HÁ 80 ANOS

![]() |
80 anos depois |
A pesquisa envolveu consulta a diversas fontes bibliográficas,
inclusive na Noruega – onde Andersen nasceu, em 1860, filho de um capitão de
navio e de uma dona de casa –, para “entender a formação artística e a
identidade do pintor”. Nos primeiro e segundo capítulos, Corrêa percorre a
biografia e a trajetória artística do pintor, que começou a frequentar escola
de desenho aos 14 anos e teve sua formação marcada pelo retrato e pelo
paisagismo, tradicionais na Noruega, ainda fortemente contaminado pelo
realismo. Andersen vendeu a primeira tela em 1888 e, em 1891, numa exposição
individual, comercializou cinco dos dez quadros expostos. Sua arte, no entanto,
desenvolveu-se na “periferia” da cultura europeia que tinha epicentro em Paris
e no impressionismo. “Se a pintura naturalista perdia cada vez mais espaço na
Europa com o avanço das vanguardas, ele foi bem recebido no Sul do Brasil”,
afirma.
Um país promissor
Foi com essa bagagem que Andersen aportou no Brasil, país que
ele conhecera anos antes, em viagem com o pai. “Instalar-se num país promissor
era compatível com um homem de trinta e poucos anos que via sua carreira
artística sob ameaça de fracasso.” No capítulo três, Corrêa analisa a fase
brasileira do pintor, principalmente, os retratos, de forma a apreender, “pelo
contexto social e pelas redes de relações que foram produzidas”, a relação
entre arte, cultura e política no Paraná e a posição do pintor nessa
configuração. A fotografia, na época, já fazia sucesso no Brasil e Andersen fez
dela uma aliada: aceitava encomendas a partir de fotos de pessoas. “Costumava dizer
que era mais fácil ser pintor do que fotógrafo”, ela conta. Pintava ao gosto de
fregueses – comerciantes, profissionais ligados ao porto de Paranaguá, à
estrada de ferro ou à erva-mate –, que consideravam o retrato um
“símbolo de status”, e assim garantia o sustento da família. Mudou-se para
Curitiba e ampliou sua rede de relações para incluir também literatos e
políticos. No quarto capítulo a autora investiga as pinturas de paisagens,
gênero pelo qual ele se tornou mais conhecido: marinhas do litoral, cenas do
porto e paisagens de Rocio, até chegar ao tema “canônico” dos pinheirais. “É
possível perceber, também, o processo de mudança da fatura estética do pintor,
o que se deu tanto pelo contato com outros paisagistas brasileiros, como pelas
pressões do mercado”, ela explica. O quinto capítulo tem como pano de fundo a belle époque curitibana. Com a República, a
promulgação da 1ª Constituição da província do Paraná e o crescimento da
indústria do mate e da madeira, a atividade artística se expande e começam a
surgir as primeiras exposições, assim como as primeiras tentativas de instauração
de uma Escola de Música e Belas Artes, que se concretizará apenas em 1948. No
sexto e último capítulo, Corrêa explora a posição de Andersen nesse novo
ambiente, tendo como foco o casamento nativo e a sua condição de estrangeiro.
“Entramos na casa do pintor através das suas pinturas, inclusive dos retratos
afetivos dos seus familiares”, afirma. As cenas de gênero, ela sublinha,
configuram a faceta mais autoral da sua produção. “É onde ele mostra o seu
cotidiano e seu caminho sem volta rumo à luz e à cultura brasileira.”
Ficha
Título: Alfredo
Andersen – Retratos e paisagens de um norueguês caboclo Autora: Amélia Siegel Corrêa Editora: Alameda Ano: 2014 Páginas:
380
NOTA AO PÉ DA LETRA: OSítio Paiquerê, em Valinhos, foi construido sob a lenda dos índios Paranaenses cuja lenda PAIQUERÊ significava PARAÍSO EM TUPI-GUARANI A artista plástica Maria Judith de Campos Fonseca, casada com um médico, inspira-se nas pinturas naturalista de Alfredo Andersen para construir uma intalação de 128 mil hequitares nesta região ocupada por imigrantes italianos LEIA AQUI PONTO A PONTO A ENCICLICA PAPAL LAUDATO SI http://www.observatoriodoclima.eco.br/a-enciclica-de-francisco-ponto-a-ponto/
![]() |
PAIQUERÊ |
![]() |
Sítio Paiquerê Valinhos |
Nenhum comentário:
Postar um comentário