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terça-feira, 10 de julho de 2007

10/07/2007 17h49
"O AÇÚCAR E A FOME
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A entressafra da cana-de-açúcar no Nordeste vai de março a setembro. É palavra que significa desemprego e fome. Vida faminta, na base de macaxeira e fubá: desespero. Desespero que leva a saques, mal ou bem sucedidos, na rota dos caminhões que transitam numa das rodovias mais perigosas do país, a BR 101. É o que se lê na matéria “Desempregados rurais saqueiam caminhões em Alagoas” (Folha de São Paulo, 04/07/2007, B 4). A reportagem assistiu a tentativa de saque na altura do município de Messias, a poucos metros da usina de açúcar Bititinga, desativada.

“Se a usina estivesse funcionando, haveria emprego”, declarou à reportagem um homem desempregado, pai de quatro filhos. Ele ainda não descobriu que precisa se organizar e quem sabe, no coletivo de trabalhadores ser capaz até de assumir a massa falida das empresas, como seus companheiros da Usina Catende, na zona da mata pernambucana, tornando-as novamente produtivas. Ora, isso significa abandonar a situação de “clandestino” (trabalhador rural sem carteira assinada) e de recusar-se inclusive a viver do seguro-desemprego que continua a amarrá-lo aos contratos temporários, lá no nordeste ou aqui no sudeste.

Ele se encontra no dilema proposto na pergunta de João da Silva, fundador da Liga Camponesa de Galiléia feita a Robert Linhart no livro que leva o título deste registro: “Você acha que o mundo chegou a um ponto estável ou que as contradições vão continuar a se desenvolver?”

Robert Linhart. O açúcar e a fome: pesquisa nas regiões açucareiras do Nordeste brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.


Publicado por Eduardo Stotz em 10/07/2007 às 17h49

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