IMPOSTOS EM SÃO PAULO

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

AGROTÓXICO NO SEU ESTOMAGO


Os porta-vozes da grande propriedade e das empresas transnacionais são muito bem pagos para todos os dias defender, falar e escrever de que no Brasil não há mais problema agrário. Afinal, a grande propriedade está produzindo muito mais e tendo muito lucro. Portanto, o latifúndio não é mais problema para a sociedade brasileira. Será? Nem vou abordar a injustiça social da concentração da propriedade da terra, que faz com que apenas 2%, ou seja, 50 mil fazendeiros, sejam donos de metade de toda nossa natureza, enquanto

temos 4 milhões de famílias sem direito a ela.Vou falar das consequências para você que mora na cidade, da adoção domodelo agrícola do agronegócio.O agronegócio é a produção de larga escala, em monocultivo, empregando muitoagrotóxicos e máquinas.Usam venenos para eliminar as outras plantas e não contratar mão de obra.Com isso, destroem a biodiversidade, alteram o clima e expulsam cada vezmais famílias de trabalhadores do interior.Na safra passada, as empresas transnacionais, e são pouca (Basf,Bayer,Monsanto, Du Pont, Sygenta, Bungue, Shell química...), comemoraram que oBrasil se transformou no maior consumidor mundial de venenos agrícolas.Foram despejados 713 milhões de toneladas! Média de 3.700 quilos por pessoa.Esses venenos são de origem química e permanecem na natureza. Degradam o solo. Contaminam a água. E, sobretudo, se acumulam nos alimentos.As lavouras que mais usam venenos são: cana, soja, arroz, milho, fumo,tomate, batata, uva, moranguinho e hortaliças. Tudo isso deixará resíduos para seu estômago.E no seu organismo afetam as células e algum dia podem se transformar emcâncer.Perguntem aos cientistas aí do Instituto Nacional do Câncer, referência de pesquisa nacional, qual é a principal origem do câncer, depois do tabaco? A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) denunciou que existem no mercado mais de vinte produtos agrícolas não recomendáveis para a saúde humana. Mas ninguém avisa no rótulo, nem retira da prateleira. Antigamente,era permitido ter na soja e no óleo de soja apenas 0,2 mg/kg de resíduo do veneno glifosato, para não afetar a saúde. De repente, a Anvisa autorizou os produtos derivados de soja terem até 10,0 mg/kg de glifosato, 50 vezes mais.Isso aconteceu certamente por pressão da Monsanto, pois o resíduo deglifosato aumentou com a soja transgênica, de sua propriedade.Esse mesmo movimento estão fazendo agora com os derivados do milho.Depois que foi aprovado o milho transgênico, que aumenta o uso de veneno,querem aumentar a possibilidade de resíduos de 0,1 mg/kg permitido para 1,0 mg/kg.Há muitos outros exemplos de suas consequências. O doutor Vanderley Pignati, pesquisador da UFMT, revelou em suas pesquisas que nos municípios que têm grande produção de soja e uso intensivo de venenos os índices de abortos e má formação de fetos são quatro vezes maiores do que a média do estado.Nós temos defendido que é preciso valorizar a agricultura familiar, camponesa, que é a única que pode produzir sem venenos e de maneira diversificada. O agronegócio, para ter escala e grandes lucros, só consegue produzir com venenos e expulsando os trabalhadores para a cidade.E você paga a conta, com o aumento do êxodo rural, das favelas e com o aumento da incidência de venenos em seu alimento. Por isso, defender a agricultura familiar e a reforma agrária, que é uma forma de produzir alimentos sadios, é uma questão nacional, de toda sociedade. Não é mais um problema apenas dos sem-terra. E é por isso que cada vez que o MST e a Via Campesina se mobilizam contra o agronegócio, as empresas transnacionais, seus veículos de comunicação e seus parlamentares, nos atacam tanto. Porque estão em disputa dois modelos de produção. Está em disputa a que interesses deve atender a produção agrícola: apenas o lucro ou a saúde e o bem-estar da população? Os ricos sabem disso e tratam de consumir apenas produtos orgânicos.
E você precisa se decidir. De que lado você está?
JOÃO PEDRO STÉDILE é economista e integrante da coordenação nacional do
Movimento dos Sem Terra (MST).

Nenhum comentário: