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"Pontedera Officina Canuti: l’artista e il território.Arte ambientale e didattica per i ragazzi sono
stati gli elementi fondanti del progetto Officina Canuti che ha investito per
un anno e mezzo Pontedera, una città che negli ultimi anni si è fortemente
orientata sui linguaggi dell’arte recependo gli indirizzi regionali volti
all’approfondimento di una cultura di rete che favorisca le contaminazioni tra
le varie discipline artistiche. Se la poetica di Nado Canuti ha trovato sviluppo in città attraverso mostre,
installazioni, murales, i laboratori d’arte e didattica sono stati i fondamenti
di un processo educativo inserito in una dimensione affettiva degli
apprendimenti che si basa sul coinvolgimento emotivo dei ragazzi per mezzo di
immaginazione, fantasia e creatività a stretto contatto con l’artista".
INTRODUÇÃO
Depois da minha
apresentação na Livraria Cultura, tive vontade de fazer o que sempre me suscita
uma ação e uma experiência mobilizadora de emoções e desafios. Continuar o
movimento. Por isso quis deixar um pouco, não só de meus pensamentos, expostos
ali mas desenvolver um pouco mais a experiência vivida. Porque ao pensar na
minha fala tive a certeza que ao me afastar um pouco da análise fílmica poderia
trazer a minha experiência na busca do desenvolvimento do tema. Não prender-me
a imagens do filme analisando-as foi uma escolha que demandou bastante empenho
psíquico. E é isso que quero compartilhar neste texto.
VISÃO DE UMA IMAGEM NO ESCURO e o BATE PAPO
A convite da curadora Luciane Loss Jardim, psicanalista, vim
conversar no evento CINEPSICANÁLISE na Livraria Cultura de Campinas sobre o filme
proposto para o meu tema, como cineasta, num “diálogo” com apreciadores e espectadores
do cinema como arte e a psicanalise. O filme VERMELHO COMO O CÉU suscitou-me a
“brincadeira” da EXPERIÊNCIA NO ESCURO. Passados os 96 minutos do filme as
luzes continuaram apagadas. A sala muito escura. Na surpresa uma voz feminina é
escutada. É a experiência de uma imagem mental colocada para todos naquele
momento.
“Foto em branco e preto”.
Em primeiro plano, iluminado, um adolescente
sentado numa cadeira de rodas olha para a bola e levanta uma raquete de tênis
com as duas mãos. A foto foi tirada no instante em que a bola de tênis ainda
está no ar para ser rebatida. Ao fundo, uma luz é projetada na parede e vemos a
sombra do adolescente na cadeira de rodas com a raquete. A bola de tênis está
no espaço entre a raquete e sua sombra na parede. O adolescente usa uma
camiseta sem mangas e um relógio esportivo no braço esquerdo. Abaixo da foto,
no canto esquerdo, está escrito: Fotógrafo Vanderlei Kupicki.
Logo que as luzes
acenderam, Luciane e eu subimos no palco. Mudava meu lugar de mundo. Começava
outra “experiência no escuro” para mim.![]() |
Mulheres Conversando |
- "Quero comentar um pouco esta EXPERIÊNCIA NO ESCURO DE UMA
FOTOGRAFIA AUDIODESCRITA pela Bell Machado, que é
professora de História do Cinema e pioneira no Brasil como audiodescritora. Queria
que vocês guardassem na memória a imagem que construíram com esta experiência no escuro aqui, porque depois de terminada
a nossa conversa vou entregar a fotografia escolhida do Vitor Hugo, que é uma
criança portadora de mielomeningocele* e ATLETA PARALÍMPICO. Então quero que vocês,
ao olharem a IMAGEM FORMAL, reflitam a criação dela no seu imaginário.
- A imagem escolhida que vocês
“viram no escuro” faz parte de uma EXPOSIÇÃO ITINERANTE que contém vinte e nove fotos da ONG CEPE, Centro
Esportivo para Pessoas Especiais, onde tenho trabalhado como consultora e
Coach. Esta instituição está comemorando
dez anos e fica em Joinville-SC. No
percurso da sua existência sempre recebeu pessoas, na maioria delas com
deficiência adquirida. Num tempo mais
recente foi criada a Escolinha de Esporte para crianças com deficiências
mostrando um perfil mais desafiador. Tem chamado minha atenção o modo de “ver”
e sentir a vida que estas crianças têm a partir do seu mundo. Muito diferente
do sentir e pensar do mundo adulto.. Por ser este um momento que o tema da
“inclusão” tem sido muito discutido na sociedade não tem sido nada fácil criar
novas linguagens no campo da audiodescrição e libras, hoje regulamentadas por
políticas públicas.
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Vitor Hugo - 2010 |
Trago
comigo esta noite, para conversarmos descontraídos, dois artistas
contemporâneos. Um na área da literatura e a outra nas artes plásticas. O que
eu quero falar aqui tem a ver com a experiência do menino Mirco** protagonista
do filme “VERMELHO COMO O CÉU” e a invenção da vida diante do desconhecido e do
inusitado que o acidente doméstico desencadeou, nele em sua família e na escola.
Uma história contada no pequeno Distrito de Pontedera na Toscana e com
características culturais conservadoras da idade média. Pensei para este
momento um pouco de outras invenções de criança, para acompanhar a experiência
de Mirno, a de Manoel de Barros quando diz em suas “MEMÓRIAS INVENTADAS”
_ “Eu tinha um ermo enorme dentro do olho. Por
motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui...”
E continuando em outro trecho
_ “ENTÃO EU TRAGO NAS MINHAS RAIZES CRIANCEIRAS A “VISÃO” COMUNGANTE. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão, de
um orvalho com sua aranha, de uma tarde com suas garças, de um pássaro com suas
árvores”.
... EU SEI DIZER SEM PUDOR QUE O ESCURO ME ILUMINA.
Mais adiante, ele nos remete a um pensamento
que suscitou um desafio para mim.
_ Gosto de coisas que começam assim: "Antigamente, o
tatu era gente e namorou a mulher de outro homem". Está no livro
"Vozes da Origem", da antropóloga Betty Mindlin. Essas leituras me
ajudam a explorar os mistérios irracionais. Não uso computador para escrever.
Sou metido. Sempre acho “que na ponta de meu lápis tem um nascimento.”.
As imagens de um menino que tinha este vazio,
esta solidão, este deserto “dentro do olho” de Manoel de Barros me encantaram.
É por isso que para ele foi possível escrever imagens mentais.
_ “INVENTEI UM MENINO LEVADO DA BRECA PARA ME SER. ÊLE TINHA
UM GOSTO ELEVADO PELO CHÃO... PASSARINHOS BOTAVAM PRIMAVERAS NAS
SUAS PALAVRAS. APRENDEU A DIALOGAR COM AS ÁGUAS AINDA QUE NÃO SOUBESSE NEM AS
LETRAS QUE TEM UMA PALAVRA... DE MANHÃ PEGAVA O REGADOR E IA REGAR OS PEIXES...”.
Essas
são imagens do poeta e que inauguram o século XXI. Elas aparecem nos livros
“Exercícios de ser criança” – 2000 e também em “O fazedor de amanhecer” – 2001
só para citar alguma de suas obras.
E ainda
dialogando com outro grande escritor, Guimarães Rosa, que uma vez disse sobre o
autor de EXERCÍCIOS DE SER CRIANÇA:
_“Nunca
vi uma escrita tão instável”
Um
exemplo dessas instabilidades é a frase
_ "Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só
dez por cento é mentira".
É uma frase tão impactante que levou o cineasta, Pedro
Cezar, a dirigir o documentário sobre a vida do poeta e intitulado "Só dez
por cento é mentira", e que foi exibido em abril de 2007. Estas escritas e
“falas” de uma vida de 97 anos percorreram a educação e inventaram, por
exemplo, a Escola Manoel de Barros e a Fundação Manoel de Barros, em Cuiabá-MT
onde nasceu e que se contrapõem as instituições do tempo do menino Mirco cuja
sociedade nos meados do século XX se vê e se percebe cega no trato desta
questão. Não foi a especialidade “do ser cego” do diretor da escola que percebeu
o desejo de Mirco criar uma nova linguagem. Foi a VISÃO COMUNGANTE do Padre com
o aluno Mirco, dos colegas e da menina.
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“Não uso
computador para escrever. Sou metido. Sempre acho que na ponta de meu lápis tem
um nascimento.”
Manoel de Barros, escritor, poeta e fazendeiro
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