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Vick Muniz ARTE E POLÍTICA NA "CÚPULA DOS POVOS" |
Cabe ao público da Cúpula dos Povos, evento paralelo organizado pela sociedade civil no Parque do Flamengo, onde fica o MAM, levar o lixo utilizado para montar a instalação.
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Luis Felipe Valle disse...
Desde a Estocolmo 72, primeira grande conferência de abrangência mundial tendo como foco o desenvolvimento sustentável, termo que na época sequer existia, temos caminhado de maneira bastante obtusa na questão da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente.Antes de tudo, é necessário lembrar que na década de 70 o mundo passava pela Guerra Fria e, nesse período, a potência soviética não demonstrava os sinais de cansaço que vieram depois, nos anos 80; pelo contrário, a ideologia capitalista buscava desmedidamente encontrar e expandir áreas de influência para perpetuar-se, pondo um ponto definitivo no socialismo.É justamente nesse contexto que a postura Neomalthusiana, determinista e neocolonialista, ganha forças ao doutrinar a população que se engajava com as causas ambientais, sob a perspectiva de um futuro absolutamente sombrio e devastador caso o desenvolvimento industrial não parasse naquele exato momento, cristalizando, oportunamente, a situação hegemônica de países como EUA, Alemanha, Reino Unido, França e Japão, suprimindo completamente o progresso dos atuais emergentes, a exemplo do Brasil, Índia, China e a própria Rússia, na ascendente pós Guerra Fria.Tornou-se verdade dizer que a escassez de alimentos seria causada pelo crescimento demográfico e que a pobreza dava-se não pelo gravíssimo contraste social e precária distribuição de renda, mas pela existência do pobre. A utilização de métodos contraceptivos autoritários e políticas de extermínio em massa da população socioeconomicamente vulnerável são dois dos muitos exemplos devastadores que assolaram o mundo, inclusive o Brasil, enquanto regimes militares da época legitimavam a demagogia pregada pelas hegemonias globais.
5 comentários:
O voracidade pelo novo, pelo moderno, a vontade implacável de possuir o suprassumo anunciado pelos meios de comunicação, a necessidade irrefreável de “ter” para sentir-se melhor caminha para a estimativa da produção de cerca de 10kg de lixo por pessoa semanalmente (se parecer exagero, repare na quantidade de lixo que você produz diariamente!). Multiplicando-se pela população humana, de 7bi, e dividindo pelos segundos que formam uma semana, chega-se a apocalíptica marca de mais de 100.000kg de lixo produzidos por segundo na Terra!
Não é à toa que, ao comprar um processador novo e perceber que ele não se encaixa na placa-mãe, você acaba optando por trocar o computador todo. Não é sem querer que as empresas de software lançam programas com compatibilidade restrita a certos tipos de componentes, nem que a exposição tecnológica é feita gradualmente, forçando o consumidor a caminhar de pixel em pixel nas câmeras fotográficas, por exemplo. O grande problema é que tudo que é comprado, inevitavelmente, será convertido em lixo um dia e esse ciclo tem se tornado cada vez mais curto.
A reciclagem, se otimizada, modernizada, equipada e apoiada, seria capaz de converter todo esse lixo em novos produtos, imbuídos dos constantes avanços tecnológicos que tornam nossa vida mais fácil a cada dia, mas um efeito colateral surgiria: como ficariam as grandes companhias produtoras e exportadoras, por exemplo, de papel e celulose? Ou de plástico? Ou mesmo as mineradores e petrolíferas, como a Vale do Rio Doce e a Petrobrás? Haveria uma grande redução no consumo industrial de matéria-prima, forçando o setor industrial a adequar-se à proposta da reciclagem, o que demandaria um longo período de adaptação para ao novo modelo de produção, à redução do consumo, à reutilização de matérias-primas e, consequentemente, a diminuição dos lucros exorbitantes oriundos da exploração dos recursos naturais usados irrestritamente hoje em dia no mundo todo.
Mais do que criticar a Rio+20 e responsabilizar líderes do governo ou até mesmo as marionetes do capitalismo, a reflexão deve ser direcionada à população de modo geral, individualmente, num primeiro momento, favorecendo a formação de uma leitura realista sobre os graves problemas ambientais e sociais causados pelo consumismo e, num segundo momento, coletivamente, criando condições efetivas às mudanças que tanto almejamos, afinal de contas é grosseiramente mais provável que uma espécie de apenas 10.000 anos seja sumariamente extinta de um planeta cuja idade extrapola os 4.500.000.000 de anos do que o contrário.
Luis Felipe Valle
Junho|2012
A produção do lixo, por exemplo, foi subitamente esquecida e substituída pelo discurso ultrapassado da elevação dos níveis oceânicos e o derretimento das calotas polares, fenômenos absolutamente naturais, de ordem cronológica gigantescamente maior do que o ínfimo período de passagem do ser humano pela Terra.
O perigo da superpopulação e das catástrofes decorrentes da escassez de água, alimentos e espaço antagonizou-se de maneira irracional e inconsequente às graves projeções de envelhecimento populacional e queda do crescimento vegetativo no Brasil e na Argentina, por exemplo, e de maneira muito mais intensa e preocupante em países europeus, sendo a França um dos poucos que ainda sustenta a renovação demográfica no continente.
Em momento algum foi citado, durante o discurso da falta de espaço e de alimentos, que no Brasil há 200mi de cabeças de gado, bem alimentados e confortavelmente alojados – apesar da morte cruel e desumana que os aguarda – enquanto centenas de milhares de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza; foi omitido também que os excessos que tornam os EUA o país com os maiores índices de obesidade mórbida, obesidade mórbida infantil e mortes causadas pro doenças associadas a dietas exageradas (hipertensão, enfartes, trombose, esteatose hepática, diabetes tipo 2 etc.) contrapõem-se de maneira evidente num quadro não de escassez, mas de completo desequilíbrio, quando mencionados os casos frequentes de subnutrição na África subsaariana, por exemplo.
Os excessos não se limitam à alimentação, revelando o interesse econômico encapado com as bandeiras da sustentabilidade, ao fomentar o consumo adornando bugigangas tecnológicas com “selos verdes” que tem pouquíssima ou nenhuma diferença em relação aos similares não selados – com exceção do preço abusivo “em favor do meio ambiente”.
O que parece não emplacar de vez nas discussões ecossustentáveis é que o volume monstruoso de lixo produzido por toda essa ideologia fajuta e nada prática está ficando cada vez maior e já não tem mais para onde ir!
A reciclagem, política que deveria adotada com imbatível prioridade, é deixada de lado, à sombra do preconceito social contra os cidadãos e cidadãs que mantém nosso planeta limpo, dando aos despercebidos a sensação de que o lixo “desaparece” quando é recolhido pelo caminhão. Longe disso, estão tornando-se cada vez mais raros, caros e problemáticos os locais de aterramento residual que fogem dos olhos da população de classe média-alta.
Inverdades convenientes forjaram-se, desde então, impulsionadas pelo amplo avanço do capitalismo e do consumismo, fomentado pela imprensa antiética e mercenária – dominante em países como Brasil, México e Argentina – a exemplo da atribuição do uso de refrigeradores que usavam CFC (cloro-flúor-carbonetos) a um suposto crescente buraco na camada de ozônio terrestre, que hoje se sabe estar muito mais ligado às atividades da ionosfera e do campo eletromagnético da Terra do que aos “vilões do aerossol”.
O que é completamente comprovado é o número exorbitante de novos refrigeradores que foram fabricados e vendidos a centenas de milhares de pessoas que, em sua nobre comoção, juravam estar lutando pelo meio ambiente enquanto, na verdade, colaboravam para a formação de uma volumosa pilha de lixo, cada dia maior e mais nociva ao planeta, contaminando solos, corpos hídricos superficiais e subsuperficiais, e sentenciando à subutilização enormes áreas.
A fala sobre o aquecimento aquecimento global, na Rio+10, uma década de negações e postergações depois da Eco92, ganhou forças sob a voz esquecida do ex-vice-presidente do país que mais gera lixo no planeta – não só em seu território, mas no mundo todo – atribuindo ao gás carbônico a suposta culpa pelo aumento do suposto efeito estufa antrópico, cujas supostas maiores fontes vinham justamente dos países que ameaçavam a hegemonia dos vitoriosos da Guerra Fria.
Faltou, entretanto, mencionar nessa inverdade conveniente, que o vapor de água é responsável por mais de 80% da absorção e retenção de calor na atmosfera terrestre e que o efeito estufa é absolutamente necessário à vida no planeta, amenizando a amplitude térmica entre os dias e noites, por exemplo, e garantindo a distribuição uniforme de chuvas, bem como a circulação regular de massas úmidas.
Quanto ao aquecimento global, esqueceu-se de destacar que os períodos de maior abundância da vida terrestre ocorreram justamente quando a Terra era cerca de 15°C mais aquecida do que atualmente, comprovada pela formação de gigantescas florestas equatoriais e notável aumento da biodiversidade marinha e terrestre.
Esse ano, na Rio+20, a letargia parece ter sido mais uma vez preponderante sobre a mobilização popular que, apesar de ter sido marcante em alguns momentos, não foi suficiente para alertar para os maiores problemas ambientais pelos quais verdadeiramente deveríamos nos preocupar.
Inverdades Convenientes
Desde a Estocolmo 72, primeira grande conferência de abrangência mundial tendo como foco o desenvolvimento sustentável, termo que na época sequer existia, temos caminhado de maneira bastante obtusa na questão da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente.
Antes de tudo, é necessário lembrar que na década de 70 o mundo passava pela Guerra Fria e, nesse período, a potência soviética não demonstrava os sinais de cansaço que vieram depois, nos anos 80; pelo contrário, a ideologia capitalista buscava desmedidamente encontrar e expandir áreas de influência para perpetuar-se, pondo um ponto definitivo no socialismo.
É justamente nesse contexto que a postura Neomalthusiana, determinista e neocolonialista, ganha forças ao doutrinar a população que se engajava com as causas ambientais, sob a perspectiva de um futuro absolutamente sombrio e devastador caso o desenvolvimento industrial não parasse naquele exato momento, cristalizando, oportunamente, a situação hegemônica de países como EUA, Alemanha, Reino Unido, França e Japão, suprimindo completamente o progresso dos atuais emergentes, a exemplo do Brasil, Índia, China e a própria Rússia, na ascendente pós Guerra Fria.
Tornou-se verdade dizer que a escassez de alimentos seria causada pelo crescimento demográfico e que a pobreza dava-se não pelo gravíssimo contraste social e precária distribuição de renda, mas pela existência do pobre. A utilização de métodos contraceptivos autoritários e políticas de extermínio em massa da população socioeconomicamente vulnerável são dois dos muitos exemplos devastadores que assolaram o mundo, inclusive o Brasil, enquanto regimes militares da época legitimavam a demagogia pregada pelas hegemonias globais.
Luiz Felipe,muito obrigada pela sua participação e a coragem de falar! Abraços Odila Fonseca
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