IMPOSTOS EM SÃO PAULO

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Agroecologia e políticas de Coronéis

Os moradores e moradoras do povoado Salva Terra, município de Rosário, Estado do Maranhão aqui por representadas por Lucilene Maria Mendes de Sousa e Rosemary Botentuit, vem informar e apresentar denúncia contra a Petrobrás, a Secretaria de Indústria e Comércio, Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Instituo de Terras do Maranhão pois as referidas pessoas jurídicas querem expulsar os moradores do povoado. O povoado Salva Terra, é um povoado quilombola, pertencente ao município de Rosário, com mais de 200 anos de existência. São 450 hectares de terra, herança sem partilha, de quatro herdeiros do de Adriano e Francisca Botentuit onde moram e trabalham 34 famílias, pescadores e agricultores, dentre os moradores encontra-se Tiago Almeida com 87 anos que nasceu e sempre morou no povoado. Em 10 de setembro de 2009 os moradores/as do povoado foram i surpreendidos pela visita de sete representantes da Secretaria de Indústria e Comércio, Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Instituto de Terras do Maranhão quem noticiaram aos presentes que o povoado estava na área de interesse da Refinaria em processo de implantação pela PETROBRÁS E que eles teriam 20 dias a contar do dia 10 de setembro para desocupar a área e que seriam posteriormente indenizados.Questionados sobre o destino dos moradores, idosos, crianças, animais, raízes históricas, a cultura, foi oferecido um barracão que em Bacabeira até a construção de casas para a moradia das famílias
No dia 11 de setembro receberam uma nova visita, dessa vez de dois representantes da PETROBRÁS que objetivavam conhecer os povoado do entorno do empreendimento, informado sobre a visita anterior os representantes da PETROBRAS observaram que não tinham conhecimento do procedimento em curso pela Secretaria de Industria e Comércio e sugeriram que os moradores buscassem seus direitos. Queremos nossa terra, ela nos garante a moradia e renda , aqui temos água, terra para plantar, riacho e igarapé para pescar, casa de forno, campo de futebol, juçara, cupuaçu, manga
Não queremos morar em barracão
Queremos seu apoio para continuar vivendo aqui.
Associação de Moradores de Salva Terra
Fórum Carajás
Associação de Pequnos Agricultores/as de Salva Terra
Associação Agroecológica Tijupá
MERECER A TERRA: COMUNIDADES QUILOMBOLAS E MEIO AMBIENTE EM MATA ROMA e ANAPURUS, BAIXO PARNAIBA MARANHENSE
O texto, a seguir, devota-se a uma simples palavra que anda meio apagada das memórias individual e coletiva na sociedade capitalista. Apaga-se com um leve bocejar como se a manhã de hoje extinguisse totalmente a noite de ontem sem que a claridade e a escuridão se agarrassem antes de partirem para outro rumo e para outra localidade incomensuráveis. A palavra pode denotar grandeza ou a busca dela como denotam as primeiras palavras balbuciadas por uma criança ou os primeiros passos de uma ou mais comunidades em direção aos seus objetivos. Relaxaram-se tantas palavras pela sociedade e uma a mais ou a menos pode não fazer diferença no cômputo geral do cansaço humano. A conta diária do cansaço humano mal chega ao trivial de algumas palavras cujos sentidos foram pregados pela mídia ou pelo comércio internacional. Abrir uma palavra para seus sentidos históricos significa que nem tudo foi alvo da contabilidade e despachado para o arquivo morto da incompreensão social. Os movimentos discrepantes da história insinuariam o quanto a compreensão fica retida em uma vertente mais apropriada da realidade.As pessoas desusam uma palavra porque ela espelha vários sentidos históricos e cansa a falta de praticidade desta em relação ao momento atual. Merecer é uma das palavras que caiu no ostracismo da vida moderna, mas ela bem representa ou bem representou modificações profundas na mentalidade ou na rotina de uma pessoa ou de mais pessoas em comparação com uma realidade mais ou menos adversa. O grau máximo de incompreensão numa hora dessas é "o que fizemos para merecer isso" ou "o que eles fizeram para merecer isso"? Fazer tais perguntas parece coisa de coitadinho que precisa de uma resposta transcendental, contudo as perguntas surgem em momentos de adversidade e o que se vê na sociedade capitalista é a tentativa de abolir a adversidade como se todos tivessem que atender ao mesmo chamado da indústria cultural.
As comunidades quilombolas de Bonsucesso, município de Mata Roma, Baixo Parnaiba maranhense, por décadas, escutaram mal o chamado da parafernália da indústria cultural e por isso continuam tocando seus tambores de crioula e balançando suas fitas de seus bumba-meu-boi pelas décadas afora. Outros, de fora, concluiriam o contrário: a indústria cultural deveria batizar os folguedos populares para que a sociedade os cumprimente e os remunere. Como não bateram palmas para a indústria cultural, as comunidades quilombolas de Mata Roma dimensionam as suas realidades sócio-econômicas de acordo com os sentidos históricos que cada palavra assumiu, ao longo do tempo, no sabor das festas, das brigas, das viagens, das reuniões de família e etc.
As comunidades quilombolas do Baixo Parnaíba se sujeitaram aos ditames das elites maranhenses como se fossem bois no pasto: prontos para o abate. Alguns representantes da elite local, e isso incluem membros do judiciário, querendo continuar com essa norma, desconfiam do merecimento das comunidades quilombolas se autodenominarem como tradicionais, e, por isso, merecedoras de tratamento especial por parte do Estado, e adjudicam a elas um discurso de que qualquer um pode fazer isso. Aqueles que querem diferença no trato que mereçam, sovinam esses senhores.
Quem merece o quê? O grau de merecimento a qualquer coisa depende de como a sociedade vê a ascensão social e o desenvolvimento econômico em seu seio. Quaisquer movimentações em sentidos contrários como fazem as comunidades quilombolas no Baixo Parnaíba maranhense se apartar-se do convívio. O que deveria acontecer é justamente o contrário, porque as movimentações das comunidades quilombolas por dentro do Cerrado, da Caatinga, da Floresta Amazônica e da Mata dos Cocais comprovam que as suas atividades econômicas são pouco impactantes do ponto de vista ambiental.
As comunidades tradicionais de Mata Roma e de Anapurus, assim como os de outros municípios do Baixo Parnaíba maranhense, merecem manter as áreas de uso comum sob as suas tutelas mais que seculares, pois um dia, um ano, uma década e um século viram meros normatizadores do tempo quando o que está em jogo é bem mais do que isso. A Associação do Povoado de Morros, município de Anapurus, rivalizou com os "gaúchos" por uma área de mais de 600 hectares e ganhou a causa e o senhor Totonho, morador da comunidade de São João, município de Mata Roma, municia seus descendentes com áreas de Chapada em Mata Roma e Anapurus para as próximas décadas sem divagar sobre possíveis ofertas de compra.
Os plantadores de soja mereceriam comprar essas áreas? O Isael é primo do Zé Curuca, presidente da Associação dos Morros, e parabeniza o seu primo pelas luta contra os "gaúchos' e pela proibição no desmate de bacurizeiros. Ele desatou um pouco os nós da Chapada do seu Totonho ao lembrar-se de uma área em que a pessoa senta para esquecer o mundo. Afora essa divagação, Isael faz parte do projeto "Educação Ambiental no Baixo Parnaíba para jovens quilombolas: ciranda agroecológica", uma realização do Fórum Carajás e da Associação de Preservação do Riacho Estrela e do Meio Ambiente, cuja proposta é promover a capacitação de jovens lideranças quilombolas do Município de Mata Roma em temáticas agroecológicas voltadas para a conservação da mata ciliar do Riacho Estrela e desenvolvimento consciente do cerrado Maranhense.
Entre os dias 12 e 13 de setembro de 2009 foi ministrada na comunidade de São João pelo professor Itaan Santos, da Universidade Estadual do Maranhão, a oficina sobre sistemas agroflorestais. A oficina de sistemas agroflorestais permitiu aos participantes tomar conhecimento sobre as possibilidades de tornarem seus quintais e suas roças produtivos, diversificados e ambientalmente sustentáveis sem precisar toca fogo, gerando renda e assegurando uma boa alimentação para suas familias.
Mayron Régis, assessor Fórum carajás

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