamente o livro que ela estava lendo, mas não tinha figuras nem diálogos, - e de que serve um livro - pensou Alice - sem figura nem diálogos?” Lewis Carrol em Alice no Pais das Maravilhas

Foi mais ou menos assim que me senti quando entrei “na toca do coelho”  lá no Centro Cultural Louis Braille, como Alice no Pais das Maravilhas e vendo livros com páginas em branco ,sem figura e nem diálogos. Isso foi em junho durante a preparação do trabalho com artistas para oferecer “figuras e diálogos” no livro da vida deles. Eram entre mulheres, homens e um adolescente dez pessoas que, viriam conviver conosco, durante os próximos cinco meses.     
 


Minha primeira necessidade, por estar coordenando o projeto, foi trabalhar o campo simbólico. Criar um símbolo que representasse valores e virtudes. Eu havia escrito aqui no Blog, o medo que se avizinhava por estar em contato com o desconhecido.
            Na ocasião eu escrevi: - “Shopenhauer na sua especulação do seu pensamento em O MUNDO COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO", fala das  escolhas que podem permitir a nós a liberdade sob a inexorabilidade da vontade. ... E ainda o próprio Shopenhauer, numa fábula do dilema dos Porcos Espinhos, - de que durante o inverno se aconchegavam, mas diante da dor e do incomodo dos espinhos, afastavam -se  para maior conforto (com certeza). Mas ao desconforto do frio tornavam a se aproximar e a experiência é a da dor, novamente. - A estas tentativas de achar um meio termo de distância levou Freud usar esta parábola para escrever Psicologia das Massas e a Análise do Eu e Outros Textos relacionando o dilema do porco-espinho com a nossa sedimentação de sentimentos de aversão e hostilidas nos momentos de intimidade - uma das mais comuns necessidades do ser humano. Por isso , nestas oficinas , tentaremos equilibrar durante estes meses de convivência  a experiência e a possiblidade entre as relações dolorosas e sair de qualquer isolamento desprovido de amorosidade.
Por tanto “Não é de Girassóis que estamos falando”  mas do circulo virtuoso, quando apresentamos o tema AUTORRETRATO para pensar trabalhando o conceito de AUTOR RETRATO. Num design de um pensamento de Rubem Alves o artista criou este autorretrato uma vez que os ipês amarelos transformaram-se no seu símbolo. O artista não copiou o ipê amarelo como o vemos na natureza... mas viu com o que o “pensamento do feio”, ressecado sem vida aparente,no inverno faz com o ipê. Transformar as dores da alma e do coração e da mente em flores ... porque este pode ser o desenho que cada um faz de seu autorretrato. O ipê amarelo enche nossos olhos no inverno quando passeamos pelas matas e caatingas, beira de rios e reascendem o sol de forma intensa... e internamente.

                  

“...E é daí que que na sua sonolência , Alice viu o coelho branco de olhos rosaseos  passar apressado, naquele calor insuportável, mrmurando :
-Aí meu Deus, Aí meu Deus vou chegar muito atrasado! Para ela era natural o coelho estar apressado... mas quando tirou o relógio do bolso do colete e olhou saindo apressado, Alice percebeu que nunca tinha visto um coelho de colete com um relógio no bolso. A curiosidade levou Alice a correr  atras do coelho ,pelos campos, até ve-lo entrar numa grande toca sob a cerca.” Trecho de Odila inspirado em Lewis Carrol.


Entrando na “toca do coelho”, encontrei pessoas interessantes... tinha a sambista, tinha o escultor, tinha o fotógrafo cego mas tinha o fotógrafo  vidente também. Tinha um senhor sério que dava palestra, e conhecia muitas histórias. Foram eles que ilustraram estas histórias enquanto comiam sementes de girassóis e passavam creme de semente de girassóis nas torradas ... e foi lá que conheci:
Uma senhora que parecia rainha,lia um livro sem letras e sem figuras... só com pontinhos . Encontrei um ilustre conhecedor de cinema e cultura também. Ele sentia pelo cheiro o material que eu  tinha levado para uma das oficinas. Foi nesta época que conheci um Gatinho, chamado Dr.Seghatin, que se apressou em saber porque eu via tudo escuro. Todos  ali na Toca do Coelho o chamavam de Leandro. Foi quando Alice perguntou para ele:

-“ Gatinho Seghatin (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito de para onde quer ir - respondeu o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse Alice
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.”

Depois que Alice se foi, aproveitamos os conselhos do Gato Leandro e começamos a nos perguntar onde queríamos chegar. Neste momento foi possível começar a pensar o trabalho. E foi aí que começamos a colocar metas.
1-     Participar das oficinas oferecidas no Centro Cultural Brailler
2-     Todos os trabalhos deveriam apresentar seus resultados no final de ano, numa exposição de arte. 
3-     Mini - Meta: conseguir um público de no mínimo 100 pessoas incluindo familiares
4-     Participar de um concurso literário na Fundação Blumenau, no dia nacional do Braille
Todas as metas estavam fora da Toca do Coelho, por isso tinhamos que despertar e começar a trabalhar.

E assim no dia 14 de dezembro de 2015 conseguimos expor nossas metas alcançadas, com seus resultados

      
  
Conceitos e Valores:
Um entendimento do que é um AUTORRETRATO para si
“Nós só nos reconhecemos como indivíduos, quando nos vemos no espelho ou numa fotografia A possibilidade de uma pessoa cega fazer seu próprio auto retrato é, acima de tudo recuperar a consciência de auto pertencimento, de ser um Indivíduo Daí, quando volto a ser somente eu, posso decidir qual História devo, quero ou posso contar A autoria do Retrato, traz a autoria da própria vida”  Emmanuelle Garrido Alkmin dezembro de 2015 Paço Municipal-Campinas

Bibliografia:
BÖRÖCZ, Bálaz; Selfportraits; Portfólio dez anos de construção; 2003/2013 http://www.balazsborocz.com/en/works/1/selfportraits   Local de publicação: Hungria
MACHADO,  Isabel Pitta. LEITURA  COMENTADA DA CARTA  SOBRE OS CEGOS- Diderot. Disponível em  http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/Sem10/isabelmachado.htm
Programa Educativo Públicos Especiais;Pinacoteca do Estado de São Paulo. Esculturas selecionadas e Obras selecionadas do acervo, 2006; Volume 1 e 2;em Braille VILELA, Ivan. Cantando a Própria História –Editora USP;2015.

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