Ferramenta criada para a disciplina “Tópicos Avançados em Ambiente e Sociedade I”oferecida pelo Nepam - Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp com o objetivo de propor discussões sobre educação, ambiente e sociedade a partir de materiais provenientes de diferentes áreas, incentivando e permitindo o encontro com a diversidade do pensamento.
IMPOSTOS EM SÃO PAULO
segunda-feira, 21 de abril de 2008
REFLEXÕES SOBRE O MAR - UM MAR DE CANA.Conversas com um Biólogo
Foto:DESASTRE ECOLÓGICO “um mar” DE PETROLEO (Espanha,Iraque)
REFLEXÕES SOBRE O MAR:CONTRIBUIÇÕES do DICIONÁRIO AURÉLIO –para a palavra MAR.
MAR,substântivo próprio,masculino.Significa uma imensidão de águas salgadas entre continentes
MAR,sentido figurado COMO GRANDE EXTENÇÃO,UMA IMENSIDADE,ou como diria Camara Cascudo
"ao lado do oficiante,espalhados um MAR de utensílios..(Meleagro pg 191)"
"Até onde a vista alcança,é aquele MAR de capim verde e agitado,batido de sol,ondulado pelo vento.Nelson de Faria - CABEÇA-TORTA pag 9"
MAR,abismo Moral;
Leia a seguir o sentido de "MAR DE CANA" uma contribuição de Efraim Rodrigues,
Prof.Universitário pensando o SIGNIFICADO SOCIOAMBIENTAL da palavra MAR
Odila Fonseca
MARES PAULISTAS:REFLEXÕES SOBRE A CANA DE AÇUCAR NO ESTADO DE S.PAULO
Nesta semana eu sai de Londrina na segunda, para ir conhecer as áreas que a CESP- Companhia Elétrica de São Paulo vem restaurando há mais de 30 anos. É uma daquelas coisas que pode ser feita a qualquer momento, e por isso eu venho protelando há duas décadas. Mas agora não houve jeito de empurrar mais, porque a CESP daqui a 3 semanas passará a ser uma companhia privada, e é provável que o novo dono não queira dividir seu conhecimento de maneira tão fácil quanto a estatal o fez.
Para minha surpresa, não havia uma única acomodação em Três Lagoas-MS. Uma nova fábrica de papel está ocupando todos os hotéis da cidade.
O mar de cana de quando saí de São Paulo há 20 anos, transformou-se em um oceano, e agora há também os mares de Eucalipto e Capim. A diversidade biológica no estado que todos querem se igualar, está restrita a Cana, Eucaliptus e Capim. Há também um outro oceano de soja mais para o sul do estado.
A última espécie, ou grupo de espécies, que tomou conta do planeta o fez pela via da brutalidade. Os dinossauros eram grandes, e foram crescendo conforme foram melhorando sua capacidade de desviar mais recursos naturais para si. Estamos fazendo o mesmo (e muitos de nós estão crescendo em tamanho também !), sem perceber a inexorável tendência ao aumento de diversidade imposto pela biologia. Não há nada de místico ou de intencional nisto, Gaia é só uma antropomorfização da natureza, tal qual o Mickey e o Zé Colméia. O que há de realmente perigoso em aumentar densidades de humanos e suas plantas como estamos fazendo, é que aumentamos as chances de epidemias de pragas e doenças por causa da homogeneidade do hospedeiro.
Enquanto nas pequenas áreas de dezenas de metros de largura que vi, os engenheiros da CESP trabalham para manter um alto número de espécies e de gens dentro delas, fora o resto do mundo quer que suas plantas e animais cresçam da forma mais rápida e homogênea possível. Nossa tecnologia consegue adiar o fim disto fantasticamente, assim como eu adiei minha tarefa por duas décadas. Espalhamos inseticidas, selecionamos plantas e animais e adubamos o solo para que tudo seja, como já disse, o mais rápido e homogêneo possível.
Até aqui extinguimos espécies, perdemos solo e causamos ainda mais fome entre os mais pobres, mas tendo que andar 1500 Km entre Cana, Capim e Eucalipto para visitar algumas restaurações florestais, eu não posso deixar de pensar que algo de muito mais grave nos espera. efraim@efraim.com.br
Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, autor do livro Biologia da Conservação, e nos fins de semana ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico.
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